Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Grimlocks.

Malditos e funestos predadores noturnos sedentos por carne.

“Quando fomos emboscados por aquelas criaturas – o nosso primeiro contato -, eu e os meus soldados tínhamos a ligeira impressão de que estávamos combatendo algum clã ou espécie de orc, assim como também, acreditávamos por ventura, que elas haviam encontrado passagem da superfície para os tuneis de nossas cidades... Contudo, o tempo mostrou a nós que estávamos enganados – tal como disposto em escrituras muito antigas do meu povo (anão) -, pois, estes malditos monstros conseguiam ser ainda mais asquerosos e vilipendiosos de que os nossos arqui-inimigos... Eles conheciam as profundezas esmas e obscuras dos Reinos Abissais, para o nosso infortúnio, e, embora estes fossem individualmente combatentes de poderio mediano, um grande bando (como o qual encontramos) esta longe de ser menosprezado, pois, eram superiores em número e estavam organizados por uma temida liderança, por vez mais inteligente e vil”.

- Wartuss Gifurdinlin, Primeiro General da Horda Real do Martelo de Solginel.


Ilustração por Autor Desconhecido.
Grimlock são temidos predadores
noturnos, pelos seus hábitos
canibais, além de sua tendência
perversa. Habitam cavernas e
ruínas, ou qualquer outro antro
que lhes provenha escuridão.
Humanoides musculosos, muito bem constituídos fisicamente e de tamanho pouco acima da média hominídea. Eles costumam vestisse apenas com trapos escuros e sujos do que algum dia pode ter sido uma roupa ou armadura. Essas criaturas guerreiras dos subterrâneos emergem de suas profundas cavernas à noite em busca de humanos desafortunados, para acrescentar cadáveres à dispensa, pois, como seres xenófobos e desprovidos da capacidade de convívio em harmonia com outros seres de alinhamento diferente do seu, ou pior, somente encontram serventia desta forma, quando já não lhes servem nem mesmo como serviçais. 

Eles não fazem uma distinção clara do que de fato tem valor ou não, especialmente, o que não podem digerir - tal como uma suculenta carne crua -, orientando-se muito das vezes, por aquilo que possui algum odor peculiar, resistência as suas mordidas ou brilho desmedido. Sendo assim, quando estão a saquear a outros, eles provavelmente, estão a fazê-lo influenciados e devidamente instruídos por terceiros.

Esses seres possuem pele ligeiramente escamada, grossa e acinzentada; e, longos, negros e imundos cabelos. Seus dentes são brancos e extremamente afiados, Têm apenas duas órbitas brancas por olho.

Esses monstros são cegos, porém têm olfato e audição extremamente desenvolvidos. Seus ouvidos e narizes sensíveis permitem-lhes identificar objetos e criaturas a pouco mais de doze metros de distancia, como se pudessem vê-los nitidamente.

São criaturas com inteligência abaixo da média humana. Elas se comunicam entre si por meio de uma linguagem própria e rudimentar, que mescla grunhidos, gemidos e fungar, entretanto, elas podem vir a aprender a falar o idioma de outros seres, sobretudo, daqueles que por ventura exerçam um papel de influencia e liderança pela força.


COMBATE

Grimlocks não são afetados por magias que incidem sobre a visão. Todavia, sons altos e contínuos os deixam desnorteados, assim como temperos fortes (rapé) ou intensos perfumes farão o mesmo, quando inalados ou jogados sobre eles. Portanto, qualquer ataque que incida diretamente e com efeito de anular os sentidos de audição e olfato, tornará os mesmos completamente cegos (desorientados).

Esses seres atacam ferozmente, entretanto, e, na maioria das vezes, com pouca organização, onde por vezes param em meio a batalha para resgatar companheiros mortos e muito feridos, não por um sentimento de auxilio ao próximo, mas para servirem de comida! Como arma, essas criaturas geralmente utilizam machados e espadas, preferindo ataques que possibilitem o corte, pois, o simples odor da ferida de uma presa lhe é suficiente para mantê-la a vista em um espaço de até doze metros.

Eles atacam na escuridão sempre que possível. Apesar de não serem afetados pela luz, eles gostam de contar com o fator surpresa, emboscando com frequência as suas vitimas. A pele de seus corpos, em determinados ambientes, dispõe a essas criaturas uma camuflarem natural, sobretudo, em locais pedregosos.


