Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

sábado, 20 de julho de 2013

RPG: Aventuras em Yrth - Ladrões de Corcéis Encantados - Os Chocobos

Os Corcéis Encantados oriundos de Ivalice


A Raça

Os chocobos são animais originários do continente de Ivalice, contudo, atualmente podem ser encontrados espalhados por quase todo o continente de Ytarria, sobretudo, se houver condições propícias para sua adaptação e procriação.

Ilustração por Square.
Dimensões físicas de um Chocobo
em sua forma adulta
(Tipo Dodger Cobocho de Segundo Nível)
Eles são uma espécie de avestruz, pássaros de grande porte e que não podem voar de um modo geral - embora existam algumas sub-raças que possam fazê-lo muito bem, independentemente do tamanho de suas asas -, porém, a sua principal característica esta na capacidade de se moverem em alta velocidade por meio da terra, e que fazem deles excelentes e cobiçosas montarias. A sua velocidade é demasiadamente elevada e pode ser comparada a grosso modo, como a de um cavalo próprio para corrida, com uma velocidade média de 80 km/h, e se adequadamente treinado, pode chegar a incrível marca dos 90 km/h. Em uma só passada eles podem cobrir um intervalo de 4 à 6 metros.

Um pássaro adulto costuma medir entre 2,80 m e 3,20 m de altura. O peso também varia entre 170 Kg e 210 Kg.

O bico se assemelha ao de uma galinha, entretanto, grande e resistente. Uma resistência tal que lhe é capaz de ataques mortais ao ponto de perfurar armaduras feitas até mesmo em aço e quebrar armas de qualidade normal. As unhas existentes nas patas - duas normais e uma opositora -, são afiadas feitos lâminas e resistentes o suficiente para tolerar uma variedade de terrenos, inclusive os mais extremos do frio ao fogo. Suas longas pernas são fortes o suficiente para dar-lhe grande resistência e fôlego, dando-lhes a capacidade de correr por muito tempo sem se cansar. Poderosas pernas também são capazes de lhes prover de um coice mortal quando ameaçados, ou treinados para o combate.

Em sua grande maioria os Chocobos têm olhos castanhos. São dotados de uma visão e uma audição muito apuradas. Tal sensibilidade conjunta chega lhes soar como uma noção de perigo natural.

Um requisito vital para existência da espécie em um determinado local é a presença de mana - a energia mágica -, pois, somente através dela esses pássaros conseguem conceber alguns de seus dons mágicos inatos, além de possibilitá-los realizar uma digestão eficiente de tudo que consomem. Pois, a sua dieta alimentar onívora a base de ervas, folhagens de árvores, arbustos, sementes e rações somente se faz plena, quando os alimentos são originários de regiões com essa característica, pois, mesmo a vegetação é capaz de reter propriedades mágicas, ainda que de maneira imperceptível a muitos. Porém, é sabido também, que esses animais possuem a aptidão inata de acumularem em suas penas mana para lhes propiciar com segurança, longas viagens por regiões onde não exista a presença de energia mágica.

Tal como os avestruzes, ocasionalmente os chocobos tendem a se alimentarem de animais como gafanhotos e outros insetos (invertebrados). Como não possuem dentes, eles engolem pedrinhas que ajudam a esmagar os alimentos engolidos no papo. Eles podem ficar sem água por muito tempo, vivendo exclusivamente da umidade das plantas consumidas. Entretanto, eles gostam de água e tomam banhos com frequência.

A expectativa de vida de um Chocobo é entre 80 a 100 anos, salvo alguns casos excepcionais de longevidade em função da sub-raça. Entre os criadores, para um determinado intervalo de tempo esses animais recebem uma nomenclatura especifica:

De 00 a 02 anos de idade: Chibi Choco
De 03 a 04 anos de idade: Priemer Cocho
De 05 a 07 anos de idade: Opereny Boco
De 08 a 09 anos de idade: Threasure Bococho
De 10 a 49 anos de idade: Dodger Cobocho
De 50 a 60 anos de idade: Skuceny Choco
De 61 a 80 anos de idade: Starsie Cocho
De 81 anos de idade em diante: Bildo Boco

Dos 5 a 40 anos de vida ele se encontra em plena capacidade para reprodução, podendo exceder em alguns casos até os 60 anos de idade. Outra característica deles é a sua impressionante resistência a doenças.

Os chocobos podem ser criados em cativeiro (principalmente os amarelos), e se adaptam com facilidade. Os criados em cativeiro apresentam comportamento parecido com o de calopsitas, e se apegam facilmente aos humanos. Alguns se tornam extremamente competitivos, e por isso em algumas regiões as corridas de chocobos são tão populares. Contudo, em estado selvagem eles são extremamente ariscos, geralmente usando toda a sua agilidade para fugir de qualquer coisa que lhes sugira ameaça, se separando do bando e evitando o combate. O bando se reagrupa novamente após a dispersão do perigo.

Os chocobos são criados primeiramente como montarias para comporem algumas frentes de batalha, depois pelas suas propriedades mágicas por algumas cabalas, pelo entretenimento por meio de corridas, pelas belíssimas plumas, pelos ovos, pelo resistente couro, e, por fim, pela saborosa carne. É afirmado por alguns artesões que o animal produz um tipo de couro reforçado. A carne tem um gosto similar ao do bife magro e se compara favoravelmente, tendo pouca gordura e singular pureza. Qualquer iguaria produzida a partir da carne e dos ovos possui um preço muito elevado, independente da região ou sub-raça da espécie. Com as plumas é possível confeccionar belos trajes e um travesseiro muito requerido pela maciez, sendo que aquele feito a partir de Chocobos Amarelos é relatado, por experiência de alguns, possuir uma capacidade de propiciar um sono demasiadamente tranquilo e isento de pesadelos.


