Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

RPG: Numenéra - O Financiamento.


Meses após a realização do bem sucedido financiamento dos materiais em português do Yggdrasill da Septième Cercle, a New Order Editora, mais uma vez, ousa e surpreende o público brasileiro de RPG com um novo projeto, seguindo nessa mesma linha de trabalho colaborativo por meio do financiamento coletivo: o Numenéra do célebre Monte Cook.

Ambientado em um futuro tão, tão distante, Numenéra dá uma nova roupagem à fantasia medieval tradicional, criando algo único, revigorando a imaginação de jogadores de todos os lugares. Personagens jogadores exploram um mundo de mistérios e perigos para encontrar artefatos abandonados do passado: pedaços de nanotecnologia, a esfera de dados emaranhada entre os satélites ainda em órbita, criaturas biomodificadas e muitos estranhos e maravilhosos dispositivos que dispensam entendimento. Explorar Numenéra é descobrir as maravilhas dos mundos que vieram antes; não os mundos em si, mas seus meios de melhorar o presente e construir um futuro. Com regras simplificadas e intuitivas, Numenéra permite que os jogadores criem personagens 
em minutos e enfatiza a história ao invés da mecânica de jogo. Numenéra é a última criação de um dos maiores nomes do RPG: o premiado designer e favorito dos fãs, Monte Cook.

Numenéra foi o jogo mais premiado de 2014, sendo considerado por muitos o melhor jogo da atualidade. Segue abaixo alguns dos prêmios recebidos por Numenera: 
  • Prêmio Origins Award 2014 na categoria Melhor RPG
  • Ennie (Ouro) nas categorias: Produto do Ano, Melhor Cenário, Melhor Escrita, Melhor Valor de Produção, Melhor Acessório
  • Ennie (Prata) nas categorias: Melhor Jogo, Melhor Arte Interna, Melhor Cartografia, Melhor Monstro ou Adversário, Melhor Podcast: The Signal
  • Diehard Game Fan na categoria Melhor Jogo


NUMENÉRA, CRIATURAS & CRIADORES.

Havia oito mundos anteriores. Você pode se referir a eles como idades, eternidades, épocas ou eras, mas não é errado pensar cada um como seu próprio mundo individual. Cada mundo anterior se estendeu através de vastos milênios. Cada um servindo como hospedeiro para uma raça cujas civilizações ascenderam a supremacia, mas eventualmente morreram ou se dispersaram, desaparecendo ou transcendendo. Durante o tempo em que cada mundo floresceu, aqueles que os governaram falavam com as estrelas, reconstruíram seus corpos físicos e dominaram a forma e a essência, cada um de seu modo único.

O Nono Mundo é construído sobre os ossos dos oito anteriores, e em particular os últimos quatro. Chegue ao pó, e você descobrirá que cada partícula foi manipulada, manufaturada ou cultivada, e então triturada de volta ao drit – um solo fino e artificial – pelo implacável poder do tempo. Olhe para o horizonte – isto é uma montanha ou parte de um impossível monumento ao imperador esquecido de um povo perdido? Sinta esta sutil vibração debaixo de seus pés e saiba que estes engenhos ancestrais – vastas máquinas do tamanho de reinos – ainda operam nos interiores da terra.

O Nono Mundo é sobre descobrir as maravilhas dos mundos que vieram antes dele, não para o seu próprio bem, mas como os meios de melhorar o presente e construir um futuro.

Cada um dos oito mundos anteriores, de seus próprios modos, são muito distantes, muito diferentes, muito incompreensíveis. A vida hoje é muito perigosa para se insistir em um passado que não pode ser entendido. As pessoas escavaram e estudaram as maravilhas das épocas anteriores o suficiente para ajudá-los a sobreviver no mundo que lhes foi dado. Eles sabem que energias e conhecimento estão invisivelmente suspensos no ar, que continentes remodelados de ferro e vidro – abaixo, sobre e acima da terra – guardam vastos tesouros, e que secretos portais às estrelas e outras dimensões e domínios oferecem poder, segredos e morte. Eles às vezes chamam isso de magia, e quem somos nós para dizer que estão errados?

Muitas vezes, entretanto, quando eles encontram restos dos mundos antigos – os dispositivos, os vastos complexos de máquinas, as paisagens alteradas, as mudanças forjadas sobre criaturas vivas por energias antigas, os nano-espíritos invisíveis pairando no ar em nuvens chamadas de Ventania de Ferro, a informação transmitida para a então chamada esfera de dados e os remanescentes dos visitantes de outras dimensões e planetas alienígenas – eles chamam essas coisas de Numenéra. No Nono Mundo, a Numenéra é tanto uma dádiva quanto uma perdição.


CAMPANHA

Ela segue proeminente além das expectativas, sobretudo, já tendo alcançado o nível do financiamento do livro básico - a meta inicial - , e, rumo a sua primeira meta extra! Portanto, para todos aqueles que trazem algum tipo de dúvida sobre a seriedade deste projeto e os envolvidos, somente posso acrescer que já não é hora mais de incertezas... Una-se a nós nessa extraordinária aventura pelos inenarráveis desafios do Nono Mundo! 





FAÇA A SUA PARTE, EXPLORADOR!

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Grimlocks.

Malditos e funestos predadores noturnos sedentos por carne.

“Quando fomos emboscados por aquelas criaturas – o nosso primeiro contato -, eu e os meus soldados tínhamos a ligeira impressão de que estávamos combatendo algum clã ou espécie de orc, assim como também, acreditávamos por ventura, que elas haviam encontrado passagem da superfície para os tuneis de nossas cidades... Contudo, o tempo mostrou a nós que estávamos enganados – tal como disposto em escrituras muito antigas do meu povo (anão) -, pois, estes malditos monstros conseguiam ser ainda mais asquerosos e vilipendiosos de que os nossos arqui-inimigos... Eles conheciam as profundezas esmas e obscuras dos Reinos Abissais, para o nosso infortúnio, e, embora estes fossem individualmente combatentes de poderio mediano, um grande bando (como o qual encontramos) esta longe de ser menosprezado, pois, eram superiores em número e estavam organizados por uma temida liderança, por vez mais inteligente e vil”.

- Wartuss Gifurdinlin, Primeiro General da Horda Real do Martelo de Solginel.


Ilustração por Autor Desconhecido.
Grimlock são temidos predadores
noturnos, pelos seus hábitos
canibais, além de sua tendência
perversa. Habitam cavernas e
ruínas, ou qualquer outro antro
que lhes provenha escuridão.
Humanoides musculosos, muito bem constituídos fisicamente e de tamanho pouco acima da média hominídea. Eles costumam vestisse apenas com trapos escuros e sujos do que algum dia pode ter sido uma roupa ou armadura. Essas criaturas guerreiras dos subterrâneos emergem de suas profundas cavernas à noite em busca de humanos desafortunados, para acrescentar cadáveres à dispensa, pois, como seres xenófobos e desprovidos da capacidade de convívio em harmonia com outros seres de alinhamento diferente do seu, ou pior, somente encontram serventia desta forma, quando já não lhes servem nem mesmo como serviçais. 

Eles não fazem uma distinção clara do que de fato tem valor ou não, especialmente, o que não podem digerir - tal como uma suculenta carne crua -, orientando-se muito das vezes, por aquilo que possui algum odor peculiar, resistência as suas mordidas ou brilho desmedido. Sendo assim, quando estão a saquear a outros, eles provavelmente, estão a fazê-lo influenciados e devidamente instruídos por terceiros.

Esses seres possuem pele ligeiramente escamada, grossa e acinzentada; e, longos, negros e imundos cabelos. Seus dentes são brancos e extremamente afiados, Têm apenas duas órbitas brancas por olho.

Esses monstros são cegos, porém têm olfato e audição extremamente desenvolvidos. Seus ouvidos e narizes sensíveis permitem-lhes identificar objetos e criaturas a pouco mais de doze metros de distancia, como se pudessem vê-los nitidamente.

São criaturas com inteligência abaixo da média humana. Elas se comunicam entre si por meio de uma linguagem própria e rudimentar, que mescla grunhidos, gemidos e fungar, entretanto, elas podem vir a aprender a falar o idioma de outros seres, sobretudo, daqueles que por ventura exerçam um papel de influencia e liderança pela força.


COMBATE

Grimlocks não são afetados por magias que incidem sobre a visão. Todavia, sons altos e contínuos os deixam desnorteados, assim como temperos fortes (rapé) ou intensos perfumes farão o mesmo, quando inalados ou jogados sobre eles. Portanto, qualquer ataque que incida diretamente e com efeito de anular os sentidos de audição e olfato, tornará os mesmos completamente cegos (desorientados).

Esses seres atacam ferozmente, entretanto, e, na maioria das vezes, com pouca organização, onde por vezes param em meio a batalha para resgatar companheiros mortos e muito feridos, não por um sentimento de auxilio ao próximo, mas para servirem de comida! Como arma, essas criaturas geralmente utilizam machados e espadas, preferindo ataques que possibilitem o corte, pois, o simples odor da ferida de uma presa lhe é suficiente para mantê-la a vista em um espaço de até doze metros.

Eles atacam na escuridão sempre que possível. Apesar de não serem afetados pela luz, eles gostam de contar com o fator surpresa, emboscando com frequência as suas vitimas. A pele de seus corpos, em determinados ambientes, dispõe a essas criaturas uma camuflarem natural, sobretudo, em locais pedregosos.


