Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

quinta-feira, 16 de maio de 2013

RPG: Aventuras em Yrth - Ladrões de Corcéis Encantados - Um urso por vez


Dia 03: 03/10/2110, Sobre a regência de Libra.

A passagem da noite foi tranquila para Adrien e Marduk, que preferiram descansar despreocupadamente. Ao contrário de Worean, que na companhia de um estranho de índole duvidosa, preferiu se manter em prontidão, mesmo que isso lhe custasse o prazer de um merecido descanso.

Embora, um clima de desconfiança pairasse sobre o estranho companheiro de quarto na guilda, o dia amanheceu, e, nada de calamitoso aconteceu. Não tardou para que Luca Benedino surgisse a porta para sutilmente inspecionar o local, solicitando que os mercenários se pusessem de pé, e começassem a se aprontar para a partida.

Os mercenários acharam por bem manter Pericles Fant amordaçado enquanto estivesse próximo a eles. O ladino por sua vez, achou aquilo ultrajante e insensato, pois, ele tinha certeza de que seus companheiros não o conheciam para tomar tal julgamento, conquanto eles houvessem citado no dia anterior e o inquirido quanto ao recente crime ocorrido dias atrás em local distante dali, e, que de fato, esteve envolvido, mas que, naquele momento era sensato negar até onde a sua vida não corresse risco. Enfim, a sua condição de prisioneiro dentro da guilda o deixou bastante incomodado, logo, começou a brandir injurias contra tudo e todos para requerer liberdade, mas o máximo que conseguiu foi ser nocauteado com um murro de seus anfitriões.

Antes da partida da Guilda, Luca Benedino lhes deu orientações para seguirem até o vilarejo de Caballeros de Drawin, que ficava a aproximadamente cinco dias de viagem em direção nordeste da cidade e Arvey, e que no local deveriam procurar por Francis Malgorr, o criador e treinador de Chocobos, pois, era ele o amigo de Lorde Klauss Athoris que requisitava auxílio no sequestro das filhas e dos animais de sua fazenda.

O Grão Mestre cedeu a eles para essa viagem:

  • 4 Cavalos;
  • 1 Jumento;
  • 3 Rações/Diárias por 10 dias de viagem;
  • 2 Rações para Animais/Diárias por 10 dias de viagem;


Benedino acresceu ainda aos mercenários as suas suspeitas quanto a história relatada por Pericles Fant, pois, algo em seu intimo lhe dizia que aquele homem estava a esconder alguma coisa sombria, e, que isso talvez tivesse haver com os eventos aos quais eles estavam prestes a se lançar. No mais, caso fosse apenas um falso presságio, o larápio poderia ser abandonado em qualquer ponto da estrada a qualquer momento da viagem, pois, esse homem a mais na viagem seria significativamente mais um peso a ser carregado, alguém para partilhar as recompensas, a ser protegido em combate pelo seu aspecto doentio, e uma boca a ser saciada, com comida, vinho e fumo,

Os mercenários acharam por bem levar Pericles com eles, amordaçado sobre o lombo de uma das montarias, e sob as suas vistas.

O sol estava auto quando Pericles recobrou a consciência, e, não tardou para que ele retornasse a manifestar em tom elevado a maneira desrespeitosa como estava sendo tratado pelos mercenários.

Ilustração por Nebezial.
Marduk, O Coração de Gelo,
confiou na capacidade de seus companheiros
 para capturar o fugitivo, enquanto,
se pôs a apreciar solitário
o sagrado momento de refeição.
Dentre os três, somente Adrien, o meio elfo, era favorável a liberdade do prisioneiro. Contudo, Worean, era o primeiro a mantê-lo preso e sob guarda até que o mesmo resolvesse falar aquilo do qual suspeitavam. Tal impasse, fez com que o grupo se apressasse em parar para descansar os animais, se alimentar e debater o assunto com mais calma em um almoço. E, assim o fizeram. Entretanto, enquanto conversavam sobre como lidariam com Pericles, o mesmo se aproveitou da distração do trio para se desvencilhar das amarras que o mantinham preso, e, furtivamente, escapar.

O grupo percebeu Pericles em fuga, correndo entre a mata baixa e a saltar alguns obstáculos obscurecidos. Não hesitaram Adrien e Worean, partiram em seu encalço, porém, a cavalo. Marduk preferiu não forçar a sua montaria e nem estragar o momento de sua refeição, portanto, creditou aos companheiros a certeza de que capturariam o fugitivo.