Ração

Assim como no continente de Yvalice, os criadores de Chocobos em Ytarria também aprenderam a lidar com o preparo e a produção de rações especificas para a criação dessa espécie, o que implica em determinados casos uma noção mínima a despeito de alquimia para tipos mais específicos de rações. Abaixo estão listados os oito tipos de rações conhecidas, em que parâmetro ele influencia no desenvolvimento do animal (velocidade, inteligência, resistência), dieta (quantidade e vezes ao dia), disposição, valor de mercado por kg

Nome da Ração: Curiel
Parâmetro de Influência: Agilidade/ Velocidade/ Deslocamento
Dieta: 100 g por Refeição acrescido de 300 g de hortaliças. 3 Refeições ao dia.
Disposição: Normal
Valor de Mercado: $ 10 p.c. / kg

Nome da Ração: Krakka
Parâmetro de Influência: Percepção/ Inteligência
Disposição: Normal
Valor de Mercado: $ 12 p.c. / kg

Nome da Ração: Gysahl
Parâmetro de Influência: Resistência/ Saúde/ Constituição
Disposição: Normal
Valor de Mercado: $ 10 p.c. / kg

Nome da Ração: Mimett
Parâmetro de Influência: Agilidade/ Velocidade/ Deslocamento/ Resistência/ Saúde/ Constituição.
Disposição: Raro
Valor de Mercado: $ 90 p.c. / kg

Nome da Ração: Pahsana
Parâmetro de Influência: Percepção/ Inteligência
Disposição: Raro
Valor de Mercado: $ 100 p.c. / kg

Nome da Ração: Reagan
Parâmetro de Influência: Agilidade/ Velocidade/ Deslocamento/ Resistência/ Saúde/ Constituição.
Disposição: Inexistente em Ytarria.
Valor de Mercado: -

Nome da Ração: Sylkis
Parâmetro de Influência: Resistência/ Saúde/ Constituição
Disposição: Raro
Valor de Mercado: $ 200 p.c. / kg

Nome da Ração: Tantal
Parâmetro de Influência: Resistência/ Saúde/ Constituição
Disposição: Inexistente em Ytarria.
Valor de Mercado: -

(Continua...)

sexta-feira, 12 de julho de 2013

RPG: Aventura nos Reinos de Ferro - Busca pelo Artefato Orgoth - Arleath Vivorinun ou Ametista de Mercir

Personagem criada para a crônica Busca pelo Artefato Orgoth (2013), narrada por Jarbas Rocha.


Prólogo da Aventura

Há rumores que a Masjestade o Rei Leto Raelthorne “O Jovem” esta recrutando jovens heróis com habilidades singulares para compor um grupo de Elite no Reino de Cygnar, apesar de rumores, tudo se concretiza quando chega às mãos dos personagens um convite enviado pelo próprio chefe da guarda Sir. Klauus Herberth.

O grupo de Elite ainda não tem nome, sua atribuição ainda é inserta, porém a estes escolhidos serão dadas um nível de autoridade bem maior que de um simples membro da guarda, existem rumores que este grupo ficará encarregado de investigar, combater, solucionar possíveis problemas relacionados ao antigo domínio Orgoth.

Os personagens são conhecidos por suas habilidades e de certa forma estas chegou ao conhecimento do Rei, sabe-se que existe um processo de triagem na escolha dos futuros membros desta liga, existe avaliação de coragem, índole, honestidade, honra, compromisso e obediência ao Rei. Na verdade cada um em particular goza da confiança do Rei Leto e tudo indica que cada um possui um enorme respeito, devoção e obediência ao Rei. No fim do processo para se tornar um membro deste grupo de elite é feito um Juramento de Lealdade e Honra no comprimento de sua missão e claro se possível dar a vida para proteção do Reino e do Rei.


Todos os personagens possuem o mesmo nível dentro da Ordem, obedecendo diretamente ao Rei Leto e ao chefe da Guarda Sir. Klauus, eles não possuem voz dentro do conselho, porém o Rei algumas vezes pode solicitar a opinião de um ou outros dentro das reuniões dos conselhos.

***

Arleath Vivorinun
"Ametista de Mercir"

Sentenciada a morte por ter nascida disforme.

Arleath Vivorinun nasceu no reino de Khador, contudo, a sua fisiologia incomum e aterradora fez com que os seus pais biológicos desistissem ainda cedo de cria-la, pois, ela era uma aberração hermafrodita, nascido com os dois sexos igualmente desenvolvidos, e, aparentemente funcionais.

Quando a criança nasceu, os progenitores acreditaram testemunhar algum tipo de maldição advinda da própria divindade Morrow – a qual ambos eram tementes devotos -, pois, as três crianças concebidas anteriormente a ela nem ao menos tiveram fôlego de vida ao serem removidas do ventre da mãe, e, está que nascida com vida, fora marcada por um signo de maus presságios capaz de desonra-los perante as demais famílias aristocratas do reino. Desta forma, ao pai coube a responsabilidade de se livrar da prole amaldiçoada antes mesmo que a mãe pudesse estabelecer algum tipo de vinculo maternal por meio da amamentação.

Ilustração por Chase Stone.
Assassínio contratado pelo
progenitor de Arleath para ceifar
a vida dela e de seu protetor,
o criado de confiança da família,
incumbido de leva-la para
bem longe de Khador.
O pai entregou a vida da criança aos cuidados de um de seus criados de confiança, e, solicitou ao mesmo que a levasse para além das fronteiras do reino, e, somente lá, atribuísse um melhor fim a aberração, tal como o sacrifício de sua vida em nome e glória de Morrow.

