Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cinefilia Entusiasta: Piratas do Vale do Silicio

Esta resenha foi produzida em 12/09/2006 quando ainda cursava o 4.º período do curso superior de administração de empresas da Faculdade Estácio de Sá (Campus Vitória/ES) para a disciplina de Administração Mercadológica I, ministrada com exímio desempenho pelo professor Carlos Bolívar, sem sombra de dúvidas, o melhor mestre com quem tive a oportunidade de estudar. Vida longa, Professor!

“A quem caminhe por uma floresta e somente consiga ver lenhas”.
- Jack London, O Chamado da Floresta.


Ao longo do filme Piratas do Vale do Silício nos deparamos com inúmeros erros fatais para o êxito e perpetuidade de uma organização ou pessoa, porém, o mais importante são as oportunidades visualizadas e aproveitadas por aqueles que almejam o sucesso por meio do esforço próprio e de uma idéia “original”. Um caminho percorrido por Bill Gates a frente da Microsoft, e por Steve Jobs a frente da Apple, sobre colossos multinacionais do mercado de tecnologia como a HP, a IBM e a XEROX.

A Hewlett-Packard indagou a jovem Apple: “O que as pessoas comuns vão querer com um computador?”. Essa falta de visão a longo prazo não permitiu a HP vislumbrar a vantagem de um mercado que se desdobrava nitidamente ao compasso do tempo, uma era onde em cada casa de classe média haveria pelo menos uma máquina, e onde cada departamento de uma micro empresa pudesse haver uma estação conectada a outras inúmeras espalhadas pelo mundo. A visão que tornou-se fato.

A International Business Machines (IBM) também falhou ao perceber a visão de um novo mundo. Seu paradigma: “O lucro esta no hardware e não no software”, fez com que adquirisse da “inofensiva” e jovem Microsoft, por uma pequena fortuna, um caseiro sistema operacional que nem de autoria desta última era As licenças para utilizações de softwares rendem fortunas a Microsoft, e a tantas outras empresas desse mercado.

De mãos beijadas a Apple adquiriu da XEROX a tecnologia de um sistema operacional de ambiente gráfico, acreditando ela estar se desfazendo de algo que não possuía nenhum tipo de credibilidade no mercado. Essa tecnologia revolucionou de tal forma o campo da micro-informática, que hoje os principais sistemas operacionais operam nesse tipo de plataforma, por se tratar de algo mais prático e visualmente agradável, tanto para analistas de sistemas, programadores, quanto para usuários finais. Ficou claro que a XEROX não visualizou credibilidade em um dispositivo denominado “mouse”, simplesmente pelo nome ter assassinado a engenhosa idéia, o mínimo dos erros; e que as copiadoras – definido como o negócio da empresa naquele momento -, seriam minas de ouro inesgotáveis e mais interessantes a serem exploradas, o maior dos erros.

A inteligente por si só não basta. Pois, mais do que ter uma idéia inovadora, é convencer aos outros de que ela o é. E essa transmissão de confiança ao público-alvo somente foi possível pela Microsoft e a Apple, expressa respectivamente nas pessoas de Bill Gates e Steve Jobs, por meio da crença em uma idéia (uma visão) e de uma boa performance calcada em um conjunto de fatores, tais como: aparência, convicção, persuasão e oratória.

Erros como a falta de atenção para com o ambiente, possíveis concorrentes, tendências do mercado, são mortais para qualquer um que busque o sucesso, mas nada supera o fato de ignorar a constante da inovação, a premissa na qual as pessoas ou organizações não devem se ater a comemoração de objetivos alcançados, mas na busca continua de novos desafios (ou objetivos) a superar. Pois, a diferença esta na eficiência, na qualidade, na rapidez de resposta aos anseios do ambiente, e principalmente, na forma de enxergar. Esse último ponto é muito bem colocado por Bill Gates na frase: “Nós precisamos descobrir o que ele não sabe que precisa, mas precisa, aí mostrar e garantir a ele que só nós iremos dar a resposta”.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Constatações Literárias: Os Filhos de Anansi


Autor: Neil Gaiman
Ano: 2005
Editora: Conrad
ISBN: 85-7616-170-2

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu amigo Dayvison, a pessoa quem me emprestou este livro à cerca de três meses atrás.

Ler este livro custou-me pouco menos de um mês, e foi realizado ao longo de idas e vindas em meu costumeiro itinerário de ônibus (casa, trabalho, faculdade, e por fim, casa). Em média li 1h/dia. Talvez esta atividade pudesse ter me custado menos tempo senão fosse o fato de ter a responsabilidade para com outras literaturas de cunho acadêmico e profissional.

Neil Gaiman nesta obra foi mais uma vez edificante. Trabalha a idéia de que deidades oriundas de tempos idos, muitas destas onde já não existe mais fé, credo, ou uma orientação religiosa consistente em dias atuais, seguem suas existências de maneira humilde, senão alheia, muitas vezes no plano dos homens, ou ainda, regiões oníricas.

Existem forças cósmicas de proporções dantescas quando se tratam de divindades, contudo, não é interesse do autor focar este lado, ele de fato se preocupa com aquilo que é mais tangível e inspirador, a fagulha da natureza humana que reside em cada uma delas. A surpresa e o encanto desta obra se refletem justamente na proximidade destes seres com a humanidade, curiosamente, concebidos pelo próprio homem, e que como criadores, criaram também, abismos de distância entre suas criaturas.

No centro da história temos Charles Nancy - vulgo Fat Charlie (Charlie Gordo, que por ventura, nem é tão gordo) -, um sujeito que leva a vida de forma inercial na Inglaterra, (de forma meticulosa), trabalhando como contador em um escritório mediano, e conduzindo a vida sem grandes emoções. Para completar, ele tem uma namorada virgem - com a qual esta prestes a se casar -, desprovido de charme, não se mete em encrencas (não se desafia e nem desafia), e aceita com desinteresse tudo o que a vida lhe coloca adiante. Em fim, o tal perdedor.

Parte dessa personalidade insossa, Charlie acredita plenamente ser oriundo da sua relação complicada com o seu pai, um homem excêntrico, irreverente, alheio ao mundo, galanteador e amável que não perdia oportunidades para tirar sarro do filho. No entanto, ele não faz idéia da verdadeira natureza de sua família, algo que começa a mudar ao receber o comunicado súbito da morte de seu pai na América (precisamente, na Flórida) – um possível convidado a contragosto para o seu casamento -, e decide ir ao funeral como simples cumprimento de suas obrigações enquanto filho. Para começo de conversa ele descobre que o seu abominável patriarca era o deus caribenho e africano dos chistes e histórias, Anansi. A outra revelação é que ele tem um irmão, Spider, que justamente herdou as características humanas e divinas de seu pai.

A história tem um começo morno e sem sal, algo bem característico do próprio Fat Charlie, todavia isto toma uma proporção empolgante, bem humorada e envolvente a medida que o protagonista passa a investigar o seu passado místico, sobretudo, em um momento ébrio onde diz a uma aranha que encontra vagando em sua residência de que tem interesse em ver seu irmão... Quando Spider encontra o irmão, a vida dos dois se transforma.