Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

segunda-feira, 21 de outubro de 2013

RPG: Crônica de Mortais - Ingresso no G.A.T.I., um causticante "Boas Vindas".

Mudanças são sempre mudanças, ou seja,
o início é sempre pouco indigesto e turbulento.
Agora se aceitar é uma opção?
Na maioria das vezes, não!

Hoje é quinta-feira, 11 de outubro de 2012, e, este seria mais um dia rotineiro de trabalho no 13.º Distrito de Polícia, contudo, se existe algo que Eu aprendi dentro desse lugar, e, sobretudo, como investigador de policia do departamento de homicídios em Los Angeles, é que a expressão “rotina cotidiana” não costuma calhar perfeitamente para este tipo de labor. Pois, crimes ocorrem a todo o momento, e, quando as coisas parecem calmas demais é que, Eu e os meus colegas devemos nos manter ainda mais alertas, pois, algo surpreendente tende a cair sobre as nossas cabeças quando menos se espera, e, ouvir aquele sermão calejado do chefe “Eu não disse que essa merda toda iria feder mais cedo ou mais tarde?! E onde estavam os nossos caras?! A cambada paga pelos contribuintes?!”, pode ser um drástico ponto final na carreira. Enfim, a manhã havia iniciado com alguns relatórios a serem finalizados do dia anterior - como de costume -, quando me surgiu a mesa um senhor fardado, cujo semblante me soou familiar, seu nome era Coronel Samuel Campbel

Coronel Samuel Campbel.
Um rosto familiar dos tempos áureos em que
Derick serviu ao exército no Oriente Médio.
No entanto, a sua visita naquele dia
aparentemente comum ao seu distrito
trazia uma intrigante oportunidade de
trabalho ao ex-combatente, afastado de
forma demérita e abrupta das forças.
Ao perceber no distinto uniforme do Sr. Campbel a patente de coronel e associa-lo a fisionomia de um velho conhecido do tempo de serviço militar fui tomado por um impulso automático, uma ação involuntária, de cumprimenta-lo como ainda estivesse no exército, ou seja, batendo continência. Ele, por sua vez, agiu de tal forma, ainda que fosse somente um velho costume. O mesmo se apresentou brevemente e mencionou que tinha a necessidade de ter comigo uma conversa em particular, algo mais reservado a respeito de reconhecimento profissional, para tanto, convidou-me para um café.

Bom, não é todo dia que alguém adentra as nossas vidas oferecendo uma oportunidade melhor de se ganhar mais, sobretudo, um velho conhecido. O que mais me chamou a atenção é que antes de falar qualquer coisa para o meu superior, ele de sua sala, por de trás das persianas abertas acenou consentindo a minha saída, o que me leva a crer que entre os “tubarões” uma conversa já havia acontecido. Afinal, Eu estava certo que deveria pelo menos aceitar o café, pois, como de costume, não tive uma noite prazerosa de sono, e ouvir a proposta do coronel também era algo que me instigava.

Atravessamos a avenida e fomos até a Lanchonete de Rulhos Santiago, um mexicano muito conhecido na redondeza, e, que serve um legitimo café.

O Coronel Campbel começou a nossa conversa reforçando a ideia de que a sua proposta de trabalho era algo do qual eu há muito ansiava, sobretudo, considerando três pontos importantes:

  1. A retomada de minha dignidade em função dos últimos eventos ocorridos no exército, e, que culminaram no acidente que me aleijou, além da baixa de meu título sem honrarias;
  2. A oportunidade de trabalhar em um ambiente menos preconceituoso, quando se trata de pessoas diferentes, com algum tipo de necessidades especiais, ou seja, com a possibilidade de reconhecimento em um curto espaço de tempo independente de qualquer um dos aspectos elencados;
  3. E, consequentemente, um reconhecimento financeiro a altura.


Ainda que a proposta de trabalho com todas as benesses parecesse tentadora, uma desconfiança pairou no ar, pois, até ali tudo soava muito bom e irrecusável, mas qual seria o preço cobrado pelo Sr. Campbel e a sua organização? Seja lá o que for Eu confesso que fiquei tentado a abandonar aquela conversa e apagar aquele encontro de minha mente (até cheguei a me inclinar para me levantar da mesa). Porém, as palavras daquele homem conseguiram me fisgar a atenção. Sim, ele havia semeado em meu cerne uma curiosidade, e, Eu estava disposto a pagar para ver.

Terminamos o café, e, saímos dali sem pagar a conta! Estranhamente, pois, o Rulhos é um tipo de mexicano bem muquirana, ainda que muito brincalhão (bem humorado).

O coronel me convidou a entrar na parte de trás de seu carro, uma pick up cabine dupla preta modelo do ano, e, para minha surpresa, alguém mais já se encontrava lá, todavia, desacordado e abraçado a uma garrafa de whisky de vinte e oito anos... Esse foi o meu primeiro contato com o Sr. Greenwald Sullivan.

Fomos conduzidos até as proximidades do Hospital San Pedro e do necrotério municipal, em um edifício de três andares, dotado de uma estrutura peculiar e muito bem conservado. Com uma entrada frontal grande para o tráfego de entrada e saída de veículos. Essa é a sede da organização denominada G.A.T.I.

