Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Sobrevida além dos Mundos Oníricos.

Respirar vida ante um pesadelo mortal tem as suas benesses.

Dia 13: 29/02/2111, sobre a regência de Peixes.

Ilustração por Pawel.
Vila de Baramphas no Reino de Morriel (Zarak), local ao qual Adrien esteve antes de partir em direção as ruinas em socorro ao amigo anão, Tourth Barabrum. 

Após horas caracterizadas por um ligeiro repouso, principalmente, em função de uma série de contínuos sonhos, delírios e pesadelos, os mercenários, Marduk, Marina e Worean recobraram a consciência sobre as montanhas. Ambos estavam reclusos em seus aposentos individuais, enquanto refletiam sobre o que havia lhes ocorrido nessa tenebrosa passagem por vias oníricas desconhecidas:


O gigante nômade bufava ruidosamente um som truculento e grave como o de uma fera feroz sendo atiçada por criaturas impertinentes: Haaarrrrrr... Nãoooooo... – Esbravejava Marduk acompanhado de um grito de dor e desespero! A face e o corpo estavam tomados por um suor frio; o rosto estava pálido; as pupilas estavam dilatadas; os olhos estavam esbugalhados; o coração batia de maneira acerada como se a qualquer momento este lhe fosse saltar pela garganta; a boca estava seca; os lábios estavam rachados; e, o frio que sentia, parecia lhe cortar a carne.

O bárbaro se levantou da cama com um salto, tomou a tigela de água fria disposta ao chão próxima a cama, e, subitamente, lavou o rosto escarrando e assoando o nariz sobre a mesma. Ele olhou para o espelho preso a uma das paredes, e vendo a imagem turva de suas das pupilas ainda sonolentas, sentindo a respiração ainda bem forte e ofegante, a cama encardida e suada com o odor fétido de mortalha, tal como se até pouco tempo antes, aquele leito houvesse abrigado um cadáver pútrido... Não tardou para que um pensamento lhe ocorresse a mente: “Por Odim, o que foi isso, Drunna... era mesmo você? Por todos os deuses, tinha me esquecido da fera que habita em mim...” – Ele bufou mais uma vez na tentativa de dispersar aquela fatídica lembrança ao qual o nome de sua antiga companheira estava associada, porém aquilo o perseguia: “O que faço aqui, droga, ponho todos em perigo! Preciso seguir sozinho, solitário por toda minha desprezível vida?” – Mais uma sonora expiração, enquanto contrai os dedos sobre as laterais rígidas das mesas até ouvir o sutil som da madeira estalando, na tentativa de se agarrar a algo concreto e solido capaz de dispersa-lo do pensamento que lhe pairava a mende: “Droga tudo tão real!”.

O SonwFinger, sem medir a sua força e tomado por aquele sentimento de desejosa imediata dispersão, deu um soco com uma de suas mãos sobre a mesa - a mesma qual ele dispôs a bacia com agua -, contudo, tal pancada foi suficiente para destruir parte do móvel e derramar sobre o chão a água. O gigante enxugou o rosto, que trazia não somente os respingos de água que usará para acorda-lo, mas também, lágrimas... Ele chorou copiosamente, como há muito tempo não o fazia, e na sua mente um novo pensamento lhe incorreu: “É admirável que ainda exista lagrimas... Pensei ter chorado tudo naquele fatídico dia!”.


Worean se levantou da cama e foi direto ao balde de água, posto bem próximo a uma pequena mesa que havia no cômodo, ergueu-o e colocou sobre a mesa, de pé, com as duas mãos em conchas apanhou a água e por diversas vezes lavou a face, e após fazer isso, tendo não somente molhado o rosto, mas os cabelos, os braços e o tronco também, ele afixo o olhar sobre o seu reflexo que pairava sobre as águas que lentamente se inquietavam ante a agitação dos seus bruscos movimentos, um momento que lhe trouxe alguns pensamentos: “Que sonho foi esse? Sinto exalar de meu corpo o cheiro de sangue... Novamente o semblante do velho marujo invade os meus sonhos. O que ele quis dizer com essas palavras relacionadas a não condenar o meu caminho de vingança, pois, ele de alguma forma havia me trago até aqui, contudo, atenção para as nuanças daquilo que ver, pois, nem tudo e nem todos são reais, portanto, duvide. O inimigo saberá como lhe atacar... Sustentado e Armado com as suas fraquezas”. – O espadachim olhava o seu reflexo se acomodar nas águas, mas a sua mente não: “Em instantes a face de todos que morreram em minhas mãos no Condado de Myrgan e em minhas viagens em busca de vingança começam a aparecer em minha frente e novamente o cheiro de sangue volta a exalar de meu corpo”.

Worean mergulhou a cabeça dentro do balde, e, logo, bolhas saltaram como se estivesse colocando dentro da mesma algo quente. Aquele efeito havia se derivado de uma mente tomada por pensamentos febris, e que ao ser imergida na água calou o som de gritos que não requeriam qualquer tipo de público, além do próprio autor: - Haaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa! – O coração do mercenário pulsava de forma acelerada na busca de deixar naquele recipiente qualquer moléstia que pudesse distraí-lo de sua jornada, pois, a sua mente seguia lhe dizendo: “Novamente as palavras do velho marujo... Atenção para as nuanças daquilo que ver, pois, nem tudo e nem todos são reais, portanto, duvide. O inimigo saberá como lhe atacar... Sustentado e Armado com as suas fraquezas".

- O porquê desse sonho tão real. Será só o efeito do cansaço da viagem nas montanhas?! – Assim, Worean disse em tom baixo e quase murmurante, como em uma oração, de olhos fechados enquanto a água lhe corria a face em direção ao chão.

Worean vai até o lavatório comum, para um banho. Feita a sua higiene pessoal, desce para se alimentar e encontrar o restante do grupo.


Ela retomou a consciência, como se o folego em algum momento houvesse lhe faltado, abrindo os olhos abruptamente, com as mãos sobre o peito, o coração em arritmia acelerada, e a respiração ofegante, assim, Marina despertou de seu intrigante sonho. Suada, a jovem tocou o próprio rosto com as palmas da mão, percebeu a face ainda quente e ruborizada, tentou acreditar que o seu corpo ainda era real e que não estava ainda sonhando. Em seguida, arcana se levantou e foi olhar pela janela de seu aposento, rapidamente observou a uma altura de pouco mais de quatro metros, a movimentação de habitual de uma vila, com alguns pouco transeuntes em função do horário – ainda era cedo, e o sol estava por nascer. Marina retornou para cama, e confortavelmente, sentou-se e lá, com um demorado piscar de olhos, soltou um suspiro de alivio seguido por um ligeiro: - Ufa! – Tal gesto foi complementado por um pensamento: “Que sonho estranho... Foi tão real, a dor das folhas me cortarem, o desespero de estar em meio a uma tempestade e nada poder fazer... O mais intrigante é ter sentido a presença forte de meu pai ao lado da Irvy. Como se os dois estivessem preocupados comigo”.