ESTATÍSTICAS GERAIS
Adaptação livre para o sistema GURPS

ATRIBUTOS

ST (+4): 14 – 18
DX (+1): 11 – 14
IQ (-2): 8 – 12
HT (+1): 11 - 14

Velocidade / Esquiva: 9/9.
DP / RD (+2): 2/2 - 4.
Dano: Conforme Força e Arma.
Alcance: C, 1, 2.

Tamanho: 1 hex.
Altura: 1,90 - 2,50 m.
Peso: 100 – 180 Kg.
Habitat: Subterrâneo, porém também agem (caçam) na superfície durante anoite ou não havendo presença de luz.

VANTAGENS:


  • Audição Discriminatória (Distinção de sons até 12 m, e concede +4 em testes relacionados a este sentido);
  • Audição Aguçada (+5);
  • Olfato Discriminatório (Distinção de sons até 12 m concede +4 em testes relacionados a este sentido);
  • Olfato Aguçad0 (+5);
  • Resistência a Dano (+2); e,
  • Senso de Direção Básico.


DESVANTAGENS:


  • Cegueira (embora detenha um mínimo de visão, a pouca sensibilidade neste sentido é suficiente para causar repulsa a focos de luminosidade, assim como desorientação);
  • Canibalismo;
  • Intolerância;
  • Aparência Hedionda;
  • Mau Cheiro;
  • Aversão a Luz; e,
  • Senso de Dever para com o grupo ou o bando.


PERÍCIAS:


Machado/Massa (DX+1) ou Espada Curta ou Larga (DX+1); Faca (DX); Arremesso (DX); Salto (DX); Rede (DX); Briga (DX); Furtividade (DX+1); Camuflagem (IQ+1); Escalada (DX); Rastreamento (PE+1); Sobrevivência: Subterrâneo (PE); e, Conhecimento do Terreno (IQ); 


quarta-feira, 8 de outubro de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Adentrando as Ruinas do Reino Anão de Thargoddas.

Dia 16: 02/03/2111, sobre a regência de Peixes.

Delvin Mallory conseguiu encontrar um local que seria ideal para a instalação do equipamento adquirido com o gnomo Yoleuss. No entanto, a morosidade dos demais companheiros em escalar o paredão somente trouxe ao halfling uma angustiante sensação de fome, e, tal necessidade teve que ser parcialmente aplacada pela ingestão de algo que estivesse ao seu alcance e cru, tal como parte de uma ração... Que assim o fez a contragosto, somente até que os outros chegassem.

Marduk, com algum esforço, conseguiu retomar a atividade de escalada do ponto onde havia estagnado, passando o anão Dionísio e o irmão de armas, Hosborn.

Worean, apesar das dores que o afligia em função da pancada, reuniu forças e fôlego em um esforço extra para voltar a escalar. Tal determinação permitiu a ele ser bem sucedido nessa atividade, onde próximo de alcançar o local onde já estavam os outros dois, obteve ainda uma mão de ajuda do gigante bárbaro para completar. Chegando a um local ao qual pudesse descansar de alguma forma, o espadachim não pensou duas vezes, colocou-se no chão recostado ao paredão que se estendia ainda por metros acima indeterminados, e ali mesmo deu inicio a uma nova atividade: os seus primeiros socorros, abdicando de qualquer outra ajuda vinda dos companheiros.

O anão Dionísio Thirdway, que também foi lesionado pela falha drástica em sua escalada, retomou com alguma dificuldade a atividade que finalizou com êxito, encontrando-se com os demais. E, assim que chegou ao lugar, tratou logo de também se curar, pois, em seu abdome havia ficado um hematoma pavoroso do ferimento que o seu descuido havia lhe proporcionado.

Embora três dos quatro integrantes dessa aventura já se encontrassem com parte do caminho concluído, uma preocupação lhes sondava a mente: Marina. A arcana não havia se preparado adequadamente para o exercício de escalada – não possuía conhecimento suficiente ou aptidão para a desafiadora atividade -, sobretudo, nesse local inóspito, onde os riscos eram mortais, e cujo um item foi adquirido exclusivamente para auxilia-la, somente para não ter este esforço.

