Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Um breve dialogo.

O Reencontro do Mercenário Combatente e a Ladina Acrobata

Quando a vida errante de um combatente como Worean Hosborn lhe propõe um reencontro inusitado com alguém especial do passado, o Tempo é capaz de prover aos dois uma trégua na velocidade do constante movimento de suas poderosas areias, e, assim, transcorrer de maneira mais lenta, somente para que ambos gozem da plenitude daquele momento. Por mais uma vez, o caminho do mercenário cruzou o da artista circense, Sara Cepris, a única mulher que um dia propiciou a ele dias aquecidos por um sentimento mutuo de satisfação, cumplicidade e fidelidade, cujo fim se deu de maneira abrupta envenenada pelo sentimento algoz de vingança germinada no coração de um deles.


Este não seria para Worean mais um dia habitual dentro dos muros de Arvey, pois, logo no inicio da manhã ele avistou a chegada de uma grande caravana circense, uma a qual logo reconheceu pela visão de alguns velhos animais, pinturas desgastadas nas laterais dos carroções e homens cansados... Aquela era uma caravana formada por artistas errantes, atípicos e vinculados ao passado do mercenário, o Circo Saramango, O fato é que, depois de dias trabalhados dentro dos muros da cidade sem nenhuma ocorrência e que se dignificasse destacar, eis que o destino trouxe ao soldado algo para lhe aguçar a memória com algum tipo de expectativa desconhecida, mas que caso houvesse, seria esta muito bem quista. Enfim, por horas perscrutando discretamente as proximidades do local onde a caravana havia acampado, e, onde as tendas estavam sendo erguidas, conseguiu ele avistar dentre um mutirão de cabeças, uma em especifica, a de sua primeira grande paixão.

Ilustração por Eric Dowdle..
Circo Saramango, um local cujo durante algum tempo Worean viveu e conheceu a beleza e as mazelas da vida de um artista circense que segue de maneira errante pelo reino. Um lugar onde muitas das vezes, alguns de seus profissionais são obrigados a fazer uso de seus talentos de forma delituosa para sobreviverem com alguma máscara de dignidade.
 

A visão de Sara Cepris, tão próxima e saudável, trouxe a Worean um sentimento irresistivelmente benigno. Algo que fez com que ele começasse a planejar um meio para encontra-la de forma que este evento transparecesse ser no mínimo uma casualidade... E foi assim, que no dia seguinte, após o término da primeira apresentação do circo na cidade - em que ele este presente para prestigiar a todos -, que o mercenário encontrou Sara executando um pequeno serviço próximo a uma das grades limitadoras de forma solicitaria, como se estivesse a procura de alguma fenda que pudesse de alguma forma passar alguém ou algum dos animais.

Ilustração por Jesper Ejsing.
Worean Hosborn, um homem que ainda
hoje é atormentado pelo espírito da vingança,
um mal que lhe afastou de pessoas que sempre
lhe quiseram bem.
- O que você faz aqui? - Indagou Worean saindo em meio às sombras de uma carroça que se encontrava bem próximo de onde ela passava.

Sara prontamente sacou um punhal preso a sua bainha que sempre carregava consigo, deu dois passos para trás, e olhou de cima embaixo quem lhe perguntava. No entanto, a voz lhe era familiar!

- Quanto tempo não é mesmo. – Completamente descoberto pelas sombras que o ocultava, Worean fitou Sara, e gesticulou ser desnecessária a arma.

- Porque não me procurou antes? Por onde você andava? – Ela sorriu desconcertada para o velho conhecido, enquanto guardava o punhal.

- É absolutamente incrível como a vida nos surpreende. – Worean retribui o sorriso seguindo em direção a ela. - Há alguns meses estava viajando em busca de fantasmas do passado, havia abandonado a minha vida para viver uma vingança. Fui trazido de volta a Arvey por causa da morte da única pessoa que realmente se preocupava comigo. – Ele percebeu que ela havia consentido com a cabeça, provavelmente, lembrando-se das varias conversas que os dois já tiveram sobre o apreço que ele tinha por seu padrinho, e continuou - Rowsever me retirou das ruínas de minha casa quando foi destruída e minha família assassinada. Ele me deu um teto. Ele me ensinou tudo que eu sei. Ele me deu a oportunidade de servir ao império. E eu cresci pensando em vingar minha família sem pensar que tinha ganhado uma nova família. – O mercenário olhou para aquela mulher como se o tempo e a distancia nunca havia lhes passado e cessou as suas palavras carregadas de sentimento.

