Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

domingo, 28 de abril de 2013

RPG: Aventuras em Yrth - Ladrões de Corcéis Encantados - Introdução

Prólogo da Transgressão.

Ilustração por Sycra Yasin.
Qualbaesh StinkDog, um reputado ladino de rebanhos
 e assassino no império de Mégalos.
Qualbaesh StinkDog, um reputado ladino de rebanhos e assassino, soube em uma de suas negociações no mercado negro do império que no reino de Sahud se recompensa muito bem pelo animal conhecido como Chocobo ou Bocos – criatura oriunda de um continente a oeste de Ytarria -, praticamente um valor cinco vezes maior do que o obtido em Mégalos, devido a sua escassez e as suas características incomuns. E, na oportunidade soube também por intermédio de seus informantes que um antigo ranger chamado Francis Malgorr tinha um haras onde criava e treinava esses animais. Conhecendo o terreno, o ardiloso ladrão percebeu que o local mencionado não ficava muito distante de onde estava ele e o seu famigerado bando. Portanto, no dia seguinte, StinkDog tratou logo de buscar maiores informações a respeito da fazenda e da quantidade de animais que o ranger dispunha em sua propriedade, e, assim, desenvolver o seu plano ardil.

Em pouco mais de três dias em estadia em um acampamento improvisado em um bosque próximo as terras de Malgorr, Qualbaesh reuniu ao seu grupo formado especialmente por alguns leais meio orcs, kobolds e gnolls, mais uma quantidade de miseráveis oportunistas, algo que o mesmo tinha costume de fazer, somente para em um momento posterior ao sucesso de seus planos, dispensa-los.


Assalto ao Haras de Malgorr.

Ilustração por Leopard.
Francis Malgorr, o ranger aposentado,
criador e treinador de chocobos em Mégalos.
Qualbaesh se aproximou de Malgorr sob o disfarce de Vincet Brettus, servo do duque Arold Valentim da cidade de Ekhans a sudeste de Mégalos, com o pretexto de que seu senhorio tinha grande interesse em adquirir alguns animais treinados, porém, precisava conhecer mais sobre a espécie, uma vez que as informações sobre essa raça exótica de animais em Ytarria que circulava entre as varias pessoas com as quais se relacionavam eram um tanto desencontradas e dignas de suspeita.

O ranger não percebeu o quão o seu malfeitor era ardiloso e perspicaz, e, seduzido pela conversa mansa, amistosa e bem humorada de seu inimigo, entregou a ele muitas informações a respeito das montarias oriundas das terras de Orion, O Crápula. Na noite anterior ao provável desfecho da negociação, StinkDog e seu bando de larápios tomaram de assalto a propriedade de Malgorr. O ardiloso ladino conseguiu se desvencilhar de todos os percalços que poderiam lhe promover o insucesso de sua empreitada, para tanto, capturou a assassinou alguns servos que zelavam pela segurança do lugar. Como forma de garantir futuras investidas ao mesmo lugar e uma passagem tranquila para além das fronteiras do império, o ladino sequestrou Enorinna e Brendda, as duas únicas filhas de Francis (que era viúvo), e ainda fez questão de surrar o criador e treinador de bocos de maneira que ele não pudesse se erguer durante dias.

Qualbaesh e seu bando partiram da fazenda rumo a uma trilha ao norte que permitiria passagem por entre as Montanhas de Bronze ao reino de Sahud. Eles seguiram montados em seus cavalos e alguns cães conduzindo com ferocidade e brutalidade uma manada de aproximadamente cinquenta bocos.


Fuga de Milo e sobrevida de Malgorr.

Como o Qualbaesh e seu bando não tinham muita habilidade para lidar com os chocobos, não tardou para que alguns dos animais se rebelassem contra os seus malfeitores na tentativa de se afugentarem. Houve confronto no segundo dia de cavalgada, e, dois animais foram sacrificados para que a manada compreendesse que mais mortes poderiam ocorrer caso a situação persistisse. Porém, nesse conflito, um dos animais escapou.

Ilustração por Squaresoft.
Milo, o primeiro e mais estimo chocobo
 de raça amarela de Francis Malgorr.
Milo, o mais velho dos chocobos conseguiu escapar do bando de ladrões, e, assustado, correu o mais rápido possível em direção da propriedade de Malgorr, a fim de reencontrar seu amigo e tratador. Para isso, o animal não se permitiu muito tempo para descansar ou mesmo se alimentar. Ao chegar ao haras, o animal estranhou o local solitário e sem vida, muito diferente de outrora, e, ainda o odor fétido de cão sarnento que ainda pairava no ar. Essa fuga foi extremamente penosa, difícil e estressante para o boco, que chegou praticamente exaurido de forças.

O chocobo se aninhou próximo ao corpo desfalecido ao chão de Francis Malgorr, a fim de repousar e tratar a ferida de ambos. Mesmo debilitado, Milo usou sua habilidade natural de cura principalmente para cuidar dos ferimentos de seu mestre. O velho Malgorr recobrou a consciência horas depois deitado junto ao animal, que nutria grande estima.