ESTATÍSTICAS GERAIS
Adaptação livre para o sistema GURPS

ATRIBUTOS

ST (+4): 14 – 18
DX (+1): 11 – 14
IQ (-2): 8 – 12
HT (+1): 11 - 14

Velocidade / Esquiva: 9/9.
DP / RD (+2): 2/2 - 4.
Dano: Conforme Força e Arma.
Alcance: C, 1, 2.

Tamanho: 1 hex.
Altura: 1,90 - 2,50 m.
Peso: 100 – 180 Kg.
Habitat: Subterrâneo, porém também agem (caçam) na superfície durante anoite ou não havendo presença de luz.

VANTAGENS:


  • Audição Discriminatória (Distinção de sons até 12 m, e concede +4 em testes relacionados a este sentido);
  • Audição Aguçada (+5);
  • Olfato Discriminatório (Distinção de sons até 12 m concede +4 em testes relacionados a este sentido);
  • Olfato Aguçad0 (+5);
  • Resistência a Dano (+2); e,
  • Senso de Direção Básico.


DESVANTAGENS:


  • Cegueira (embora detenha um mínimo de visão, a pouca sensibilidade neste sentido é suficiente para causar repulsa a focos de luminosidade, assim como desorientação);
  • Canibalismo;
  • Intolerância;
  • Aparência Hedionda;
  • Mau Cheiro;
  • Aversão a Luz; e,
  • Senso de Dever para com o grupo ou o bando.


PERÍCIAS:


Machado/Massa (DX+1) ou Espada Curta ou Larga (DX+1); Faca (DX); Arremesso (DX); Salto (DX); Rede (DX); Briga (DX); Furtividade (DX+1); Camuflagem (IQ+1); Escalada (DX); Rastreamento (PE+1); Sobrevivência: Subterrâneo (PE); e, Conhecimento do Terreno (IQ); 


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Adentrando as Ruinas do Reino Anão de Thargoddas.

Dia 16: 02/03/2111, sobre a regência de Peixes.

Delvin Mallory conseguiu encontrar um local que seria ideal para a instalação do equipamento adquirido com o gnomo Yoleuss. No entanto, a morosidade dos demais companheiros em escalar o paredão somente trouxe ao halfling uma angustiante sensação de fome, e, tal necessidade teve que ser parcialmente aplacada pela ingestão de algo que estivesse ao seu alcance e cru, tal como parte de uma ração... Que assim o fez a contragosto, somente até que os outros chegassem.

Marduk, com algum esforço, conseguiu retomar a atividade de escalada do ponto onde havia estagnado, passando o anão Dionísio e o irmão de armas, Hosborn.

Worean, apesar das dores que o afligia em função da pancada, reuniu forças e fôlego em um esforço extra para voltar a escalar. Tal determinação permitiu a ele ser bem sucedido nessa atividade, onde próximo de alcançar o local onde já estavam os outros dois, obteve ainda uma mão de ajuda do gigante bárbaro para completar. Chegando a um local ao qual pudesse descansar de alguma forma, o espadachim não pensou duas vezes, colocou-se no chão recostado ao paredão que se estendia ainda por metros acima indeterminados, e ali mesmo deu inicio a uma nova atividade: os seus primeiros socorros, abdicando de qualquer outra ajuda vinda dos companheiros.

O anão Dionísio Thirdway, que também foi lesionado pela falha drástica em sua escalada, retomou com alguma dificuldade a atividade que finalizou com êxito, encontrando-se com os demais. E, assim que chegou ao lugar, tratou logo de também se curar, pois, em seu abdome havia ficado um hematoma pavoroso do ferimento que o seu descuido havia lhe proporcionado.

Embora três dos quatro integrantes dessa aventura já se encontrassem com parte do caminho concluído, uma preocupação lhes sondava a mente: Marina. A arcana não havia se preparado adequadamente para o exercício de escalada – não possuía conhecimento suficiente ou aptidão para a desafiadora atividade -, sobretudo, nesse local inóspito, onde os riscos eram mortais, e cujo um item foi adquirido exclusivamente para auxilia-la, somente para não ter este esforço.

Marina estava preocupada com os companheiros que já há algum tempo subiram o paredão, pois, ao seu redor percebia com certo receio alguns ossos estilhados de homens que haviam falhado no desafio de escalar, tal como mencionado pelo anão, principalmente, tendo ela assistido o equipamento que o grupo havia adquirido para ajuda-la a escalar ser destruído em pedaços irreparáveis após uma queda - Algo que por muito pouco não atingiu fatalmente a arcana. Em pensamentos e murmurando algumas queixas ao olhar para cima e ao seu redor, ela lamentava não ter tido tempo o suficiente para aprender alguma magia relacionada a movimentação, tal como levitação ou voo, ou mesmo, ter aprendido o suficiente com o Dionísio a respeito da perícia ensinada dias atrás na Vila de Baramphas.

No alto. O grupo parcialmente recuperado da subida conversava entre eles o que fariam em relação à companheira que os aguardava, pois, de onde estavam não conseguiriam lhe orientar com o devido cuidado. Em partes, eles haviam decidido por Delvin ir ao encontro de Marina, e, assim Marduk a iça-la quando estivesse devidamente segura nas cordas. A princípio, eles tentaram gesticular para que a companheira os percebesse, porém, mesmo ela tendo os visto, não compreendeu os gestos, e, prontamente, resolveu gritar em retorno. Todavia, Wolrean estava aflito com a sua situação e a do grupo, portanto, ele começou a balançar a corda para que ela olhasse para cima e compreendesse o que precisava ser feito, e, os que estavam acima também começaram a gritar em resposta buscando transmitir a orientação... A distância era um desafio que eles não iriam conseguir superar no grito, porém, o barulho foi suficiente para trazer outro empecilho na jornada.

Nesse dado momento, o atento halfling percebeu um gelar súbito em sua espinha que lhe era bem peculiar em situações de perigo, e, não somente isso, tal sensação veio precedida pela percepção de pequenos pedriscos vindos por cima de sua cabeça! Delvin não hesitou em alertar aos demais companheiros do grupo, que ainda insistiam em tentar contato com Marina. Imediatamente, o guia anão percebeu que o pequeno companheiro estava certo do perigo anunciado, pois, já era possível ouvir ruídos característicos do que estava por vir, e, sendo assim, sinalizou aos demais o que deveriam fazer e o caminho a seguirem para se protegerem.

O grupo foi surpreendido por uma série de pedregulhos vindos do alto, tal como se fosse o anuncio de uma avalanche. Delvin e Dionísio correram em direção a o único caminho que lhes restava seguir e próximos à parede. Marduk também se encostou a parede as suas costas, e embora tivesse tardado em tomar a mesma direção do anão e do halfling, ele assim logo o fez, mesmo tendo hesitado ao se preocupar com os dois companheiros que haviam ficado para trás. A Worean, além de tentar se salvar, coube a ele também tentar alertar a Marina da iminência do perigo que enfrentaria... Hosborn estava condicionado fatalmente pelo seu senso de dever para com os companheiros aquela tarefa. Ele tentou se colocar contra a parede para se proteger - o seu último sacrifício antes que o pior lhe ocorresse -, e que, custou parte de sua saúde ao ser atingido por uma das pedras.

Uma dessas pedras atingiu a quina onde a corda do grupo pendia, e, o impacto foi suficiente para que a mesma fosse rompida.

Passado pouco tempo depois do cessar da conversa entre Marina e os demais companheiros do grupo, a arcana percebeu que a corda balançava de maneira diferente, mais agitada além do que a de costume - seja de alguém descendo por meio dela ou o da força do vento -, e, isto de alguma forma lhe sugeriu atenção àquela situação. A arcana notou logo em seguida uma quantidade desmedida de poeira, alguns pedriscos e ruídos vindos de cima, o que automaticamente lhe trouxe a mente de que algo perigoso estava por vir! A princípio ela demonstrou estar desnorteada para onde seguir, porém, com um pouco de cautela, ela refez rapidamente parte do caminho que havia lhe trago até ali, somente até um ponto onde pudesse obter algum tipo de proteção, e, nesse local utilizou-se de seus poderes arcanos para transformar o seu corpo em água, para assim reduzir o dano de qualquer impacto. E, tais ações foram satisfatórias para lhe poupassem de uma morte certa, sobretudo, mediante ao estrondo ouvido do impacto de diversas pedras seguido pelo levantar de uma cortina grossa de poeira.

Wolrean havia sido atingido por uma das pedras e requeria socorros para tratar o seu ferimento. Em meio à situação de risco sobrevivida, ele percebeu que as pedras que haviam despencado eram em sua maioria de tamanho uniforme, o que de longe passaria como um casual deslizamento em locais como esse... E ao apontar isso para Dionísio, Marduk e Delvin, a certeza era clara para todos: eles haviam sido atacados! 

Os três não tinham qualquer certeza se Marina havia ou não percebido os sinais de atenção, e, tão pouco, sobrevivido ao ataque, pois, a nuvem de poeira ainda estava alta no sopé. Eles já não possuíam meios para descer até o local onde haviam se separado da maga, e, nem arriscariam gritar novamente para chamar a atenção dos inimigos.

Transcorrido o tempo da avalanche, com a retomada do silêncio e a poeira baixada, Marina desfez a magia do corpo de água e resolveu retornar ao lugar onde havia ocorrido o deslizamento. Logo, ela percebeu que já não havia mais cordas, e, também ao olhar para o alto não conseguia perceber nenhum de seus companheiros vivos. Essa situação a deixou demasiadamente ansiosa, preocupada e angustiada por não dispor de qualquer aptidão para aquele momento.