Sara manteve o seu olhar fixo em Worean, enquanto o mesmo lhe compartilhava palavras sinceras e que já havia experimentado das mesmas, anos atrás. Ela averiguou a quantidade de tempo que havia se passado desde a separação dos dois na cidade de Azer, e, isso lhe soou um tanto curioso, pois, é como senão houvesse havido tal distanciamento.

- Fiquei sabendo que tinha retornado a cidade! – Assim, ela destacou ao pegar no braço dele e o olhar face a face.

- Voltei a esta cidade e entrei para a guilda. Na verdade, a princípio sem nenhum propósito maior, a única coisa que me interessei foi ter um teto e o dinheiro que este lugar poderia proporcionar. – Worean falou a ela pausadamente, tentando lhe justificar algumas de suas escolhas - No fundo, eu sei que essa também era a vontade de Rowsever, pois, por ele, eu teria entrado na guilda há anos, mas preferi seguir o circo. Hoje vejo a guilda com outros olhos, vejo que tenho muito que aprender lá, meus dias andam meio cheios, tenho buscado aprimorar minhas técnicas, treinando com o Sebastian Cellus e com o Luca Benedino, os dois me fazem lembrar meu velho amigo Bruker. - Ele olhou rapidamente para o lado correndo uma das mãos na barba, e, completou. - Alias a guilda esta me fazendo lembrar como é bom ter um lar, e me faz pensar que se eu não tivesse tanta sede por vingança, talvez eu tivesse impedido a morte de meu padrinho. – Worean voltou a olhar nos olhos de Sara, enquanto tentava se desvencilhar da mão alheia que o agarrava pelo braço.

- Você não deve se culpar por isso. – Sara manteve a sua mão agarrada ao braço de Worean, enquanto lhe dizia com propriedade e sem nenhum remorsos em relação ao termino do relacionamento dos dois - Você foi atrás de seu destino.

Worean sorriu de forma afável seguido de uma breve risada.

- A culpa é minha maior companhia. Só entendi e passei a valorizar a chance que a vida me deu depois que perdi tudo. A proximidade da morte e tudo que pude viver esta me fazendo reavaliar minha vida. – Ele respondeu de forma enfática, agora a segurando pela mão. 

Sara também sorriu singelamente apalpando com zelo a mão de Worean sem perder o foco de seu olhar. 

- Estou ocupando o meu tempo trabalhando e treinando na guilda para afastar as memórias do passado, e evitar que isso me faça novamente sair pelo reino em busca de vingança, enquanto ocupado não penso em outras coisas. – Ele complementou com a sua necessidade de lhe permitir uma nova oportunidade. - Acordo todos os dias cedo. Vou para o lago nadar, quando volto, sigo direto para forja trabalhar com o Woody, saio da forja direto para enfermaria para ajudar Arena, e depois me dedico aos treinos, e vai ser assim até que me mandem em outra missão.

Observando a confiança com que ele falava sobre as medidas que adotou para se amenizar o conturbado e desgastante sentimento de vingança, Sara, consentiu com uma sorriso mais largo seguido de uma sutil gargalhada.

- Então, você só tem trabalhado? – Ela concluiu, olhando diretamente em seus olhos gesticulando que esse era o caminho certo.