Ainda pensativa em relação ao sonho, Marina olhava estática para frente enquanto outro pensamento crescia a mente: “Nossa nunca imaginei ver em meus sonhos a Irvy daquela maneira, ela tão jovem, tão gentil e preocupada comigo... Era se eu pudesse sentir ate mesmo carinho em suas palavras!”. - Neste instante, a arcana silenciou a sua mente, desligando-se dos turbilhões de acontecimentos vividos recentemente, pois, ela voltou a refletir sobre Irvy, e desta vez, pensou nela de maneira parcial, sem as provocações de sua mentora e outros rancores que trazia consigo em relação à mestra, pois, agora a aprendiz se colocava em uma condição da qual até então não havia se disposto a fazer, ou seja, a de que ela, Marina, teria sido egoísta consigo mesma. Ela, a jovem aprendiz, estaria a almejar o conhecimento de segredos aos quais ainda não havia sido preparada para recebê-los, que a mentora queria apenas prepara-la, mentalmente para suportar o peso desse conhecimento, ou ainda, que Irvy queria pegar um diamante bruto e torná-lo refinado. Ela exclamou mentalmente, e com os olhos brilhantes: “Sim!”. - Marina conclui em seu pensamento: “Fui egoísta sim... E pior, uma covarde! Ao invés de fugir da Irvy, eu deveria tê-la enfrentado, provando a ela que sou digna de compartilhar o caminho de sabedoria trilhado por minha tutora!". - Ela já olhava para os lados, sem qualquer direção especifica, balanceando a cabeça em gesto de inadvertência: "Como fui cega ao pensar que seria digna de aprender o que aquela mulher incrível aprendeu apenas reclamando com ela em minhas lamentáveis discussões... Como fui cega...”.

Ainda muda, esfregando as mãos umas sobre as outras como se estivesse incomodada com algo, Marina pensava: “Basta! Não é bom ficar me lamentando, o que fiz está feito, o que posso faze de melhor para me redimir é provar para Irvy que sou capaz, não vou retornar até a minha mestra como uma estupida que fui, até porque talvez eu esteja tendo a oportunidade que Irvy não teve... De me aventurar, se este é meu caminho na vida então irei cruza-lo”. – Os olhares da jovem se encheram de firmeza, e com eles um brilho diferente se apresentou repleto de expectativas.

Marina colocou os seus trajes, levantou-se da cama, retirou as olheiras, correu os dedos entre os cabelos lisos penteando-os com facilidade, e fez a sua higiene pessoal. Mais uma vez, ela caminhou até a janela que dava para a rua, observou que o sol acabará de despertar por completo, conseguia ouvir o som dos habitantes da vila e também de parte da natureza que circundava o lugar e sentia todo o clima das montanhas que pareciam muros naturais de uma fortaleza. A arcana respira fundo, sentindo o ar umedecido do lugar, algo que até então não havia experimentara antes. Ela tentou captar as força da mana presente no ambiente, para isso ela mentaliza o momento em que o feixe luminoso a tocou durante a tempestade em seu sonho, e algo lhe incorre sobre as ultimas palavras proferidas por Irvy: “Convicção e predisposição em seu caminho, o inimigo agirá sobre as suas fraquezas” - Marina se indaga, com o olhar perdido em uma das colossais montanhas: “Quem pior que eu mesma para agir sobre minhas fraquezas? Penso que talvez eu mesma seja minha própria inimiga...”


Delvin, o halfling ladino, ao contrário dos demais companheiros mercenários apresentou uma facilidade incomum de adaptação ao terreno de Zarak, mesmo nunca tendo estado em um local tão diferente e alto. E, embora ele também tivesse tido sonhos incomuns como os outros, somente algo lhe chamou a atenção nesses dias, e, justamente, neste último dia em que aqueles rodeios de delírios culminaram em tê-lo tirado o sono mais cedo, fazendo com que acordasse com uma leve dor de cabeça no local onde uma caixa lhe atingiu em sonho e um estranho dobrão de ouro que surgiu em seu bolso... Essa moeda, aparentemente comum, não era cunhada, não dispunha de nenhum brasão ou algo que a identificasse, só o fato, de que às vezes ele tinha a impressão de ver o rosto de Grover, o seu mestre, tal como no sonho.

Como o halfling não sofreu tanto como os demais nesses dias de febris delírios, ele pode aproveitar melhor as andanças pela vila de Baramphas, o que lhe foi oportuno, pois, Dionísio Thirdway pode iniciar com ele alguns exercícios relacionados a escalada e a sobrevivência nas montanhas, além de, apresentar-lhe um artesão que dispunha de uma oficina de couro, onde ele poderia trabalhar sossegadamente a confecção de um item que havia prometido para O Grandão (apelido concedido a Marduk), e, assim ele o fez, terminando no dia anterior tal trabalho.


No inicio da manhã deste dia, o grupo se encontrou novamente, após a passagem de dois longos dias em repouso. Eles estavam com muita fome, logo, dirigiram-se a cozinha para fazer uma refeição matinal, conforme indicado pelo dono do estabelecimento, que diante mão, também os informou que Dionísio não estava no local, mas que iria chama-lo, uma vez que, ele pediu que fizesse isso assim que os demais se levantassem.

O café da manhã foi servido reforçado para satisfação e o apetite dos mercenários, que ainda assim, alguns destes encontravam alguma dificuldade em relação ao ar das montanhas.

Dionísio surgiu pela porta da cozinha da hospedaria demonstrando satisfação em rever a todos - com uma cordial saudação e um sorriso estampado em seu rosto -, principalmente, acordados e dispostos, pois, o anão mencionou a preocupação tida quanto a saúde dos mesmos que sofreram de alguma forma com o chamado Mal das Montanhas. Tomando um lugar a mesa, ele mencionou que não poderia leva-los imediatamente até o local que almejavam, justamente por se tratar de um lugar mais alto e inóspito, e, que para isso, seria necessário um breve treinamento em relação a escalada e a sobrevivência nessas regiões.

Quando questionado em relação a Adrien, o anão foi direto em dizer que o meio elfo sofreu da mesma enfermidade experimentada pelo grupo, contudo, ele não teve o bom senso e a necessidade de tempo para se preparar em relação às adversidades externas do local. Ele demonstrava estar muito afoito em relação à missão de auxilio que pretendia cumprir, e, quanto a isso, como somente se tratava de um único individuo, o anão conseguiu leva-lo até próximo à entrada das ruinas sem muita dificuldade.

Em função do tempo que passou desde a chegada do grupo ao local, e, após ouvir essas palavras do Dionísio em relação ao membro da guilda, não tardou para que alguém trouxesse a mesa o incomodo vivido nos últimos dias em relação a uma mescla de sonhos, pesadelos e delírios.

Ilustração por Juliana Karina.
Worean Hosborn se mostrou
introspectivo em relação a conversa,
porém, com uma relativa atenção ao
que era tratado, uma vez que, aquilo
de certa forma havia ocorrido a todos,
e de longe parecia se tratar de uma
mera casualidade.
A mesa, Worean se resguardou em silencio, e escutando com atenção oque todos os demais falaram, sobretudo, Marina e Marduk. Ao ouvir que todos tiveram sonhos e ver a expressão de preocupação no olhar de cada um deles, ele pensou consigo: “Que diabos esta acontecendo aqui, todos tiveram sonhos estranhos. Será que realmente não foi um sonho e sim um aviso? Com que diabos aquele Elfo maluco esta envolvido? Quem será o inimigo que o velho marujo expressou em suas palavras?”.

Delvin demonstrou e mencionou que algo também havia lhe ocorrido nos últimos tempos, porém, não falou muito a respeito do que havia lhe ocorrido, preferindo se manter atento as palavras dos companheiros. Longe das vistas dos demais, ele corria entre os dedos de uma mão a estranha moeda de ouro, onde por mais uma vez, ele teve a breve visão do rosto de Grover em uma das faces, algo que a demonstração de estranheza em relação a visão se confundia aos relatos dos companheiros e que acabava passando desapercebidamente.