Com temor de que algo terrível ocorresse ao criado incumbido de desaparecer com a criança amaldiçoada durante o seu trajeto até Cygnar, e, que por ventura, viesse a expor a família e colocasse em risco esta terrível imprecação, um assassino também foi contratado para que seguisse o servo, e, assim que ambos cruzassem a fronteira fossem imediatamente executados,

Quando o criado cruzou a fronteira carregando a criança dentro de uma mochila presa as costas, não tardou para que este fosse atingido fatalmente com duas setas de bestas envenenadas em seu pescoço enquanto cavalgava. Instintivamente o homem buscou em seus pertences a criança, e a abraçou fortemente para si, enquanto o seu corpo caia sobre o chão lentamente de cima da montaria que seguia em carreira, para em sequência, rolar ladeira abaixo, protegendo de todas as maneiras a pequena e indefesa forma.

O assassino se dirigiu até o local onde o seu alvo havia desfalecido para finalizar o seu trabalho, contudo, ao se aproximar percebeu que o mesmo havia caído sobre um campo de plantação, e, que para sua infelicidade, alguns camponeses que ali trabalhavam avistaram o acidente e se puseram prontamente a tentar socorrer os feridos. Por fim, o executor acreditou na qualidade de seu trabalho e partiu dali, pois, caso o homem não morresse pelo ferimento dos projeteis, provavelmente, seria pelo veneno mortal que havia embebido os mesmos. Quanto à criança, o assassínio também não esperou escapatória da morte certa, pois, era muito miúda e frágil.

O criado do lorde não resistiu aos ferimentos e logo foi a óbito, porém, a criança foi resgatada sem nenhum ferimento pelos trabalhadores da plantação, embora a pequena estivesse lavada do sangue de seu protetor.

Quando uma das camponesas que acolheu a criança tomou conhecimento do que a mesma tratava imediatamente tentou se livrar dela, e a entregou aos cuidados de um caixeiro viajante para que o mesmo a abandonasse em um dos muitos bosques aos quais percorreria em suas andanças. E, assim fez o homem com muita cautela, tendo o mesmo sido advertido pela mulher para que nunca olhasse diretamente nos olhos da criança, de forma que não viesse a ser enfeitiçado.

O caixeiro colocou a criança dentro do tronco de uma grande e velha árvore em um bosque a esmo no reino de Cygnar, próximo à cidade de Orven.


Uma beleza diferente e incompreendida, não para ser subjugada.

Passado algum tempo, um homem que percorria o bosque em busca de uma caça que pudesse lhe suster por alguns dias, e, também lhe prover de algum coro para confecção de uma manta, logo, se viu surpreendido ao ouvir o choro agoniante e distante de uma criança vindo do interior do tronco de uma árvore. Ele a retirou de lá com cuidado, e a levou para sua humilde cabana.

Ilustração por Artastrophe.
Leonel Vivorinun, o pai de criação de
Arleath, que a encontrou dentro do
tronco de uma velha árvore, a
mercê de inúmeros infortúnios.
Leonel Vivorinun era um homem de idade avançada, que levava uma vida simples como caçador nos bosques próximos a cidade de Orven. Viúvo e sem muitas pretensões desde que a sua última esposa havia sido vitimada por uma enfermidade desconhecida, jamais imaginaria aquela altura da vida reviver a experiência de mais uma vez ser pai. Pois, os dois filhos homens que tivera já não os via há muito tempo desde que constituíram suas próprias famílias, e, creditaram a morte da mãe ao gênio difícil do patriarca, por viver como eremita em um lugar esquecido pelos deuses, distante de tudo e de todos, inclusive de socorro.

O caçador não entendia muito bem o que era Arleath, salvo o fato dela ser dotada de dois sexos, mas por ser uma criança não atribuía a ela nenhum tipo de maldição, pois, era assim que a sua falecida esposa costumava lhe dizer quando em vida: “As crianças não trazem a herança das tolices dos pais, sem culpa seguem puras até que alguém venha e coloque minhocas em suas cabeças”. Distante do convívio das demais pessoas, Vivorinun criou a criança da maneira que lhe convinha, ora como um menino, ora como uma menina, o que soava meio confuso em sua cabeça. No entanto, como os aspectos femininos lhe sobressaiam com o discorrer do tempo, assim, também o velho teve de rever a maneira como educava a sua menina.

Nas coisas mais simples Leonel sentia falta de sua esposa, Arlea, pois, a sua experiência com filhos se limitava a criação de dois meninos que somente passaram a conviver com ele diariamente quando estes completaram nove anos de idade, e a eles foram atribuídas responsabilidades além das de costumes dispostas pela mãe. Com Arleath emergiu um desafio sem igual para o velho, pois, os dias que passavam não contribuíam com as expectativas do pai que era a possibilidade de poder criar mais um filho homem, algo com o qual já teve alguma pratica no passado.

O velho homem mensalmente costumava levar Arleath consigo até a cidade para comercializar seus trabalhos em couro, comprar algumas provisões e bebida, porém, jamais permitia que ela se afastasse dele, pois, temia que algum preconceituoso ou supersticioso descobrisse a sua real natureza. Por uns e outros, Leonel tomou conhecimento do quão algumas pessoas poderiam se revoltar, caso o segredo de sua criança fosse revelado. Ele não compreendia a tamanha desgraça daquela maldição, pois, para ele nada a impedia de levar uma vida normal, pois, ela era tão igualmente capaz como os outros.

