Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

RPG: Um Monstro dentro de Nós - Jairo Maia da Silva, O Médico.

Dr. Jairo Maia da Silva.

Nascido em 28 de setembro de 2120.
Natural do Sudeste Brasileiro (Confederação do Sul).
Ofício: Cientista Médico.

“(...) Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. A ninguém darei por comprazer, nem remédio mortal nem um conselho que induza a perda. (...). Conservarei imaculada minha vida e minha arte. (...) Se eu cumprir este juramento com fidelidade, que me seja dado gozar felizmente da vida e da minha profissão, honrado para sempre entre os homens; se eu dele me afastar ou infringir, o contrário aconteça.”
- Parte do Juramento de Hipócrates, 1771 d.C..


O doutor lhe fará crer na ciência, ainda que uma aura mágica o envolva.

Ilustração por Skami Chan.
Dr. Jairo Maia da Silva, Cientista Médico
a serviço do Exército da Confederação do Sul.
Jairo não escolheu a medicina por mera casualidade, a sua profissão já era algo intrínseco na árvore genealógico há algumas gerações, sobretudo, da parte paterna. Um ofício que em nenhum momento de sua vida lhe foi imposto com obrigatoriedade por ninguém, porém, é fato que, inconscientemente lhe fora sugestionado pelos pais, de uma maneira natural e exemplar de valorização a vida.  No entanto, ao contrário de seus antecessores, um conjunto de aspectos vinculados ao seu caráter, como a sua natureza investigativa inata, a sua extraordinária intuição empática, a sua curiosidade cientifica, e a sua devoção a causa médica, foram fundamentais para que ele fosse conduzido para algo muito além de uma mesa cirúrgica, de um consultório limitado à rotina diária (senão fatídica) do clinicar, ou mesmo do ambiente acadêmico na condição de catedrático. Portanto, somente como cientista médico, com foco e atenção voltados para a evolução das técnicas e materiais em pró da vida, ele conseguiu vislumbrar uma contribuição real para a humanidade.


Origens de um prodígio.

Os pais de Jairo são José Luiz Maia da Silva e Mariana da Silva Maia. Ambos se conheceram quando prestavam serviço de cooperação cientifica a uma das últimas colônias independentes da Organizaciones Unidas para el Regreso de la Vida a la Tierra (uma ramificação da remota e abolida Organizações das Nações Unidas), Na ocasião, José Luiz era um cirurgião cardíaco em ascensão, cedido pela Confederação do Sul ao grupo cientifico, e, a sua mãe, Mariana Maia, era uma das principais mentoras da estação espacial, onde trabalhava no cargo de chefia da equipe de enfermagem e da captação de recursos. Antes do nascimento do filho do casal, ambos ainda permaneceram trabalhando no mesmo local, pois, após a extinção do grupo que a constituiu (a organização), a famigerada O.U.R.V.T., a estação espacial tornou-se mais uma base dos confederados sulistas, entretanto, sem grandes alterações em sua proposta, que durante muito tempo seguiu como um posto avançado de pesquisas e desenvolvimento, porém, agora amparado concretamente por uma nação.

Ilustração por Paul Alexander.
Unidade Espacial Hígia-03, uma estação que pertencia à famigerada O.U.R.V.T.,
e que se tornou propriedade da Confederação do Sul.
Vale mencionar que a ação de tomada da Unidade Espacial Hígia-03 por parte das forças da Confederação Sulista, foi uma operação delicada e forçada em toda a sua tramitação, o que abalou consideravelmente as relações diplomáticas com outros dois blocos: a Tempestade Negra e a União Europeia, pois, ambos tinham especialistas a serviço dentro da referida base - que era tida como neutra. Porém, é de domínio comum que nos últimos dez dos seus quase vinte anos de operação a U.E.H.3 teve o Brasil e o Uruguai como os seus principais investidores, tanto em recursos materiais e financeiros como em pessoal também. A maioria da tripulação pertencia à região da América do Sul (80%), salvo um grupo formado por 17 outros membros que eram representantes dos outros blocos governamentais, onde no desmembramento da estação de seu antigo preceito, somente três especialistas optaram por não desertarem, e, assim, retornaram pacificamente para as bases espaciais compatrícias mais próximas.

Quando Mariana estava com cerca de seis meses de gestação de Jairo, ela foi orientada a retornar a Terra para ter a criança, uma medida cautelar e a contragosto. Nas últimas semanas antes do nascimento, o Dr. José Luiz se juntou a família, que estava alojada em uma base no estado do Espírito Santo (Brasil), a Camarata Fernandes Coutinho. A vida terrena o qual o casal Maia havia se programado não passaria de dois anos devido ao seu dever involuntário para com os seus respectivos ofícios, porém, algo na vida deles mudou com a chegada da criança, sendo assim, o tempo previsto logo teve que ser revisto, e, não somente uma vez, nem duas, ou três, porém, tantas vezes mais até que, somente quando Jairo completou 12 anos, os pais se sentiram seguros o suficiente para retornarem a U.E.H.3.