Quando Pericles estava próximo de ser alcançado por seus captores que se aproximavam com velocidade tamanha, o mesmo conseguiu se safar por uma encosta íngreme, deslizando com destreza sobre a parede solida e areenta. Ao se aproximarem do anunciado declive, os cavalos hesitaram, e, nesse momento, Adrien e Worean se lançaram na continuidade da busca a pé, e, se lançaram destemidos no mesmo trajeto do larápio, pois, a frente um pequeno bosque os aguardava para tornar aquela tarefa de captura ainda mais complexa.

Adrien teve a oportunidade de se lançar sobre Pericles enquanto cruzava próximo a ele, contudo, por muito pouco o meio elfo falhou em sua investida, e, ficou a comer poeira. Worean que vinha logo atrás o ultrapassou, mas já era tarde, pois, o ladino havia adentrado o bosque de vegetação não muito fechada, e se escondido.

Worean e Adrien ficaram a perscrutar o bosque em busca do fugitivo, cada qual em um canto, porém, o tempo passou e nem um sinal de Pericles. No entanto, Worean conseguiu achar algo mais que um franzino gatuno fugitivo: um feroz urso pardo! O guerreiro megalano não hesitou em fugir de um combate desnecessário contra aquela fera, logo, buscou nas mediações uma árvore na qual pudesse escalar e aguardar do alto da copa a desistência do animal. Adrien, o caminhante, por sua vez, percebeu o risco em que o companheiro se encontrava, e, se lançou novamente, em uma proeza mortal, agora em auxilio daquele que o menosprezava.

Ilustração por Adam Antaloczy.
Um feroz urso pardo surge
em meio ao bosque durante a busca
pelo fugitivo, Pericles Fant.
Por muito pouco Worean não foi atingido por um ataque lateral da fera, que se erguia a quase dois metros e trinta de altura com uma violência aterradora sobre ele. Enquanto, o guerreiro ganhava fuga de seu atacante, Adrien partia sobre a besta em um ataque total munido de suas duas armas. O Meio Eflo atingiu o urso com dois ótimos golpes, porém, isto não foi suficiente para poupa-lo de uma fúria selvagem, que no momento em que sentiria na pele a peso de garras furiosas, a fera foi surpreendida pela repentina aparição de Pericles. O ladino se lançou sobre a besta em um encontrão, fazendo-a vacilar e ir ao chão.

Adrien não perdeu tempo diante da oportunidade surgida inesperadamente das sombras, e, mais uma vez atacou a criatura com golpes que culminaram na morte do animal.

Ainda que, a sua ajuda não tenha sido devidamente reconhecida pelo Meio Elfo, que seria facilmente dilacerado pela criatura, Pericles concordou retornar junto com os dois mercenários ao acampamento, desde que não fosse tratado como um prisioneiro pelo grupo. Worean e Adrien concordaram com tal pedido, sobretudo, o caminhante.

Ilustração por Iuccy Chiara Piunno.
Adrien, O Caminhante, que se provou um temerário
ao se lançar ferozmente contra uma grande fera
para “salvar” a vida de um companheiro.
No âmago de seu raciocínio, o Caminhante, sabia que se o larápio não intervisse no ataque da besta, provavelmente ele era quem estaria desfalecido ao chão sendo destroçado por uma boca sedenta por sangue, mas ele não estava propenso a engolir o orgulho e admitir isto, principalmente, após ter se elevado diante de Worean, salvando a sua pele.

Antes de partir daquele bosque, Worean e Pericles retiram algumas partes do animal que podem utilizar em uma refeição, assim como uma das patas para provarem a Marduk a aventura da qual abdicou. 

Tempos depois, já em cavalgada rumo a nordeste de Arvey, Marduk acreditou ser sensato revelar a Pericles a empreitada na qual eles e os companheiros de Guilda estavam se lançando, e, que se o Especialista em Fugas estivesse disposto a partilhar de seu conhecimento sobre o assunto, assim como, os seus talentos, as recompensas também poderiam ser compartilhadas com ele. Para aguçar o interesse de Pericles Fant, o bárbaro citou as cifras que os aguardavam no caso de uma missão bem sucedida.

Pericles Fant se surpreendeu com o valor da recompensa, contudo, tentou demonstrar imparcialidade, e, ainda, negociar o valor de sua recompensa. Não obteve êxito nessa última argumentação, assim como também, não conseguiu persuadir Adrien com suas estórias a respeito dos eventos que o colocaram no caminho dos mercenários. Por fim, ele acabou cedendo aos seus impulsos genuínos de obter lucro e vingança. Revelou aos novos companheiros de empreitada os perigos que os aguardavam, e, sobretudo, o nome do inimigo, Qualbaesh StinkDog. Avisou da direção para qual o inimigo seguia (Sahud, por meio dos Reinos Anões) e na companhia de quem: kobolds, gnolls e uma medonha fera munida de poderosas garras capazes de dividir um homem ao meio em um único ataque!

