Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

domingo, 5 de maio de 2013

RPG: Aventuras em Yrth - Ladrões de Corcéis Encantados - Worean, O Vingativo - Parte 1


Worean, Um mercenário sedento por vingança.
Raça: Humano.
Natural do Reino de Mégalos (Continente de Ytarria).
Nascido sobre o signo de Gêmeos
Ofício: Guerreiro/Mercenário


Prólogo de um Herói

Ilustração por Miles Johnston.
Jacob Hosborn, pai de Worean, e,
 responsável pela criação da lendária
 “Jacobeer” de Myrgan.
Jacob Hosborn era casado com Tesla Mancinno, e com ela tinha três filhos Marius II, Aíra e Worean, e ambos viviam felizes em uma próspera propriedade situada ao norte da cidade de Myrgan. Em suas terras plantavam jabuticaba, amora e uvas de três espécies distintas, e, ali mesmo, produziam uma série de produtos derivados dessas frutas, dentre estes uma excelente bebida de teor alcoólico chamada: Jacobeer, algo que de longe se assemelhava a vinho, hidromel e também a cerveja por ser demasiadamente concentrada.

Reza a lenda a despeito do nascimento da Jacobeer, que o pai de Jacob, Marius Hosborn, um ex-marinheiro e combatente da cidade de Azer que encontrou conforto servindo a família Mancinno em Myrgan, um dia teve a brilhante ideia de produzir uma bebida para festejar as bodas de casamento de seu lorde. Durante meses, ele trabalhou exaustivamente na concretização dessa tarefa, até que em uma bela tarde quando retornava de um passeio com a sua esposa - faltando pouquíssimas semanas para a realização da festividade -, ele foi verificar o seu laboratório e seu experimento, contudo, ao chegar percebeu que a fornalha estava acesa, com o fogo alto, e o caldeirão onde era feito o cozimento dos ingredientes estava destapado, e, próximo ali, em risco súbito, estava o pequeno Jacob a brincar de cozinheiro arremessando coisas no interior do vasilhame efervescente. Antes que algo acontecesse de pior, Marius resgatou a criança, para logo em seguida lamentar a possível perda de toda uma estação. No entanto, a tal perda, nunca houve, pois, dias mais tarde, arrasado ele pensou em produzir um licor para não faltar com a palavra, no entanto, ao abrir o caldeirão que se manteve fechado ao longo de duas semanas no intuito de despejar o liquido fora, o velho lobo-do-mar teve uma maravilhosa e alcoólica surpresa. O pequeno Jacob teve que retornar a arremessar coisas no caldeirão do pai, mesmo após ter sido castigado, somente para explicar aos sete anos de idade como ele havia produzido aquilo, algo que o pai fazia questão de dizer: traquinagem de Jacob, uma Jacobeer, sem dúvida. A bebida produzida por Hosborn agradou a tanto, que Lorde Mancinno se viu obrigado a presenteá-lo com parte de suas terras, somente, para ter a certeza de que teria sempre o amigo próximo a ele, assim como o seu inebriante produto.

Ilustração por Raffaele Marinett
Tesla Mancinno, mãe de Worean, e,
principal razão para que Jacob

não fizesse sua família refém
 de uma fortuna desnecessária e subjetiva.
A fazenda possuía em média cerca de cinco trabalhadores efetivos, contudo, em período de colheita a quantidade poderia chegar a quarenta, homens e mulheres oriundos de várias regiões de Myrgan, e às vezes de outras localidades vizinhas, pois, Jacob costumava recompensar seus trabalhadores em uma quantidade de moedas, compotas e também em um pequeno barril de carvalho da Jacobeer, que facilmente virava dinheiro nas ruas de qualquer grande cidade, pois, quem tinha apreço por aquele tipo de bebida, logo, tornava-se apreciador assíduo.

O principal financiador e promotor da Jacobeer no condado de Myrgan e demais regiões era Otto Mancinno, cunhado de Jacob. Por ele, o cunhado se dedicaria totalmente a produzir a bebida, cuja receita fora herdada do pai, e, era um segredo de família. Porém, Hosborn preocupava-se primeiramente com a felicidade de sua família e de estar próximo a ela, ao contrário do pai, que ao término da vida se fez uma pessoa decepcionante e distante da figura emblemática do passado.

O velho Hosborn, ao perder a esposa – Aírana -, se isolou totalmente da família, passou anos viajando sem rumo e se embebedando em pocilgas, até que um dia foi resgatado por servos de Mancinno e trago muito doente para cuidado da família em sua velha e próspera propriedade. Surpreendeu-se que seu filho houvesse levado a fundo o romance com Tesla. De fato, uma das grandes amarguras do velho lobo-do-mar, foi ter conhecido o segredo sórdido a despeito de seu único filho, pois, o mesmo fora concebido de um caso de infidelidade de sua esposa com o seu lorde, e, sabia que a neta Aíra trazia imperfeições oriundas dessa profana relação entre irmãos, mas, isto foi algo que ele jamais confessou. Marius chegou calado a sua antiga casa, e, assim se manteve até o término dos dias, alimentando-se muito pouco, solitário e amargurado. Costumava chorar quando tinha os netos a sua volta, na época, somente Marius II e Aíra. Worean nasceu meses depois da morte do avô.