Marina estava curiosamente surpresa com os relatos de todos em relação ao que cada um deles havia sentido enquanto estiveram em repouso, exceto por Worean Hosborn. O espadachim se manteve distante sem qualquer contribuição para aquele dialogo, apenas como um cauteloso ouvinte, porém, a sensitiva arcana percebeu em seu semblante que algo também havia lhe ocorrido, e, que ele demonstrava relutância em compartilhar com os demais. Porém, antes que ela pudesse questionar algo de maneira direta a Hosborn, a voz de sua mestra lhe veio à mente com citações de verbetes mágicos que subitamente fez surgir uma pequena esfera de chamas, e, logo em seguida, a explosão desta sobre a mesa.

A magia súbita espantou a todos ao ponto de lançar alguns ao chão como meio de se protegerem contra o efeito. Sobre a mesa ficaram as evidencias da magia evocada por meio dos chamuscos.

Recuperados do susto e novamente sentados a mesa, a arcana estava imbuída de certeza de que a partir daquele efeito mágico, onde se evidenciou um aprendizado transmitido por meio de sonhos pela sua mestra, aquilo que o grupo havia experienciado poderia se tratar de algo muito além do que todos imaginavam. E, isso fez com que ela buscasse ainda mais informações, inclusive aquelas resguardadas por Worean.

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Sonhos, terrenos de insólitas revelações,

Uma manhã marcada por confusas vias oníricas.


Dia 11: 27/02/2111, sobre a regência de Peixes.

Em função da longa e cansativa viagem noturna pelas péssimas estradas montanhosas do Reino de Morriel que os mercenários tiveram de cobrir entre as duas comunidades (Olinn e Baramphas), nada mais justo que uma manhã de descanso para que estes recomponham as suas forças, principalmente, estando eles em uma altura de terreno a quilômetros acima do nível do mar. Algo, incomum para Marina, Delvin e Worean, e até mesmo para o gigante Marduk, nascido e crescido nas Cordilheiras dos Picos Nevados, pois, a tempo não vivenciava tal sensação.

Tendo em vista uma necessidade emergencial de adaptação ao terreno, e, em um breve espaço de tempo, Thirdway achou por bem condiciona-los antes de seguirem viagem sobre as montanhas. Pois, embora o local em que fossem percorrer não fosse encoberto por neve, tal como nas regiões oriundas do bárbaro, todos eles estavam sujeitos a sofrer, e alguns já demonstravam isso, do Mal-das-Montanhas, que pode causar dores de cabeça, insônia, tontura, fadiga, náusea e vômitos, a princípio, culminando em uma lesão fatal do cérebro. 

Dionísio conseguiu amparar o grupo com algumas poções herméticas: 2 (um) frascos para cada um dos membros.

O item em questão é o Elixir Esculapius (Elixir da Vitalidade). Ele cura toda e qualquer doença que aflija o objetivo, restaurando parte da vitalidade (2 pts. de HT). Somente uma dose será eficaz. O custo médio deste elixir medicinal nas cidades de Mégalos varia de $750 p.c à $1.200 p.c.

O além do elixir, o treinamento intensivo do anão em sobreviver nas montanhas, também incluía praticas de respiração, de forma que o oxigênio nãos lhes faltasse, atividades de alongamento para não serem apanhados por eventuais câimbras, além de outros artifícios. Que o próprio morador das montanhas teve que mencionar a dificuldade em lidar com perigos jamais percebidos para quem viveu sob esses colossais e majestosos monumentos da natureza, denominados, singelamente como os Mantos Égides de Zarak.


Dia 12: 28/02/2111, sobre a regência de Peixes.


O SONHO DE SNOWFINGER

Um vento gélido soprava feito uma lâmina afiada sobre o austero rosto de SnowFinger, e, por vezes, o nômade sentia como se aquelas pequenas lâminas naturas lançadas contra ele, partissem-se ao simples choque contra o seu corpo em minúsculos pedaços, onde algumas dessas lhes rasgavam acidamente parte da pele que se encontrava desprotegida em sutis escoriações. Aquilo não era uma tempestade comum... E era algo fúnebre que trazia consigo um tormento anuviado de malfazejas lembranças... De dores aparentemente transpassadas e desconexas em sua memória. Coisas das quais não lhe representavam mais nada! Nada do que talvez algum dia tenha feito algum sentido concreto na sua vida...

O gigante estava de joelhos, prostrado sobre a neve, intacto feito uma escultura constituída essencialmente de gelo - do mais puro gelo de Jotunheim -, e, em seus braços, três corpos grotescamente mutilados pendiam: duas crianças e uma mulher! Ele ainda ofegava e respirava pesadamente com estremecidos ruídos involuntários pela força de seus pulmões. Os seus pulmões com dificuldade severa, trabalhavam incessantemente para mantê-lo consciente, mesmo sentindo que os órgãos estivessem a trabalhar no seu limite, pois, como se não bastasse a hostil característica de suas terras, ele sentia que em algum momento de uma intensa batalha que havia se sucedido anteriormente, ele fora ferido. Por fim, quem eram essas criaturas em seus braços? Houvera ele sido maculado por um sentimento de arrependimento pela ceifa da vida dos familiares de seu inimigo? Teria tido o seu inimigo compaixão impar pelos seus se a história fosse outra?! Quem em nomes de Wotan, o atormentava com tal moléstia?!

O vento soprava inquietante, ruidoso e uivante.

As malditas agulhas de gelo eram incessantes, afrontado desdenhosamente o guerreiro:

O que será capaz de fazer agora, Filho de Gilgamesh?!
Esmurrará a mim até que o seu corpo padeça de joelhos...
 Sem fôlego, sem mérito, sem juízo, e sem forças,
Nem mesmo para rivalizar a nossa irá?!
O nosso mútuo sentimento de autodestruição, Besta!

Aquela neve álgida era ainda mais congelante de que qualquer outra que algum dia houvesse sentido sobre a sua pele nos Degraus para Niflheim (a sua terra natal), ainda que não conseguisse mais distinguir naquele fatídico momento, o que era pele, armadura, gelo, vida ou morte.

A neve era de um tom rubro vivido e que exalava um incomum odor fétido de morte – nada parecia ser tão intenso e nauseante -, que por vezes parecia até tentar asfixiar o guerreiro.

Marduk quase não acreditou, estarrecido pela visão macabra dos corpos jazidos que pendiam sobre os seus fortes braços: Eles demonstravam-lhe algum tipo de afeto, com suaves caricias, enquanto que de suas feridas brutalmente laceradas jorravam incessantes jatos de sangue... Um sangue que respingavam sobre o seu corpo, e, prontamente se transformava em lágrimas!

O vento, o amaldiçoado vento, que momentos antes somente trazia a SnowFinger feridas por meio de injuriosas e afiadas laminas de gelo que tentavam lhe afligir o espírito bravio, passou também a zunir em seus ouvidos agoniantes murmúrios de lamento e dor!

Ele queria esbravejar de forma que pudesse calar o angustia daquele momento, mas ele estava emudecido! Os seus olhos já não pareciam ver como antes, pois, tudo que conseguia enxergar estava encoberto por uma penumbra em tom vermelho sangue...

Ilustração por Nebezial.
A familiar Valquíria de nome Drunna, que
surgiu em um assombroso sonho de Marduk,
trazendo consigo, um resquício de
lembranças de alo que alguém já lhe
disse no passado.
Ao longe, algo chamou a atenção de Marduk... Era o vulto de uma mulher de cabelos parcialmente carmesim, longos e esvoaçantes, corpo esbelto e forte, e em seu olhar - o traço mais marcante -, possuía um brilho inflamado de atemporal paixão. Que depois de muitas visões atribuladas, agora ao menos aquela Valquíria soava ao guerreiro como familiar, um lampejo de lembranças chamado Drunna, entretanto ainda, além do forte nome que ressoava como um sino em seu intimo, ela ainda sim, não tinha qualquer identidade ou correlação com a sua vida de antes ou de agora...