O grupo ficou tentado em subir as montanhas em direção a rota feita por Qualbaesh, ponderando as palavras de Pericles Fant ao longo do resto do dia, porém, concluiu ser mais sensato manter o caminho em direção a Caballeros de Drawin, ao encontro do amigo de Lorde Klaus Athoris.


Dia 04: 04/10/2110, Sobre a regência de Libra.

Em viagem ao longo do dia os mercenários encontram Rafael, o feirante que havia recolhido Pericles Fant e o conduzido até a Guilda de Mercenários de Arvey. Pericles agradece ao comerciante a ajuda prestada. O grupo faz algumas perguntas ao mercador, mas nada de relevante é mencionado, além do local onde o ladino foi encontrado desfalecido inconsciente.

Próximo ao término do dia, o grupo tem o caminho atravessado pela passagem de um bando de hienas trazendo ossadas humanas a boca, vindo de um caminho paralelo ao deles e mais estreito, próximo aos paredões das Montanhas de Bronze. Aquilo soou suspeito ao grupo de mercenários que resolveu averiguar, sobretudo, mediante as informações dispostas até então a respeito de um sangrento combate, que com muita sorte Pericles saiu vivo.


Quanto mais se aproximavam do local, maior era o odor de carniça podre, assim, como a presença de criaturas carniceiras como abutres e algumas poucas hienas remanescentes do bando anterior.


Ilustração por Simon Bisley.
Um grupo de amaldiçoados espectros
oriundos do ataque de dias atrás sobre a colina
surge para terror dos mercenários.
O grupo ao se aproximar do local para averiguá-lo com cuidado percebeu tardiamente que não estava só. Criaturas humanoides translúcidas e de aparência sofrível, das quais os mercenários aparentemente desconheciam a origem, surgiram em meio ao bando de abutres e hienas que estavam a se alimentar sem afugentá-los, e, ainda, transpassando-os sem dificuldade como senão estivessem ali, movendo-se em direção ao grupo, em uma caminhada vagarosa e sobrenatural.

Marduk, por nunca em sua vida ter estado frente a frente com um espectro, foi surpreendido funestamente por aquela visão mórbida e incomum, de tal forma, que o horror provocado pela mesma no âmago do gigante foi capaz de desnortear a mente, atordoando-o ao ponto de lança-lo ao chão desmaiado. Nesse momento, a sua montaria se viu livre e apta a se debandar das proximidades levando consigo seus equipamentos pessoais e a sua arma – o seu poderoso machado de duas mãos -, enquanto que os demais companheiros de grupo, além dos espectros, agora também passavam a tê-lo como um empecilho em qualquer tentativa de fuga rápida.

Adrien tentou deferir um golpe com a sua espada em um dos espectros, contudo, o ataque foi em vão. A arma do meio-elfo transpassou a criatura sem causar aparentemente nenhum tipo de dano a mesma. Embora tenha dividido a criatura em dois na passagem de sua lâmina, logo em seguida, a mesma se recompôs sem dificuldade.

O grupo tentou manter-se próximo enquanto as criaturas avançavam sobre eles.

Um homem que montava um animal que mais se assemelhava a um grande galo de plumagem amarelada, e, que por ventura, percorria em sentido oposto o caminho estreito o qual o grupo perfazia, avistou-os, e, percebendo o perigo que corriam no alto daquela colina ao enfrentar aquelas criaturas, imediatamente gritou para que eles saíssem daquele lugar. O Grupo percebeu a sua presença e o seu apelo.

Worean lembrou-se do frasco entregue em mãos por um dos religiosos que caminhava em procissão no dia anterior. E, antes que as criaturas atacassem o grupo, o guerreiro megalano aspergiu parte do liquido sobre aquela que estava mais a frente, e, dentro de seu alcance, e, ao fazê-lo, imediatamente a malévola assombração dissipou em uma nuvem de fumaça asquerosa. Os demais espectros ao perceberem o ataque com água benta se sentiram compelidos a recuar.

O grupo de mercenários assistiu o bando de espectros retornarem aflitos e revoltos para abaixo da terra, ainda que parcialmente, pois, ficaram a observar os inimigos somente com as cabeças postas para fora. Os homens enviados por Luca Benedino conseguiram ganhar tempo suficiente para tentar raciocinar e colocar em pratica um plano para ajudar o companheiro tombado em combate, Marduk.