Francis Malgorr já não possuía o vigor físico de décadas atrás, e, os ferimentos impostos por Qualbaesh ainda eram sérios, porem, a sua preocupação residia no bem estar de suas duas filhas e dos demais animais que lhe foram sequestrados. Ele sabia que deveria fazer algo, e, logo, mas, primeiramente deveria tentar salvar Milo.

Embora Francis vivesse nessa região aproximadamente há quase duas décadas, a sua relação com as pessoas do vilarejo de Caballeros de Drawin, e, a nobreza local, se tornou muito restrita, pois, era interesse dele se manter reservado em suas atividades, sobretudo, após o falecimento de sua esposa a pouco mais de oito anos, quando fora acometida por uma doença fatal, pois, desse dia em diante, além da responsabilidade de garantir a renda para suster a sua família, coube a ele também a educação de suas duas filhas. A pessoa mais próxima com o qual se relacionava era Lord Klauss Athoris da cidade de Arvey.

No passado, durante a nefasta Era do Signo de Orion, muitas famílias nobres na tentativa de se afugentarem do caos que havia se instaurado sobre o império buscaram refugio em locais a ermo do continente, e, para isso, eles precisaram de guias para conduzi-los até essas regiões aparentemente seguras e prosperas, sendo a maioria delas, sobre as Montanhas de Bronze. Na ocasião, Francis Malggor conheceu a família Athoris, dentre eles Klauss, e a sua irmã, Brammya, que se tornaria a sua esposa e mãe de suas duas filhas. O ranger conduziu a nobre família até as terras do reino anão de Durinel, que naquele tempo já era liderado pelo rei anão Durinann III, e seu primo gnomo, Arfaellus XII. O jovem Klauss naquele momento tornou-se uma espécie de patrulheiro local, que ansiava todos os dias retornar para a sua terra natal e combater os invasores, e, nesse período essa sua ansiedade e impulsividade teve de ser compelida com doses de paciência e sabedoria, que couberam a Francis fazê-lo. Ambos desenvolveram uma grande amizade, embora discordassem em algumas coisas, dentre elas, a relação do amigo com a irmã. Em função do ciúme, Brammya e o amigo se casaram, mas tiveram de viver distantes dos demais membros da família. Contudo, ao saber do nascimento de sua primeira sobrinha - Brendda -, Klauss teve de superar o orgulho e ir ao encontro daqueles por quem nunca deixou de nutrir grande e refinada estima.

Francis Malgorr, com algum esforço, conseguiu redigir alguns bilhetes de socorro ao amigo, Klauss Athoris, e os envio via pombos correio, no qual relatava:

“Klauss, meu irmão, fomos afligidos por uma grande desgraça! Preciso muito de seu auxílio, pois, a nossa fazenda fora saqueada, levaram o rebanho de bocos, e sequestraram as tuas sobrinhas, Enda e Ina!”

(Continua)

domingo, 21 de abril de 2013

D10sculpas de Quinta


Proposta de um grupo de amigos:


Passaram-se alguns anos desde que o RPG adentrou as nossas vidas.

Mais do que um entretenimento convencional para adolescentes e jovens, esse jogo nos possibilitou uma perspectiva sobre a vida muito além do que muitos possam imaginar, sobretudo, aqueles que agem de forma preconceituosa, e, imbuídos de uma ignorância congênita alicerçada por algum tipo de ideologia ou crédulo vazio do nada para lugar algum. Pois, por meio dele tomamos grande apreço pela leitura, nos tornamos inveterados devoradores de livros, e, não somente, mas também cinéfilos e apreciadores de sons dos mais variados tipos possíveis; aprendemos a ser mais intuitivos, criativos, atenciosos e racionais; precocemente conhecemos aquilo que a vida ainda nos revelaria em um tempo futuro; curiosos e temerários, nós nos lançamos em empreitadas superficialmente desajuizadas nessa senda, mas cientes de que a grande mestra nos permitiria conhecer que independente do resultado haveria sempre uma lição a ser aprendida.

Já não temos a idade e nem o tempo de outrora, o contexto de nossas vidas é outro. Crescemos e com a maturidade também vieram às responsabilidades - algumas em efeito cascata -, sejam elas no âmbito acadêmico, profissional e familiar, cada qual com um peso considerável e com o seu mérito. O tempo urge, e nós temos ciência desse fato, mas o movimento ao qual nos propomos hoje exige de nós um derradeiro sacrifício, ainda que por uma fração de tempo em um dia qualquer da semana, venhamos a reviver o deleite de nos reunir a volta de uma mesa com amigos para nos divertir em uma sessão de RPG, não como fora antigamente, pois, isso é impossível, mas para escrevermos e vivenciarmos uma nova história sobre um ponto de vista mais apurado.

Vida longa e Plena ao D10culpas de Quinta!

Serra, 18 de abril de 2013.


Geovane "Dionísio".

