Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

sábado, 25 de junho de 2011

Cintilar de Devaneios - Ainda será Páscoa por infindaveis dias,,,


Ao longo dos anos me aproximei de muitas pessoas, algumas das quais estabeleci boas relações - vínculos atemporais de amizade e fraternidade -, algo independente de suas orientações religiosas e/ou ideológicas, ainda que estas fossem adversas as minhas próprias. Quanto a isso não há um segredo, senão me despir de meus preconceitos, aceitação, e também, seguir a risca uma máxima que tento vivenciar todos dos dias: “não julgar uma pessoa pelo que ela aparenta ser e nem pelas belas palavras que profere, contudo pelo seu conteúdo e ações”. Viver essa máxima não é fácil e quem a me instruiu também me alertou sobre um excesso de percalços incontáveis.

Cada pessoa trás consigo uma lição, e assim a vida se apresenta como uma mestra que se predispõe a ensinar a todo o momento pelos mais diversos e improváveis interlocutores, e o que vai me diferenciar de meu semelhante é a forma como cada um se propõem a perceber e aplicar estas lições em seu cotidiano, pois, elas podem ser acolhidas de bom grado, ou negadas, e a isso cabem de maneira oscilante e subjetiva denominações como maldição, destino, sorte e etc.

De fato, não posso deixar ser corrompido por um pensamento leviano e cômodo de que “o mundo está perdido” e/ou de que “o homem se perdeu consumido por ilusões materialistas, quiméricas e obscuras”, ainda que os fatos tentem mostrar de maneira árdua exemplos concisos sobre estes dois paradigmas; ainda serão para mim os poucos exemplos de virtuosidade uma força motriz de relevância desmedida para levar a frente a minha esperança de dias melhores para a humanidade.

terça-feira, 31 de maio de 2011

Cinefilia Entusiasta: Piratas do Vale do Silicio

Esta resenha foi produzida em 12/09/2006 quando ainda cursava o 4.º período do curso superior de administração de empresas da Faculdade Estácio de Sá (Campus Vitória/ES) para a disciplina de Administração Mercadológica I, ministrada com exímio desempenho pelo professor Carlos Bolívar, sem sombra de dúvidas, o melhor mestre com quem tive a oportunidade de estudar. Vida longa, Professor!

“A quem caminhe por uma floresta e somente consiga ver lenhas”.
- Jack London, O Chamado da Floresta.


Ao longo do filme Piratas do Vale do Silício nos deparamos com inúmeros erros fatais para o êxito e perpetuidade de uma organização ou pessoa, porém, o mais importante são as oportunidades visualizadas e aproveitadas por aqueles que almejam o sucesso por meio do esforço próprio e de uma idéia “original”. Um caminho percorrido por Bill Gates a frente da Microsoft, e por Steve Jobs a frente da Apple, sobre colossos multinacionais do mercado de tecnologia como a HP, a IBM e a XEROX.

A Hewlett-Packard indagou a jovem Apple: “O que as pessoas comuns vão querer com um computador?”. Essa falta de visão a longo prazo não permitiu a HP vislumbrar a vantagem de um mercado que se desdobrava nitidamente ao compasso do tempo, uma era onde em cada casa de classe média haveria pelo menos uma máquina, e onde cada departamento de uma micro empresa pudesse haver uma estação conectada a outras inúmeras espalhadas pelo mundo. A visão que tornou-se fato.

A International Business Machines (IBM) também falhou ao perceber a visão de um novo mundo. Seu paradigma: “O lucro esta no hardware e não no software”, fez com que adquirisse da “inofensiva” e jovem Microsoft, por uma pequena fortuna, um caseiro sistema operacional que nem de autoria desta última era As licenças para utilizações de softwares rendem fortunas a Microsoft, e a tantas outras empresas desse mercado.

De mãos beijadas a Apple adquiriu da XEROX a tecnologia de um sistema operacional de ambiente gráfico, acreditando ela estar se desfazendo de algo que não possuía nenhum tipo de credibilidade no mercado. Essa tecnologia revolucionou de tal forma o campo da micro-informática, que hoje os principais sistemas operacionais operam nesse tipo de plataforma, por se tratar de algo mais prático e visualmente agradável, tanto para analistas de sistemas, programadores, quanto para usuários finais. Ficou claro que a XEROX não visualizou credibilidade em um dispositivo denominado “mouse”, simplesmente pelo nome ter assassinado a engenhosa idéia, o mínimo dos erros; e que as copiadoras – definido como o negócio da empresa naquele momento -, seriam minas de ouro inesgotáveis e mais interessantes a serem exploradas, o maior dos erros.