Marina estava preocupada com os companheiros que já há algum tempo subiram o paredão, pois, ao seu redor percebia com certo receio alguns ossos estilhados de homens que haviam falhado no desafio de escalar, tal como mencionado pelo anão, principalmente, tendo ela assistido o equipamento que o grupo havia adquirido para ajuda-la a escalar ser destruído em pedaços irreparáveis após uma queda - Algo que por muito pouco não atingiu fatalmente a arcana. Em pensamentos e murmurando algumas queixas ao olhar para cima e ao seu redor, ela lamentava não ter tido tempo o suficiente para aprender alguma magia relacionada a movimentação, tal como levitação ou voo, ou mesmo, ter aprendido o suficiente com o Dionísio a respeito da perícia ensinada dias atrás na Vila de Baramphas.

No alto. O grupo parcialmente recuperado da subida conversava entre eles o que fariam em relação à companheira que os aguardava, pois, de onde estavam não conseguiriam lhe orientar com o devido cuidado. Em partes, eles haviam decidido por Delvin ir ao encontro de Marina, e, assim Marduk a iça-la quando estivesse devidamente segura nas cordas. A princípio, eles tentaram gesticular para que a companheira os percebesse, porém, mesmo ela tendo os visto, não compreendeu os gestos, e, prontamente, resolveu gritar em retorno. Todavia, Wolrean estava aflito com a sua situação e a do grupo, portanto, ele começou a balançar a corda para que ela olhasse para cima e compreendesse o que precisava ser feito, e, os que estavam acima também começaram a gritar em resposta buscando transmitir a orientação... A distância era um desafio que eles não iriam conseguir superar no grito, porém, o barulho foi suficiente para trazer outro empecilho na jornada.

Nesse dado momento, o atento halfling percebeu um gelar súbito em sua espinha que lhe era bem peculiar em situações de perigo, e, não somente isso, tal sensação veio precedida pela percepção de pequenos pedriscos vindos por cima de sua cabeça! Delvin não hesitou em alertar aos demais companheiros do grupo, que ainda insistiam em tentar contato com Marina. Imediatamente, o guia anão percebeu que o pequeno companheiro estava certo do perigo anunciado, pois, já era possível ouvir ruídos característicos do que estava por vir, e, sendo assim, sinalizou aos demais o que deveriam fazer e o caminho a seguirem para se protegerem.

O grupo foi surpreendido por uma série de pedregulhos vindos do alto, tal como se fosse o anuncio de uma avalanche. Delvin e Dionísio correram em direção a o único caminho que lhes restava seguir e próximos à parede. Marduk também se encostou a parede as suas costas, e embora tivesse tardado em tomar a mesma direção do anão e do halfling, ele assim logo o fez, mesmo tendo hesitado ao se preocupar com os dois companheiros que haviam ficado para trás. A Worean, além de tentar se salvar, coube a ele também tentar alertar a Marina da iminência do perigo que enfrentaria... Hosborn estava condicionado fatalmente pelo seu senso de dever para com os companheiros aquela tarefa. Ele tentou se colocar contra a parede para se proteger - o seu último sacrifício antes que o pior lhe ocorresse -, e que, custou parte de sua saúde ao ser atingido por uma das pedras.

Uma dessas pedras atingiu a quina onde a corda do grupo pendia, e, o impacto foi suficiente para que a mesma fosse rompida.

Passado pouco tempo depois do cessar da conversa entre Marina e os demais companheiros do grupo, a arcana percebeu que a corda balançava de maneira diferente, mais agitada além do que a de costume - seja de alguém descendo por meio dela ou o da força do vento -, e, isto de alguma forma lhe sugeriu atenção àquela situação. A arcana notou logo em seguida uma quantidade desmedida de poeira, alguns pedriscos e ruídos vindos de cima, o que automaticamente lhe trouxe a mente de que algo perigoso estava por vir! A princípio ela demonstrou estar desnorteada para onde seguir, porém, com um pouco de cautela, ela refez rapidamente parte do caminho que havia lhe trago até ali, somente até um ponto onde pudesse obter algum tipo de proteção, e, nesse local utilizou-se de seus poderes arcanos para transformar o seu corpo em água, para assim reduzir o dano de qualquer impacto. E, tais ações foram satisfatórias para lhe poupassem de uma morte certa, sobretudo, mediante ao estrondo ouvido do impacto de diversas pedras seguido pelo levantar de uma cortina grossa de poeira.

Wolrean havia sido atingido por uma das pedras e requeria socorros para tratar o seu ferimento. Em meio à situação de risco sobrevivida, ele percebeu que as pedras que haviam despencado eram em sua maioria de tamanho uniforme, o que de longe passaria como um casual deslizamento em locais como esse... E ao apontar isso para Dionísio, Marduk e Delvin, a certeza era clara para todos: eles haviam sido atacados! 