Regras da Casa


A.) Membros Honorários do Grupo:


  • Geovane “Dionísio”
  • Maykon “Corujito”
  • Jarbas Rocha
  • João Paulo Demuner "JP"
  • Júlio Kuznetsov

Importante: Outros dois jogadores convidados poderão compor a mesa, e, até mesmo se fazerem membros honorários desta casta, desde que seja vontade dos mesmos integrarem o grupo na harmonia da proposta, e, o perfil deles não cause nenhum tipo de discordância entre os demais membros tidos como honorários.

a.1) Membros Convidados do Grupo:


  • Anderson "Prey"
  • Bruno “Sauron”
  • Hudson Júnior "Junim"

B.) Dia da Semana e Horário das sessões:


Dia Convencional: Segunda-feira.
Horário: 20:00 às 23:00, podendo estender por mais 30 min.
Local: Terraço da casa dos pais de Geovane “Dionísio”.


  1. Na impossibilidade da sessão não ocorrer na segunda-feira por indisposição de algum membro que compõe a mesa, a mesma deverá ser no menor espaço de tempo comunicado por aquele que não se fará presente;
  2. Uma nova sessão poderá ser reagendada para a quinta-feira da mesma semana, desde que haja o consenso de todos.



C.) Mestres e Convocação de Mestres;


  1. Todos que compõem o grupo deverão narrar uma aventura, sem ordem pré definida;
  2. Cada narrativa deverá durar o tempo mínimo de uma sessão à no máximo cinco sessões;
  3. A convocação de Mestres Externos poderá ser feita por qualquer um dos membros do grupo, desde que seja observada a disposição de todos em afinidade com a pessoa convidada, com o sistema a ser utilizado e o calendário.



D.) Desjejum:

Nas sessões rolará uma contribuição financeira entre os participantes da sessão para aquisição de um lanche. Valor não definido, mas aguardado.




Que os dados não cessem de rolar enquanto tivermos fôlego para jogar!

domingo, 14 de abril de 2013

RPG: Aventuras em Yrth - Saga dos Bravos de Orion - Katabrok - Parte 1


Katabrok, O Bárbaro.
Natural da Terra dos Nômades (Continente de Ytarria).
Nascido sobre o signo de Áries
Ofício: Guerreiro Mercenário

Prólogo de um Herói – A herança de uma paixão em pedaços.


Ilustração por Guangjian Huang:
Hukey, príncipe guerreiro da tribo nômade Inggius.
Há décadas atrás os Inggius - uma tribo nômade de valentes e honoráveis guerreiros -, foram praticamente extintos da face do continente quando a mesma conquistou a animosidade de várias outras tribos irmãs por violação de regras em uma competição de habilidades realizada há gerações entre os povos que habitam a região norte de Ytarria, conhecida como o Território Nômade, local selvagem e pouco inóspito que se estende além dos Picos Nevados em direção ao mar. Nessa ocasião, a Casa dos Elludurs era quem recepcionava as quinze grandes tribos oriundas de todos os cantos desse fantástico reino.

Ao longo dos dias em estadia na Casa dos Elludurs, ocorreu algo inusitado, o príncipe e campeão dos Inggius, Hukey conhecera e se apaixonara perdidamente por Edallya, era uma mulher belíssima e de encanto ímpar. Mais velha que o príncipe alguns anos, cujos olhos eram de uma tonalidade azul profundo penetrante, extremamente lasciva, cuidadosamente delineada em cada uma das curvas de seu corpo e de suas feições. Era ela também uma das concubinas preferidas do rei anfitrião – Kallous -, e mãe de um de seus oponentes na competição entre as tribos, o príncipe Darleontras. Contudo, esse sentimento de ardente paixão desperto no âmago do príncipe dos Inggius também fora reciproco por parte da mulher do rei dos Elludurs. Embora, ambos tivessem conhecimento do quão arriscado era a experiência dessa tórrida relação, nenhum dos dois fazia questão de abdicar dos encontros noturnos, dos beijos, carícias e das prazerosas relações carnais.

Conforme a competição seguia, o único pedido de Edallya para com Hukey fora de que ele poupasse a vida de seu único filho quando estes se enfrentassem em combate. O príncipe dos Inggius sabia que tal pedido era arriscado e pouco descabido de juízo, sobretudo, conhecendo a fama de mal perdedor da prole de sua amante, mas ainda sim, prometeu ao ouvido dela enquanto se deixava envolver-se pelos tórridos encantos consumidos em devasso leito.

Bel-prazer dos Reis, Reviravolta e Morte.


Ilustração por Erik Von Lehmann:
Edallya, concubina do Rei dos Elludurs
e amante do príncipe campeão dos Inggius, Hukey.
Em dado momento, próximo às etapas finais da competição, a mesma teve uma reviravolta repentina com a ascensão de Querza, príncipe campeão da Tribo dos Zágoras. E esse fato fez com as disputas fossem revistas pelos reis e conselheiros, a fim de tornarem aquele momento mais satisfatório para todos, uma vez que, já havia entre os reis uma sutil certeza de que os Inggius seriam os campeões daquele ano. Portanto, o quadro de disputas foi alterado, e, para alívio imediato de Hukey, Darleontras fora designado para enfrentar Querza. Contudo, o príncipe dos Inggius naquela mesma noite em seu encontro com Edallya, ouviu as lamúrias de sua amante e o clamor desmedido para que ele intervisse junto aquela determinação, e, novamente, ele voltou a fazer uma promessa da qual provavelmente não seria capaz de cumpri-la, sobretudo, em se tratando de uma decisão uníssona de reis e anciões de cada uma das quinze tribos.

