Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

RPG: Aventuras em Yrth - Bodas de Arcádia - As Fadas Perdidas

O Cataclisma e o difícil retorno para Arcádia.

Houve um tempo em que as fadas caminhavam livremente por quase todas as partes do continente de Ytarria, contudo, esses dias se findaram com o advento do Cataclisma, e esse percurso ficou restrito aos domínios do reino de Arcádia – o lar da Grande Mãe e onde todos os sonhos são possíveis -, e alguns outros raríssimos lugares onde a mana é encontrada em altíssima quantidade.

Esses seres fantásticos e de poder que margeia o ilimitado, possuem em sua essência uma necessidade fisiológica por locais onde há uma grande concentração de mana. Não havendo tal condição, as fadas de forma involuntária e perigosa drenam a energia vital de tudo que possui vida, e que por ventura, estejam próximos a elas. Esse dreno de vida acontece para garantir-lhes a sobrevivência. Uma vez não havendo mana ou energia vital para ser drenada de qualquer fonte, a morte ou a destruição é algo inevitável para estes seres.

O Cataclisma provocado pelos Elfos Negros foi o maior genocídio de fadas na história do continente, além de tantos outros seres vivos, fossem estes mágicos ou não, pois, com ele foi destruída uma considerável parte da Grande Floresta, e também, parte do reino de Arcádia.

Em Arcádia os dias que sucederam a esse trágico evento foram marcados pelo temível luto da Grande Mãe. A rainha ficou desolada, em prantos, e a murmurar os pensamentos de todos aqueles seus filhos que foram abruptamente destituídos a vida. Foram tempos de extrema aflição e desordem entre o povo fada.

Um grupo de fadas que não conseguiu suportar o estado lastimável da Grande Mãe, e também a perda de seus entes mais queridos marcharam enlouquecidos rumo ao Grande Deserto, ou seja, em direção a morte certa, sabendo que a mana havia sido extirpada daquela região. Os rumores de alerta aos jovens semeados pelos mais antigos sobre perigosos espíritos de lamentação e loucura que assombram esta região do continente se devem, principalmente, a esses últimos que caminharam cheios de atormentados sentimentos rumo ao premeditado fim e na esperança de nada ou na busca por cura de algo que era incurável.

Ilustração 01: Faun, A líder das Fada Vingativa.

Uma fada anciã, chamada Faun, liderou uma campanha para expulsar todos aqueles que não fossem legitimamente fadas do reino de Arcádia, sobretudo, os elfos. Essa fada, logo, conseguiu a inimizade de muitas outras, pois, compreendiam as demais que não era desejo da Grande Mãe tomar uma medida tão drástica, não naquele momento em que se fazia necessário se resignar de tudo aquilo que fosse impulsivo, e, que uma atitude como aquela somente alargaria o sentimento de dor.

Faun estava decidida a se vingar, e houve muitas outras que se juntaram a sua causa. Queriam elas a qualquer preço o sangue dos culpados e de todos os seus descendentes. Tal como os assassinos haviam tirado a vida de inocentes com tamanha força destrutiva, assim elas também queriam fazer com crueldade jamais vista, e que servisse de aviso para todas as posteriores gerações.

Faun e suas adeptas esbarraram em um empecilho de natureza fisiológica: como fadas elas não poderiam averiguar os quatro cantos do continente, uma vez, que seus corpos requeriam muita energia, e para isso tiveram de estabelecer contatos e alianças com demônios inferiores em troca de corpos que fossem capazes de suportar a carência de mana.

O que as Fadas Vingativas não contavam é que seus “benfeitores” eram extremamente mentirosos, ardilosos, vis, gananciosos e egoístas, e, que, sobretudo, uma vez beneficiados com a drenagem do poder delas, eles ansiavam por muito mais, e tamanha era essa sede, que no rito de transmutação muitas das partidárias de Faun vieram a padecer. Contudo, a própria líder compreendeu aquela fatalidade como sacrifícios necessários, estando ela mesma cega pelo sentimento de vingança que a consumia, e capaz de ludibriar a todas as demais em pró de sua causa.

Quando as demais fadas de Arcádia perceberam o que havia acontecido a Faun e suas aliadas, elas não viram outra medida senão bani-las do reino, uma vez que elas colocaram em risco a vida de todas as demais, inclusive a da Grande Mãe por essa atitude insensata e desonrosa.

O grupo de Faun deixou o reino da Grande Mãe na esperança de algum dia retornar, sobretudo, com todas as honras e graças por trazer a cabeça daqueles que foram responsáveis pela desgraça que se instalou no amago de Arcádia. Elas estavam iludidas por este desejo irracional de vingança, e tamanha era a loucura que não perceberam o quanto haviam feito mal a si mesmas, pois, o processo de transmutação lhes custou à beleza e o poder de outrora por algo bem mais banal e indigno.

Esse grupo tentou caçar os elfos, mas se desesperou ao tomar conhecimento do quão seus antigos aliados haviam aprendido convivendo com elas em Arcádia, mas, o mais importante, o quanto elas haviam se tornado fracas, limitadas e condenadas a corpos fragilíssimos. Os Elfos eram maioria, mais fortes quando unidos, e desconheciam esses novos seres surgidos de alianças infaustas, logo, as fadas vingativas foram rechaçadas em combate, e as sobreviventes, obrigadas a fugirem e a se esconderem.