Os três não tinham qualquer certeza se Marina havia ou não percebido os sinais de atenção, e, tão pouco, sobrevivido ao ataque, pois, a nuvem de poeira ainda estava alta no sopé. Eles já não possuíam meios para descer até o local onde haviam se separado da maga, e, nem arriscariam gritar novamente para chamar a atenção dos inimigos.

Transcorrido o tempo da avalanche, com a retomada do silêncio e a poeira baixada, Marina desfez a magia do corpo de água e resolveu retornar ao lugar onde havia ocorrido o deslizamento. Logo, ela percebeu que já não havia mais cordas, e, também ao olhar para o alto não conseguia perceber nenhum de seus companheiros vivos. Essa situação a deixou demasiadamente ansiosa, preocupada e angustiada por não dispor de qualquer aptidão para aquele momento.

Marina sabia que precisava buscar meios com sensatez e racionalidade, pois, ela aos poucos seria consumida por esses sentimentos depreciativos que atormentavam a sua mente. Respirando fundo, ela se lembrou de uma instrução transmitida por sua mestra quando na adolescência tinha dificuldades para se concentrar e captar alguns dos ensinamentos devida a sua ansiedade (ou impulsividade)  momentânea, e, tratava-se justamente da meditação. No entanto, a jovem arcana gostaria de pratica-la não somente para apaziguar os sentimentos conflituosos que lhe aterrorizavam, mas para de alguma forma, buscar os caminhos dos sonhos, uma vez que, a própria Irvy havia mencionado ajuda-la, e, assim o fez dias atrás, quando criou chamas na cozinha da hospedaria, algo que até então desconhecia. Sendo assim, Marina tentando por diversas vezes a atividade de “contemplar a própria mente”, ela conseguiu entrar em um estado de transe do qual há muito tempo não experimentava.

A jovem arcana teve uma experiência extraordinária durante a sua meditação, pois, sentia-se como estivesse dentro do corpo de sua mestra, olhando por meio dos olhos dela todo o ambiente a sua volta, em específico e provavelmente, a Biblioteca Primor de Magia, um local misterioso, restrito e cujo Marina somente lhe era permitida entrar quando na companhia dela. Uma sensação relativamente boa e agradável, mas ao mesmo tempo intrigante e assombrosa. Ela pegou em tomos de magias diversos e desses ouvia sussurros de vozes ininteligíveis como se tivessem vida própria, sentou-se em uma grande mesa, e, pôs se a folhear em específico um tomo de magia relacionado às Escolas de Movimentação. E, este tempo de elo mental foi suficiente para que a aprendiz vislumbrasse os conhecimentos arcanos da mestra que poderiam de alguma forma ajuda-la nesta missão... Marina e Irvy estavam conectadas mentalmente, e a mestra conhecia a urgência dos anseios de sua discípula. No entanto, além dos conhecimentos providos pela Senhora Arcana, uma série de outros pensamentos tumultuados que também a ela pertenciam encheram a mente de Marina, e um deles em especial fazia a seguinte menção “A minha vida esta prestes a se extinguir, e o que será de Marina senão houver tempo suficiente entre nós duas, e todo o conhecimento a ser transmitido?!”.

Marduk, Delvin e Dionísio estavam às voltas do que fazer para tentar contatar Marina, enquanto que Wolrean não via motivos claros para seguir com tal conversa, uma vez que não dispunham de meios, e somente precisavam saber se a companheira ainda estava viva, desta forma, o espadachim pegou uma pequena pedra e lançou-a em direção a proximidade do loca onde a arcana estava na intenção de chamar a atenção dela.

O anão e os outros perceberam o gesto do espadachim, mas mesmo Dionísio avançando em direção para tentar impedir a ação de proporções fatalmente desmensuradas pelo companheiro, já era tarde demais. Por muito pouco o projetil não atingiu a Marina, mas o som emitido pelo mesmo foi suficiente para que a arcana recobrasse a consciência, saindo de seu transe.

Parcialmente atordoado da experiência abruptamente interrompida, e, sem noção em relação a quantidade de tempo que havia transcorrido, Marina aos poucos foi recobrando a consciência e o aprendizado adquirido. Ela sentia em sua mente o conhecimento magico fluir, assim como a capacidade de executa-lo com total confiança. E, assim, ela levitou em direção ao encontro dos companheiros (ou o que havia restado deles após o incidente). O semblante da maga se iluminava com um tom feliz, apesar de outras preocupações surgidas nesse breve contato com a sua mestra.