Embora, Darleontras dos Elludurs fosse tido como um mal perdedor – para leve desgosto do pai, Kallous -, nada se comparava a fama cruel de Querza dos Zágoras, um guerreiro legitimamente violento, sanguinário e traiçoeiro, tal como a grande maioria dos membros de sua tribo. E, este era o maior temor de Edallya, principalmente, ao vê-lo em combate por diversas vezes, ainda que obrigada por estar na companhia do rei do anfitrião.

Ilustração por Mon Ashk:
Darleontras, príncipe campeão dos Elludurs, e,
filho único da rainha Edallya com o Rei Kallous.
Estranhamente todos os oponentes do príncipe Querza passavam por algum tipo de depressão pós-batalha. Uma enfermidade que fazia com que eles seguissem avessos a claridade, apáticos a quase tudo, silenciosos, amedrontados, e sem apetite. Algo que no fundo do coração de uma mãe, como Edallya, não soava somente como uma experiência traumática de uma batalha perdida, mas como algo muito além, e, que provavelmente fosse suficientemente sórdido e proibido pelas regras daquela competição.

Para a maioria dos reis e conselheiros a enfermidade pela qual os príncipes derrotados por Querza passavam não era nada mais do que um sentimento de orgulho ferido, sobretudo, em se tratando de uma competição a qual haviam se preparado por um longo tempo de suas vidas e que tinha o poder de elevar a posição de suas casas em meio às demais tribos, além de angariarem um apreciado dote, que incluía: alimentos, escravos, armas e tesouros. Porém, nem todos concordavam em relação a esse estado doentio dos vencidos, e, um deles era Hukey dos Inggius, que mudou radicalmente o seu pensamento ao desconhecer completamente um de seus amigos aplacado por tal lástima.

Hukey tentou junto ao seu pai - o rei Minorth -, e com aos anciões de sua tribo, para que os mesmos reconsiderassem a batalha dele com o príncipe dos Zágoras, contudo, o senhor dos Inggius foi ríspido em dizer que o que fora decidido no conclave dos chefes das tribos era sagrado, e, nada mudaria. Essas palavras já eram mais do que esperadas em seu intimo, pois, os líderes e todos os demais envolvidos não voltariam à palavra, exceto se algo de muito grave viesse a tona capaz de alterar os desígnios dos deuses.

Como o príncipe dos Inggius não conseguiu favorecer o filho, Edallya preferiu não ter outros encontros com o seu amante até que o combate entre seu filho e Querza ocorresse, e, o príncipe dos Elludurs retornasse são e salvo para casa. No âmago do ser, o Hukey sabia que tal fato não ocorreria, e, que o pior estaria por vir para seu desgosto total, principalmente, dos eventos violentos que se sucederiam a este.

Ilustração por Adrian Smith:
Querza, príncipe campeão dos Zágoras,
temido pela sua ferocidade
e pujança no combate armado.
No dia do confronto entre os príncipes dos Elludurs e dos Zágoras, a maioria dos homens que ali estavam em volta da arena, assistiam as disputas de perícias entre os campeões com uma sutil atenção, pois, ela definiria quem enfrentaria o príncipe dos Inggius na grande final. Contudo, para Edallya e Hukey, dentre todas as etapas, a prova maior estava por vir, que era o combate armado, pois, embora, Darleontras tivesse vantagem sobre o seu oponente em caçada e conhecimento, o confronto direto era o que mais atribuía pontos as casas, e, nesse assunto, Querza surpreendera a todos até ali.

Quando o duelo armado iniciou, Querza partiu para cima de seu oponente como uma serpente arisca, analisando movimentos em frações de segundo e atacando com agressividade. Darleontras, por sua vez, sabia que o seu adversário era superior no combate armado, e, nesse ponto ele tinha duas opções: ser mais ardiloso e preciso; ou desarmá-lo e seguir com o confronto a base dos punhos em uma luta corporal. Porém, todos esses pensamentos táticos do príncipe Elludurs subitamente sessaram, quando ele se esquivou de um falso ataque e o campeão Zágora lhe infligiu um golpe fulminante de sua arma secundária (um punhal) na virilha esquerda, que empunhava em seu lado sinistro para ataques surpresas, e que revelavam a maestria de seu talento ambidestro, embora não o fosse verdadeiramente.

Quem assistia ao confronto urrou extasiado pela demonstração de habilidade do feroz guerreiro da tribo dos Zágoras, exceto o Rei Anfitrião, seus súditos, e Hukey. Contudo, Darleontras sentiu a afloração de uma letargia repentina em seu lado atacado, e, isso o fez descuidado. E, em sequência, Querza golpeou sem muita dificuldade com a sua espada longa lançando o filho de Kallous ao chão. Edallya, em prantos, gritou em direção à tribuna dos reis que o confronto fosse encerrado sem mais demoras.