Pericles e Adrien amarraram pelos pés o pesado guerreiro nômade junto à montaria do Meio Elfo, uma vez que, a tentativa de coloca-lo sobre o animal somente arruinaria a possibilidade de uma fuga no tempo mais breve possível. Aquela era uma medida arriscada e emergente, portanto, eles tentaram proteger o companheiro com alguns itens que pudessem amortizar os atritos ao longo do percurso.

As criaturas fantasmagóricas retornaram a investir contra o grupo de mercenários, erguendo-se do chão em direção a eles por mais uma vez. 

O grupo partiu em retirada da colina amaldiçoada. No entanto, os constantes solavancos provocados pela irregularidade do terreno e a velocidade com a qual o animal era conduzido pelo Meio Elfo, ainda que com a cabeça parcialmente protegido, fizeram com que o gigante recobrasse a consciência. Assustado com aquilo, sobretudo, ao perceber que as pernas estavam amarradas e que o corpo estava sendo puxado literalmente ladeira abaixo, como em um impulso sobre-humano pela manutenção da vida, Marduk lançou o corpo para frente, e, com os braços agarrou a corda que o prendia. O próximo ato do austero combatente foi ainda mais violento: ele tentou frear o animal o puxando para trás, e, conseguiu! Contudo, isso resultou em um incidente ainda maior, pois, Adrien foi arremessado para frente com o movimento abrupto, e, o cavalo para trás caindo parcialmente sobre o nômade. Tal pancada por mais uma vez deixou o guerreiro desacordado, e, agora no limite de sua existência em Midgard.

Rapidamente Worean e Pericles foram acudir o companheiro Marduk. Adrien, apesar do tombo, não se feriu tanto, ao contrário de sua montaria, que ficou muito machucada. E, por mais uma vez, eles ergueram o corpo do gigante e o colocaram sobre o lombo do único animal suficientemente capaz de sustenta-lo, porém, sem forçar o seu trote. Eles seguem em direção a estrada de encontro ao homem que os alertou quanto ao perigo que corriam no alto da colina.


Ilustração por Leopard.
Francis Malgorr, o homem que oportunamente
auxiliou o seu grupo de mercenários contratados
em um momento funesto sem conhecê-los.
A montaria incomum e o semblante do velho reconhecido por Pericles, e, logo, alertado disfarçadamente aos companheiros, fizeram com que os mercenários se apresentassem como enviados por Lord Klaus Athoris em seu auxílio, sem mais delongas. Francis Malgorr, com a face ainda um pouco machucada pela surra que levará de Qualbaeshi dias atrás, não duvidou das palavras daqueles que ajudou momentos atrás. Para tanto, solicitou que eles os acompanhassem em retorno ao caminho que fazia antes do oportuno encontro, até um local onde poderiam passar a noite em segurança.

Os mercenários na companhia de Malgorr chegaram a uma pequena colina não muito distante da estrada, onde antes de montarem suas barracas, o velho ranger julgou necessário fazer um círculo de proteção para proteger a área em que repousariam ao longo da noite, sobretudo, para manter distantes os mortos-vivos que costumavam perambular pela região a procura de desatentas vitimas.

Aprontado o acampamento, Malgorr percebe que um dos mercenários está desacordado e muito ferido, para isso solicita a Millo, o Chocobo, que o cure. E, pela primeira vez, os mercenários presenciam o lendário animal executar uma cura.


Ilustração por Square.
Millo, O Chocobo Amarelo de Malgorr,
que por meio de sua habilidade inata de cura
consegue socorrer os mercenários
de seus ferimentos mortais.
As plumas que encobrem o corpo de Milo brilham em um tom dourado, e, em um movimento de bater de asas abruptas, algumas de suas penas brilhosas se desprendem caindo sobre o corpo do guerreiro que se encontra próximo a ele, para logo em seguida, estourar sutilmente como se fossem pequenas bolhas de espuma. Após o efeito mágico, não tardou para que o gigante recobrasse a consciência, ainda sentindo um pouco de dor atrás de sua cabeça e outras partes, sobretudo, onde o cavalo o atingiu.

Os companheiros de Marduk o colocaram a par dos fatos, porém, isto soou em seu íntimo como algo extremamente desgostoso, principalmente, para um homem nascido em um leito de guerra, sangue, pilhagem e nervos a flor da pele. Tal sentimento de angustia somado às lembranças funestas com as criaturas amaldiçoadas fez com que o nômade tivesse uma péssima noite de descanso.

Malgorr antes de se deitar falou aos mercenários o que havia lhe sucedido dias passados em sua fazenda, como foi enganado e roubado por Qualbaeshi. E, principalmente, que era de seu interesse maior resgatar as suas filhas com vida, pois, eram para ele o seu bem mais precioso.

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