A inteligente por si só não basta. Pois, mais do que ter uma idéia inovadora, é convencer aos outros de que ela o é. E essa transmissão de confiança ao público-alvo somente foi possível pela Microsoft e a Apple, expressa respectivamente nas pessoas de Bill Gates e Steve Jobs, por meio da crença em uma idéia (uma visão) e de uma boa performance calcada em um conjunto de fatores, tais como: aparência, convicção, persuasão e oratória.

Erros como a falta de atenção para com o ambiente, possíveis concorrentes, tendências do mercado, são mortais para qualquer um que busque o sucesso, mas nada supera o fato de ignorar a constante da inovação, a premissa na qual as pessoas ou organizações não devem se ater a comemoração de objetivos alcançados, mas na busca continua de novos desafios (ou objetivos) a superar. Pois, a diferença esta na eficiência, na qualidade, na rapidez de resposta aos anseios do ambiente, e principalmente, na forma de enxergar. Esse último ponto é muito bem colocado por Bill Gates na frase: “Nós precisamos descobrir o que ele não sabe que precisa, mas precisa, aí mostrar e garantir a ele que só nós iremos dar a resposta”.

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Constatações Literárias: Os Filhos de Anansi


Autor: Neil Gaiman
Ano: 2005
Editora: Conrad
ISBN: 85-7616-170-2

Primeiramente gostaria de agradecer ao meu amigo Dayvison, a pessoa quem me emprestou este livro à cerca de três meses atrás.

Ler este livro custou-me pouco menos de um mês, e foi realizado ao longo de idas e vindas em meu costumeiro itinerário de ônibus (casa, trabalho, faculdade, e por fim, casa). Em média li 1h/dia. Talvez esta atividade pudesse ter me custado menos tempo senão fosse o fato de ter a responsabilidade para com outras literaturas de cunho acadêmico e profissional.

Neil Gaiman nesta obra foi mais uma vez edificante. Trabalha a idéia de que deidades oriundas de tempos idos, muitas destas onde já não existe mais fé, credo, ou uma orientação religiosa consistente em dias atuais, seguem suas existências de maneira humilde, senão alheia, muitas vezes no plano dos homens, ou ainda, regiões oníricas.

Existem forças cósmicas de proporções dantescas quando se tratam de divindades, contudo, não é interesse do autor focar este lado, ele de fato se preocupa com aquilo que é mais tangível e inspirador, a fagulha da natureza humana que reside em cada uma delas. A surpresa e o encanto desta obra se refletem justamente na proximidade destes seres com a humanidade, curiosamente, concebidos pelo próprio homem, e que como criadores, criaram também, abismos de distância entre suas criaturas.

No centro da história temos Charles Nancy - vulgo Fat Charlie (Charlie Gordo, que por ventura, nem é tão gordo) -, um sujeito que leva a vida de forma inercial na Inglaterra, (de forma meticulosa), trabalhando como contador em um escritório mediano, e conduzindo a vida sem grandes emoções. Para completar, ele tem uma namorada virgem - com a qual esta prestes a se casar -, desprovido de charme, não se mete em encrencas (não se desafia e nem desafia), e aceita com desinteresse tudo o que a vida lhe coloca adiante. Em fim, o tal perdedor.

Parte dessa personalidade insossa, Charlie acredita plenamente ser oriundo da sua relação complicada com o seu pai, um homem excêntrico, irreverente, alheio ao mundo, galanteador e amável que não perdia oportunidades para tirar sarro do filho. No entanto, ele não faz idéia da verdadeira natureza de sua família, algo que começa a mudar ao receber o comunicado súbito da morte de seu pai na América (precisamente, na Flórida) – um possível convidado a contragosto para o seu casamento -, e decide ir ao funeral como simples cumprimento de suas obrigações enquanto filho. Para começo de conversa ele descobre que o seu abominável patriarca era o deus caribenho e africano dos chistes e histórias, Anansi. A outra revelação é que ele tem um irmão, Spider, que justamente herdou as características humanas e divinas de seu pai.

A história tem um começo morno e sem sal, algo bem característico do próprio Fat Charlie, todavia isto toma uma proporção empolgante, bem humorada e envolvente a medida que o protagonista passa a investigar o seu passado místico, sobretudo, em um momento ébrio onde diz a uma aranha que encontra vagando em sua residência de que tem interesse em ver seu irmão... Quando Spider encontra o irmão, a vida dos dois se transforma.

sábado, 16 de abril de 2011

Despedida - Um novo horizonte profissional, mas ainda você

Em certa ocasião, um colega de trabalho me inquiriu se por ventura Eu teria em meio aos meus arquivos algum modelo de ”carta de despedida”, visto que naquela semana Ele estaria se desligando da empresa em função de uma oportunidade que a vida lhe havia agraciado... Na época Eu não pude auxiliá-lo, mas este que segue abaixo me ajudou bastante.