Distante e intocável, a familiar Valquíria lhe disse cálida como se estive aos pés do ouvido do guerreiro nômade:

Os olhos perceberão vida onde somente há morte...
Confia no teu instinto aguerrido, sobretudo.
O teu inimigo se amparará nas tuas fraquezas...
Corroendo a tua visão, a tua mente e o teu juízo.
Nem uma arma é mais letal que a verdade,
Quando empunhada com convicção.


O SONHO DE HOSBORN

O mar estava parcialmente revoltoso, com crescentes ondas a todo instante se erguendo como grandes e fortes braços esmurrando a superfície da água, as nuvens estavam escuras e carregadas, raios cruzavam os céus seguidos de ensurdecedores trovões, chovia bastante e ventava muito em meio ao oceano... Uma perigosa tempestade se precipitava, e, Worean estava dentro de uma embarcação naval desconhecida, mas que, em seu intimo lhe sugeria familiaridade. Ressoava curiosamente em seu amago uma pergunta:

Que lugar era este? Onde estou?

Estranhamente, não havia uma tripulação sobre a embarcação, porém, o espadachim percebeu vozes a sua volta, sons confusos de homens afoitos gritando palavras de ordem em relação a própria situação, enquanto as velas pareciam se rasgar ante a força do vento, que muitas das vezes lançava o barco sobre o ar. Ele olhava de um lado para o outro tentando buscar sentido, e coerência para aquilo tudo, entretanto, quanto mais tentava fazê-lo, mais se perdia.

E, embora detivesse alguma destreza (equilíbrio), naquele momento e sobre o mar, Worean tentava com todas as suas forças se colocar em um lugar seguro, pois, sabia que a qualquer momento, poderia ser lançado ao mar bravio, e isso seria mortal. Sendo assim, buscou cordas para amarrar o seu corpo a algo que lhe provesse segurança, tal como um dos mastros,

Ele percebeu quando uma das espadas que lhe fora presenteada por Jhon Rowsever se soltou de sua bainha e escorregou pelo convés até bater em uma canaleta e com o choque ser lançada ao vento e em direção ao mar... Hosborn se desvencilhou das cordas para tentar agarrar a arma, porém, não conseguiu, e por muito pouco não foi arremessado ao mar, senão fosse uma das cordas que se embolou a perna na ação abrupta.

A aguardada tempestade era agora um momento real.

As vozes continuavam a eclodir na mente de Worean sem qualquer sentido lógico, trovejavam enfurecidas, e, o balançar da embarcação aumentava ainda mais a sua aflição em relação à ruptura do caos que tomara conta da situação. Ele sentiu fortes dores de cabeça, seguidas por náuseas, e, logo, vomitou sobre o convés e parte de suas roupas... Porém, ele regurgitou sangue! Um tipo de sangue incomum, algo enegrecido e malcheiroso, que de longe lembraria o comum odor do sangue. A sua cabeça girava com uma visão distorcida da realidade a sua volta, ele estava estafado, e, os pés vacilavam tentando equilibrar-se naquele chão resvaladio.

De repente ele olhou para o lado e acima, pois, uma voz soou lhe familiar e mais nítida do que todas as demais:

Worean Hosborn, filho de Jacob e de Tesla...
Bendita seja a sua concepção, filho!
Que se manteve além dos signos de anátemas,
Que um dia eu mesmo proferi por crer em inconcebível união.
Bem-vindo ao Galeão Atroz e dos Oitos Ventos Soprantes.
E ao seu mar de decisões, conturbadas por sinal.
Confesso que me senti compelido mais uma vez a navega-lo.

Ele buscou forças para se colocar de pé, e seguir em direção ao som da voz que parecia vinha da sipopa, onde estava o leme. Worean tentou por diversas vezes, mas enfraquecido escorregava e caia, permitindo que o vento e a água disposta sobre o convés o fizesse percorrer incondicionalmente cada metro daquele lugar. Fatidicamente, ele percebeu que a agua que vinha da chuva e das ondas que se chocavam contra a embarcação se tornavam repentinamente em sangue... Aquilo lhe soava insano e prejudicial, consumindo suas forças com ferocidade.

O corpo de Wolrean estava ensopado daquele sangue que não era seu, assim como das escoriações afligidas pelas constantes quedas e choques contra as diversas barreiras que de alguma forma o mantinham com sorte dentro da embarcação.

A tormenta daquele mar revolto sugeria que a qualquer momento o Galeão poderia ser estilhaçado em pedaços, senão mergulhado nas profundas águas que cruzava.

Ilustração por Gerrard Capashen.
Worean de Azer, O Senhor do Galeão
Atroz e Filho dos Oito Ventos
Soprantes, e avô de Worean Hosborn,
que mais uma vez surgiu em sonhos
para declarar atenção às atribulações
Novamente a voz ressoou distante e próxima ao mesmo tempo:

Não condene o teu caminho de vingança,
Pois, ele de alguma forma o trouxe até aqui.
Contudo, atenção para as nuanças daquilo que ver.
Nem tudo e Nem todos são reais, portanto, duvide.
 O inimigo saberá como lhe atacar...
Sustentado e Armado com as suas fraquezas.

Worean conseguiu ver brevemente a imagem dos braços firmes ao leme e um leve sorriso no rosto, de seu avô, Marius Hosborn ou Worean de Azer, que por vezes olhava adiante como uma águia, mas também com certa frequência, o fitava demonstrando zelosa atenção,

A mesma fisionomia do homem que um dia também apareceu em sonhos para alertar a Worean sobre os Mares de Sangue que percorreriam a sua vida após a tragédia da morte de sua família na fazenda, e, principalmente, a necessidade de afrontá-lo como parte da aceitação de sua própria condição, ou seja, de um destemido lutador com fortes raízes em valores atemporais.


O SONHO DE BALCKHEART

No palacete ao qual foi criada em Nova Jerusalém, Marina tinha acesso a uma agradável área aberta, um jardim de grama verdejante, muito bem cuidado, que ficava as voltas de uma fonte que jorrava incessantemente aguas límpidas e refrescantes, onde por vezes, ela costumava ir para respirar perfumes naturais das flores que Irvy gostava, e, que também a ensinou aprecia-las. Uma espécie de santuário que ela, sua mestre, e seu pai constituíram. Um local, ao qual sentiu falta desde que se iniciaram as suas andanças pelo mundo, pois, por durante muito tempo, plantas e pequenos animais lhes foram amigáveis companhias.

O dia era convidativo para um passeio ao ar livre, e, assim, Marina o fez, munida com um tomo de magia das águas em mãos, algo que não era de seu feitio fazer, pois sabia que sua tutora recriminaria tal gesto, pois, Irvy até a trazia ao local para praticar seus aprendizados, mas não para andar com livros de magias em mãos, pois ela era extremamente receosa quanto a possibilidade de outros magos quererem rouba-las.

Enquanto lia distraidamente, Marina sentada sobre o parapeito da fonte não percebeu a brisa agradável tomar proporções de ventos mais fortes. Quando ela se deu por conta, o vento havia perdido o seu toque de frescor e anunciava uma estranha tempestade. Assustada ela olhava as suas voltas as flores sendo arrancadas doo caule das plantas, as folhas ainda verdes também serem tragadas pela ventania que se formava, a agua da fonte já não jorrava de maneira comum, como se estivesse engasgando para sair com dificuldade, e, a própria agia da fonte se movia em pequenos torvelinhos de coloração turva.

