Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Constatações Literárias: Os Filhos de Anansi


Autor: Neil Gaiman
Ano: 2005
Editora: Conrad
ISBN: 85-7616-170-2

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu amigo Dayvison, a pessoa quem me emprestou este livro à cerca de três meses atrás.

Ler este livro custou-me pouco menos de um mês, e foi realizado ao longo de idas e vindas em meu costumeiro itinerário de ônibus (casa, trabalho, faculdade, e por fim, casa). Em média li 1h/dia. Talvez esta atividade pudesse ter me custado menos tempo senão fosse o fato de ter a responsabilidade para com outras literaturas de cunho acadêmico e profissional.

Neil Gaiman nesta obra foi mais uma vez edificante. Trabalha a idéia de que deidades oriundas de tempos idos, muitas destas onde já não existe mais fé, credo, ou uma orientação religiosa consistente em dias atuais, seguem suas existências de maneira humilde, senão alheia, muitas vezes no plano dos homens, ou ainda, regiões oníricas.

Existem forças cósmicas de proporções dantescas quando se tratam de divindades, contudo, não é interesse do autor focar este lado, ele de fato se preocupa com aquilo que é mais tangível e inspirador, a fagulha da natureza humana que reside em cada uma delas. A surpresa e o encanto desta obra se refletem justamente na proximidade destes seres com a humanidade, curiosamente, concebidos pelo próprio homem, e que como criadores, criaram também, abismos de distância entre suas criaturas.

No centro da história temos Charles Nancy - vulgo Fat Charlie (Charlie Gordo, que por ventura, nem é tão gordo) -, um sujeito que leva a vida de forma inercial na Inglaterra, (de forma meticulosa), trabalhando como contador em um escritório mediano, e conduzindo a vida sem grandes emoções. Para completar, ele tem uma namorada virgem - com a qual esta prestes a se casar -, desprovido de charme, não se mete em encrencas (não se desafia e nem desafia), e aceita com desinteresse tudo o que a vida lhe coloca adiante. Em fim, o tal perdedor.

Parte dessa personalidade insossa, Charlie acredita plenamente ser oriundo da sua relação complicada com o seu pai, um homem excêntrico, irreverente, alheio ao mundo, galanteador e amável que não perdia oportunidades para tirar sarro do filho. No entanto, ele não faz idéia da verdadeira natureza de sua família, algo que começa a mudar ao receber o comunicado súbito da morte de seu pai na América (precisamente, na Flórida) – um possível convidado a contragosto para o seu casamento -, e decide ir ao funeral como simples cumprimento de suas obrigações enquanto filho. Para começo de conversa ele descobre que o seu abominável patriarca era o deus caribenho e africano dos chistes e histórias, Anansi. A outra revelação é que ele tem um irmão, Spider, que justamente herdou as características humanas e divinas de seu pai.

A história tem um começo morno e sem sal, algo bem característico do próprio Fat Charlie, todavia isto toma uma proporção empolgante, bem humorada e envolvente a medida que o protagonista passa a investigar o seu passado místico, sobretudo, em um momento ébrio onde diz a uma aranha que encontra vagando em sua residência de que tem interesse em ver seu irmão... Quando Spider encontra o irmão, a vida dos dois se transforma.

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