Kallous, o Rei dos Elludurs, se pôs de pé e concebeu a vitória ao filho do Rei Barvaruk dos Zágoras, a fim de poupar seu filho de uma derrota ainda mais ultrajante para uma tribo anfitriã. O campão Zágora teve que se conter, pois, a sua intenção não era misericórdia, sobretudo, naquele estágio da competição. Os Elludurs assistiram calados, o corpo desfalecido, inconsciente e ensanguentado de seu campeão derrotado sendo posto sobre uma carroça, e, levado para fora da arena, na companhia de sua mãe que chorava copiosamente o segurando por uma das mãos.

Hukey que assistia o combate em uma área reservada aos príncipes analisou metodicamente o combate, e, percebeu que algo de muito estranho havia ocorrido, pois, ao receber o golpe do punhal de Querza, Darleontras aparentou confusão ao lidar com aquela situação trivial, sobretudo, em uma região do corpo a qual por muitas vezes foi ele propriamente golpeado, mas reagiu prontamente seguindo com o combate. Após aquela batalha, o campeão dos Inggius ponderou que a lamina do punhal do guerreiro Zágora estivesse consagrada a alguma divindade da morte ou dos maus presságios, e, que por sua vez, estivesse embevecida em veneno. Isso era uma funesta hipótese, mas que se fosse comprovada, com certeza, atrairia o rancor de todas as demais tribos envolvidas na competição haja vista que essa é uma prática proibida desde o fundamento dos jogos.

Naquela noite houve celebração, mas o rei anfitrião, Kallous não participou juntamente com os demais reis, preferiu se ausentar para ficar na companhia de sua esposa, aguardando um sinal de recuperação de seu filho. Porém, para as demais tribos, um farto banquete antecedia o confronto final a ser realizado na manhã seguinte pelos representantes das tribos dos Inggius e dos Zágoras.

Hukey tentou se aproximar discretamente de Edallya para tentar conforta-la de alguma maneira, mas ela o fulminou secamente em um olhar que ele mesmo a desconheceu. A rainha pediu que o filho não fosse perturbado naquele momento, e, que somente queria a presença dos curandeiros.

O príncipe dos Inggius resolveu por conta própria seguir uma sorrateira investigação a respeito da tal arma utilizada por Querza. Contudo, ele se deparou com alguns empecilhos, sobretudo, o seu status naquele instante dentro da sociedade das tribos nômades que participavam do evento. Por diversas vezes ele tentou se ausentar do meio festivo, mas foi requerida a sua presença, e, outra, estava constantemente sendo observado ou sendo cumprimentado por alguém. O tempo se esvaiu como água que corre por um ladrão, e, Hukey não pôde inquietar seus pensamentos que no elevar-se das horas noturnas pendiam exclusivamente para o seu destino no confronto que se sucederia em breve.

Muito antes de iniciar o confronto final, o rei Kallous trouxe a todos a notícia de que seu filho Darleontras estava vivo, e, que estava a se recuperar muito bem dos ferimentos do dia anterior. Isso aparentemente originou também certo alívio a mente de Hukey, mas sabia que essa boa notícia a respeito do príncipe Elludurs não era suficiente, ele precisava ver a sua amante e receber dela os votos de um bom combate. Para isso, o príncipe dos Inggius foi a procura de sua amada, ainda que essa não o quisesse receber, ele iria se impor a vontade dela.

Estranhamente Hukey não encontrou nenhum tipo de vigilância como a do dia anterior em frente a grande tenda do príncipe dos Elludurs, logo, não foi complicado para ele se desvencilhar dos guardas e chegar ao interior da mesma. No local, não encontrou ninguém, nem mesmo um criado, somente um pouco de sangue sobre o leito do príncipe, o que era lógico. Dali, ele seguiu para outras tendas, em busca de mais informações que pudessem leva-lo ao paradeiro de Edallya e de seu filho.

Na tenda das concubinas do Rei dos Elludurs, o príncipe Hukey, por intermédio de um servo eunuco, tomou conhecimento de que algo muito terrível havia acontecido na noite anterior: O rei Kallous havia assassinado o filho após uma recaída, e, Edallya estava sendo mantida prisioneira na grande tenda. E, antes que o príncipe viesse a partir para uma nova etapa de sua busca, ele foi surpreendido pelo tempo que já não dispunha, ou seja, precisava o mesmo retornar para a grande arena e dar inicio a batalha final.

Hukey estava possesso de ódio pela atitude macabra do rei anfitrião.

Um rito de sacrifício: Morte Zágora e Sangue Inggiu


A derradeira batalha era a única que exigia ao término da mesma uma finalização mortal no combate armado, exclusivamente por questões morais. Ao longo da competição, em estágios anteriores as finais, a morte seria algo opcional do combatente derrotado. Para tanto, o foço com profundidade de aproximadamente cinco metros que circundava a arena fora preenchido com água, pedras cortantes, lanças afiadas, e, nele atirado centenas de serpentes venenosas dos mais variados tipos e tamanhos que habitavam cantos do reino.

Infelizmente, aparentemente abalado pelas recentes notícias, Hukey dos Inggius foi vencido em duelos de habilidades por Querza dos Zágoras, onde a vitória seria clara se comparado aos desempenhos anteriores. Contudo, com o discorrer da competição, o filho do Rei Minorth, recobrou o juízo e a concentração, afastando de si preocupações que naquele momento não lhe seriam mais do que um fardo pesado a atrapalhar a sua conquista.