Marina se assustou com aquilo, porém, ela estava estática, buscando meios para vencer aquela paralisia e reagir. Porém, não deixava de cogitar em seu intimo:

O que acontece aqui?
Isso não é natural? São forças mágicas...
Será que Irvy está a me testar pela minha insolência?

A jovem aprendiza percebeu quando o tomo de magia lhe foi arrancado das mãos pela força do vento, mesmo havendo ela tentado mantê-lo pressionado junto ao corpo. Marina tentou se agachar em direção ao local onde o livro havia caído, mas o livro deslizou por alguns metros até se abrir. Nesse momento, ela presenciou algo surpreendente, uma a uma das páginas foram arrancadas, perfeitamente, para em seguida, subirem aos céus em movimentos circulares.

No céu, Marina assistia a um estranho e gigantesco redemoinho de nuvens escuras a se movimentar.

Ela sabia que algo estava prestes a acontecer, algo catastrófico!

Marina olhava para o palacete, e conseguia ver e ouvir as janelas e portas se baterem com a força do vento até se quebrarem, e, não conseguiu perceber a presença de nenhum dos habituais servos que cuidavam da limpeza e da organização do lugar. Ela gritava clamando por auxilio, entretanto, o seu grito parecia emudecido, distante e sem sentido.

Pequenos pedaços de galhos e folhas das árvores se tornaram lâminas, e eles vinham de encontro à pele macia e alva da jovem, que facilmente era cortada. Marina tentou de alguma forma se defender por meio de magias, mas algo acontecia bloqueando as suas forças e inibindo para que ela fizesse uso de um poder arcano.

Foi então que Marina percebeu uma voz, um som inconfundível que reconheceria a qualquer tempo, e muito além da cacofonia amestrada por aquelas agourentas forças da natureza. Ela viu nitidamente as feições de Irvy, todavia, não a convencional que um dia conheceu ao lado do Pai, Jammes Casneffous, que tenha lhe criado e a doutrinado nos caminhos da magia... Era uma jovem, que talvez não houvesse sonhado algum dia ser o que era hoje, a Senhora do Imersível Atroz, ou em ser a Lady Casneffous. Distintivamente, aquela ela alguém que trazia consigo um aspecto gentil, amistoso e de uma mãe zelosa (sem sombra de dúvidas, algo ansiado no fundo do coração da herdeira dos Casneffous):

Ilustração por Fernanda Suarez.
Irvy, a mãe e mestra de Marina, que
de alguma forma lhe surgiu em sonhos
para instruí-la em magias a cerca de
um inimigo perigoso e desconhecido.
Filha, cuidado em teus caminhos.
Tenha a convicção e a predisposição naquilo que almeja, pois, sei que fará o melhor.

Muita atenção quanto, ao teu inimigo que espreitará a todo instante os seus caminhos por meio de vias sombrias e escuras.

Pois, ele se fará forte sobre as suas fraquezas.

Ele atacará você e a quem mais estiver consigo,
Fazendo de seus companheiros possíveis armas,
Para se sobressair no combate.

Eis a única forma que posso intervir para o êxito de sua missão.

Nesse momento, um poderoso feixe luminoso desce do olho do furação que estava sobre Marina, a elevando a alguns metros de altura do chão. Ela sente como se a sua mente estivesse sendo aberta, sem qualquer dor,, contudo, um sensação agoniante de invasão, e tocada internamente em movimentos ligeiros e sutis por incontáveis dedos, enquanto verbetes mágicos lhes são proferidos diretamente, e pequenos signos mágicos surgem e desaparecem como fagulhas de luzes.


O SONHO DE MALLORY

Grover e Delvin haviam aceitado em fazer um serviço para um dos membros da guilda de magos de Nova Jerusalém, e, este serviço consistia em adentrar a casa de um mercador, que recentemente havia retornado de uma viagem e falecido logo em seguida por causas desconhecidas, o fato é que, como este mercador havia sido contratado para trazer para o mago do local em que ele havia viajado um item, não teve nem ele tempo para entregar as suas encomendas, a morte lhe veio muito antes, e, sendo assim, devido a uma série de eventos, os materiais adquiridos pelo mercador ficaram retidos em sua casa sob a guarda da família e outros, portanto, cabia aos dois ladinos roubar o item que pertence ao mago, um pequeno baú.

Esse baú estaria lacrado, e de nenhuma forma deveria ser destrancado, sendo devidamente entregue intacto ao contratante, pois, ele informou não se responsabilizar por quaisquer dos eventuais danos, assim, como não pagaria pelo meio serviço.

Delvin estava em um quarto amplo do tal mercador, ele e Grover, que estava ao lado em um espaço menor, procuravam pelo tal pequeno baú que deveria conter alguns desenhos em sua estrutura mencionados pelo mago.

O halfling averiguava item por item na busca do tal objeto, até inclusive achando algumas moedas de ouro dispostas por esquecimento e felicidade alheia, em gavetas, Ele não pensava duas vezes sobre em levar todas elas, uma vez que, o dono já estava morto, e a melhor herança para os seus familiares era a casa e um monte de bugigangas (a maioria, coisas que não tinham serventia para ele ou que não poderiam ser transformada brevemente em moedas).

Ao longe ele ouvia, de maneira bem sutil, Grover também fazendo a sua procura.

A casa estava tão silenciosa que Delvin conseguia ouvir o som do seu próprio estomago sinalizando que em muito em breve fará barulhos ainda maiores caso não seja atendidas as suas solicitações... O pequeno sagaz, também conseguia ouvir Grover tirando e recolando coisas nos lugares, e, pelo som, eram livros e caixas diversas. O tutor sempre dava uma olhada rápida para ver se estava tudo bem e se tinha encontrado algo... E, em seu pensamento sempre incorria:

Grover tem essas manias de velho, putz...
Não vou coloca-lo numa fria, e mito menos Eu, chefia.
Tô animado, tô com fome e doido pra terminar logo isso.

Ilustração do Artastrophe.
Grover Mallory, o mestre de Delvin,
que em sonhos lhe informou sobre um
possível perigo. para logo.
Nenhum barulho na casa até então, e o serviço seguia tranquilamente.

Os dois ladinos passaram horas antes analisando o entra e sai das pessoas na residência dos familiares do mercador, dentre elas o mago contratante, que havia mencionado a Grover que iria tentar mais uma vez requerer o item que comprou, mesmo sabendo que não funcionaria tal tática de persuasão.

Delvin começou ter uma sensação ruim naquela casa, mas não sabia dizer ao certo do que se tratava, ele então resolveu parar de procurar e foi ao encontro de Mallory, não o achou no lugar que havia lhe visto pela última vez. O halfling olhava com suspeita aflição para todos os lados naqueles cômodos, e não conseguia ver nada, a luz, por sua vez, parecia ficar ainda mais fraca como se estivesse sendo absorvida pela escuridão.

Ele tentou fazer um som de forma que chamasse a atenção de seu mestre, mas nada, pois, estranhamente, nem Delvin havia conseguido perceber o som que havia feito. Ele, então resolveu chamar um pouco mais alto por Grover, e, o mesmo ocorreu. Ele já não ouvia nada!!! O Silêncio era total!!! Ele correu para uma pequena janela embaçada no fundo do cômodo, mas a mesma estava emperrada, ele tentou abri-la, e sem sucesso!

Ele começou a entrar em estado de pânico em meio aquele breu e funesto silêncio, pois, não conseguia ouvir a nada. As coisas que estavam naquele quarto pareciam estar apodrecendo, e, de tal forma que os seus olhos lacrimejavam. Logo, o lugar que parecia ser um pouco grande, parecia gradativamente encolher, as paredes pareciam andar como se estivessem vivas e sendo comprimidas.