Ilustração por Zippora.
Arleath Vivorinun foi criada por Leonel,
embora ele não tivesse aptidão para
criar uma menina e nem uma esposa
para ampara-lo, ele transmitiu a ela
valores e que o eternizaram em
sua memória e coração.
Leonel alertou desde cedo a Arleath que nunca devesse se misturar com as demais crianças, deveria evita-las ao máximo, porque, ela era especial, e, que essa diferença poderia fazer com que as outras se sentissem inferiorizadas e compelidas a lhe machucarem por preconceito. Durante algum tempo, a criança muito protegida, protestou sobre aquilo que a fazia tão diferente das demais crianças, porém, o pai preferiu abster-se e ditar que o que ele havia lhe falado deveria ser cumprido sem mais questionamentos para o seu próprio bem.

Arleath respeitou a decisão do pai, ainda que instigada por uma curiosidade natural comum a todas as crianças.

Ela cresceu na companhia de animais e distante das demais crianças como aconselhou o pai, entretanto, ao atingir a puberdade vieram outras transformações assustadoras, muito além somente dos aspectos físicos. As roupas masculinas que outrora acobertavam os seus sutis traços femininos, já não mais lhe cabiam nessa nova fase, pois, tudo parecia se avolumar a uma velocidade irracional. Aparentemente Arleath tornou-se uma bela mulher de corpo formoso e bem dotada. E, nessa altura da vida, espreitando sorrateiramente as demais pessoas longe das vistas de Leonel, ela compreendeu o que a fazia tão especial, e isso não foi uma concepção natural, muito pelo contrário, foi algo que a perturbou muito. Algo capaz de fazer com que ela tentasse contra a própria vida e se mutilasse por recorrentes vezes, mas que foi impedida e socorrida pelo seu pai de criação por diversas ocasiões.


Adeus a quem conheceu como pai, e por longo tempo unicamente, família.

Leonel Vivorinun faleceu aos 79 anos de idade, pouco antes de Arleath completar seus dezessete anos. E, antes de sua morte, o pai de criação revelou a sua filha como havia a encontrado e a acolhido, nada que aquela altura viesse a surpreendê-la. Este homem foi seu pai de criação, e o único amigo humano durante muitos anos de sua vida. Além dele, Arleath tinha os animais do sítio com quem sempre nutriu um magnetismo especial, e, cujo passava horas sem fim a conversar distraidamente.

Após a morte de Leonel, Arleath, seguiu vivendo sozinha no sítio na companhia de alguns dos animais domesticados pelos dois. Ela realizava algumas atividades que o pai havia lhe ensinado, de modo que pudesse sobreviver sem dificuldades, além de contar com uma escassa herança. Como forma de manter a sua renda e a manutenção das despesas de sua casa, Ela produzia alimentos (bolos, doces e outros), e vendia na cidade de Orven.


Necessária fuga de um paraíso em chamas.

Desde criança, Arleath era dotada de alguns dons sobrenaturais inexplicáveis que lhe permitiam a percepção de intenções e a visão de acontecimentos futuros – alguns pressentimento e sonhos mórbidos de acontecimentos de fatos que iriam se suceder -, algo que ascendeu formidavelmente durante a sua adolescência, e que foram determinantes em alguns momentos críticos de sua vida, de Leonel e de outros que estavam a sua volta. Acontecimentos que se não fossem a sua intromissão, possivelmente resultariam em fatalidades.

Certa ocasião, passado alguns meses do óbito de seu tutor, ela se viu seguida por dois homens que perscrutavam as redondezas de sua morada, ambos mal-intencionados. E, estes não foram os primeiros a tentarem contra a sua vida, portanto, para arriscar se desvencilhar dos mesmos, Arleath costumava fazer caminhos truncados, encobrir rastros, preparar armadilhas previamente, e se esconder. No entanto, estes dois homens que a seguiram estavam determinados a capturá-la, ambos haviam sido atraídos por sua beleza singular.

Arleath levou os sujeitos que a perseguiam para duas de suas armadilhas. Na primeira eles conseguiram se safar ilesos. Na segunda, porém, eles foram encobertos com um pó que lhes provocou uma irritação na pele e nos olhos, no entanto, um deles sentiu aquilo com maior ardor, pois, era alérgico. Um dos homens correu desnorteado pela mata sem que ela pudesse ver o rumo que ele havia tomado. Aquele que era alérgico ficou a gritar injúrias, tossir forte e a se coçar freneticamente até se ferir.

Ilustração por Artastorphe.
Boreng Uzupper, irmão de Gerard Uzupper,
um Lord em Orven, que juntamente com
mais um comparsa, seguiram Arleath
no intento de capturá-la, e, assim,
ferirem a sua dignidade a violando.
No fundo, ela sentiu um pouco de remorsos do homem, mas preferiu assisti-lo agonizar até a morte, intoxicado. Pois, por algumas vezes, presenciou este mesmo homem juntamente com o seu comparsa, sequestrarem algumas jovens incapazes para em seguida abusar delas sexualmente com violência desmedida. Ver aquele homem morrer de alguma forma lhe fez se sentir bem, vingada.

Arleath se livrou do corpo de seu perseguidor lançando-o no rio, e, por algum tempo como medida de cautela, preferiu não ir à cidade, pois, alguns pesadelos a perturbavam incessantemente ao longo das noites posteriores ao evento. Um desses aterradores sonhos foi de que um grupo de sombras malévolas incendiava a sua casa com ela dentro, aquilo soou tão real, que a mesma acordou sentindo um odor fétido de carne podre sendo queimada. Este sinal foi mais do que suficiente para que ela partisse e viesse a se refugiar em outro lugar por uns tempos.