Marina sabia que precisava buscar meios com sensatez e racionalidade, pois, ela aos poucos seria consumida por esses sentimentos depreciativos que atormentavam a sua mente. Respirando fundo, ela se lembrou de uma instrução transmitida por sua mestra quando na adolescência tinha dificuldades para se concentrar e captar alguns dos ensinamentos devida a sua ansiedade (ou impulsividade)  momentânea, e, tratava-se justamente da meditação. No entanto, a jovem arcana gostaria de pratica-la não somente para apaziguar os sentimentos conflituosos que lhe aterrorizavam, mas para de alguma forma, buscar os caminhos dos sonhos, uma vez que, a própria Irvy havia mencionado ajuda-la, e, assim o fez dias atrás, quando criou chamas na cozinha da hospedaria, algo que até então desconhecia. Sendo assim, Marina tentando por diversas vezes a atividade de “contemplar a própria mente”, ela conseguiu entrar em um estado de transe do qual há muito tempo não experimentava.

A jovem arcana teve uma experiência extraordinária durante a sua meditação, pois, sentia-se como estivesse dentro do corpo de sua mestra, olhando por meio dos olhos dela todo o ambiente a sua volta, em específico e provavelmente, a Biblioteca Primor de Magia, um local misterioso, restrito e cujo Marina somente lhe era permitida entrar quando na companhia dela. Uma sensação relativamente boa e agradável, mas ao mesmo tempo intrigante e assombrosa. Ela pegou em tomos de magias diversos e desses ouvia sussurros de vozes ininteligíveis como se tivessem vida própria, sentou-se em uma grande mesa, e, pôs se a folhear em específico um tomo de magia relacionado às Escolas de Movimentação. E, este tempo de elo mental foi suficiente para que a aprendiz vislumbrasse os conhecimentos arcanos da mestra que poderiam de alguma forma ajuda-la nesta missão... Marina e Irvy estavam conectadas mentalmente, e a mestra conhecia a urgência dos anseios de sua discípula. No entanto, além dos conhecimentos providos pela Senhora Arcana, uma série de outros pensamentos tumultuados que também a ela pertenciam encheram a mente de Marina, e um deles em especial fazia a seguinte menção “A minha vida esta prestes a se extinguir, e o que será de Marina senão houver tempo suficiente entre nós duas, e todo o conhecimento a ser transmitido?!”.

Marduk, Delvin e Dionísio estavam às voltas do que fazer para tentar contatar Marina, enquanto que Wolrean não via motivos claros para seguir com tal conversa, uma vez que não dispunham de meios, e somente precisavam saber se a companheira ainda estava viva, desta forma, o espadachim pegou uma pequena pedra e lançou-a em direção a proximidade do loca onde a arcana estava na intenção de chamar a atenção dela.

O anão e os outros perceberam o gesto do espadachim, mas mesmo Dionísio avançando em direção para tentar impedir a ação de proporções fatalmente desmensuradas pelo companheiro, já era tarde demais. Por muito pouco o projetil não atingiu a Marina, mas o som emitido pelo mesmo foi suficiente para que a arcana recobrasse a consciência, saindo de seu transe.

Parcialmente atordoado da experiência abruptamente interrompida, e, sem noção em relação a quantidade de tempo que havia transcorrido, Marina aos poucos foi recobrando a consciência e o aprendizado adquirido. Ela sentia em sua mente o conhecimento magico fluir, assim como a capacidade de executa-lo com total confiança. E, assim, ela levitou em direção ao encontro dos companheiros (ou o que havia restado deles após o incidente). O semblante da maga se iluminava com um tom feliz, apesar de outras preocupações surgidas nesse breve contato com a sua mestra.

Não tardou para que Delvin, mesmo que em meio ao dialogo aquecido com os outros, percebesse a sua companheira de aventura ressurgir em meio a névoa de poeira levitando. A aparição triunfante surpreendeu a todos, porém, eles sabiam que precisavam deixar aquele local, pois, ali estavam sob ameaça.

Marina não tinha fôlego o suficiente para manter a magia por mais tempo, portanto, o encontro com os companheiros de aventura naquele lugar foi mais do que propício a ela também, pois, precisava recuperar as forças.

Delvin ainda requeria uma refeição digna, pois, o halfling estava faminto e estressado com essa situação.

O grupo caminhou em fila por algum tempo pelo estreito e perigoso caminho que ainda era possível seguir a pé. Pouco mais da metade da tarde, eles chegaram até um local onde era mais alargada a passagem, e cujo guia lhes orientou ser o último lugar necessário escalar. Uma vez escalada a parede de aproximadamente quarenta metros de altura, eles chegariam a uma espécie de plataforma ou mirante, onde mais afrente já avistariam uma das entradas (a única conhecida por ele) das Ruínas de Thargoddas. Dionísio sugeriu que em função das horas e da constituição física do grupo, eles acampassem por ali, fazendo as refeições que lhes eram mais do que quista e descansassem, sobretudo, Worean e Marina, pois, o próximo dia provavelmente lhes exigiria muito mais esforço do que este.

O grupo se alimentou e tentou descansar, mesmo sabendo que se encontrava a beira de um precipício de queda mortal, e, outra, com a possibilidade de estarem sendo sondado por inimigos. Durante a noite, eles não sofreram nenhum tipo de ataque, contudo, alguns deles foram atormentados por estranhos pesadelos que mais se assemelhavam a maus presságios.

Um céu nublado... Assombrado com agitadas nuvens em tons escuros e avermelhados como se as mesmas estivessem embebidas em sangue. Paredes a serem escaladas de tamanho vertiginoso e a se perderem de vista. O soprar de um vento gélido e uivante, que às vezes gemia aos pés do ouvido como se estivesse a sussurrar um agourento rito de morte.


Dia 17: 03/03/2111, sobre a regência de Peixes.

Na manha do dia seguinte, o grupo acorda, alimenta-se, e, logo, os membros pensam e conversam entre si a forma como escalarão essa última parede, sobretudo, tendo eles perdido boa metragem das cordas que haviam adquirido. Marina sinaliza ao grupo que ainda dispunha de metragem suficiente para complementar as cordas remanescentes, e, que usaria de seus poderes mágicos para subir até o local, ou mesmo, utiliza-lo em algum dos companheiros... O nômade bárbaro era pesado para subir nas cordas com o equipamento. Assim sendo, com o encantamento “Andar nas Paredes”, Marduk caminhou sobre as paredes como se fosse uma aranha, ou seja, agachado com os pés e as mãos apoiados a parede, uma vez que, aquilo lhe era novo e que uma queda aquela altura na qual se encontravam o faria em pedaços. Delvin, por sua vez, foi rápido e eficiente, tomou as cordas e subiu o paredão, seguido por Dionísio. Marina ajudou Wolrean com as cordas, o prendendo com segurança para que fosse içado pelos outros companheiros.

Worean Hosborn estava se sentindo como um fardo para o grupo, e, desde o dia anterior já havia sinalizado queixas para alguns de seus companheiros, em especial, Marduk. Pois, por ele e o companheiro, o grupo teria seguido pelo caminho que os conduziria a porta da frente desse covil, mesmo que isso os levasse a enfrentar diretamente os Grimlocks, talvez dessa forma, morreriam todos mais dignamente em combate, ao invés de vitimas de uma queda ou uma sangria.

O grupo de Mercenários da Guilda de Arvey chegou ao local acima do acampamento, neste ponto, eles observaram sobre o parapeito das encostas, devidamente construídas como se fossem muretas, algumas pedras circulares de tamanho médio uniforme, tais como as que haviam sido lançadas no dia anterior de seus misteriosos atacantes... Não havia sinais de pegadas recentes neste lugar. E, a frente e não muito distante de onde estavam - a pouco mais de vinte metros -, a edificação em formado de forte aparentemente embutida à parede, e com uma única entrada perceptível, além de algumas pouquíssimas janelas, todas fechadas. O lugar não era majestoso, e, o seu aspecto em nada sugeria que algum dia remetesse a uma importante civilização, mas em se tratando de anões, todos que ali sabiam que o brilho não estava naquilo que se apresentava externamente, mas em seu interior.

Delvin estava ávido para entrar no lugar, assim como Marina estava curiosa em conhecer aquilo que os aguardava nas ruínas, pois, ambos queriam se apossar de riquezas e conhecimentos que provavelmente o local lhes reservava, muito além das superstições semeadas pelos outros como mecanismo de “mantenha-se distante, o que tem aqui é só meu” – algo muito usual. Ao contrário do ladino e da arcana, o guerreiro Dionísio não se sentia confortável naquele lugar, demonstrava mais uma vez receio e cautela em seu olhar, e, mesmo sendo convidado a seguir com o grupo, ele preferiu a principio somente zelar pela guarda das cordas pelo período de um dia. O anão mencionou que somente os aguardaria pelo período do amanhecer de um novo dia para retomar a viajem de volta, essa era a sua condição, uma vez que, eles somente precisavam se certificar do estado do elfo, que no sua compreensão, já deveria estar morto há semanas.

O grupo seguiu a caminhada até a entrada da ruína, percebendo ao chão alguns corpos jazidos de longa data, e, que Marduk prontamente fez questão de estilhaçar em pequenos pedaços com o seu machado a fim de precaver o grupo de tormentos futuros. O acesso do local era guardado por uma pesada porta em madeira maciça e aço, cujo aparentava estar emperrada. O lugar encontrava-se em estado deplorável devido a recorrentes danificações ocasionadas pelas forças da natureza (alguns deslizamentos de pedras e raios), ou não. Na entrada havia as estatuas opostas de dois grandes anões – possivelmente heróis ou patriarcas do reinado -, contudo, ambas estavam ao chão, e em grande parte, destruídas pela ação do tempo.