Quando o duelo de armas se iniciou, Querza que já se colocava como favorito a Campeão das Tribos Nômades, logo, foi surpreendido pela habilidade e disposição de seu oponente, o campeão dos Inggius. Hukey intencionou desarmar a mão com o punhal supostamente envenenado, mas, ao invés disso, ele conseguiu decepar o membro. O urro de dor do guerreiro Zágora só não foi maior do que euforia emanada da plateia com tamanha exibição de força e habilidade marcial. Com a mão esquerda amputada, o campeão dos Zágoras partiu para cima de seu oponente em um surto de violência, vociferando injúrias e sedento por sangue de seu adversário. Porém, o príncipe infelizmente, tal atitude não o favoreceu, e por mais uma vez ele foi golpeado por diversas vezes pela espada do príncipe Hukey.

O príncipe Zágora caiu próximo a sua mão mutilada, somente para recuperar o seu punhal, e, em um falso ataque arremessou a arma de maneira certeira no ombro direito de seu oponente.

Não tardou para que Hukey sentisse os efeitos torpes do punhal envenenado de Querza, embora ele ainda tivesse forças para arrancar o amaldiçoado item de sua carne e lança-lo diretamente no foço, tão logo, o príncipe sentiu os seus movimentos enfraquecidos, como uma letargia convulsiva a dominá-lo. O guerreiro Zágora caminhou lentamente e vacilante pelos ferimentos sofridos a pouco, em direção a seu opositor com um sorriso estampado ensanguentado, contudo, ficou perceptível a todos que a paralisia do campeão dos Inggius não era lógica.

Ilustração por Frank Frazetta:
Kallous, Rei da Tribo Nômade dos Elludurs,
e, anfitrião da Grande Competição.
O Rei dos Elludurs ao assistir da tribuna dos reis o desfecho do duelo, em seu inconsciente ponderou fatidicamente o quanto a sua esposa poderia estar certar em suas palavras ditas na noite anterior, e, pior, o maldito crime que havia cometido contra o próprio filho, algo que agora o esfolava as entranhas..

Antes que alguém pudesse encerrar o campeonato, Querza foi para cima de Hukey este por sua vez, se moveu com muita dificuldade em direção ao fosso. Com receio de que o guerreiro Inggius se lançasse ao precipício, ao invés de morrer por sua espada, o Zágora acelerou seus passos ao ponto de correr para intercepta-lo com um golpe de ponta. Entretanto, antes que esse último golpe fosse concluído, o filho de Barvaruk foi surpreendido com uma fecha atirada de fora para dentro da arena que lhe atravessou mortalmente a garganta. Como ainda corria, o corpo de Querza seguiu a trajetória como em um encontrão contra Hukey em direção ao mortífero fosso. Hukey já se precipitava em um último momento mover o corpo para o lado, a fim de, fazer com que seu inimigo fosse suficientemente descuidado para se lançar a armadilha, e, assim o fez, dada a oportunidade e com extrema dificuldade em função do veneno que dominava o seu corpo.

Querza inevitavelmente caiu no fosso que circundava a arena, selando o seu fim agourento. Nem todos que assistiam ao combate puderam perceber o momento em que o campeão Zágora foi alvejado fatalmente por uma flecha, contudo, houve uma eufórica comoção que se estendeu a quase todo o público quando puderam perceber que o príncipe Hukey ainda estava vivo e sozinho sobre o campo de batalha. O campeão dos Inggius fora também conclamado pela maioria dos representantes das Tribos Nômades que participavam do torneio, como O Grande Campeão.

Infelizmente o campeão dos Inggius não pôde participar das festividades em sua homenagem, pois, ele não estava bem de saúde. Hukey experimentou na pele o que todos os demais companheiros que enfrentaram Querza sentiram, inclusive, o filho de Edallya, a sua amante desaparecida. Em seu leito, no auge de delírios febris, o príncipe sussurrava e clamava pela presença de sua paixão proibida para surpresa e vergonha daqueles que zelavam por ele.

Aleivosias  para clamarem guerras além da arena. Para destronar um rei. Para extinguir um povo


Ilustração por Elshazam:
Bavaruk, Rei da Tribo Nômade dos Zágoras,
conhecida pela sua sede de sangue insaciável.
Mais tarde, naquela mesma data ao invés de uma grande celebração como de costume, houve um conclave emergencial com os representantes das quinze tribos que ali estavam. E nessa ocasião, o Rei da tribo dos Zágoras, Barvaruk, foi inquirido quanto as praticas de combate do filho morto, sobretudo, o momento crucial anterior a queda no fosso que fora assistido e questionado por muitos. Por sua vez, Barvaruk não julgou aquele o fato mais relevante a ser debatido naquela reunião, mas a identidade do responsável e a punição do mesmo por ter atirado a flecha que selou o fardo de morte do filho, Querza. A maioria dos reis estava propensa a conceber o título de Grande Campeão a Hukey dos Inggius sem mais delongas, porém, muitos fatos careciam de esclarecimentos.

O Rei Kallous concebeu permissão a Barvaruk e aos seus homens buscarem pelo assassino de seu filho, desde que não houvesse violência.