E o estado de tensão de Delvin somente aumentou ao perceber o movimento de sombra de criaturas um pouco maiores do que ele, esgueirando-se pelos cantos. Ele tentou se esconder, e se esquivar de golpes advindos das sombras, porém, foi inevitável não ser atingido por uma caixa que o derrubou ao chão, fazendo com que as suas moedas voassem pelo ar. Ele viu quando mãos sombrias tentaram apanhar as suas moedas, e, subitamente, saltou para tentar pegar o máximo delas.

Ele percebeu na face das sombras sorrisos macabros, e, o odor de carne queimando... O chão aos seus pés estava queimando, o lugar agora todo estava aquecendo rapidamente!!!

Delvin! Escuta-me, aqui ó...
Na mão! Na sua mão...

Meio inconsciente pelo calor que se sucedera o haçfling, percebeu que a voz de Grover vinha de sua mãe, de fato, da única moeda que ele havia pegado quando saltou no ar. Ela trazia cunhada a face de Grover que se mexia enquanto falava a ele:

Você sem querer abriu a caixa naquele dia, e viemos todos parar nessa panela...

Antes fosse, Sagaz... Cuidado com o inimigo que age nas sombras,
Ele, é ainda mais traiçoeiro do que todos que já conheci.
Ele vai colocar cada um de vocês em lados opostos,
E, o mais importante, vai atacar por suas fraquezas.

Delvin tinha certeza que estava sendo cozinhado por alguém, e, o mais importante, ele sabia que o cheiro não era agradável... Então, halfling na panela, nem pensar.

terça-feira, 19 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Sob Morriel, primeiro dia de acampamento e seguidos.

Descontração em meio a um clima de suspense ou abrupto confronto.

Primeiro dia de Acampamento sobre as Montanhas de Zarak.

O comentário de Marina em relação à proximidade de um inimigo ainda ignoto pela maioria do grupo, exceto por Devin, fez com que SnowFinger sacasse o seu machado - o Fúria Impiedosa -, rangesse os dentes e ficasse a observar em direção onde a linda arcana mencionou tê-lo avistado, ainda que sendo essa uma imagem turva de um estranho humanoide. O bárbaro esperava ansiosamente experimentar de forma efetiva as melhorias em seu machado. Ele rezou aos deuses em silencio, e com olhos semicerrados por uma batalha que dignificasse a sua trajetória. 

“Pai Odim dai-me tua força, reserve meu lugar diante de tua casa onde posso lutar ao lado de meus ancestrais, que meus inimigos possam sentir a lamina de minha Fúria (Machado) e o peso do meu braço! Valhalla nos espera... Valhalla é nossa casa...”

Assim, Marduk orava a sua divindade, cantando isso repetidamente em inaudíveis murmúrios, cuja compreensão permitia somente a quem preferir entender. Ao término de suas orações, o grande guerreiro, o maior em tamanho e em força de todos que ali estavam, voltou os olhos para os anões e disse de forma que pudesse se fazer compreendido:

- Arrrrr... Olha pequeninos guerreiros, por tempo não sabem o que é lutar, mas será uma honra morrer ao lado de tão valorosos guerreiros e prestem atenção hoje é um ótimo dia para morrer... Hahahahaha! - Assim, o nômade guerreiro gargalhou satisfeito em estar na companhia de outras criaturas que ainda muito jovens são instruídas a combater pela sobrevivência.

Os anões sorriram e gargalharam em resposta ao honesto lisonjeio do guerreiro.

O espadachim, treinado por soldados do império megalano. pondera após as palavras de Marina o fato de que a qualquer momento o grupo poderá ser atacado, e quanto a isso prefere estar atendo, e, observando os trejeitos do gigante nômade, Worean se afasta um pouco do grupo, principalmente, para notar os arredores do acampamento com mais calma.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Rargrunami Hammersheep, anão guerreiro
e habilidoso cozinheiro, que ao longo da
viagem oficializou a sua passagem pelo
grupo garantindo por muitas das vezes
a refeição.
- Não sei quanto a vocês, mas sempre que sei que combateremos, tenho fome! Hehehe – Assim exclamou para todo o grupo Rargrunami Hammersheep, o anão oriundo do Reino de Thranel. Um guerreiro e hábil rastreador, que se comportava como um glutão, falador, e dono de uma gargalhada muito ruidosa. E que naquele momento estava a mexer uma carne ensopada em um pequeno caldeirão disposto sobre a fogueira com uma colher de pau usando uma das mãos, por vezes bebericando o caldo para saber se o tempero estava bom. Enquanto que, com a outra mão, ou ele coçava uma das nádegas ou jogava mais condimentos sobre a comida.

O gnomo Magoo, um mercador andarilho sempre em busca de novidades, e que se comportava amistosamente, sempre sorridente e disposto a contar piadas, a respeito de tudo e todos, não se conteve com o momento e a oportunidade, ainda que estivesse a degustar relaxadamente um fumo em seu cachimbo, somente para não perder uma piada com Rargrunami, diz:

- Seja lá o que Rargrunami esteja preparando, cheira muito bem! Pelo menos todos nós temos certeza que a sua comida depois de digerida não trará odores ruins, até perfumará o ambiente... Hihihi - Dogo Magoo dizendo para todos, enquanto cutucava quem estivesse ao lado para apontar a mão suja do anão cozinheiro preparando a própria comida, e de quem mais estivesse disposto a comer com ele. 

Marduk segue em direção ao cozido do velho anão a fim de sondar a aparência do aromatizado alimento. E, diante do fogo, a sua sombra que encoberta praticamente a quase todos, ele diz com um semblante atento:

- Hurrrrf... Parece bom pequeno... Hurffff... Tá com uma cara boa!!!

- Ô Amigo, Senhor Sombra de Penedo, se tem algo que sei preparar muito bem é uma boa gororoba e a lamina de meu machado para ceifar a vida de um inimigo... hehehe quer provar? Para a mão aqui... – O anão Rargrunami pega uma concha com alguns pedaços de carne, caldo e legumes picados e aproxima do gigante nômade. Em seu semblante, o cozinheiro demonstrou satisfação no elogio feito somente pelo aspecto e o aroma de sua comida.

Os anões Brinow Orklan e Runnosdur Blazewinter  antes de se alimentarem serviram comida e água aos animais que os ajudaram ao longo do dia na subida. E, enquanto tratavam os animais, os dois conversavam entre si sobre a satisfação de estarem no reino - ainda que na superfície -, e, falavam algo a respeito dos desafios de ser um mercador entre os reinos anões e os demais não anões.

O anão Orinran Mournerain, guerreiro, oriundo do mesmo reino do Atravessador Mercante, Ekarriel, e, cujo comportamento ao longo dos dias transpareceu a todos convicção, lealdade  e generosidade, com o seu prato em mãos, alimentou-se satisfatoriamente com a comida preparada por Hammersheep, pois, foi um dos primeiros daquela noite a se servir na primeira rodada juntamente com Tourth e Barbaelthor. Pois, da vez passada, ele havia ficado para comer por último, e, aquilo o angustiou, pois, não sabia preparar tão bem uma refeição.

Worean retornou até a fogueira, próxima ao grupo somente para preparar uma porção de sua ração e comê-la, para tão logo, descansar da viagem ao lado da carroça em um primeiro turno, e revezar o outro. 