A hora do encontro é também despedida a plataforma desta estação, é a vida.
- Milton Nascimento e Fernando Brant

Enfim chega ao término a minha relação com esta organização, uma empresa que ao longo de tantos anos da minha vida, colaborou e muito para o meu crescimento profissional, acadêmico e pessoal, mas que, no entanto, destaco com imenso orgulho e apreço, as amizades, colegas e contatos que fiz ao longo deste ínterim; homens dos mais diversificados nichos sociais, cada quais munidos de característico talento, cultura, peculiaridades e riquezas que me envolveram – tendo assim, adquirida com satisfação ímpar a minha confiança, o meu respeito e a minha admiração. Onde, dentre as quais destaco você!

Por receber esta minha correspondência, peço carinhosamente que compreenda: o tempo é curto, a emoção é grande e contagiante, mas que a minha vontade seria de lhe dar um forte abraço, poder olhar nos olhos e agradecer sinceramente por tudo que fez e contribuiu, assim como a paciência e a tolerância a mim concebidas nos momentos em que por ventura, tenha falhado ou mesmo deixado a desejar, e que por tal motivo, aproveito a oportunidade para me desculpar. Desculpe-me de coração!

Como são chatas as despedidas? Dá um aperto no peito, um nó na garganta, contudo, por maior que seja esse sentimento, acredito em Deus e no seu poder curador, e que Ele esta a olhar por nós, os nossos passos e a nossa senda, com todo o amor de um pai zeloso que deseja somente o nosso bem. Um ser maravilhoso, capaz de abrir portas e janelas em nosso horizonte para vislumbramos todas as oportunidades que nos são possíveis.

Afinal, Eu estou a mudar de empresa, todavia a pessoa jamais, portanto fica o meu contato para as mais diversas oportunidades: para gargalhar, jogar conversa fora, trocar idéias, emprego, trabalhos avulsos e entretenimentos. Uma vez que, desejo profundamente que todos os anos de convivência não venham por água abaixo, não definhem no esquecimento, como um cartão de visita lançado em um desbotado e abarrotado porta-cartões, definitivamente, isso não! Eu quero que a nossa relação tenha vida longa, plena e feliz, muito além de protocolos formais, ramais e afins.

Forte abraço dessa pessoa a quem você soube especialmente marcar.

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Cintilar de Devaneios - Hana-ogi


Era uma vez, num pequeno povoado situado as margens de Tóquio, vivia uma menina belíssima. Da qual ninguém jamais saberia o seu verdadeiro nome, mas ela ficaria conhecida pela alcunha de Hana-ogi, a mais famosa oiran da história do Japão...

Hana-ogi passou a primeira infância com a mãe, que ainda muito cedo tornará se viúva, mas logo se tornou evidente que para ela não havia outro futuro senão nas casas verdes de Yoshiwara, o velho bairro murado junto aos pântanos da capital, onde freqüentemente as meninas pobres - em sua maioria -, filhas de lavradores, eram comercializadas e treinadas para se tornarem renomadas e cultas oirans.

E assim, a mãe vendeu Hana-ogi quando ainda tinha apenas sete anos de idade e, passado oito anos, a menina aflorescera, tornando-se cada vez mais bela ao atravessar das estações. Neste ínterim ela atendeu as oirans de Ogi-wa, a casa verde que mais tarde a tornaria a mais famosa de sua classe no Japão. Enquanto ainda usava o obi atado atrás, com as pontas caídas que simbolizavam a sua pureza intacta, as moças mais experientes a instruíam naquilo que eram premissas para o êxito em sua profissão que consistia no domínio das artes da dança, música, poesia, e caligrafia. E muito, além disto, estava também uma educação voltada para a oratória, o juízo ponderado e o bom senso sobre as coisas, que faziam de uma oiran um destaque dentre as demais a medida que o dialogar e maneira de entreter seus clientes a tornavam ainda mais atraente, visto que, os homens mais importantes eram seduzidos por bons tratos e uma conversação sofisticada.