O Rei Minorth liderou um movimento juntamente com mais alguns reis de tribos coirmãs para investigarem se o campeão dos Zágoras não havia feito uso de técnicas e artifícios proibidos pelo regulamento do torneio. Embora, a princípio o Rei dos Elludurs houvesse concebido aval para esse trabalho, logo, ele foi obrigado a rever a sua postura, sobretudo, quanto o rei dos Inggius solicitou a presença dos príncipes combatentes que enfrentaram Querza para serem inquiridos. Tal atitude inesperada e controversa as suas palavras, fez com que uma ponta de suspeita sobre o rei anfitrião surgisse. O Rei Kallous se viu encurralado pela mentira que criou a respeito do filho, e, temendo o pior, preferiu fazer com que aquela situação tomasse um destino completamente diferente, mesmo que isso custasse a confiança de gerações e vidas inocentes.

Ilustração por Lucio Parillo:
Minorth, Rei da Tribo Nômade dos Inggius,
pai de Hukey e covardemente traído por Kakkous.
O Rei da Tribo dos Elludurs, com a ajuda de fiéis e inescrupulosos súditos, suplantou provas suficientes para incriminar os Inggius de terem tramado a vitória de seu campeão, inclusive o assassínio do filho de Barvaruk. O Rei Minorth, o príncipe Hukey e a sua comitiva nunca conseguiram deixar as terras de Elludurs vivos, foram massacrados um a um. Tendo as suas cabeças postas sobre grandes lanças no alto das tendas Zágoras.

Uma guerra sangrenta foi iniciada naquele ano de uma única tribo contra todo um reino, sobretudo, contra o povo de Bavaruk. Assim, os Inggius foram perseguidos pelos Zágoras e antigos aliados. O povo de Minorth teve suas terras saqueadas, suas mulheres violentadas antes de serem dizimadas juntamente com crianças, jovens e anciões. Pouquíssimos sobreviveram a essa marcha sangrenta, e os que conseguiram escapar se isolaram em regiões remotas e praticamente inabitáveis do grande reino nômade.

Edallya soube em seu cativeiro do destino de seu amante, e, lá mesmo por dias seguidos chorou abundantemente por todo o mal que havia assombrado a sua vida, e, de tantos outros inocentes. A rainha abandonada à própria sorte em seu cativeiro real precisou se recuperar para obter a vingança almejada pela morte de seu filho e de seu amado pelas mãos imundas e traiçoeiras de seu consorte.

Em campanha de guerra contra os Inggius o Rei Kallous ficou sabendo do nascimento de mais um filho por parte de sua esposa Edallya, não sabendo este, que essa criança era o fruto do amor de sua esposa com o príncipe morto, Hukey.

Uma destemida fuga para além de um destino traiçoeiro.


Ilustração por Nordheimer Brogan:
Siabelle, Amazona da Tribo dos Abbadius
feita escrava da concubina Edallya dos Elludurs.
O único temor que a concubina real tinha era de que os traços físicos da criança se assemelhassem ao do genitor, portanto, não esperou ela que tal suspeita viesse à tona por parte de suas concorrentes, ou de qualquer outro servo que conspirasse contra a sua felicidade. Antes de completar duas primaveras, a criança chamada Dramedon por Kallous, e, apelidada afetivamente de Ukka por Edallya, fora levada para longe de qualquer mão Elludur. Para realização de tal feito, a mãe teve de sacrificar o seu segredo, compartilhando-o com a sua mais leal serva, Siabelle, a quem solicitou guarda para o arriscado trajeto da tribo até além da Cordilheira dos Picos Nevados.

Edallya prometeu a Siabelle liberdade e recompensas materiais, caso a mesma conseguisse cumprir a jornada com os dois, contudo, sabia a guerreira feita serva comum de uma tenda de concubinas, que somente o fato de já se encontrar longe da tribo dos Elludurs já lhe propiciaria o status de liberta. No entanto, essa amazona trazia em suas veias o sangue quase extinto de uma tribo de guerreiros e guerreiras honrados, os Abbadius, e, que por tal motivo não desonraria a palavra dada.

A jornada para além das terras dos Elludurs foi algo repleto de desafios, todos previamente alertados por Siabelle, que embora não conhecesse a fundo o caminho a ser percorrido, possuía um faro apurado para circunstâncias perigosas, além de uma capacidade inata para sobreviver as mais adversas situações. E, esse espírito aguerrido fez com que Edallya depositasse em sua companheira de jornada plena confiança, sobretudo, em momentos cruciais de vida ou morte para ambos. Com o passar do tempo, um sentimento muito além de confiança despertou no âmago dessas duas mulheres, e, tão logo, elas passaram a experimentar de uma arrebatadora paixão, que as fez enamoradas a caminharem para um lugar onde pudessem ser felizes os três.

O Rei Kallous ao saber do sequestro de seu filho por parte de sua concubina esbravejou maldição aos quatro cantos do reino alertando a todas as tribos amigas da traiçoeira apunhalada que recebera. Ele não somente queria o seu herdeiro de volta em seus braços com vida, mas também a sua esposa e a sua serva. O senhor dos Elludurs queria pessoalmente infligir no corpo de cada um dos seus inimigos uma profunda dor que no além-vida eles ainda sentiriam os espasmos causticantes dos açoites mortais.