Dionísio achou por bem se juntar ao grupo ao invés de ter que espera-lo do lado de fora daquele lugar, pois, compreendeu que os riscos ali seriam iguais ou até maiores estando só.

Wolrean, Marduk e Dionísio forçaram a porta para entrar, e conseguiram abri-la. Porém, ao fazê-lo, eles ativaram uma armadilha, o que lhes incorreu ser alvejados por uma saraivada de pedriscos. Como o nômade estava mais a frente entre os três, ele foi atingido, todavia, o dano provocado pelo artificio não foi suficiente para transpor a sua armadura.

Ilustração por Izzy Medrano.
Delvin Mallory, o sagaz ladino, que
mesmo faminto, consegue demonstrar
uma habilidade incomum em realizar
com eficiência aquilo que lhe é
requerido... Sobretudo, se as
necessidades são comuns as partes.
Depois da porta de acesso, eles se deparam com um lance de escadas. Elas são cerca de oito metros de escada descendo sutilmente. Com 6 m x 4 m x 10 m de medidas. Ao término uma porta em aço, parcialmente enferrujada e amassada (de dentro para fora). A partir daqui, o especialista ladino toma a frente do grupo buscando ao longo de todo caminho possíveis perigos, além dos diversos vestígios de quem morreu nessa pequena passagem e se deixou algo além de ossos esfarelados, e, nos degraus Delvin não encontra nada que coloque a vida dos companheiros em risco, sinalizando que podem vir.

Na porta ao término das escadas, porém, Delvin encontra uma armadilha preparada para fazer disparar uma pesada barra de aço suspensa em um pendulo capaz de matar em uma única pancada. Ele consegue desarma-la.

Além da porta, os mercenários encontram um grande salão circular com cerca de 8 metros de altura e 10 metros de diâmetro. Em quatro pontos opostos há uma coluna devidamente talhada rente a parede com a imagem de um vigoroso anão olhando para cima, com uma das mãos apoiadas a parede as costas e com a outra mão sustentando o teto com uma picareta erguida sobre a cabeça.

Além de algumas escritas anãs (anão antigo) dispostas ao longo da parede, existem inúmeras marcas de ranhuras feitas por garras e laminas. E, Marina em sua curiosidade e otimista busca acaba encontrando algo compreensivo, escrito em anglo, e, em sangue próximo a parede de uma das estátuas:


Não consigo encontrar a saída.
Por favor, ajude-me!

terça-feira, 9 de setembro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Um abstruso caminho para frente e para cima, com toda certeza.

Uma complexa jornada sobre as Montanhas de Bronze.

Dia 14: 01/03/2111, sobre a regência de Peixes.

Logo no início da manhã, Delvin e Dionísio seguem até ao mercado para encontrarem Yoleuss, o gnomo, com quem o halfling havia negociado na noite anterior um equipamento que poderia auxiliar a todos no processo de escaladas da montanha onde esta localizada a ruina. Sem dificuldade, eles encontraram a oficina dos gnomos. Os astutos comerciantes transmitiram aos mercenários a melhor maneira de manusearem o mecanismo, assim como também, o cuidado que deveriam ter no transporte do mesmo, sobretudo, para não serem avistados com ele.

O fato é que o equipamento comercializado pelos gnomos não era completo, ele requeria uma parte a qual os mercadores não poderiam dispor: uma espécie de “braço de apoio” feito a partir de madeira firme, e, mais uma vez, Dionísio foi ao mercado buscar material e os préstimos de um ótimo marceneiro para que fosse aprontado o tal item complementar. O anão queria escolher as melhores peças em madeira e pedir a execução da atividade em sigilo pelo artesão, senão, sem que ele mesmo nem compreendesse o que estaria a fazer, ou tivesse uma ideia muito vaga sobre o desejado. Para isso, ele recorreu novamente a Yoleuss e os seus comparsas que o ajudassem no arranjo do mecanismo.

O dia posterior ao envolvimento de Marduk com a rameira Lesley também deixou sequelas pelo corpo do nômade... Uma coceira impertinente na virilha estava retirando do gigante a concentração – algo que poderia afetar o seu desempenho na empreitada, senão viesse a ser tratado. Contudo, ele preferiu não compartilhar tão enfermidade e seguir solitário e inquieto com a sua mazela. Porém, este é um tipo de comportamento que dificilmente passa despercebido por aqueles que estão às voltas de quem sofre, pois, os humores também tendem a oscilar.

A conversa no período em que o anão guia esteve longe permitiu a Delvin relatar a Marina do estranho objeto que havia surgido em um de seus bolsos: uma estranha moeda, que aparentemente era feita em ouro maciço, porém, sem qualquer cunho de emblema que a identificasse. E o halfling relatou que a mesma havia surgida em sonho, e que por algumas vezes, já acordado, ele conseguia ver brevemente em uma das faces o rosto de Grover, o seu mestre. Ele entregou a moeda nas mãos da amiga para que a mesma averiguasse se o misterioso item possuía algum tipo de propriedade encantada, contudo, em nada resultou.

Era meadas da tarde quando Dionísio retornou a hospedaria convocando os mercenários para irem com ele a oficina dos gnomos.

Na oficina, o grupo pode presenciar o braço feito em madeira maciça e os mecanismos de roldanas devidamente acoplados a ele. O Grupo ficou maravilhado com a engenhoca e ansioso em testá-la, e, até sugeriram em leva-la até ao paredão ao qual praticaram escaladas exaustivamente no dia anterior, porém, Dionísio foi categórico em se negar a fazê-lo, pois, o local era próximo a vila, e o que poderia, consequentemente, facilitar as vistas de um curioso.

Os mercenários envolveram o equipamento em uma pele de um animal a fim de disfarça-lo na saída da oficina do gnomo Yoleuss.

Thridway orientou aos mercenários que aproveitassem o resto do dia para averiguarem os seus equipamentos e suprimentos, pois, como o mercado ainda estava acessível, os mesmos poderiam adquirir aquilo que lhes fosse útil nessa empreitada. O Anão destacou que seriam necessários pelo menos dois dias de refeição até as ruinas, e, assim também para voltar, quanto ao tempo de estadia lá em cima, isso dependeria exclusivamente da motivação deles, contudo, ele frisou que o quer que eles venham a fazer lá dentro (nas ruinas) deveriam ser breve.

Ao longo do dia, Marina percebeu algo de diferente no guia, o anão Dionísio, pois, toda vez que fora mencionado sobre as ruinas, ele franzia a testa e procurava se evadir da conversa, contudo, ela preferiu não importuna-lo. Porém, ela tinha certeza de que ele sabia de algo e que ainda não havia revelado por algum motivo.

O sono que os aventureiros almejavam ter foi parcialmente resumido a poucas horas de algo que realmente lhes ofertasse algum conforto, embora, estes últimos pensamentos tenham sido menos perturbadores, pois, a mensagem havia se mantido intacta e com uma ou outra peculiar diferença.

O guerreiro SnowFinger novamente se viu paralisado de joelhos sobre a neve, sentindo o seu corpo sendo tragado pelo frio que lhe subia pelas pernas e que também se manifestava de forma agressiva pelas rajadas de ventos lançadas contra o seu peito. A neve por muito pouco lhe cobria as vistas, onde somente o que conseguia perceber eram vultos assombrosos de coisas indistinguíveis... Exceto, pela valquíria de cabelos avermelhados que se apresentava metros a frente, de pé, imponente olhando em sua direção como se o desafiasse. O seu cabelo enrijecido pela temperatura gélida se movia pouco ao toque do vento, embora, pudesse sentir que a cada tentativa do vento de fazê-lo se mover parecia tentar lhe arrancar o próprio escalpo. Em seus braços, Maduk percebeu o peso daqueles três corpos, que jaziam semi cristalizados em seu colo, diluírem-se a nada quando ele por fim, ergue-se, como quem estivesse disposto a aceitar o desafio retido no flertar daqueles olhos selvagens... Ele caminhou em direção ao vulto da mulher sentindo com isso a tempestade se findar, e, em seu ouvido, a voz dela mais uma vez ressoar: “Os olhos perceberão vida onde somente há morte... Confia no teu instinto aguerrido, sobretudo. O teu inimigo se amparará nas tuas fraquezas... Corroendo a tua visão, a tua mente e o teu juízo. Nem uma arma é mais letal que a verdade, Quando empunhada com convicção”. Quando ele chegou até o local onde estaria a mulher, lá ela já não mais estava - havia desaparecido tal como teria surgido -, porém, somente a visão de um lugar ao qual ele muito apreciava de suas terras, um local do qual ele podia avistar a movimentação de muitos homens que ousavam afrontar a soberania de seu clã... Foi quando ele se agachou para olhar ao horizonte, então pode sentir ao seu lado a presença amada da companheira, Drunna.

A arcana Marina, aparentemente mais consciente do terreno onírico que atravessa ao longo desses dias sobre as Montanhas de Bronze, via-se novamente lançada em meio à tempestade que surgira na lembrança vivida de seu santuário no jardim de sua antiga residência em Nova Jerusalém... Ela estava no olho do furacão, porém, menos afetada pelas rajadas de vento e a violência do ambiente que outrora havia lhe ferido. Sobre a sua cabeça, uma luz clara e constante que vinha do alto, onde também girava com demasiada velocidade um grimório, cujas páginas eram brutalmente arrancadas e lançadas no movimento circular da nebulosa ventania. Algumas das páginas que se chocavam contra o corpo da jovem estouravam em pequenos estilhaços luminosos que repentinamente se dissipavam. Ela chegou a fechar os olhos diante de tantas cores que vibravam a sua volta, como se previsse que aquilo pudesse lhe fazer algum mal, no entanto, mais uma vez, ela ouviu o ressoar da voz afável de sua mentora lhe dizer com voz penetrante em sua mente verbetes de magias que as quais não conheciam... E, antes que recobrasse a consciência total, Marina foi alertada “Filha minha, cuidado em teus caminhos... Muita atenção quanto, ao teu inimigo que espreitará a todo instante os seus caminhos por meio de vias sombrias e escuras. Pois, ele se fará forte sobre as suas fraquezas. Ele atacará você e a quem mais estiver em sua companhia, fazendo de seus companheiros possíveis armas, somente para sobressair ao combate”. Ela recobrou a consciência sentindo o último toque sutil de sua mestra sobre as suas mãos contra o seu peito.