Adentramos o prédio, e, na recepção conhecemos uma figura carismática, de voz estridente e rechonchuda chamada Melina Gude. Percorremos alguns corredores e cômodos até chegarmos a uma sala em específica, Lá tomamos conhecimento de mais um homem a ser recrutado por esta organização, um jovem com necessidades fisiológicas contidas e hormônios a flor da pele, Antoni Rios. Na oportunidade também conhecemos duas outras personalidades, o Sr. Nicolas Parckson e a Srta. Samantha Schowt, essa última por sinal, tratava-se de uma morena de beleza instigante.

Na sala, o coronel calou-se passando a palavra ao Sr. Nicolas Parckson, que na minha percepção, de longe demonstrou ser um homem de muitos amigos, com um humor debilitado e fazer um tipão bem introspectivo. Como um franco atirador, ele achou por bem já deixar estampado para todos que estavam encerrados ali todas as nossas dificuldades, como se fossemos todos membros de uma mesma família sem quaisquer particularidades. Um momento em que a força de vontade gritou mais alto para não selar uma porrada na boca daquele sujeito. Mas, o pior estava por vir.

O Sr. Parckson tentou me aludir com um tipo de conversa descabida de não fazer uso de minhas metanfetaminas (cristais)... Ora ele é algum tipo de psicólogo referenciado para me tratar? 

Colocada as minhas condições de ingressar a organização paramilitar sem vinculo com o governo norte americano (?), aceitei passar a noite em um cômodo arranjado por eles no prédio. Fomos conduzidos a uma repartição de alojamentos, pequenos quartos com banheiros individuais, e, ali uma nova surpresa tomou os meus olhos quando visualizei muitos de meus pertences pessoais ali devidamente arranjados... Ou seja, eles invadiram o meu apartamento e recolheram minhas coisas! Dentre os itens que eles se apossaram estavam as minhas drogas... Com que autoridade eles fizeram isso?! Estava prestes a surtar com toda aquela petulância e invasão de privacidade. E, não somente eu estava perplexo com aquela iniciativa ultrajante, mas o Sr. G. Sullivan também.

Eu requeri imediatamente os meus cristais ao Sr. Parckson. Infelizmente, esse era um assunto que não estava em discursão, não naquele momento. Pois, os traumas de guerras que vivenciei até hoje perduram, assim como outras dificuldades, e, as minhas noites tranquilas de sono somente são conquistadas por meio desses recursos químicos. Sou dependente, e, já tentei me livrar disso, mas confesso que essa é uma caminhada muito árdua que há muito tenho postergado, por mais vergonhoso que possa parecer para um homem a serviço da lei.

No dia seguinte (sexta-feira, 12 de outubro de 2012), pude me sentar uma mesa comunitária, e, desfrutar de um completo de café da manhã (como há muito tempo não fazia), e ouvir o Sr. G. Sullivan com maior clareza e as suas indagações pertinentes em relação aos nossos empregadores (o G.A.T.I.). Antes que pudéssemos chegar a uma conclusão. De fato, que ele pudesse chegar a ela, pois, era notória a sua necessidade de seu comunicar (um tipo excessivamente falante), o Sr. Parckson voltou a nos encontrar no refeitório para mais uma conversa, sem sombra de dúvidas, a mais desagradável. Como senão bastassem as surpresas do dia anterior, a novidade agora era um dossiê de proteção entregue a cada um de nós, que se remetia aos nossos entes que julgássemos necessária a proteção, pois, a organização tinha pessoas infiltradas aptas a operar nesse aspecto. Isso realmente me fez ferver o sangue, e, se ainda estivesse sob o efeito de drogas teria partido para cima dele, seja ele quem fosse.

Capitão Nicolas Parckson.
Na ausência do Coronel Campbel é ele quem
responde
 diretamente pelo G.A.T.I., e, cujo
início de nossos
 trabalhos resultou em um
processo estressante, 
senão demasiadamente,
turbulento, de “boas vindas” 
à organização
paramilitar com atuação em
 escala
global na qual ingressava.
O Sr. Parckson tentou nos explicar que aquilo se tratava de um programa de proteção aos parentes dos membros da organização, pois, a mesma detinha muitos inimigos, o que automaticamente, os colocavam como alvos fáceis (os nossos entes), caso as nossas identidades fossem reveladas. No entanto, por mais que isso fosse verdade, aquilo não me soava nenhum pouco reconfortante, saber que a minha mulher e a minha filha estavam sendo vigiadas por um alguém desconhecido. Por mais que ele insistisse na conversa de que senão estivéssemos confortáveis com a situação poderíamos a qualquer momento desistir e sair pela porta da frente, o fato é que aquilo tomou o tom ameaçador.

Não que a minha vida valesse alguma coisa nessa altura do campeonato, contudo saber que Maria Julia e Marianna estavam sob alguma possível ameaça me fizeram repensar a estratégia a respeito da vida e a escolha que havia feito. Talvez estivesse somente um pouco paranoico, mas família é família, ou seja, sagrada, independente de todas as merdas que tenha feito.

A nossa conversa sessou e eu fui treinar na área interna. Exaurir ao máximo as forças de meu corpo para naquela noite dormir, pois, os dias agora serão ainda mais causticantes e imprevisíveis.

Nenhum comentário:

Postar um comentário