Desde muito cedo se percebeu em Jairo uma capacidade inata intuitiva e empática extraordinárias, e, isso foram aspectos cruciais para a tomada de várias decisões em sua vida, por exemplo, a sua opção por seguir o caminho da medicina, algo que seus avós paternos trilharam, e que os seus pais também deram continuidade. Com cerca de dezessete anos, Jairo estava ingressando na sua primeira faculdade (medicina), e, o seu jeito prodígio, curioso e descontente com o fato de que “algo sempre poderia ser melhorado”, fez com que ele buscasse por muitas coisas em paralelo. E essa ansiedade muitas das vezes o frustrou e o afastou de caminhos que outros julgaram coerentes a seu destino, porém, ela também foi importante para que alcançasse em tão pouco tempo uma notoriedade diante dos seus mestres. Ele sempre buscou ser o melhor para os seus pais, e, para isso percebeu que a sua contribuição para com a humanidade estava muito além da capacidade de salvar somente uma única vida por vez, mas a de várias, e, que somente conseguiria fazê-lo, a partir do momento que pudesse evoluir tecnicamente.


A ciência o trouxe até aqui, e para muito além daqui o levará.

Uma série de premiações acadêmicas e um currículo admirável fez com que o governo se atentasse para o desenvolvimento do jovem Maia, sobretudo, dispondo a esse a participação em diversos programas científicos que vinham de encontro aquilo que sempre almejou. Portanto, o seu ingresso ao exército das Confederações do Sul foi mais do que uma necessidade de dispor seus préstimos para os seus compatriotas, mas um meio para desenvolver as suas próprias habilidades.

Ilustração por Art Astrophe.
Dr. Hugo Pelasco, cientista renomado,
e mentor de Jairo na colônia de Titã,
a CS-012. Um dos mais celebres
pesquisadores em Bioengenharia.
Com vinte e quatro anos, Jairo já compunha o corpo de especialistas que trabalhavam diretamente para o seu pai, o Dr. José Luiz Maia, dentro da U.E.H.3. Já nessa época o seu pai era tido como um dos principais especialistas médicos da Confederação, atuante em diversas áreas de estudo da medicina, com diversas publicações e contribuições para a área. Desta forma, a sombra de uma afamada figura paterna aparentemente o incomodava, e, quando isso atingiu um estado de recorrentes conflitos de ego (com pouco mais de dois anos de convivência diária), os dois julgaram por bem se distanciarem para que isso não afetasse ainda mais os laços familiares, ou o próprio desempenho profissional individual. Sendo assim, o filho foi trabalhar diretamente com outro renomado pesquisador em bioengenharia, o Dr. Hugo Pelasco, na colônia CS-012, localizada em Titã (lua de Saturno).

Em CS-012, Jairo realmente se viu desafiado, sobretudo, por estar distante das figuras familiares de grande influência em sua vida, o pai e a mãe. Pelasco já havia trabalhado com o pai de Jairo, e, ambos também entraram em atrito por divergências de pensamentos, portanto, isso tornou a principio a convivência de Jairo nesse novo habitat algo um pouco mais complexo que o normal. As suas boas vindas a colônia espacial de Titã só não foi ainda pior, senão fosse o acolhimento amistoso dos colegas Dr. Lizandro Pizzol e Dra. Ângela Sant’Anna. Entretanto, com o passar de alguns meses, tanto o mestre como o aluno perceberam que a coexistência poderia ser harmônica e produtiva, uma vez que, havia uma sinergia de pensamento. A figura do pai se tornou cada vez bem menos influente em suas relações, e, embora não lhe fosse quisto, o seu tutor sempre se referia a Jairo como Coutinho, por conta da sua base de origem na Terra.

Em 23 de setembro de 1147 às 07:55:42, Jairo e toda a Confederação do Sul haviam sido surpreendidos com uma calamitosa notificação: a U.E.H.3 já não mais se encontrava dentro do seu curso habitual, ou mesmo próximo a ele, a estação espacial havia desaparecido do radar orbital. Prontamente, um grupo foi designado para patrulhar da região de onde partiu o último sinal da estação, contudo, nada foi localizado, e isso, seguiu em semanas de buscas incansáveis. Nenhum bloco ou grupo assumiu a autoria do ocorrido, e, esse assombroso desaparecimento somente fez com que as relações internacionais se tornassem ainda mais fragilizadas.

Jairo nunca perdeu a esperança de reencontrar os pais desaparecidos, ainda que fosse para prover a esses, uma última, e digna, cerimonia de despedida. Tal episódio o abalou psicologicamente, em função da proximidade familiar, portanto, o filho passou quase dois anos apartado de tudo. Onde centrou a sua atenção somente para o material desenvolvido pelo pai. De certa forma, Jairo induziu no cerne de sua mente, como uma válvula de escape, que caso pudesse trazer ao material do pai uma riqueza ainda não observada pelo mesmo, isso de alguma forma pudesse atrair para ele a atenção dos captores. Porém, isso não aconteceu nesse ínterim, até que ele superou, com a devida ajuda.

Para Jairo, o aprendizado de bioengenharia lhe foi enriquecedor e ímpar, porém, nos últimos anos, a medicina aplicada e atrelada aos conhecimentos farmacêuticos ganhou um aspecto ainda mais predominante. E ele se viu, mais uma vez, na condição de dar seguimento ao caminho do pai, de respirar a essência do oficio provendo condições a quem precisasse.