O audaz Delvin se viu mais uma vez no cômodo do antigo trabalho que estava a executar em favor de um mago em Nova Jerusalém, porém, ele estava em meio a um problema que envolvia: o desaparecimento de seu mestre, as paredes que pareciam se comprimir rapidamente e o cerco de desconhecidas criaturas que a qualquer momento se lançariam sobre ele. E, como senão bastasse, ele viu as suas moedas de ouro, recolhidas com tamanho afinco naquele insólito ambiente, saltarem pelo ar, e a única moeda que apanhou, com um brilho distinto das demais, viu o semblante do rosto de Grover que lhe disse: “Cuidado com o inimigo que age nas sombras, ele, é ainda mais traiçoeiro do que todos que já conheci. Ele vai colocar cada um de vocês em lados opostos, e, o mais importante, vai atacar por suas fraquezas”. A moeda brilhou de tal forma, que muito antes da mesma lhe cegar por meio do brilho – que já não podia ser contido pelo braço a frente ou os olhos fechados -, o pequeno ladino a deixou cair no chão pelo calor que o item também passou a emanar sentindo queimar a palma da mão que a segurava. A moeda quicou por três vezes ao chão até que a mesma explodisse em um imenso clarão... Delvin acordou sentido a palma da mão que em sonho empunhava a moeda formigar, assim como o calor ameno da moeda em seu bolso.

O espadachim Worean estava mais uma vez a cambalear sobre a embarcação que navegava em um revolto mar rubro de sangue, o vento que soprava de maneira impetuosa a rasgar as velas, os gritos de homens que não via, assim como o correr destes fantasmas invisíveis sobre o assoalho da embarcação... A única voz que conseguia guardar para si, e, ter a certeza de que não era o único ali, era a de seu avô: “Atenção para as nuanças daquilo que ver. Nem tudo e Nem todos são reais, portanto, duvide. O inimigo saberá como lhe atacar... Sustentado e Armado com as suas fraquezas”. Ele tentou se colocar de pé, e, o corpo parecia estar bastante debilitado pelas forças empenhadas nas frustrantes e recorrentes tentativas, porém, quando ele por mais uma vez buscou fazer aquilo que tanto ansiava, ele conseguiu se colocar por completo de pé, e assim, sentir como se a luz do sol brilhasse sobre o seu rosto de forma acolhedora, penetrando e dissipando as nuvens enegrecidas que cobriam o céu... Não havia mais fantasmas sobre o convés, a correr e a gritar; o mar subitamente se apresentou calmo e azul, tal como sempre teve em suas memorias mais distantes; e, o vento que sobrava sobre as velas, firmes e claras, era tal como uma brisa convidativa a navegação.


Dia 15: 02/03/2111, sobre a regência de Peixes.

No inicio da manhã, os mercenários saíram em direção à montanha que os conduziria ao seu destino, e, foi somente, quando estavam muito distantes da Vila de Baramphas que Dionísio resolveu lhes dizer sobre o local para o qual estavam se dirigindo. E, Marina então sentiu verdades nas palavras proferidas pelo guia, verdades tais que calaram parte de sua curiosidade.


RUÍNAS DE THARGODDAS
Mistérios, Rumores, e Contos Inacabados de um clã anão desaparecido.

Ilustração por Raphael Lacoste.
Ruínas do Reino Anão de Tharggodel.

"Eu quero lhe presentear com um belo rubi...
Ele não é de Thargoddas, pois, não seria presente.
E se fosse, ao meu inimigo seria mais digno tal sortilégio.
Essa joia reflete a beleza de um sentimento genuíno,
Onde a confiança e o respeito mútuo se fizeram dignos".

- Um dito popular dos anões dos reinos de Morriel
 e adjacências sobre rubis.

São poucos os anões vivos em Ytarria que podem mencionar algo sobre o Povo de Thargoddas do Reino de Thargoddel, pois, são escassos os registros que se tem a respeito desse clã, uma vez que, o que se conhece sobre os mesmos deixou de ser escrito a cerca de mil anos.

Os Thargoddas eram um clã menor vinculado a outro grande clã anão, os Morthrinn (Reino de Morriel). Eles eram reconhecidos pelo seu genuíno trabalho em pedras preciosas, sobretudo, rubis. O último rei deste clã foi Hyppus Thargoddas, e a sua esposa e rainha era Lanths Morthrinn. Desde o evento cataclismo, estes anões cessaram o seu contato com o mundo exterior, selando a sua passagem para que eles não fossem importunados por criaturas desconhecidas e interessadas em furtá-los - uma atitude de aversão que fora tomada como pratica por outras muitas comunidades da raça. Eles se reportavam e somente mantinham contato com o Rei de Morriel, mas mesmo assim, um contato distante e frio, que os últimos anos se resumiram ao envio de alguns de seus trabalhos como pagamento de seus tributos de gratidão ao Rei. No entanto, quando até mesmo esse último contato se encerrou foi necessário enviar algumas comitivas para saber o que estava acontecendo em Thargoddel, e, o que os sobreviventes relataram foi algo desolador, pois, o lugar estava inabitado por anões, parcialmente destruído e enfestado por criaturas oriundas de medonhos pesadelos.

Para o Clã Morthrinn, e o que muitos outros anões sustentam, é que os Thargoddas encontraram um meio para chegar aos Domínios Profundos – sem comunicar ao Rei de Morriel ao qual deveriam se reportar. Uma atitude inadvertida como essa já custou a vida de muitos outros clãs, não somente menores, pois, tomados pela ambição de explorarem as inóspitas regiões abissais do mundo, eles acabaram sendo vitimas do doce perfume da morte.

Rumores falam que pouco mais de alguns anos passados desde a última tentativa de averiguação das minas dos Thargoddas, uma grande caixa repleta de rubis lapidados foi destinada ao avô de Morkagast, tal como a tributação que era comum ser feita pelo povo de Thargoddel, algo que a princípio trouxe esperança e alívio ao Rei de Morriel. Porém, aquelas pedras foram todas mantidas intactas até que um mago as avaliasse com cuidado, pois, elas possuíam um estranho brilho e que gerou em alguns anões próximos ao rei um sentimento notório de desconfiança... Não precisou a noite virar dia, para que a rainha suplicasse copiosamente ao Rei que se livrasse daquele maldito presente, pois, em sonhos ela havia tido presságios ruins a respeito dessas pedras. A desconfiança se tornou ainda maior ao ponto de se tornar uma preocupação, quando o arcano responsável por analisar as joias também desapareceu, sem deixar quaisquer vestígios.

Outros clãs anões tentaram se apossar das Ruinas de Thargoddas para estabelecerem moradia, reergue-la sobre um novo signo de prosperidade, contudo, tal empreitada não resultou em nada além de mais mortalhas e infortúnio, o que acabou trazendo ao local a sua afamada maldição.

Também houve grupos de inadvertidos aventureiros que se lançaram sedentos em busca dos tesouros do reinado de Hyppus Thargoddas, porém, o pouco que se soube desses, é que eles partiram munidos de muita coragem e expectativas rumo as famigeradas ruinas, no entanto, permanece com todos aqueles que os viram seguir para tal lugar a dúvida se estes obtiveram êxito na empreitada, ou se pelo menos, ainda estão vivos...

***

Os mercenários chegaram até um local um pouco acima dos pés da montanha que deveriam escalar – o último lugar possível de locomover andando em função de sua inclinação -, e, no local encontraram alguns funestos vestígios de homens que falharam em tal empreitada... Corpos de muito tempo destruídos por quedas descomunais frutos do tamanho do desafio que estavam prestes a encarar.

Como o grupo havia combinado, Delvin seria o primeiro a subir, de forma que pudesse preparar todo o caminho que os aventureiros iriam percorrer por meio dos acessórios (martelinho, ganchos, pítons e cordas), então, nesse sentido, Dionísio e Marduk, cederam as ferramentas que dispunham e que não prejudicariam o desenvolvimento da atividade do halfling por conta de excesso de peso. O halfling levou algum tempo até conseguir chegar a um local seguro a mais de oitenta metros de altura, e, plano o suficiente para abrigar mais alguns companheiros. Do local, ele sinalizou para os demais subirem, pois, estava avido por completar essa parte do trajeto e se alimentar - a fome já lhe batia traiçoeiramente a porta.

Dionísio subiu logo em seguida levando consigo o equipamento que auxiliaria Marina a escalar com menos esforço, além do restante da carga. Entretanto, quando estava prestes a alcançar metade do trajeto feito pelo halfling, o anão falhou desastrosamente em sua atividade, e, o que por muito pouco não lhe custou à própria vida... A sua queda foi devidamente poupada pelas cordas e os pítons, e, embora tenha evitado uma tragédia maior, custou o equipamento que o grupo havia adquirido com os gnomos, uma vez que, ninguém que estava embaixo pode evitar que o impacto o destroçasse em pedaços irreparáveis... Quase todos se esquivaram com o receio de que aquilo atingisse alguém, exceto Marina, que foi ferida por uma dos estilhaços. O anão ficou içado a metros de altura até se recompor para retomar a subida, sentindo algumas dores no ombro pelo impacto na parede além das cordas que o pressionaram.