O nome que o Jacob deu ao último filho foi em homenagem a um herói de infância que nunca conheceu formalmente, mas que seu pai relatava com entusiasmo e uma riqueza de detalhes incomuns: Capitão Worean de Azer, Senhor do Galeão Atroz e Filho dos Oito Ventos Soprantes. Porém, esse foi outro segredo que somente anos depois, Jacob viria saber: que o herói dos contos narrados pelo seu velho pai era o próprio, e, que a dificuldade que a mãe tinha em conversar com ele na língua nativa do reino, era pela sua estranha natureza de sereia, ainda que abastardada de sua raça.


Retaliações de um prólogo de guerra.

Ilustração por Nebezial
Visconde Rufos Hostilius de Myrgan,
pactuou um tratado de paz com Sahud
tornando a população súdita de dois reis.
Otto Mancinno uniu forças a Walsham, o grão mestre da Guilda Mercantil de Myrgan, e, principal opositor ao poder de Visconde Rufos Hostilius.

Walsham acreditava que a submissão ao Rei Celestial de Sahud por parte do Visconde de Myrgan, derivada anos atrás de um tratado de paz descabido foi a derrocada para a população como um todo, pois, de lá para cá os impostos somente aumentaram extraordinariamente. A insurreição mercantil não queria seguir pagando impostos a duas coroas distintas e a um lorde medíocre, eles estavam dispostos a conseguir ajuda do império para deportarem do poder o visconde e os seus asseclas sobre a alegação de que havia um servo servindo a dois senhores.

Era esse o maior temor de Rufos Hostilius, o Visconde de Myrgan: que a verdade a despeito do tratado de paz que o colocou de joelhos perante o Soberano de Sahud por uma imprudência de seu filho viesse a tona e pusesse fim ao seu legado. Para tanto, o visconde solicitou auxílio imediato de seus asseclas e até mesmo de seus contatos em Sahud.

De Sahud veio uma comitiva de ninjas do Clã Doku Kajitsu – contratados e enviados por Meing Odashun -, com o objetivo de prestar total apoio a corte de Hostilius. Esses assassinos no período de uma semana promoveram entre os membros da insurreição uma carnificina, contudo, não era de interesse do Visconde matar a todos, mas, somente aqueles que ele pudesse fazer de exemplo para os demais, portanto, poupou alguns nobres afetos da causa de seu inimigo. Não foi o caso da Família Mancinno.


Sangue inocente em meio a videira.

Ilustração por Gerrard Capashen.
Worean de Azer, O Senhor do Galeão Atroz
 e Filho dos Oito Ventos Soprantes
Certa noite, Worean sonhou com o avô que nunca havia visto, mas que o reconheceu pelos traços inconfundíveis descritos pelo pai em inúmeras histórias contadas ao pé da cama. No sonho os dois navegavam um mar revolto de sangue sobre o Galeão Atroz, um imponente navio tripulado por destemidos homens cuja pele deles reluzia feito chumbo, embora o pequenino sentisse medo, a presença do heroico avô o confortava e lhe imbuia de um espírito aguerrido da magnitude daquela experiência. O avô colocou o neto sobre o ombro enquanto mantinha o leme firme a romper uma imensa onda.

“Worean, não temas! Todo o sangue que será derramado esta em meio a esse mar que atravessamos, e, ele pode até nos assustar, fazer com que vertamos lágrimas de dor, mas nunca será suficiente para nos arrebatar de nosso propósito maior. Esse é o nosso caminho, filho: um mar de sangue se preciso for”.

O garoto acordou e percebeu que algo de estranho acontecia em sua casa, avançou em direção a saída de seu quarto, mas antes que tocasse a porta, se voltou para traz assustado, e teve a impressão de que alguém conhecido havia acabado de saltar a sua janela que estava entre aberta, e corrido em direção as parreiras de uva. Pensou que pudesse ter sido o seu irmão Marius, e, com medo ele resolveu fazer o mesmo. Ele não gritou, somente correu o mais rápido que pode em direção a plantação, e, por lá ficou durante algum tempo tentando localizar o irmão e outros. Ele cessou a busca quando avistou um grupo de estranhos a percorrerem a sua casa. Homens que usavam máscaras diabólicas, trajavam roupas negras como a noite, que se movimentavam de maneira quase inaudível e empunhavam espadas banhadas em sangue. Aquilo paralisou Worean.

Worean assistiu calado e trêmulo: aqueles invasores atearem chamas sobre a sua casa. Em meio as labaredas de fogo ainda podia ser ouvido o grito de dor de alguém que ainda estivesse vivo, mas que naqueles momento estava a ser consumido fatalmente pelas chamas. Os assassinos somente partiram do local quando já não havia mais gritos, e o fogo já se encontrava alto o suficiente para denunciar a presença deles ali. Nesse momento, o garoto recolheu baldes de água, os encheu e partiu para tentar aplacar as chamas, porém, esse era um trabalho de formiguinha para alguém com apenas sete anos de idade, e que a exaustão o fez tombar antes do raiar do dia.

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