Essas fadas vingativas e humilhadas sofreram amargamente pela decisão que tomaram, pois, tiveram que se habituar a um mundo desconhecido, a um corpo frágil e limitado, mas, ainda pior, por estarem sendo caçadas por demônios que queriam sugar o pouco de suas vidas que ainda lhes restavam. Sendo assim, as fadas que não sucumbiram à loucura, isolando-se ou cometendo suicídio, com a chegada dos seres humanos, se disfarçaram destes e tentaram buscar lugar junto à nova sociedade que se formava.

A vida dessas fadas ao lado dos seres humanos foi algo como uma penitência. Houve alegria, mas nada equiparado ao fascinante passado destas. Pois, apesar de sentir a morte por diversas vezes a cada novo ciclo da vida que se propunham a gerar, e com ele um renascimento, cada ciclo se caracteriza pelo distanciamento do pensamento junto a Grande Mãe e das lembranças de Arcádia. Contudo, embora isso possa parecer algo muito ruim para uma fada – o esquecimento de sua natureza -, isso tornou a vida delas menos dolorosa, e também dificultou a localização delas por parte de seus predadores.

O fato é que um grupo de demônios aliado a poderosos magos conseguiram criar um ritual capaz de trazer a tona o espirito adormecido de uma fada, e que o mais importante, é que encontrar uma fada perdida há tanto tempo pode possibilitar uma força igual ou superior aquela de eras passadas, uma vez que a alma dessas desgarradas, com o passar dos anos, foi purificada de toda a mácula, e assim novamente, inundada da essência pura de tempos remotos como uma espécie de perdão da Grande Mãe para com seus filhos.

Os Zangões de Eldemer

Os Elfos em sua grande maioria que habitam a região da Grande Floresta, e também oriundos de outras localidades, exceto os Elfos Negros, reconheceram a sua parcela de culpa sobre o Cataclisma, isto é, sobre os danos provocados por ele ao povo de Arcádia e aos demais seres viventes deste continente. Portanto, para amenizar a sua divida para com o povo fada, os Elfos constituíram um grupo de exímios combatentes e artífices que denominaram Zangões de Eldemer para auxiliar no resgate e na proteção de todas as Fadas Perdidas, antes que estas possam ter suas vidas roubadas para os fins inescrupulosos de demônios, magos e quaisquer outras criaturas capazes de tal perversidade.

Estes leais servos da Grande Corte de Arcádia são proibidos pela Grande Mãe, e também pelo voto do Rei Eldemer para com esta última, de induzirem as Fadas Perdidas a escolherem o caminho a trilhar, embora isso muitas das vezes torne as coisas bem mais complicadas (senão, difíceis), e esses passem a agir tais como anjos da guarda para com essas crianças perdidas, onde em alguns casos, as mesmas nunca percebam a presença deles.

O Ciclo de Vida de uma Fada Perdida.

O período de vida de uma Fada Perdida é traçado por um fim seguido de um recomeço, ou seja, geralmente, trata-se de uma gestante que no ato da concepção da vida de uma criança vem a falecer. Assim como também, um homem que após engravidar uma mulher vem a finar-se ou a desaparecer por motivos desconhecidos.

No início as Fadas Perdidas foram extremamente relutantes quanto a esse ciclo, pois assimilavam o esquecimento como algo maldito, mas foi algo que compreenderam tardiamente como necessário a ser vivenciado para a própria sobrevivência, uma vez que as suas vidas estavam em jogo, a mercê de predadores bem mais fortes e hábeis em uma realidade nova e desconhecida pelas mesmas; e também, por elas ansiarem algum dia retornar para o reino de Arcádia, para junto da Grande Mãe.

O Retorno para Arcádia.

Ilustração 02: Lithânia, A Grande Mãe ou A Senhora de todas as Fadas.

Uma Fada Perdida somente pode retornar a Arcádia quando a sua consciência é totalmente desperta e desprendida das coisas mundanas, e isso é algo que só tende a acontecer quando a mesma é submetida a um evento de extrema felicidade, um estado capaz de conduzi-la a sonhos plenos, aos planos oníricos da Grande Mãe, a única que por meio da indução de sugestões pode lembrar a seus filhos perdidos o caminho de volta para casa. E embora, a rainha deseje profundamente que suas crianças retornem, ela não pode jamais impor a sua vontade, pois, uma fada perdida é um ser que desenvolveu um templo capaz de abrigar duas almas, portando, a sobreposição da vontade de uma, insinua automaticamente no desaparecimento de outra, e isso é um trucidamento, algo totalmente oposto aos votos pacifistas da Senhora de todas as Fadas.

Existem alguns rumores que citam sobre Fadas Perdidas que em sonhos reencontraram o caminho para o reino esquecido, como no caso de alguns bebês que nasceram mortos em partos onde a mãe também padecerá para se perfazer o ciclo do renascimento; pequeninos e adultos que após vivenciarem um momento de derradeira felicidade, simplesmente ao se aleitarem nunca mais se levantaram, ficando seus corpos intactos em eterno repouso, tal como em um estado de coma, contudo, com um semblante de passiva felicidade.

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