Delvin estava longe do incidente e não pode discriminar o som ouvido, e nesse momento seguia na busca de um local que eles e os demais poderiam prender o equipamento.

Passado algum tempo, Worean iniciou a subida, e, o espadachim até seguia bem na atividade de escalada, quando em um descuido a cerca de pouco mais de sessenta metros, ele rolou em meio às cordas que o seguraram evitando um desastre maior, porém, ainda sim, a pancada foi suficiente para lhe deslocar um de seus ombros e incapacitar o seu braço esquerdo, o que o manteve içado, e absorto em dor.

O último a tentar subir o colosso natural foi o nômade, e, como o mesmo não havia demonstrado muita aptidão em seu treinamento, assim, logo ele empacou em meio ao trajeto de escalada, ficando içado a poucos metros do chão.

Marina assistia sutilmente consternada o desafio que seus companheiros enfrentavam em subir aquela montanha, pois, sabia que os dons mágicos que havia aprendido até então de pouco ou nada poderiam ajuda-los. Naquele momento, ela precisava contar com eles, e, quem sabe em um futuro breve, retribuir a gentileza.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Existem perigos naturais mais traiçoeiros.

Instruções necessárias para sobressaírem aos desafios naturais.

Dia 13: 29/02/2111, sobre a regência de Peixes.

Disposto a não perder mais tempo, Dionísio Thirdway pediu que os mercenários pegassem o seu material de escalada para iniciarem o treinamento. Esses exercícios na companhia do instrutor seriam realizados em um paredão não muito distante da vila, um local que o Delvin já havia sido apresentado dias antes, e, tratava-se de uma parede natural com pouco mais de cinco metros com algumas imperfeições típicas.

O treinamento durou quase o dia inteiro, e eles subiram e desceram por incontáveis vezes aquele paredão até que Dionísio pudesse perceber quem deles seriam os mais aptos a seguirem a frente do grupo quando estivessem no desafio real das montanhas, pois, um dos locais pelos quais seguiriam era pelo menos dez vezes maior que essa parede de exercícios. Nesse caminho, tido como o menos provável de encontrarem Grimlocks, eles lidariam com o algo mais traiçoeiro, as correntes de vento, portanto, subir requeria muito cuidado em relação às condições do tempo e horário.

Marina e Marduk se mostraram despreparados em relação à escalada com o uso dos itens básicos dessa atividade, e por mais de uma vez penderam içados pelas cordas de segurança. Worean conseguiu se sair bem. E, Delvin, conseguiu superar a todos, inclusive as expectativas do próprio tutor, que não tinha dúvidas em relação a função deste, o halfling teria que ser para essa atividade a peça chave e o primeiro a seguir a frente preparando o caminho para demais, pois, Dionísio ficaria como retaguarda e apoio, caso algo desastroso ocorresse.

O último treinamento do dia, e, que Dionísio fez intercalado com o exercício de escalada era o de Sobrevivência nas Montanhas. Embora, caso somente um pudesse dar conta de todo o grupo, isto é, na busca de abrigo, segurança, alimento e outros, ele precisava ter certeza que todos os demais estariam aptos a dar conta do recado caso o mais preparado viesse a faltar, e, isso o incluía. O treinamento em sobrevivência se mostrou favorável a todos.

Ao término das atividades do dia era consenso de todos se dirigirem a uma taberna mais próxima para se alimentarem dignamente. Marduk e Worean também queriam beber, e, o primeiro estava afoito por copular, e ambos seguiram a frente do grupo, uma vez que, os demais preferiram antes de seguirem para taberna passarem primeiramente na hospedaria.

Dionísio indicou para Marduk e Worean a Taberna dos Lobos Bufões, conduzida por um humano, pois, nesse local encontrariam além de bebida, comida e música, o entretenimento feminino que desejavam, exceto de anãs, que foi rispidamente respondido pelo anfitrião anão sob a possibilidade de sofrerem represálias caso mencionassem isso diante de outros.

Ilustração por Daroz.
A Taberna Lobos Bufões na Vila de Baramphas, dentro do Reino Anão de Morriel, o único local que poderia ofertar aos viajantes além de comida e bebida, os prazeres lascivos da carne, na companhia de algumas mulheres.

Na taberna, os dois escolheram uma mesa que pudesse comportar os cinco, e, iniciaram a sua atividade de entretenimento a base da alcoolização. Tempos mais tarde, Dionísio, Delvin e Marina surgiram e se juntaram a mesa. O Halfling estava com tanta fome que gostaria de se servir com o que a casa tinha de mais generoso para lhes servirem, e, as gnomas que atendiam ao grupo, mencionaram uma iguaria chamada de A Moda dos Lobos Bufões...

Para os estrangeiros advindos de outros reinos, sobretudo, os humanos, é perceptível que em Zarak, as tabernas para não embromarem muito com nomes exóticos em suas principais refeições, elas simplesmente denominam o seu prato mais servido em comida de A Moda da Taberna ou Cidade, prático assim.

Enquanto a refeição não vinha, o grupo se servia de bebida para aumentar o apetite.

A taberna possuía um número moderado de fregueses naquela noite, a maioria destes, por sua vez, tratava-se de indivíduos da própria localidade, humanos, gnomos e anões. Uma trupe de bardos gnomos liderados por um humano tentavam executar sofrivelmente algumas melodias que pareciam estar em desarmonia com o ambiente desde a chegada do Bárbaro e o Espadachim, matadores de gigantes... Até que lhes foi possível encontrar uma nota adequada com a visão encantadora de Marina.

Delvin, muito atento ao ambiente, começou a observar o local e os seus frequentadores com a sua dissimulada atenção, ou seja, primeiro os perigos ou os promissores frutos externos, e em segundo, a aleatoriedade da conversa de seus companheiros. E, foi desta forma que o sagaz halfling percebeu algo de favorável para o grupo, ao ver em um animado grupo de comerciantes gnomos, que jogavam dados descontraidamente, mencionarem que haviam negociado equipamentos com os anões de Morriel que seriam favoráveis a escalada.

Como a refeição ainda não havia chegado, Delvin se levantou e pediu a Marduk atenção, pois, ele iria se aproximar da mesa dos gnomos.

Ilustração por Alphabethater.
Yoleuss, o gnomo comerciante que
Delvin negociou um item incomum
de escalada oriundo das profundezas
do Reino Anão de Morriel. Contudo,
o halfling não satisfeito com o preço
adquirido na barganha tentou intimida-lo,
o que resultou em um desgaste que
por muito pouco não liquidou todo
o negócio.
O halfling se aproximou da mesa para se certificar da amistosidade como seria recebido pelos gnomos, porém, antes mesmo de ser convidado a se sentar e jogar, ele percebeu que aquela mesa de jogos era desfavorável a sorte, pois, um dos membros estava trapaceando nas jogadas. No entanto, Delvin aceitou o convite de se assentar para negociar o tal equipamento do qual os gnomos havia mencionado minutos atrás, e, embora, eles parecessem desconfiados pela forma como foram abordados, eles aceitaram negociar. Yoleuss, o gnomo mais falante e que parecia ser o dono do item, chegou a um valor de seu interesse, e pediu que na manhã do dia seguinte o halfling estivesse na oficina com as moedas.

Delvin tentou melhorar ainda mais o preço negociado com Yoleuss, e para isso, ameaçou-o de informar aos seus companheiros de que ele estava trapaceando na mesa de jogos... O gnomo, por sua vez, em tom ameaçador rebateu aquele afrontamento com uma elevação do valor, a possibilidade do fim do negócio e outros perigos mais que ele e o seu grupo poderiam adquirir agindo daquela forma nessas terras.

As gnomas que atendiam a mesa do grupo ficaram de arranjar uma companhia adequada para atender o imundo bárbaro, uma vez que, nenhuma delas ou qualquer outra das meretrizes que trabalhavam no local, gostaria de fazê-lo, e, para isso só havia uma fêmea na cidade capaz de se sujeitar a tal atentado: Lesley, A Belezona.

Dionísio não tinha muito interesse em saber como a história iria correr depois dali para o grupo, sobretudo, as peripécias sexuais do bárbaro, portanto, ele comeu e bebeu o suficiente para logo em seguida deixa-los à vontade para aproveitarem o resto da noite.

Não tardou para que a afamada Lesley adentrasse o recinto da taberna fazendo com que alguns homens já murmurassem injurias a respeito da simples presença dela no mesmo ambiente, pois, além de Marina, as gnomas e algumas mulheres que estavam no local, nada poderia ser equiparado aquele tipo único de mulher... Ela até se assemelhava a uma mulher de corpo esbelto, porém, o seu rosto era algo pavoroso, uma criatura sem pai e nem mãe. O fato mais gritante é: se ela fosse uma orca, ou mesmo uma meia orca, já estaria morta, mas não era, para tristeza de muitos que ali estavam.

As gnomas acenaram para que Lesley se aproximasse da mesa onde estava o bárbaro que a desejava, e, ela imediatamente se sentou ao lado dele, e com um apetite voraz bebeu e comeu à custa de seu acompanhante. Assim como o bárbaro, a Lesley não demonstrava nenhum tipo de modos a mesa e fazia sem qualquer resquício de culpa, sobretudo, percebendo no semblante de Marduk que o mesmo se satisfazia desses trejeitos. Ela também exalava um odor muito peculiar.