No dia do seu décimo quinto aniversário, Hana-ogi abandonou para sempre seu verdadeiro nome, amarrou o obi na frente e recebeu seu primeiro cliente, um jovem de Odawara, que se apaixonou de tal maneira por Hana-ogi, que costumava perambular pelas proximidades de Ogi-wa, mesmo quando não tinha dinheiro para entrar. E ficou perplexo, ao vislumbrar aquela menina que se tornara mulher em seus braços, Hana-ogi se transformar na mais cotada oiran de Yoshiwara, e naquele tempo elas já eram mais de quatro mil.

Hana–ogi tornou-se famosa por seus poemas, suspiros saídos do âmago de seu coração e delicadas recordações de sua vida no campo, quando o orvalho cobria os arrozais.

Os sacerdotes nos templos falavam aos fiéis o quão exemplar jovem era Hana-ogi, que não pensava em obter a sua liberdade, contudo em enviar todo o ordenado que ganhava para a velha mãe, uma senhora que ainda vivia em local remoto e distante de sua amada filha lamentando todos os dias a amarga decisão de ter ceifado os laços que a união.

Nos dias santos, Hana-ogi costumava ir a um templo budista que era conhecido como o Templo Silencioso, por não ter sino, e, uma noite a esmo, a famosa oiran liderou uma procissão de milhares de moças de Yoshiwara, carregando um sino de bronze para o templo... Este era o seu presente para os sacerdotes, que a percepção de todos da nação, eram ainda mais pobres do que a benfeitora.

Sua fama ascendeu a tal ponto que vinham homens dos mais remotos cantos do país, e até mesmo da China para ver aquela glória do Nihon personificada em forma de mulher. Poetas escreviam canções a seu respeito. Homens próximos ao Xogum iam conversar com ela, e os pintores, os gravadores que viviam junto a Yoshiwara, todos queriam retratá-la.

Durante todo o tempo em que os homens do palácio do Xogum e os pintores celebres passavam com Hana-ogi, o jovem enamorado de Odawara também estava ali bem próximo, longe dos olhos da turba que se aglomerava para estar com a sua amada, ele, contudo, estava a sondá-la. E numa primavera, quando as cerejeiras estavam a ponto de florir, ele a raptou, levando-a para longe das casas verdes.

Ninguém soube onde eles se esconderam. Nem se este amor foi suficiente para gerar filhos. No entanto, os anos discorreram e a casa de Ogi-wa entrou em declínio. Os pintores, os escultores, e os homens importantes já lá não mais freqüentavam. Os sacerdotes dos templos vizinhos já não recebiam presentes de Hana-ogi. Os retratos dela eram vendidos em grande quantidade, pois todo mundo queria uma recordação da mais bela mulher que o Japão produzira.

Então, um dia do qual ninguém se recorda, Hana-ogi retornou.

A famosa oiran tinha em seu semblante uma beleza espectral, pungente, admirável e ainda mais majestosa como no auge de sua convivência entre as demais oirans das Casas Verdes, sobretudo, para alguém que deveria ter pouco mais de quarenta anos, ela era a própria encarnação da beleza de uma manhã de primavera. A sua frente seguiam meninas carregando flores perfumadas em um singelo cortejo, arremessando pétalas ao ar e lançando sussurradas melodias que tocavam a todos por onde percorriam. Um ministro de estado caminhava orgulhoso atrás de Hana-ogi; dois Yorikis seguravam sombrinhas sobre a sua cabeça; ela trajava um deslumbrante quimono azul com ricos mantos cor violeta, e os geta em seus pés tinham mais de vinte e cinco centímetros de altura. Em cinco dias, os maiores artistas do Japão tinham reproduzidos magníficos retratos do seu triunfal regressar, onde ainda se pode ver neles a imponente procissão de uma mulher única regressando ao seu estranho mundo.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Dancem Macacos, Dancem


A sua frente há um espelho, de frente para o mesmo, lhe pergunto ao pé do ouvido, em tom firme e claro: “Quem é você?”. O que Eu e Você esperamos de si mesmo, é de que a resposta seja legítima, inequívoca e soe naturalmente.

Há bilhões de galáxias no universo observável e cada uma delas contém centenas de bilhões de estrelas, em uma dessas galáxias orbitando uma dessas estrelas há um pequeno planeta azul e este planeta é governado por um bando de macacos. Mas esses macacos não pensam em si mesmos como macacos. Eles nem se quer pensam em si mesmos como animais, de fato, eles adoram listar todas as coisas que eles pensam separá-los dos animais: Polegares opositores, autoconsciência, eles usam palavras como Homo Erectus e Australopithecus. Você diz to-ma-te eu digo to-ma-ti. Eles são animais, certo?