Nas elevadas terras gélidas do Rei Anão Thulin, as peregrinas conheceram de perto o mais mortal dos perigos ali existentes: o frio. Embora estivessem muito bem agasalhadas, de longe, as duas estavam preparadas para a intensidade do clima nos Picos Nevados, e, não tardou para que as mesmas sentissem as sequelas daquele afrontamento. Infelizmente, Edallya não resistiu as baixas temperaturas e morreu abraçada aos dois enquanto tentavam se proteger de uma das muitas nevascas que elas experimentaram em dias cruzando aquele bizarro deserto branco. Siabelle não pôde chorar por sua companheira, pois, não havia meios naquele momento, somente um grande lamento a lacerava por dentro. A remanescente da tribo dos Abbadius sabia que tinha uma missão incondicional: que era salvar o pequeno Ukka, e foi o que ela tentou fazer até o fim.

Dois dias após a morte de Edallya, Siabelle e Ukka puderam avistar além das montanhas horizontes mais calorosos do mundo de Ytarria, contudo, a guerreira estava muito debilitada, e, somente a visão de vida a fez com que desfalecesse extremamente exausta sobre o chão coberto de neve.

Collus Gramalt, um temido gigante do gelo que trafegava pelo local após uma caçada, se sensibilizou ao perceber que havia uma criança humana viva caída próximo ao corpo da mulher. Ele pegou os dois, e os colocou em suas costas juntamente com o corpo mutilado de um urso branco que havia acabado de caçar para sua refeição.

Siabelle acordou parcialmente com o cheiro da carne do urso sendo assada em uma fogueira que aquecia quase toda a grande caverna onde se encontravam, ali ela pôde perceber que o seu corpo estava coberto por pelo menos três peles pesadas de animais. Ela tomou um grande susto e despertou completamente, ao ouvir o gargalhar de Ukka vir por de trás de uma enorme criatura humanoide, de cabelos alvos e pele azulada. Em um canto do cômodo havia um enorme machado, e alguns ossos estilhaçados de diversas criaturas, muitas delas, humanoides de tamanho normal.

Ilustração por Chris Kuhlmann:
O Temido Gigante que habita os Picos Nevados
e principal opositor as invasões Mégalanas.
O gigante Collus Gramalt, ao contrário do que Siabelle esperava com base nas lendas que ouviu durante anos de sua vida, era uma criatura justa e sensata, e, embora houvesse inúmeros esqueletos de humanos e outras criaturas a enfeitarem o seu covil, ele não estava ali para ferir quem não o perturbava. E, enquanto ela se recuperava de sua enfermidade, a criatura propiciava asilo aos dois. Porém, os dias passaram e a amazona não se fortaleceu em saúde. Como saída o gigante convocou anões do reino de Thulin para ajuda-la. Assim que os pequeninos chegaram, eles tentaram de tudo que lhes era possível, mas em nada adiantou, as pernas da guerreira haviam congeladas de tal maneira que ela já não mais sentia as suas extremidades. Não tardou muito para que ela, abatida por sua incapacidade de seguir a vida, também viesse a falecer, resguardando, porém um último pedindo aos anões: que entregassem a criança aos cuidados de boas mãos para além das montanhas ao sul.

Os anões cumpriram o designado pela guerreira que foi hospede de Collus Gramalt, e levaram a criança até uma pequena vila humana, onde habitava um exímio ferreiro e ex-aventureiro, conhecido apenas como Ground.

Ilustração por Autor Desconhecido:
Ground, o ex-aventureiro e primeiro grande tutor
 de Katabrok em suas vidas de aventuras.
Ground em sua juventude fora um grande e habilidoso guerreiro, solicitado em muitas empreitadas. Uma lenda vida a caminhar sobre a terra, contudo, ao invés de requerer o conforto de uma vida de prazeres, palácios e inúmeros servos, o velho guerreiro preferiu abdicar de quaisquer coisas que pudessem afastá-lo de um desafio diário, para tanto, preferiu se aposentar de maneira digna: montou para si uma forja para confeccionar armas e armaduras. Pelo seu jeito turrão e difícil - que muito se assemelhava aos estereótipos do povo anão -, teve inúmeras companheiras, mas nunca uma capaz de tolera-lo por mais de um mês, portanto, ser solitário lhe convinha. Sua única companhia até antes da criança entregue pelo povo amigo de Thulin, era Gibralttar, um cão meio lobo.

Ground recebeu com espanto, e, extremo desconforto, o presente dos anões enviados por Collus Gramalt. Porém, a convivência fez com que o velho guerreiro experimentasse uma espécie de sentimento e combate do qual pensou nunca ser capaz de conduzir até o fim, e, que somente com a fortaleza de espírito que a paternidade requeria lhe foi possível superar. Nas mãos ásperas e pesadas do ferreiro, a criança sobrevivente passou a se chamar Katabrok, nome dado em homenagem ao pai que o ensinou no inicio da vida forjar destinos por meio da inestimável habilidade de sobreviver aos mais adversos perigos.