- Não tenho muitas folgas, mas, quando posso, vou para taverna beber um pouco ou para praça ouvir a cantoria dos bardos. A música me diverte, alias é uma das poucas coisas que me distrai. – Ele apresentava um semblante mais aliviad0 com o decorrer dessa conversa - No final de tarde, vou até a igreja, não sei fazer grandes orações como o Cardial Herbert, porém, às vezes acho que as imagens do altar conseguem me entender. Acendo uma vela, faço as reverencias que aprendi com Rosewer. Uma vez ou outra, arrisco fazer algumas acrobacias com alguns acrobatas na praça para recordar os momentos mais felizes de minha juventude no Saramango... – Nesse momento os dois se entreolharam, e ela seguia atenta a cada movimento de seus lábios - Para recordar os momentos que passamos juntos.

Os sorrisos trocados se desfizeram de forma harmônica e leve, ganhando um tom de seriedade, como um dia assim foi, embebido de um mutuo sentimento de efetuo.

- Foi através de alguns destes artistas que descobri onde poderia te achar hoje, e confesso que estar aqui, a sua frente Sara, amedronta-me, mais que qualquer perigo que já enfrentei. - Worean a fitava como se a permitisse mergulhar em sua alma - Dentre todos os meus arrependimentos, ter se afastado de você talvez tenha sido o meu maior. – Os dois firmaram aquele aperto de mão seguido do entrelaçar dos braços, ainda que timidamente - Sei que se desculpar de nada vai adiantar. Sei que não posso mudar o passado, mas pretendo mudar meu futuro.

Naquele momento, a bela Sara estava com o seu semblante repleto de um ar nostálgico.

- Bom, acho que já falei demais. Agora gostaria de ouvir de você mais do que perguntas. – Ele, parcialmente aliviado, tentou descontrair o clima de tensão estreitado pelo sentimento que havia percebido ainda existir por sua antiga paixão.

Ilustração por Looks-can-kill.
Sara Cepris, uma artista circense que um dia 
cruzou o caminho de Worean, e, cujo laço 
de amizade se transformou em um sentimento 
profundo. Contudo, nem mesmo a força 
desta paixão foi suficiente para confrontar 
o desejo de vingança do combatente por matar 
a todos os envolvidos na morte de sua família
Embora, Sara durante muitos anos após a partida de Worean tenha tido dificuldades em lidar com a forma repentina em que ambos se separaram, e, quanto a isso, por muitas vezes ela se a pegou absorvida em um pensamento de reencontro que oscilava entre um conflito carregado de ofensas pela sua decepção de entrega, assim também, havia em contrapartida, um sentimento de gratidão e perdão em relação a sua passagem na vida dela. Sendo que este último se tornou a pouco mais de dois anos aquilo no que ela de fato gostaria de levar consigo, até mesmo como uma âncora de força de vontade, a fim de amenizar todas as suas dificuldades, dentre elas a morte de seu irmão, Kevin, que fora preso e executado pela coroa na cidade de Dekamera.

Os olhos denunciavam um sentimento que parecia haver sido abrandado pelo tempo entre o combatente Hosborn e a artista Cepris, contudo, o presente categoricamente revelou algo digno de ser revivido, ainda que fosse por mais uma vez passageiro.

As palavras que Worean quis ouvir de Sara não foram ditas naquela noite, elas eram de longe o mais importante a ser feito, e ficaram guardadas para outra ocasião, pois, para ela já não cabiam mais nenhuma. Logo, ela preferiu se firmar no único meio que percebia para calar tudo aquilo que agora perturbava o seu ser, e, isso somente foi possível, quando os dois se abraçaram seguidos de lânguidos beijos.

Outras oportunidades de encontro entre os dois amantes lhes foram possíveis enquanto a família Saramango estivesse em estadia no Baronato de Arvey, todavia a certeza da retomada de um laço amoroso tão forte como o de outrora se encontra encoberto sobre nuvens de dúvidas, uma vez que, cada qual, escolheu um caminho distinto a seguir. E, assim como, Worean Hosborn escolheu a vida de combatente mercenário como um caminho apontado por seu mestre Rowsever, a própria Sara Cepris tem no patriarca Saramango, uma divida de gratidão sem precedentes, um amor incondicional pelo circo e a sua trupe de artistas errantes, ambos oa motivos que a fazem uma possível candidata a se tornar a próxima grande líder do Circo Saramango.

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