Do alto de uma colina, não muito distante de onde estava Arleath, ela pode vislumbrar as chamas que se erguiam em enormes labaredas que rompiam o céu noturno consumindo a sua antiga morada, aquilo lhe causou um gelar na espinha. Ela não levava muito consigo além do que seus braços poderiam suportar, pois, tinha receio de que os seus captores conseguissem rastreá-la e alcançá-la com facilidade.


Capturada por um amigo.

Arleath caminhou durante dois dias seguidos sem parar, até que a fadiga sobressaiu as suas forças, fazendo com que ela buscasse um refúgio, e, o único local que ela encontrou foi uma gruta em meio a um bosque de mata densa. O local não cheirava bem, possivelmente deveria ser o recanto de algum urso ou criatura similar, porém, ela vasculhou o perímetro e não encontrou vestígios que dessem crédito aquela suposição. Sendo assim, ela se encolheu em um canto escuro e dormiu como há dias não fazia.

Ela acordou encoberta por uma manta de couro batido familiar – tais como seu pai confeccionava -, ao longe avistou uma fogueira próxima de se apagar, e, junto a esta, um cavalo e um cão, ambos deitados próximos um do outro. Antes que ela fizesse qualquer coisa, o cão de caça percebeu o movimento e se aproximou de Arleath rangendo os dentes e rosnando em sinais de desconfiança. Ela ficou acuada, pois, o animal era grande, e lutar com ele desarmado poderia ser perigoso. Bastou o ressoar de um silvo breve vindo das costas do animal para que ele se afastasse dela, e corresse em direção à saída da caverna de onde emergia uma sombra de silhueta humana.

Ilustração por Charro.
Arleath após assassinar Boreng Uzupper,
foge do sítio onde viveu praticamente
toda a sua vida na companhia de
Leonel Vivorinun, para se refugiarem
uma caverna em meio à mata.
A pessoa que surgiu tinha uma voz mansa, mas não era uma mulher, pois, o seu porte físico se assemelhava a de um homem. Este sujeito se prostrou diante da fogueira, e a perguntou se tinha fome, ela, porém, receosa balançou a cabeça informando que não.

Os dois ficaram quietos por um tempo indeterminado, cada qual em seu canto. No entanto, quando o cheiro da ave assada tomou o espaço da gruta que os acomodava, a fome no âmago de Alearth despertou de maneira desinquietante, pois, ela aparentemente havia descansado mais que o tempo habitual, e, em sua caminhada de fuga não havia se alimentado direito, salvo algumas frutas colhidas na passagem.

Ela não queria ceder com receio de que aquilo fosse uma armadilha. Porém, transpassado algum tempo após a refeição, o estranho apagou a fogueira, e se deitou em um canto coberto com uma manta de coura semelhante aquela com a qual acordou coberta. E, antes que ela cogitasse algo, ele disse:

- Para onde você vai, moçinha? Garanto-lhe com toda certeza, que com a beleza que tem, corre muito risco caminhando solitária em meio essas trilhas infestadas de homens mal-intencionados e criaturas selvagens. Claro, isto é, se você for somente uma bela jovem indefesa a se aventurar por essas passagens, certo?

- Chamo-me Alearth... – A voz de Arleath ressoou repleta de receio e timidez.

- Alearth, filha de Leonel Vivorinun... – Ele mencionou o nome e a origem como se buscasse as informações nos confins de sua memória, e prosseguiu com sutil discrição.

- A sua cabeça está a prêmio na cidade de Orven, pois, você assassinou o irmão de alguém importante. Embora, não acredite que essas mãos fossem capazes de algo tão ardil, senão por autodefesa. Contudo, convenhamos a população num geral só tem a lhe agradecer, pois, Boreng Uzupper era um encosto na vida de muitas pessoas, sobretudo, dos mais jovens, Sendo assim, aconselho se manter um bom tempo afastada daquele lugar, por pelo menos dez anos, até que esqueçam a sua cara. – O estranho seguiu a falar com voz mansa e tranquila.

- Não sei de quem ele era irmão... Sei que ele fazia mal a muitos. Ele tentou me fazer mal, mas o pior lhe aconteceu por incidente. Eu só queria... – Ela falava com ansiedade, buscando palavras e tentando justificar seu ato.

- Garota... Tenha cuidado, somente. – Ele a interrompeu e se virou olhando para a escuridão onde ela estava – Quem esta em seu encalço pode lhe perturbar uma quantidade de tempo sem fim, assim sendo, seja mais esperta. O que você começar aqui, termine aqui, ou terá dificuldades para levar a sua vida, pois, problemas nessa terra nós sempre teremos, então, nada mais justo do que resolvermos antigos contratempos antes que os novos venham.

- Você quer que eu mate os meus perseguidores? – Ela se inclinou para ele exclamando.

- A morte pode ser uma solução, Arleath... A mais drástica, mas ainda sim um meio. No seu caso, não vejo outra saída, pois, fugir somente tardará a questão. – Ele se manteve a falar como se a morte lhe fosse algo intimo.

- Não sou uma assassina! – Arleath se pôs de pé e seguiu em direção à saída, passando por ele. – Não quero mais ouvi-lo.

- Garota! – Ele rapidamente se levantou e a segurou pelo braço - Deixe de ser tola... Acha mesmo que alguém lá fora esta se importando se foi o seu primeiro ou centésimo homem a ser assassinado? Ou mesmo se foi um incidente? Gerard Uzzuper colocou homens treinados e cães de caça em seu encalço, e cedo ou mais tarde esse grupo chegará nesse lugar. – Falou rispidamente a fitando friamente.

Arleath agora podia olhar o estranho frente a frente, e algo nele sugeria que havia uma estranha familiaridade, mas ela desconhecia.