Não tardou para que Delvin, mesmo que em meio ao dialogo aquecido com os outros, percebesse a sua companheira de aventura ressurgir em meio a névoa de poeira levitando. A aparição triunfante surpreendeu a todos, porém, eles sabiam que precisavam deixar aquele local, pois, ali estavam sob ameaça.

Marina não tinha fôlego o suficiente para manter a magia por mais tempo, portanto, o encontro com os companheiros de aventura naquele lugar foi mais do que propício a ela também, pois, precisava recuperar as forças.

Delvin ainda requeria uma refeição digna, pois, o halfling estava faminto e estressado com essa situação.

O grupo caminhou em fila por algum tempo pelo estreito e perigoso caminho que ainda era possível seguir a pé. Pouco mais da metade da tarde, eles chegaram até um local onde era mais alargada a passagem, e cujo guia lhes orientou ser o último lugar necessário escalar. Uma vez escalada a parede de aproximadamente quarenta metros de altura, eles chegariam a uma espécie de plataforma ou mirante, onde mais afrente já avistariam uma das entradas (a única conhecida por ele) das Ruínas de Thargoddas. Dionísio sugeriu que em função das horas e da constituição física do grupo, eles acampassem por ali, fazendo as refeições que lhes eram mais do que quista e descansassem, sobretudo, Worean e Marina, pois, o próximo dia provavelmente lhes exigiria muito mais esforço do que este.

O grupo se alimentou e tentou descansar, mesmo sabendo que se encontrava a beira de um precipício de queda mortal, e, outra, com a possibilidade de estarem sendo sondado por inimigos. Durante a noite, eles não sofreram nenhum tipo de ataque, contudo, alguns deles foram atormentados por estranhos pesadelos que mais se assemelhavam a maus presságios.

Um céu nublado... Assombrado com agitadas nuvens em tons escuros e avermelhados como se as mesmas estivessem embebidas em sangue. Paredes a serem escaladas de tamanho vertiginoso e a se perderem de vista. O soprar de um vento gélido e uivante, que às vezes gemia aos pés do ouvido como se estivesse a sussurrar um agourento rito de morte.


Dia 17: 03/03/2111, sobre a regência de Peixes.

Na manha do dia seguinte, o grupo acorda, alimenta-se, e, logo, os membros pensam e conversam entre si a forma como escalarão essa última parede, sobretudo, tendo eles perdido boa metragem das cordas que haviam adquirido. Marina sinaliza ao grupo que ainda dispunha de metragem suficiente para complementar as cordas remanescentes, e, que usaria de seus poderes mágicos para subir até o local, ou mesmo, utiliza-lo em algum dos companheiros... O nômade bárbaro era pesado para subir nas cordas com o equipamento. Assim sendo, com o encantamento “Andar nas Paredes”, Marduk caminhou sobre as paredes como se fosse uma aranha, ou seja, agachado com os pés e as mãos apoiados a parede, uma vez que, aquilo lhe era novo e que uma queda aquela altura na qual se encontravam o faria em pedaços. Delvin, por sua vez, foi rápido e eficiente, tomou as cordas e subiu o paredão, seguido por Dionísio. Marina ajudou Wolrean com as cordas, o prendendo com segurança para que fosse içado pelos outros companheiros.

Worean Hosborn estava se sentindo como um fardo para o grupo, e, desde o dia anterior já havia sinalizado queixas para alguns de seus companheiros, em especial, Marduk. Pois, por ele e o companheiro, o grupo teria seguido pelo caminho que os conduziria a porta da frente desse covil, mesmo que isso os levasse a enfrentar diretamente os Grimlocks, talvez dessa forma, morreriam todos mais dignamente em combate, ao invés de vitimas de uma queda ou uma sangria.

O grupo de Mercenários da Guilda de Arvey chegou ao local acima do acampamento, neste ponto, eles observaram sobre o parapeito das encostas, devidamente construídas como se fossem muretas, algumas pedras circulares de tamanho médio uniforme, tais como as que haviam sido lançadas no dia anterior de seus misteriosos atacantes... Não havia sinais de pegadas recentes neste lugar. E, a frente e não muito distante de onde estavam - a pouco mais de vinte metros -, a edificação em formado de forte aparentemente embutida à parede, e com uma única entrada perceptível, além de algumas pouquíssimas janelas, todas fechadas. O lugar não era majestoso, e, o seu aspecto em nada sugeria que algum dia remetesse a uma importante civilização, mas em se tratando de anões, todos que ali sabiam que o brilho não estava naquilo que se apresentava externamente, mas em seu interior.