Ilustração por Autor Desconhecido.
Orinran Mournerain, anão guerreiro,
oriundo do reino de Ekarriel, e, uma vez
generoso e leal, não pactuaria jamais de
alguém falando mal de um outro anão
de sua convivência, ainda que fosse um
primo gnomo.
- Primo Magoo... Quando você estiver com fome, vai comer fezes de orc, achando que é a comida da sua avó! – Assim declarou Orinran lambendo a ponta dos dedos e fitando com um sorriso entre os dentes o gnomo desdenhoso.

Alguns dos anões riram em couro de Dogo, que ficou sem graça pelo comentário a respeito da comida do cozinheiro Rargrunami.

O bárbaro aceita e prova do ensopado feito pelo anão cozinheiro, colocando rapidamente na boca a fim de amenizar a queima da mão. Comentando logo em seguida: - Hunmm - suspirando o gigante sem esconder a satisfação do delicioso sabor que acabará de provar. - Rargrunami isso é bom, por Odim, isso é muito bom mesmo! - O Nórdico da uns tapinhas nas costas do velho anão, acompanhado de uma gargalhada!

- Rargrunami seja lá o que esta preparando, esta cheirando muito bem. – Assim mencionou brevemente Worean antes de se afastar do grupo e se dirigir para próximo da carroça.

Dogo Magoo disse para Delvin:

- Famintinho, é melhor você se alimentar enquanto ainda tem alguma coisa na panela de Rargrunami, pois isso não é polenta, e o seu amigo grandalhão parece ter tomado gosto do rango com um temperinho diferente. Hihihi – Disse o humorado gnomo olhando para o halfling, esperando saber de sua reação e em função de uma afamada peculiaridade racial.

- Dogo, não fique atazanando a vida dos nossos companheiros, a sua comida nem lá é grandes coisas para criticar a dos outros... Fica esperando ou Eu ou Orklan preparar a refeição. – Assim pontou com o rosto austero o gnomo Stanhal Brandy para Dogo Magoo, enquanto tomava da mão desse último, um cachimbo que os dois compartilhavam, e coçava a sua longa barba prateada.

De longe, Marina assistia impressionada a animação do acampamento formado pelos anões, principalmente tendo eles recentemente sabido por meio dela que estavam muito prestes de serem emboscados, e estavam ali a conversarem “de maneira bem natural”, como se nada estivesse por vir. Ela bufou com certa apreensão e incredulidade no que aquela cena lhe parecia, e, alguns dos seus trejeitos denunciavam esse sentimento como a sobrancelha franzida pela tensão. Porém, ela não deixou de observar os anões, Brinow e Ronnosdur, trocarem suas experiências pessoais conversando sobre os desafios a cerca da vida de mercadores entre os reinos vizinhos aos Reinos Anões, a maga os escutava com bastante entusiasmo, com demasiada atenção, e o rosto dela não escondia a curiosidade sobre as novas terras que agora lhe eram em partes apresentada, de tal forma que Ela pôs a mão direita sobre o queixo como se estivesse a refletir cada uma daquelas palavras que a sua mente absorvia.

Absorta em pensamentos, Marina BlackHeart então se lembrou do mapa em que viu em um dos aposentos proibidos de sua mentora – aqueles os quais a mestra somente permitia entrar na sua companhia, ou nem mesmo isso, tendo na maioria das vezes trancas mágicas para assegurar o conteúdo -, um imenso desenho que parecia ser de Ytarria, e, logo, a aprendiz refletiu se Irvy algum dia explorou Ytarria, ou apenas o mantém para conhecer outros lugares que talvez ela saiba poder existir algum tesouro tal qual a própria almeja, ou ainda, algum segredo que a conduza a misteriosos conhecimentos... A jovem arcana conclui que nada existe sem ter algum propósito nesta vida, aquele mapa poderia sim ser algo que levaria a sua tutora a algo impressionante.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Dogo Maggo, o gnomo mercador de
especiarias, que tem o mundo como
a sua casa, e se aproveita das
situações mais inusitadas para
ironizar e desdenhar.
- Hmmm Bela... Dona... Bela Dona... Bela dos Cachos Azuis hehehe – Assim dizia Rargrunami Hammersheep para Marina. - Você! Quer um que Eu lhe prepare um pratinho do meu ensopado de carnes com legumes? – O anão cozinheiro estendia a cumbuca em madeira com uma colher em direção a jovem, após tentar lhe chamar a atenção por algumas vezes, pois, no seu olhar havia um brilho, em sua face um sorriso largo de boca fechada, e estando o mesmo desejoso pela atenção da mulher que tem deixado os anões até sem jeito na hora de se comportar com tamanha beleza.

Tourth Fallrage e Orinran Mournerain percebendo a dificuldade de Rargrunami em chamar a atenção de Marina, que parecia estar em outra dimensão observando os outros dois companheiros anões que conversavam animadamente sobre as suas experiências, resolveram ajudar o cozinheiro com a bela jovem:

- Marina! Marina Comida?! Você quer?! – Assim falaram em tom alto e se entreolham logo em seguida desconcertados por que acabaram de dizer.

Dogo, o gnomo humorista, não se contem, e começa a gargalhar de rolar no chão pelo constrangimento dos doia anões e a maneira engraçada como chamaram a atenção de Marina. Porém, Brandy percebendo a saia justa em que o sem modos quis colocar os companheiros anões, ele prontamente lança uma baforada de fumaça sobre a boca de Magoo, enquanto segura com uma das mãos as narinas do mesmo, o que faz com que esse se engasgue, tudo de maneira rápida e eficaz contra indesejados.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Stanhal Brandy, o gnomo, mercador de
tecidos, oriundo de Ekarriel, e que
possui uma tendência bondosa,
desconfiada e que geralmente evita
falar devido a sua voz baixa (quase
sussurrada).
Marina concentrada em seus pensamentos por alguns instantes, se voltou recompondo-se, e retirando o capuz que cobria o seu belo rosto.

- Claro! Obrigada – Com um sorrindo estampado em seu rosto a jovem maga respondeu. - Aceitaria seu ensopado com grande alegria, pelo cheiro parece estar bastante delicioso.

A arcana olhava os anões, sorrindo de maneira agradecida a cortes pela atenção dos mesmos nos últimos dias, sobretudo, relatando sobre a vida da raça e dos reinos, como se os mesmos transparecessem uma amizade de longa data.  E vendo o gnomo gargalhar, ela tomou uma postura até mais calma, e também sorriu novamente com Dogo, tirando um pouco de seu semblante preocupado que se sentia em saber que os bandidos estavam no encalço de todos.

- Quanto a isso não se preocupe, companheiro... Vejamos se vai sobrar algo para nosso amigo grandão depois que eu começar!- Assim disse Delvin desdenhoso em relação ao semblante caricato de Dogo que acabara de engolir muita fumaça, e, estando o halfling com as mãos estendidas para apanhar uma cumbuca.

O halfling com uma colher cheia, e antes de levar a boca orienta a companheira Marina:

- Marina, melhor aproveitar o rango. É como eu sempre digo: coma como se fosse a última vez, nunca se sabe quando vai ser a última mesmo... hehe!

= Brilhante!! Depois de tanto se entupir de comida resolveu filosofar! Pensei que você não ia parar de comer e beber... – Retrucou a maga para o insaciável glutão.

Todos que estavam às voltas da fogueira gargalharam pela alfinetada da jovem no pequeno sagaz. 