Marduk apostou uma moeda de prata de que aquela mulher não seria suficientemente capaz de derruba-lo na cama. E, ela achou aquilo um afronto desmedido, sendo assim, a Belezona se predispôs a receber no mesmo leito a ele e mais os seus outros companheiros, pois, ela tinha fôlego o suficiente para arrebatar toda a raça de homens que haviam naquele lugar. 

Afoito e com sede de saber até onde iria o folego dessa mulher, o bárbaro não perdeu mais tempo puxou Lesley pelo braço com uma jarra de cerveja em mãos e a conduziu para um dos quartos.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Lesley, A Belezona, uma insaciável e
afamada meretriz que vive na Vila
de Baramphas, cuja aparência é um
tanto duvidosa, pois, embora possua
traços de uma meia orc, essa é
aparência que ela forjou a alguns
anos atrás,
SnowFinger foi com tanta sede ao pote que não tardou para reconhecer o fato de que estava diante de uma mulher forjada em leitos de chamas ardentes, pois, ela sabia de fato como dar prazer sem qualquer resquício de frescura ou pudor. Ele apagou com uma breve visão dela se vestindo e saindo pela porta resmungando algo...

Lesley desceu a escada sorridente pela tarefa cumprida. Imediatamente, ela requereu do grupo de Marduk sentado a mesa a moeda de prata prometida... Worean duvidou das palavras da mulher e pediu para que Delvin fosse checar, algo que ela achou desnecessário, pois, poderia dar conta quem mais estivesse disposto. O halfling nem perdeu muito tempo avaliando o estado do Grandão, pois, o odor não era nada agradável, apenas constatou a verdade e avisou aos demais.

Assim que ela recebeu a moeda de prata, Lesley se insinuou para todos demais homens do recinto, perguntando de maneira afrontadora, se haveria homem suficiente para lhe dar prazer naquele lugar, pois, o único que aparentava ser mais homem dentre todos que ali estavam, nesse momento, estava caído em uma cama acima deles, recuperando-se de uma surra memorável de sua voraz crespa – ela sorria desdenhosamente enquanto acariciava a sua vulva, enquanto os homens seguiam murmurando injurias. Como ela percebeu o desafeto do taberneiro, sobretudo, por parte da clientela dele, ele gesticulou para que Lesley saísse logo com uma caneca de cerveja por conta da casa.

Passado algum tempo depois da saída de Belezona, Marduk, retornou a mesa onde estavam sentados os seus companheiros de grupo, que nesse momento já conversavam sobre muitos assuntos em relação aos sonhos que tiveram em dias anteriores, porém, a simples presença do gigante exalando um odor lastimável e indescritível de dias sem banho, sangue ressecado e suor acumulado em crostas de caracas culminaram em algo suficientemente capaz de fazer com que alguns de seus companheiros regurgitassem o alimento recém digerido e apreciado com bom gosto... Foi uma náusea seguida por anciã de vomito sem precedentes para Marina e Delvin.


O dono da taberna considerou ultrajante aquele episódio, o que fez com que ele pedisse para que o grupo se retirasse do local ineditamente.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Sobrevida além dos Mundos Oníricos.

Respirar vida ante um pesadelo mortal tem as suas benesses.

Dia 13: 29/02/2111, sobre a regência de Peixes.

Ilustração por Pawel.
Vila de Baramphas no Reino de Morriel (Zarak), local ao qual Adrien esteve antes de partir em direção as ruinas em socorro ao amigo anão, Tourth Barabrum. 

Após horas caracterizadas por um ligeiro repouso, principalmente, em função de uma série de contínuos sonhos, delírios e pesadelos, os mercenários, Marduk, Marina e Worean recobraram a consciência sobre as montanhas. Ambos estavam reclusos em seus aposentos individuais, enquanto refletiam sobre o que havia lhes ocorrido nessa tenebrosa passagem por vias oníricas desconhecidas:


O gigante nômade bufava ruidosamente um som truculento e grave como o de uma fera feroz sendo atiçada por criaturas impertinentes: Haaarrrrrr... Nãoooooo... – Esbravejava Marduk acompanhado de um grito de dor e desespero! A face e o corpo estavam tomados por um suor frio; o rosto estava pálido; as pupilas estavam dilatadas; os olhos estavam esbugalhados; o coração batia de maneira acerada como se a qualquer momento este lhe fosse saltar pela garganta; a boca estava seca; os lábios estavam rachados; e, o frio que sentia, parecia lhe cortar a carne.

O bárbaro se levantou da cama com um salto, tomou a tigela de água fria disposta ao chão próxima a cama, e, subitamente, lavou o rosto escarrando e assoando o nariz sobre a mesma. Ele olhou para o espelho preso a uma das paredes, e vendo a imagem turva de suas das pupilas ainda sonolentas, sentindo a respiração ainda bem forte e ofegante, a cama encardida e suada com o odor fétido de mortalha, tal como se até pouco tempo antes, aquele leito houvesse abrigado um cadáver pútrido... Não tardou para que um pensamento lhe ocorresse a mente: “Por Odim, o que foi isso, Drunna... era mesmo você? Por todos os deuses, tinha me esquecido da fera que habita em mim...” – Ele bufou mais uma vez na tentativa de dispersar aquela fatídica lembrança ao qual o nome de sua antiga companheira estava associada, porém aquilo o perseguia: “O que faço aqui, droga, ponho todos em perigo! Preciso seguir sozinho, solitário por toda minha desprezível vida?” – Mais uma sonora expiração, enquanto contrai os dedos sobre as laterais rígidas das mesas até ouvir o sutil som da madeira estalando, na tentativa de se agarrar a algo concreto e solido capaz de dispersa-lo do pensamento que lhe pairava a mende: “Droga tudo tão real!”.

O SonwFinger, sem medir a sua força e tomado por aquele sentimento de desejosa imediata dispersão, deu um soco com uma de suas mãos sobre a mesa - a mesma qual ele dispôs a bacia com agua -, contudo, tal pancada foi suficiente para destruir parte do móvel e derramar sobre o chão a água. O gigante enxugou o rosto, que trazia não somente os respingos de água que usará para acorda-lo, mas também, lágrimas... Ele chorou copiosamente, como há muito tempo não o fazia, e na sua mente um novo pensamento lhe incorreu: “É admirável que ainda exista lagrimas... Pensei ter chorado tudo naquele fatídico dia!”.


Worean se levantou da cama e foi direto ao balde de água, posto bem próximo a uma pequena mesa que havia no cômodo, ergueu-o e colocou sobre a mesa, de pé, com as duas mãos em conchas apanhou a água e por diversas vezes lavou a face, e após fazer isso, tendo não somente molhado o rosto, mas os cabelos, os braços e o tronco também, ele afixo o olhar sobre o seu reflexo que pairava sobre as águas que lentamente se inquietavam ante a agitação dos seus bruscos movimentos, um momento que lhe trouxe alguns pensamentos: “Que sonho foi esse? Sinto exalar de meu corpo o cheiro de sangue... Novamente o semblante do velho marujo invade os meus sonhos. O que ele quis dizer com essas palavras relacionadas a não condenar o meu caminho de vingança, pois, ele de alguma forma havia me trago até aqui, contudo, atenção para as nuanças daquilo que ver, pois, nem tudo e nem todos são reais, portanto, duvide. O inimigo saberá como lhe atacar... Sustentado e Armado com as suas fraquezas”. – O espadachim olhava o seu reflexo se acomodar nas águas, mas a sua mente não: “Em instantes a face de todos que morreram em minhas mãos no Condado de Myrgan e em minhas viagens em busca de vingança começam a aparecer em minha frente e novamente o cheiro de sangue volta a exalar de meu corpo”.

Worean mergulhou a cabeça dentro do balde, e, logo, bolhas saltaram como se estivesse colocando dentro da mesma algo quente. Aquele efeito havia se derivado de uma mente tomada por pensamentos febris, e que ao ser imergida na água calou o som de gritos que não requeriam qualquer tipo de público, além do próprio autor: - Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! – O coração do mercenário pulsava de forma acelerada na busca de deixar naquele recipiente qualquer moléstia que pudesse distraí-lo de sua jornada, pois, a sua mente seguia lhe dizendo: “Novamente as palavras do velho marujo... Atenção para as nuanças daquilo que ver, pois, nem tudo e nem todos são reais, portanto, duvide. O inimigo saberá como lhe atacar... Sustentado e Armado com as suas fraquezas".

- O porquê desse sonho tão real. Será só o efeito do cansaço da viagem nas montanhas?! – Assim, Worean disse em tom baixo e quase murmurante, como em uma oração, de olhos fechados enquanto a água lhe corria a face em direção ao chão.

Worean vai até o lavatório comum, para um banho. Feita a sua higiene pessoal, desce para se alimentar e encontrar o restante do grupo.


Ela retomou a consciência, como se o folego em algum momento houvesse lhe faltado, abrindo os olhos abruptamente, com as mãos sobre o peito, o coração em arritmia acelerada, e a respiração ofegante, assim, Marina despertou de seu intrigante sonho. Suada, a jovem tocou o próprio rosto com as palmas da mão, percebeu a face ainda quente e ruborizada, tentou acreditar que o seu corpo ainda era real e que não estava ainda sonhando. Em seguida, arcana se levantou e foi olhar pela janela de seu aposento, rapidamente observou a uma altura de pouco mais de quatro metros, a movimentação de habitual de uma vila, com alguns pouco transeuntes em função do horário – ainda era cedo, e o sol estava por nascer. Marina retornou para cama, e confortavelmente, sentou-se e lá, com um demorado piscar de olhos, soltou um suspiro de alivio seguido por um ligeiro: - Ufa! – Tal gesto foi complementado por um pensamento: “Que sonho estranho... Foi tão real, a dor das folhas me cortarem, o desespero de estar em meio a uma tempestade e nada poder fazer... O mais intrigante é ter sentido a presença forte de meu pai ao lado da Irvy. Como se os dois estivessem preocupados comigo”.