Eles são macacos. Macacos com tecnologia de fibra ótica digital de alta velocidade, mas ainda assim macacos. Quero dizer, eles são espertos, você tem que conceder isso. As pirâmides, os arranha-céus, os jatos, a Grande Muralha da China, isso tudo é muito impressionante, para um bando de macacos.

Macacos cujos cérebros evoluíram para um tamanho tão ingovernável que agora é bastante impossível para eles ficarem felizes por muito tempo, na verdade, eles são os únicos animais que pensam que deveriam ser felizes, todos os outros animais podem simplesmente ser.

Mas não é tão simples para os macacos, pois os macacos são amaldiçoados com a consciência e assim os macacos têm medo, os macacos se preocupam, os macacos se preocupam com tudo, mas acima de tudo com o que todos os outros macacos pensam. Porque os macacos querem desesperadamente se encaixar com os outros macacos. O que é bem difícil, porque a maior parte dos macacos se odeia.

Isto é o que realmente os separa dos outros animais. Estes macacos odeiam. Eles odeiam macacos que são diferentes, macacos de lugares diferentes, macacos de cores diferentes.
Sabe, os macacos se sentem sozinhos, todos os 6 bilhões deles.

Alguns dos macacos pagam outros macacos para ouvir seus problemas. Os macacos querem respostas, os macacos sabem que vão morrer, então os macacos fazem deuses e os adoram. Então os macacos começam a discutir quem fez o deus melhor, e os macacos ficam irritados e é quando geralmente os macacos decidem que é uma boa hora de começar a matar uns aos outros. Então os macacos fazem guerra. Os macacos fazem bombas de hidrogênio, os macacos têm o planeta inteiro preparado para explodir, os macacos não sabem o que fazer.

Alguns dos macacos tocam para uma multidão vendida de outros macacos. Os macacos fazem troféus e então eles os dão para si mesmos como se isto significasse algo.

Alguns dos macacos acham que sabem de tudo, alguns dos macacos lêem Nietzsche, os macacos discutem Nietzsche sem dar qualquer consideração ao fato de que Nietzsche era só outro macaco.

Os macacos fazem planos, os macacos se apaixonam, os macacos fazem sexo e então fazem mais macacos. Os macacos fazem música, e então os macacos dançam, dancem macacos, dancem! Os macacos fazem muito barulho, os macacos têm tantos potenciais. Se eles pelo menos se dedicassem. Os macacos raspam o pêlo de seus corpos numa ostensiva negação de sua verdadeira natureza de macaco.

Os macacos constroem gigantes colméias de macacos que eles chamam de "cidades". Os macacos desenham um monte de linhas imaginárias na terra. Os macacos estão ficando sem petróleo, que alimenta sua precária civilização. Os macacos estão poluindo e saqueando seu planeta como se não houvesse amanhã. Os macacos gostam de fingir que está tudo bem.

Alguns dos macacos realmente acreditam que o universo inteiro foi feito para seu benefício, como você pode ver, esses são uns macacos atrapalhados.

Estes macacos são ao mesmo tempo as mais feias e mais belas criaturas do planeta, e os macacos não querem ser macacos, eles querem ser outra coisa, todavia não são.

Autor: Ernest Cline

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cintilar de Devaneios - Viver é mais do que um deleite unilateral


O Destino é segundo o dicionário uma combinação de circunstâncias ou de acontecimentos que influem de um modo inelutável (inevitável), estando assim associado também ao conceito de sorte. Sendo assim, se todos os nossos esforços fluem feito um rio, ou seja, em sentido único (programado), aonde quer se chegar ao proferir algo blasfemo ao próprio sentido da vida como, “eu sou dono do meu próprio destino” ou “a minha sorte que faz sou Eu”?! Talvez, simplesmente para se auto-afirmar como um visionário, um alguém dotado de uma capacidade além das massas, que pode realizar feitos extraordinários, e até mesmo, surpreender as próprias forças do universo?! Mas enfim, mudar o destino é um feito admirável, no entanto não o tornar algo assim tão glorioso, a medida que ponderemos a mudança como algo necessário a condição humana. Pois, assim, muitas das vezes barreiras se opõem ao longo da caminhada, e em virtude das mesmas, necessidades surgem de se decidir entre dois destinos: aceita-las ou transpô-las. Concluo que, se existe uma força por de traz da nossa existência, que tenha todo um mapa de nossas ações, conquistas, acertos e falhas traçados, que Ela seja em si algo menos angustiante, que nos possibilite mais prazer, e tenha na vida algo mais valioso do que velhas cartas marcadas em um jogo onde somente tempo se perde, e na pior das hipóteses, profere deleite de forma unilateral.