- Solte-me! – Ela tentou se desvencilhar das mãos dele, - Largue-me! – Sem sucesso Arleath se retorcia tentando se soltar dele.

- Você não percebeu ainda que se cheguei aqui antes deles, e lhe relatei coisas a respeito dos perigos que o futuro lhe reserva, não sou Eu o seu inimigo? – Com a mesma força que a segurava, ele a soltou, jogando-a ao chão. – Embora, seu pai fosse um homem solitário, ele não partiria desse mundo sem a preocupação de que alguém olharia por você, Arleath. – Ele se agachou na direção dela e a olhou no fundo dos olhos, enquanto ela contraia os lábios amargando aquela situação. – Não seja tão arrogante e estúpida, garota, pois, o mundo lá fora não costuma premiar tais atitudes com benesses ou sobrevida.

Os dois ficaram a se entreolhar por um tempo, até que ele se levantou e se virou para apanhar algo na bolsa de couro recostada a parede.

- Talvez eu não seja mesmo a melhor pessoa, depois de Leonel, e você tenha motivos para desconfiar... – Assim falava o estranho vasculhando algo em seus pertences.

Bastou esse momento de descuido do estranho para que Arleath subitamente se colocasse de pé e fugisse em carreira para fora da gruta em direção a mata. Em sua mente ressoavam algumas das palavras mencionadas pelo homem, e, algumas delas eram a de que aquele lugar não era mais seguro para ela. Ou seja, ela precisava o quanto antes se evadir dali, e do encalço dele que a rastreou e seguiu.

Ela correu em disparada, e, por algumas vezes tropeçou, caiu e se machucou superficialmente, porém, não deixou de se levantar e retomar a correr pela vida. O coração dela parecia pulsar aceleradamente em meio à garganta por tamanho esforço quando algo grande subitamente se atirou contra ela vindo de uma das laterais, aquilo associada à velocidade, fez com que ela se desiquilibrasse e fosse ao chão em cambalhotas. Arleath havia sido mais uma vez surpreendida pelo estranho da caverna. Atônita, ela não entendia como aquilo havia se dado, e no solo, com o mínimo de forças para protestar e bastante ofegante, ela se deixou ser amordaçada pelas mãos e pernas, e posta sobre o lombo de um cavalo.

- Talvez agora você possa ouvir melhor o que tenho a lhe dizer, Arleath. – Assim disse o estranho em tom irônico enquanto a amordaçava e se certificava da firmeza das amarras – Chamo-me, Manphius de Mercir, e, sim, o prazer foi todo meu em conhecê-la.


Manphius de Mercir, um tutor espião.

Embora, o primeiro encontro de Arleath com Manphius naquela gruta estivesse a quem de algo que sugerisse um convívio harmônico entra as partes, ou ainda mesmo, duradouro, todavia, o tempo foi suficiente para provar a ela que os seus pré-conceitos em relação aquele homem estavam mais do que equivocados.

Ilustração por Fernanda Suarez.
Manphius de Mercir, companheiro de longa
data de Leonel Vivorinun, que pactuou
em gesto fraterno a tutela de Arleath,
caso o mesmo viesse a falecer
ou algo de pior lhe ocorresse.
Manphius e Leonel tiveram as suas vidas cruzadas no passado quando ambos serviram as tropas de Cygnar, no reinado de Vinter Raelthrone III. E, muito antes do rei vir a óbito - no ano de 576 D.R. -, Leonel havia abdicado da vida como soldado das tropas reais em um posto avançado de liderança, e se dedicado exclusivamente a sua vida como patriarca de sua família (sua esposa Arlea e seus dois filhos). Desta forma, optando ele por uma vida mais pacata, distante dos conflitos de outrora, das tramas políticas e da fatigante condição de ser para terceiros apenas uma habilidosa arma para ceifar vidas, parcialmente falha por ser dotada de sentimentos, inclusive para com alguns inimigos da coroa.

Manphius sabia que o companheiro havia se envolvido com uma bela jovem oriunda do reino de Khador, e, sabia que uma vida publica na companhia dela poderiam expô-los inadvertidamente ao perigo. Portanto, creditou sensatez ao amigo por optar por uma vida mais reservada.

Porém, a pouco mais de cinco anos, quando viajava por Orven, Manphius reviu o antigo companheiro e líder de destacamento, ele estava próximo a uma carroça e tenda comercial com inúmeros trabalhos em couro. Tal encontro sugeriu uma taberna mais reservada para conversaram sobre histórias passadas, relembraram fatos comuns quando serviam ao pai de Leto Raelthrone, O Jovem, e, sobre ocorridos mais recentes de suas vidas. Quando Leonel foi questionado a respeito da filha pelo amigo, o velho não pode deixar de mencionar que temia por sua idade avançada, a sua saúde que andava debilitada (embora evitasse demonstrar atuando com extrema convicção), e, de não poder protegê-la, caso o pior viesse a lhe ocorrer. Nessa ocasião de feliz reencontro, os dois beberam muito e reavivaram um laço de fraternidade que jamais fora esquecido por ambos, além de pactuarem a respeito da tutela de Arleath.

Ao contrário de Leonel, Manphius de Mercir, retornou a servir a coroa no reinado de Leto Raelthrone, O Jovem, porém, em um destacamento especial, formado exclusivamente por espiões e sabotadores, pois, foi nisso que havia se especializado no período em que esteve longe do palácio e do convívio com a realeza.