Ainda pensativa em relação ao sonho, Marina olhava estática para frente enquanto outro pensamento crescia a mente: “Nossa nunca imaginei ver em meus sonhos a Irvy daquela maneira, ela tão jovem, tão gentil e preocupada comigo... Era se eu pudesse sentir ate mesmo carinho em suas palavras!”. - Neste instante, a arcana silenciou a sua mente, desligando-se dos turbilhões de acontecimentos vividos recentemente, pois, ela voltou a refletir sobre Irvy, e desta vez, pensou nela de maneira parcial, sem as provocações de sua mentora e outros rancores que trazia consigo em relação à mestra, pois, agora a aprendiz se colocava em uma condição da qual até então não havia se disposto a fazer, ou seja, a de que ela, Marina, teria sido egoísta consigo mesma. Ela, a jovem aprendiz, estaria a almejar o conhecimento de segredos aos quais ainda não havia sido preparada para recebê-los, que a mentora queria apenas prepara-la, mentalmente para suportar o peso desse conhecimento, ou ainda, que Irvy queria pegar um diamante bruto e torná-lo refinado. Ela exclamou mentalmente, e com os olhos brilhantes: “Sim!”. - Marina conclui em seu pensamento: “Fui egoísta sim... E pior, uma covarde! Ao invés de fugir da Irvy, eu deveria tê-la enfrentado, provando a ela que sou digna de compartilhar o caminho de sabedoria trilhado por minha tutora!". - Ela já olhava para os lados, sem qualquer direção especifica, balanceando a cabeça em gesto de inadvertência: "Como fui cega ao pensar que seria digna de aprender o que aquela mulher incrível aprendeu apenas reclamando com ela em minhas lamentáveis discussões... Como fui cega...”.

Ainda muda, esfregando as mãos umas sobre as outras como se estivesse incomodada com algo, Marina pensava: “Basta! Não é bom ficar me lamentando, o que fiz está feito, o que posso faze de melhor para me redimir é provar para Irvy que sou capaz, não vou retornar até a minha mestra como uma estupida que fui, até porque talvez eu esteja tendo a oportunidade que Irvy não teve... De me aventurar, se este é meu caminho na vida então irei cruza-lo”. – Os olhares da jovem se encheram de firmeza, e com eles um brilho diferente se apresentou repleto de expectativas.

Marina colocou os seus trajes, levantou-se da cama, retirou as olheiras, correu os dedos entre os cabelos lisos penteando-os com facilidade, e fez a sua higiene pessoal. Mais uma vez, ela caminhou até a janela que dava para a rua, observou que o sol acabará de despertar por completo, conseguia ouvir o som dos habitantes da vila e também de parte da natureza que circundava o lugar e sentia todo o clima das montanhas que pareciam muros naturais de uma fortaleza. A arcana respira fundo, sentindo o ar umedecido do lugar, algo que até então não havia experimentara antes. Ela tentou captar as força da mana presente no ambiente, para isso ela mentaliza o momento em que o feixe luminoso a tocou durante a tempestade em seu sonho, e algo lhe incorre sobre as ultimas palavras proferidas por Irvy: “Convicção e predisposição em seu caminho, o inimigo agirá sobre as suas fraquezas” - Marina se indaga, com o olhar perdido em uma das colossais montanhas: “Quem pior que eu mesma para agir sobre minhas fraquezas? Penso que talvez eu mesma seja minha própria inimiga...”


Delvin, o halfling ladino, ao contrário dos demais companheiros mercenários apresentou uma facilidade incomum de adaptação ao terreno de Zarak, mesmo nunca tendo estado em um local tão diferente e alto. E, embora ele também tivesse tido sonhos incomuns como os outros, somente algo lhe chamou a atenção nesses dias, e, justamente, neste último dia em que aqueles rodeios de delírios culminaram em tê-lo tirado o sono mais cedo, fazendo com que acordasse com uma leve dor de cabeça no local onde uma caixa lhe atingiu em sonho e um estranho dobrão de ouro que surgiu em seu bolso... Essa moeda, aparentemente comum, não era cunhada, não dispunha de nenhum brasão ou algo que a identificasse, só o fato, de que às vezes ele tinha a impressão de ver o rosto de Grover, o seu mestre, tal como no sonho.

Como o halfling não sofreu tanto como os demais nesses dias de febris delírios, ele pode aproveitar melhor as andanças pela vila de Baramphas, o que lhe foi oportuno, pois, Dionísio Thirdway pode iniciar com ele alguns exercícios relacionados a escalada e a sobrevivência nas montanhas, além de, apresentar-lhe um artesão que dispunha de uma oficina de couro, onde ele poderia trabalhar sossegadamente a confecção de um item que havia prometido para O Grandão (apelido concedido a Marduk), e, assim ele o fez, terminando no dia anterior tal trabalho.


No inicio da manhã deste dia, o grupo se encontrou novamente, após a passagem de dois longos dias em repouso. Eles estavam com muita fome, logo, dirigiram-se a cozinha para fazer uma refeição matinal, conforme indicado pelo dono do estabelecimento, que diante mão, também os informou que Dionísio não estava no local, mas que iria chama-lo, uma vez que, ele pediu que fizesse isso assim que os demais se levantassem.

O café da manhã foi servido reforçado para satisfação e o apetite dos mercenários, que ainda assim, alguns destes encontravam alguma dificuldade em relação ao ar das montanhas.

Dionísio surgiu pela porta da cozinha da hospedaria demonstrando satisfação em rever a todos - com uma cordial saudação e um sorriso estampado em seu rosto -, principalmente, acordados e dispostos, pois, o anão mencionou a preocupação tida quanto a saúde dos mesmos que sofreram de alguma forma com o chamado Mal das Montanhas. Tomando um lugar a mesa, ele mencionou que não poderia leva-los imediatamente até o local que almejavam, justamente por se tratar de um lugar mais alto e inóspito, e, que para isso, seria necessário um breve treinamento em relação a escalada e a sobrevivência nessas regiões.

Quando questionado em relação a Adrien, o anão foi direto em dizer que o meio elfo sofreu da mesma enfermidade experimentada pelo grupo, contudo, ele não teve o bom senso e a necessidade de tempo para se preparar em relação às adversidades externas do local. Ele demonstrava estar muito afoito em relação à missão de auxilio que pretendia cumprir, e, quanto a isso, como somente se tratava de um único individuo, o anão conseguiu leva-lo até próximo à entrada das ruinas sem muita dificuldade.

Em função do tempo que passou desde a chegada do grupo ao local, e, após ouvir essas palavras do Dionísio em relação ao membro da guilda, não tardou para que alguém trouxesse a mesa o incomodo vivido nos últimos dias em relação a uma mescla de sonhos, pesadelos e delírios.

Ilustração por Juliana Karina.
Worean Hosborn se mostrou
introspectivo em relação a conversa,
porém, com uma relativa atenção ao
que era tratado, uma vez que, aquilo
de certa forma havia ocorrido a todos,
e de longe parecia se tratar de uma
mera casualidade.
A mesa, Worean se resguardou em silencio, e escutando com atenção oque todos os demais falaram, sobretudo, Marina e Marduk. Ao ouvir que todos tiveram sonhos e ver a expressão de preocupação no olhar de cada um deles, ele pensou consigo: “Que diabos esta acontecendo aqui, todos tiveram sonhos estranhos. Será que realmente não foi um sonho e sim um aviso? Com que diabos aquele Elfo maluco esta envolvido? Quem será o inimigo que o velho marujo expressou em suas palavras?”.

Delvin demonstrou e mencionou que algo também havia lhe ocorrido nos últimos tempos, porém, não falou muito a respeito do que havia lhe ocorrido, preferindo se manter atento as palavras dos companheiros. Longe das vistas dos demais, ele corria entre os dedos de uma mão a estranha moeda de ouro, onde por mais uma vez, ele teve a breve visão do rosto de Grover em uma das faces, algo que a demonstração de estranheza em relação a visão se confundia aos relatos dos companheiros e que acabava passando desapercebidamente.

Marina estava curiosamente surpresa com os relatos de todos em relação ao que cada um deles havia sentido enquanto estiveram em repouso, exceto por Worean Hosborn. O espadachim se manteve distante sem qualquer contribuição para aquele dialogo, apenas como um cauteloso ouvinte, porém, a sensitiva arcana percebeu em seu semblante que algo também havia lhe ocorrido, e, que ele demonstrava relutância em compartilhar com os demais. Porém, antes que ela pudesse questionar algo de maneira direta a Hosborn, a voz de sua mestra lhe veio à mente com citações de verbetes mágicos que subitamente fez surgir uma pequena esfera de chamas, e, logo em seguida, a explosão desta sobre a mesa.

A magia súbita espantou a todos ao ponto de lançar alguns ao chão como meio de se protegerem contra o efeito. Sobre a mesa ficaram as evidencias da magia evocada por meio dos chamuscos.

Recuperados do susto e novamente sentados a mesa, a arcana estava imbuída de certeza de que a partir daquele efeito mágico, onde se evidenciou um aprendizado transmitido por meio de sonhos pela sua mestra, aquilo que o grupo havia experienciado poderia se tratar de algo muito além do que todos imaginavam. E, isso fez com que ela buscasse ainda mais informações, inclusive aquelas resguardadas por Worean.