Delvin estava ávido para entrar no lugar, assim como Marina estava curiosa em conhecer aquilo que os aguardava nas ruínas, pois, ambos queriam se apossar de riquezas e conhecimentos que provavelmente o local lhes reservava, muito além das superstições semeadas pelos outros como mecanismo de “mantenha-se distante, o que tem aqui é só meu” – algo muito usual. Ao contrário do ladino e da arcana, o guerreiro Dionísio não se sentia confortável naquele lugar, demonstrava mais uma vez receio e cautela em seu olhar, e, mesmo sendo convidado a seguir com o grupo, ele preferiu a principio somente zelar pela guarda das cordas pelo período de um dia. O anão mencionou que somente os aguardaria pelo período do amanhecer de um novo dia para retomar a viajem de volta, essa era a sua condição, uma vez que, eles somente precisavam se certificar do estado do elfo, que no sua compreensão, já deveria estar morto há semanas.

O grupo seguiu a caminhada até a entrada da ruína, percebendo ao chão alguns corpos jazidos de longa data, e, que Marduk prontamente fez questão de estilhaçar em pequenos pedaços com o seu machado a fim de precaver o grupo de tormentos futuros. O acesso do local era guardado por uma pesada porta em madeira maciça e aço, cujo aparentava estar emperrada. O lugar encontrava-se em estado deplorável devido a recorrentes danificações ocasionadas pelas forças da natureza (alguns deslizamentos de pedras e raios), ou não. Na entrada havia as estatuas opostas de dois grandes anões – possivelmente heróis ou patriarcas do reinado -, contudo, ambas estavam ao chão, e em grande parte, destruídas pela ação do tempo.

Dionísio achou por bem se juntar ao grupo ao invés de ter que espera-lo do lado de fora daquele lugar, pois, compreendeu que os riscos ali seriam iguais ou até maiores estando só.

Wolrean, Marduk e Dionísio forçaram a porta para entrar, e conseguiram abri-la. Porém, ao fazê-lo, eles ativaram uma armadilha, o que lhes incorreu ser alvejados por uma saraivada de pedriscos. Como o nômade estava mais a frente entre os três, ele foi atingido, todavia, o dano provocado pelo artificio não foi suficiente para transpor a sua armadura.

Ilustração por Izzy Medrano.
Delvin Mallory, o sagaz ladino, que
mesmo faminto, consegue demonstrar
uma habilidade incomum em realizar
com eficiência aquilo que lhe é
requerido... Sobretudo, se as
necessidades são comuns as partes.
Depois da porta de acesso, eles se deparam com um lance de escadas. Elas são cerca de oito metros de escada descendo sutilmente. Com 6 m x 4 m x 10 m de medidas. Ao término uma porta em aço, parcialmente enferrujada e amassada (de dentro para fora). A partir daqui, o especialista ladino toma a frente do grupo buscando ao longo de todo caminho possíveis perigos, além dos diversos vestígios de quem morreu nessa pequena passagem e se deixou algo além de ossos esfarelados, e, nos degraus Delvin não encontra nada que coloque a vida dos companheiros em risco, sinalizando que podem vir.

Na porta ao término das escadas, porém, Delvin encontra uma armadilha preparada para fazer disparar uma pesada barra de aço suspensa em um pendulo capaz de matar em uma única pancada. Ele consegue desarma-la.

Além da porta, os mercenários encontram um grande salão circular com cerca de 8 metros de altura e 10 metros de diâmetro. Em quatro pontos opostos há uma coluna devidamente talhada rente a parede com a imagem de um vigoroso anão olhando para cima, com uma das mãos apoiadas a parede as costas e com a outra mão sustentando o teto com uma picareta erguida sobre a cabeça.

Além de algumas escritas anãs (anão antigo) dispostas ao longo da parede, existem inúmeras marcas de ranhuras feitas por garras e laminas. E, Marina em sua curiosidade e otimista busca acaba encontrando algo compreensivo, escrito em anglo, e, em sangue próximo a parede de uma das estátuas:


Não consigo encontrar a saída.
Por favor, ajude-me!