Na capital de Cygnar (Caspia), Manphius apresentou Arleath como Ametista de Mercir, onde ele relatou com espantoso talento para os demais que ela era filha única de uma irmã por parte de pai que não via fazia anos, e, que somente soube dessa sobrinha por uma casual informação oriunda de suas fontes. O habilidoso ladino e espião ficou admirado com algumas instruções transmitidas por Leonel a sua filha (uma jovem com alguns traços fisionômicos do norte, tal como Arlea), principalmente, relacionados ao manejo de arma e outros de pratica militar. Portanto, de sua parte determinados ensinamentos vieram como aperfeiçoamento do que ela já tinha conhecimento, salvo aqueles estritamente relacionados à sua atual atividade junto à corte do rei. Outro ponto que lhe atraiu especial interesse na jovem foram os seus inexplicáveis dons sobrenaturais, que em consulta a outro grupo especializado em magia dentro da realeza mencionou não estar relacionado.

Manphius queria fazer de Arleath uma espiã dentro da corte de Khorda, contudo, não queria ela somente como mais uma em meio a uma multidão de soturnos subalternos do rei Leto, sobretudo, tendo ela perspicácia e determinados dons que eram diferenciais em suas ações. Ele vislumbrou nela uma oportunidade de ascensão que em anos não alcançou, contudo, isso não foi uma aspiração exclusivamente dele.

O tempo de convivência entre os dois também propiciou a Arleath que se despisse de algumas de suas deduções a respeito de Manphius, porém, mesmo vivendo durante anos em sua companhia, e alimentando por ele um amor platônico que a corria por dentro, ela nunca foi capaz de se aproximar dele ou mesmo revelar o seu segredo.


Poderes que sacrificam vidas.

Quando Manphius levou a sua tutelada para o templo dos senhores da magia de Cygnar para uma investigação a despeito da origem de seus poderes – mágicos ou não -, ela também chamou a atenção de Hulivier Luwick, um mestre arcano, que percebeu no primeiro olhar trocado com a jovem que o poder com o qual estava lidando era diferente do qual estavam habituado, provindo da mente (psi) e não de essências emanadas do universo (mana), mas essa foi uma informação que o mago preferiu não transmitir para o espião a fim de alimentar vãs expectativas, pois, naquele momento Luwick já havia fomentado em sua mente um novo destino para garota e seus poderes.

Ilustração por SamC.
Hulivier Luwick, um mago da corte real
de Cygnar, que auxiliou Talles Orlyuss
a se aproximar de Ametista, e,
também, se tornou cúmplice do
assassinato de Manphius de Mercir.
Luwick sorrateiramente fez contato com Talles Orlyuss de Ceryl, um antigo membro do alto escalão da corte do rei deposto (Vinter Raelthrone IV), alguém que se afastou da realeza por apego as suas convicções e divergências ideológicas com o novo monarca e seus asseclas mais fervorosos, contudo, ele sabia a fundo a origem e como lidar com os poderes de Ametista. E, assim como Luwick, Orlyuss ao saber da garota com capacidades psiônicas, enxergou nela à possibilidade de aprimorar os seus estudos nesse campo de poder ainda pouco explorado, além de angariar para si recompensas a muito quistas, dentre a elas, o devido reconhecimento e status.

Orlyuss mancomunado com Luwick tramaram a morte de Manphius, a fim de não haver obstáculos e contratempos na evolução de seus trabalhos.

Arleath advertiu por incontáveis vezes o seu tutor de que muitos dentro dos muros do palácio conspiravam contra a sua vida, inclusive, um alguém que tentou sem sucesso no passado e tentaria no futuro contra a vida do próprio rei Leto. Graças a esse poder de premunição de eventos, o espião, assim como o amigo Leonel, foi salvo de eventos desastrosos e mortais.

Talles tinha certeza de que as recorrências de insucessos dos planos de assassínio de Manphius se deviam a intromissão de Ametista. Pois, enquanto a jovem estivesse lucida e falante, o espião estaria seguro, sendo devidamente alertado de possíveis atentados. Desta forma, os dois conspiradores tiveram que mudar o foco de suas ações, que passou a ser a psiônica para tentar neutralizá-la.

Manphius antes de ser assassinado chegou a informar ao líder de seu destacamento dos riscos que ele e sua tutelada corriam, além do próprio rei, Leto. Entretanto, ele precisava que alguém guardasse a vida de Ametista caso o pior lhe ocorresse, e, tal situação parecia lhe deixar cada vez mais paranoico.

Ilustração por Mariana Vieira.
Talles Orlyuss, fomentador da morte de
Manphius de Mercir, somente para
requerer a guarda e a estima de
Arleath Vivorinun “Ametista de Mercir”.
Hulivier Luwick conseguiu lançar sobre Ametista uma poderosa magia de sono que a fez cair em uma sonolência profunda. Durante cinco dias ela dormiu, e nada podia acordá-la. Esse interim foi mais do que suficiente para que o Luwick e Talles arquitetassem um plano infalível e o colocassem em pratica para liquidar Manphius. Contudo, o que os dois não esperavam que ocorresse era que Arleath tivesse em sonhos uma visão de quase tudo que aconteceu no momento em que esteve sobre o efeito do encanto.

Quando Manphius foi assassinado em uma viagem em busca de um antidoto para quebra do encanto mágico lançado sobre Arleath, mesmo em repousou profundo, a jovem verteu lágrimas de seus olhos de maneira involuntária, pois, havia pressentido o funesto sortilégio no qual o seu tutor havia sido vitimado. Porém, o mundo onírico nunca foi para ela um local claro e fácil de ser interpretado, tanto que a identidade dos assassinos de seu tutor somente lhe foi possível tempos mais tarde, mesmo que uma desconfiança lhe pairasse no ar.