Barbaelthor Fullmoon falou a todos que se encontravam sentados próximos a aquecedora fogueira, estando ele de pé e a entreolhar a cada um dos companheiros de viagem, o anão com um rosto parcialmente sério, enquanto mastigava uma raiz, cujo mencionou ser boa para manter os dentes claros, entregando nas mãos de Marina, Delvin, Worean, Marduk e Dogo:

Ilustração por Autor Desconhecido.
Barbaelthor Fullmoon, anão oriundo
do Reino de Blainiel, Sacerdote
Combatente, que  se comporta
como um mediador, justo e muito
observador.
- Lembre-se que ainda hoje revezaremos em turnos, companheiros. Portanto, cautela na quantidade de comida e bebida que ingerirem, pois, como a jovem disse ainda pouco, um estranho com atitude suspeita nos seguiu ao longo do dia, e, embora somente ela tenha visto-o, atenção, pois, aqui é Zarak, mas não os salões de nossos reinos. – Assim concluiu o anão, tido como um dos mais velhos do grupo.

- Experimentem... Esta muito bom...  - Assim grunhia Marduk enquanto também tentava falar a Delvin e Marina com parte da barba ensopada pelo cozido que escorria da cumbuca, pois ele abriu mão da colher para se servir do alimento como se fosse uma bebida.

- Existe hora pra falar, e hora pra comer. Prefiro que a hora de comer dure mais que a de falar! HAHAHA! – Frisou o halfling para os demais - Realmente está muito bom, Grandão! - Apelido que o halfling se referia ao guerreiro nômade, que por ele já tinha alguma consideração - Agora dá licença que essa cumbuca tá muito rasa... – Já acenando com a cumbuca vazia para Rargrunami ,- HEY! Ainda tem mais desse cozido aí?!

O guerreiro nórdico consentiu as palavras do anão Barbaelthor, acrescento:

- Sim velho guerreiro você tem razão, vamos seguir conforme o combinado e se esse filho de uma anta resolver aparecer, prometo aos deuses que o abrirei ao meio e colocarei sua cabeça a adornar essa gigante carroça!

Delvin, o halfling ladino, apesar da superfície leviana e despreocupada em meio aquele momento repleto de ironias, não deixou este de seguir continuamente atento aos arredores, como todo sagaz batedor, pois, fazer com que as pessoas imaginem que está distraído ou desatento para surpreendê-las, faz parte do seu treinamento, no qual jogar com habilidade na vida de ladino sempre fez toda diferença, e algo que aprendeu muito bem com o seu tutor Grover Mallory.

SnowFinger esperava inquieto por um combate, ele olhava fixamente para os lados, na esperança  de um “filho de rapariga” tentar uma investida contra o acampamento, de tal forma que franzia o rosto, rangia os dentes e rosnava, pois, em seu pensamento o guerreiro clamava essa fatídica aparição: 

“Aparece safado... Vire homem... Cadê você, cão sarnento do inferno?! Com medo do Marduk?!”

Assim esse sentimento se descobria no olhar do Bárbaro, refletindo no mesmo, o brilho das chamas e na lamina de seu afiado machado.

A arcana observava o local do acampamento com acuidade, ela perscrutava  com olhares atentos os arredores, e examinando possíveis esconderijos, principalmente, caso a mesma precisasse utilizar uma poderosa magica havendo de fato uma emboscada.

O cozinheiro, Rargrunami Hammersheep disse para Delvin com certa infelicidade, sobretudo, sabendo que a sua comida foi tão quista:

- Pequeno, embora o seu estômago seja do tamanho de um gigante, a comida que temos não é para tanto... hehehe Sugiro amanhã caçarmos, pois, uma carne fresca com certeza é bem melhor do que essa coisa que vocês pegam na dispensa da guilda. - O anão entregou o pequeno caldeirão para que o halfling raspasse as sobras.

Rargrunami Hammersheep complementa em alto e bom tom, com o semblante satisfeito do agrado que todos demonstraram pela sua comida:

- Estou satisfeito que tenham gostado da minha gororoba, sobretudo, a Bela Dona... hehehe... - Ele se assenta com uma generosa cumbuca e se fartou de um pouco mais do que separou para uma última refeição, enquanto olhava para os demais com os olhos reluzentes de satisfação.

- Aconselho que descansem o quanto puderem, talvez amanhã possam fazer o mesmo. – Worean estava parcialmente afetado pela informação transmitida por Marina, especialmente, estando ela de dentro da carroça, e ainda assim, ter observado algo do qual ele, em uma posição mais privilegiada, passou de forma despercebida. Desta maneira, Hosborn estava disposto a fazer qualquer um que tentasse impedi-los de seguir viagem naquela missão intervir ao custo de sua própria vida, caso assim ousasse. Ele se recostou na lateral da carroça disposto a dormir até o inicio de seu turno, com as duas lâminas presenteadas pelo seu tutor em punho devidamente sacadas em punho para uma pronta ação.

A arcana olhou para os anões Brinow e Ronnosdur, que chegaram justamente para se servir de um último prato de refeição assegurado por Rargrunami, não deixando de demonstrar pelos dois um notório entusiasmo nas palavras, principalmente, em relação ao que havia sido dito momentos antes enquanto ela observava aos dois em seus afazeres, compartilhando histórias de suas andanças. Desta forma, ela sem hesitar, perguntou a eles de maneira singela.

- A quanto tempo são mercadores, e por aonde viajaram além dessas terras? – Ela parecia afoita e aguarda-los somente para descansar.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Runnosdur Blazewinter, anão oriundo
do reino de Blainiel, guerreiro viajante
e guardião de caravanas entre Zarak
e os reinos Não Anões do Norte.
Um tipo sensato, justo e honesto.
Brinow Orklan e Runnosdur Blazewinter sorriram para a bela companheira de viagem assentados ao chão gramado, tendo suas armas (machados) postas ao lado, com cumbucas na mão e prestes a dar uma primeira colherada. Porém, surpresos pela pergunta súbita, que logo, Runnosdur consentiu para que Orklan, o líder da caravana falasse primeiro, sobretudo, além dele ser o mais velho entre os dois:

Brinow raspou a garganta, e, colocou-se a responder a Marina:

- Bom, Bela BlackHeart, acho que tenho um pouco mais de trinta anos de viagens fazendo essa rota comercial que encobre os nossos reinos anões, e os de vocês... Quero dizer, Mégalos, Caithness e Sahud. – Após dizer isso Orklan saboreia uma primeira colherada em seu prato com satisfação. – Embora Mégalos e Caithness se pareçam um pouco entre si, senão muito, e, assim acredito que vocês, não anões, também devam enxergar os nossos reinos, como algo do tipo, ou seja muito similares entre si, é curiosamente distinto entre a sua terra, que fica ao sul das nossas, e a outra, que fica além das nossas e ao norte. Sahud é um lugar diferente em vários aspectos, com uma cultura muito dessemelhante das de vocês, e de uma linguagem própria. – Ele respondeu a Marina com a sua peculiar atenção.

Marina estava compenetrada nas palavras do mercador Orklan, especialmente, quando ele mencionou sobre uma diferença gritante desse reino além das Montanhas de Bronze, com o de Mégalos e de Caithness, ela ansiava em saber mais, mas ela também percebia que ele tinha fome em comer.

O anão Runnosdur tomou a vez da palavra:

- Jovenzinha, eu tenho pelo menos vinte anos de viagens, mas não conheço Sahud, só ouvi falar por meio de meus amigos e conterrâneos. – Assim complementou o anão guerreiro que ganhava a vida fazendo viagens como segurança de caravanas entre Zarak e os demais reinos ao sul. – Já ouvi falar de algumas histórias sobre o povo de Sahud, e de como algumas relações comerciais terminaram muito mal para alguns mercadores de suas terras, simplesmente por desconhecerem alguns modos locais e não saberem se expressar devidamente. – Ponderou o Anão afagando a própria barba enquanto a olhava.