Apesar da morte de seu tutor – com quem conviveu dos dezessete anos até os vinte e três anos -, Arleath teve o apoio moral e necessário de membros da corte – alguns até por ela desconhecidos -, e, por tal motivo, ela não ficou desassistida em nenhum momento, ou mesmo, feita a menção de que a sua vida seguiria para além dos muros do castelo, a normalidade dos demais cidadãos de Cygnar. Ela não conheceu o líder da confraria de espiões, porém, fazia ideia de quem eram alguns de seus membros, pela maneira como se portavam.


Segredos mortais revelados ao brilho de ametista.

Após a morte de Manphius, não tardou para que chegasse ao conhecimento de algumas pessoas importantes da corte de Cygnar que a sua tutelada detinha poderes especiais não mágicos, e, que requeriam um tutor à altura para incentiva-la no aperfeiçoamento de suas capacidades. Quanto a isso, alguns foram uníssonos em convocar Talles Orlyuss de Ceryl, embora houvesse descontentes a essa decisão, todos compreendiam que ele seria a pessoa melhor instruída e mais habilitada para o assunto.

Se por meio de Manphius foi exigido de Arleath em treinamento um esforço físico, muitas das vezes, além de sua capacidade, porém, gratificante e digno de elogios, sobre a tutela de Talles Orlyuss as exigências seguiram além do habitual com o qual ela estava acostumada. Sendo em sua grande maioria de caráter mental. As rotinas de treinamento eram extremamente exaustivas, e, aparentemente não rendiam a ela mérito pelos avanços e conquistas, embora, a aura de seu tutor informasse algo diferente de sua feição ríspida e de seu jeito circunspecto.

Quando o segredo da condição hermafrodita de Arleath foi descoberto por Talles à rotina de treinamentos tomou outro sentido, assim como a maneira como ele passou a trata-la. O tutor se revelou um pervertido sexual, um homem adepto a experimentação do prazer além das formas convencionais. Orlyuss passou a explorar a sua tutelada fazendo com que ela fosse exaurida fisicamente entre quatro paredes. Com receio de que aquilo fugisse as paredes do cômodo que compartilhavam, ele ameaçava, e até mesmo assassinava alguns dos servos e criadas molestados em suas perversões grupais. Na companhia dele, ela experimentou pela primeira vez o sexo, uma dose amarga e exagerada de devassidão sexual que a fez sentir nojo de seu próprio corpo.

Os primeiros meses para Orlyuss novamente adentro da corte real de Cygnar foram significativos, alguns dos prazeres de outrora já haviam sido esquecidos pelo conselheiro psiônico, assim como também a mecânica política que envolvia os círculos de poder, e cada um dos membros que se relacionavam.

Com pouco mais de um ano em Caspia, Hulvier Luwic revelou a Talles seu real interesse em trazê-lo novamente para dentro do Palácio, e no que ele e sua jovem aprendiza iriam lhe servir. A princípio, Orlyuss se mostrou apreensivo em relação à oferta, porém, achou por bem ingressar, uma vez que, o plano do amigo que o trouxe de volta para aquela casa era demasiadamente ambicioso e requeria pessoas fortes, além de propensas ao tudo ou nada.

Os conspiradores somente não contavam com a indisposição de Arleath em relação ao plano de assassinato do Rei Leto, sobretudo, após em sonhos ter sido revelado a ela a face dos assassínios de Manphius. Pois, embora ela tenha se afastado do antigo circulo de convivência que desfrutava na companhia de seu antigo tutor, foram a eles a quem ela se reportou para deflagrar Talles e seus aliados mais próximos.

Talles Orlyuss foi preso, condenado e executado a morte por alta traição, assim como alguns outros envolvidos. O arcano Hulivier Luwick, por sua vez, em função de sua posição dentro da corte e de sua influência, conseguiu fazer com que o seu nome não fosse associado ao crime - não de maneira direta -, o que lhe atribuiu uma condenação mais branda. Mas ainda sim algo que lhe trouxe ranhuras dentro do círculo da realeza com perda de posições hierárquicas, e que consequentemente afetaram as suas rendas, benesses, conquistas e influência.


Dias atuais em Caspia,..

Ilustração por Radthorne.
Arleath Vivorinun “Ametista de Mercir”
deflagrou a conspiração de Lord Hulvier
e seu tutor para assassinar
o rei Leto Raelthrone, “O Jovem”.
A delação do crime de conspiração contra o rei, a demonstração de convicta lealdade (ainda que não sacramentada por um juramento), e o contato com alguns homens que compunham o circulo social de Manphius, fez com que Arleath Vivorinun “Ametista de Mercir” obtivesse aceitação para adentrar a confraria de seu antigo tutor. Todavia, muito antes dela ingressar a este grupo foi necessária a ela uma reclusão da sociedade para se tratar mentalmente em função dos traumas adquiridos no convívio com uma aberração nefasta e pervertida.

A sua adesão e participação em alguns trabalhos da confraria de espiões e sabotadores de Cygnar não era nenhum tipo de certeza em suas atividades diárias, não havia uma frequência corriqueira de convocações ou compromissos, assim como também, não se tornou claro para Arleath quem eram de fato os membros e líderes, uma vez que os trabalhos chegavam ao seu conhecimento por meio de mensageiros sem aparente relação com o destacamento. O seu dom de perceber auras lhe permitia chegar às pessoas certas e no momento conveniente, por tal motivo, ela não se preocupava tanto, salvo a existência de outros grupos que atuavam dentro do perímetro com o mesmo objetivo e sem vinculo com a coroa – estes sim, lhe traziam apreensão.

Ela vive na companhia de alguns pequenos animais domésticos em uma casa na capital de Cygnar, onde nas horas vagas pratica em segredo algumas de suas habilidades especiais.