Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

domingo, 18 de dezembro de 2011

RPG: Aventuras em Yrth - Bodas de Arcádia - Vallon, O Argoziniano

Jogador Anderson Coutinho de Sá
Natural do Reino de Argos (Continente Hiboriano).
Nascido sobre o signo de Aries.
Ofício: Guerreiro



Ilustração 01: Vallon, O Argoziniano.

Vallon nasceu e cresceu no reino de Argos, e como descendente de uma família de trajetória genuinamente militar, cujos homens juraram lealdade à coroa desde tempos imemoriáveis, logo, ele fez por honrosamente seguir a linhagem e as tradições de seus antepassados.

Desde muito jovem Vallon foi treinado nas artes militares, de combate com armas, e, sobretudo, na marinhagem, campo o qual despertou intimo interesse e fascínio. Pois, ainda jovem tinha os seus anseios fantasiosos de desbravar o mundo, percorrer o continente, conhecer novos reinos e povos.

Contudo, apesar do jovem soldado demonstrar cada dia mais habilidade com a marinhagem, e, sobretudo, uma capacidade de enfrentar as adversidades do mar feito um velho lobo, sua vida militar foi sofrível, uma vez que as famílias de Argos não eram todas unidas, e interesses políticos pesavam sobre diversas esferas do poder, dentre eles, aquela a qual estava engajado,

Essas intrigas políticas argozinianas por muitas vezes fortaleceram o status de sua família, assim como, também a desfavoreceram, independente dos resultados que esses alcançassem em suas posições.

Em Argos, por diversos momentos, determinados membros de uma família rival ao soberano regente eram postos a prova, sendo estes, enviados a missões suicidas, que na maioria das vezes, representava algo sem retorno e capaz de manchar a reputação do clã para o resto de sua história. Neste ponto, a família de Vallon, em toda a sua narrativa, de irmãos e primos, conseguiram sobressair ilesos, por mais que tentassem os inimigos contra as suas vidas. E a isso eles tinham a quem agradecer: os deuses.

Há uma lenda na família deste soldado argoziniano, apreciada entre os mais velhos de Argos, que fala de Honor, O Sobre Sorte, e de como ele se tornou conhecido por esta alcunha.

Honor, que na época não passava de um hábil combatente, contudo, sem nenhum tipo de status ou prestígio junto à tripulação de um carrasco comandante das tropas de Argos, relatou uma vez que após enfrentarem uma viagem marítima repleta de sortilégios, incidentes e incontáveis perdas, tanto de suprimentos como de homens, acabaram por atracar emergencialmente em uma ilha desconhecida e a esmo no mapa. E que neste local, não tardaram em serem recepcionados por uma terrível legião de ferozes e selvagens combatentes de pele cor de cobre e cabelos dourados, cujo tiveram de enfrentar destemidamente pelas suas vidas. Curiosamente, ao longo desses dias que se seguiram os confrontos ele percebeu que antes do raiar do sol sempre surgia uma estranha criatura humanoide vinda das névoas que brotavam das matas próximas a praia, trajando uma armadura brilhosa, que caminhava sobre o campo de batalha como quem passeava sobre um campo verdejante, e, que espantosamente, ela se alimentava do sangue dos homens caídos ao chão (jazidos), de ambos os lados, algo que para ele se tratava de alguma espécie de demônio. O fato é que, após três dias de árdua batalha contra os nativos, ele foi o único sobrevivente. Quando tirou a vida do último inimigo, ele caiu exausto sobre a proa do navio, rogando aos deuses que zelassem por sua vida enquanto recuperava as suas energias para zarpar daquele inferno. Ele acordou assustado com o lampejo de algo e o zunido de alguém a caminhar sobre a embarcação, uma presença sinistra, contudo, se manteve imóvel para observar os passos daquela coisa. Quando a criatura se aproximou dele, e tentou erguê-lo contra si, a sua lamina rasgou o ar em uma velocidade fulminante a atingindo na altura da garganta, nessa hora houve sangue para todos os lados, um sangue incomum, mas ainda sangue, pois, a criatura desfaleceu aos seus pés tentando segurar a própria cabeça que se desprendia do corpo. Nesse dia ele gritou aos céus e para os deuses de que a sorte o havia banhado naquela manhã, pois, sentia correr em suas veias o fervor de mil vidas.

Estranhamente, quando vivo, Honor nunca afirmou se o que havia acontecido naquela ilha era de fato verdade, ou se tudo não passou de mais um delírio ou historia fantasiada por uma mente embriagada, contudo, quanto alguém insistentemente o inquiria ou tentava desmenti-lo, ele fazia uma aposta de vida ou morte, e isso assombrosamente terminava na morte de quem o perturbava.

Verídica ou não está história, o fato é que os descentes de Honor, O Sobre Sorte, possuem uma estranha habilidade de sobreviverem aos mais diversos e funestos percalços da vida. E a exemplo disso, está o próprio Vallon, que em sua trajetória já passou por inúmeras situações em que a sua vida esteve por um fio, tanto enquanto marinheiro como sargento pelas forças marítimas de Argos.

Ainda jovem, e com a sua carreira militar em ascensão junto às tropas de Argos, Vallon conheceu Dessanora, a filha de um nobre mercador local, que por ventura, ambas as famílias nutriam uma rincha antiga, algo que se derivou em função de divergências no candidato a sucessão de trono do reino em algum momento no passado.

Ilustração 02: Dessanora, Esposa de Vallon.

A princípio, Vallon achou mimada e insensível a jovem lady, pois, Dessanora pedira ao seu superior a cabeça de um inimigo que já havia se rendido em uma fracassada investida, e, sobretudo, reconhecido a soberania da nação de Argos. Contudo, essa má impressão desapareceu quando o seu grupo ficou responsável por fazer a escolta dela e outras amigas da rainha até um templo sagrado situado no extremo sul do reino.

Traidores da coroa semearam aos quatro ventos sobre a expedição organizada pela rainha ao templo sagrado, juntamente com as suas amigas mais próximas da corte. No entanto, a verdade tornou-se um rumor perigoso, quando citaram que o rei também estaria nesta viagem, e, que por fim, acabou tornando-se algo muito creditado e visado entre os inimigos dele.

Antes de chegarem ao templo, à expedição da rainha foi atacada de surpresa por uma legião de inimigos montados a cavalo quando cruzava o único caminho que permitia acesso ao local - uma estrada mal pavimentada em meio a um bosque. Eram cinquenta soldados treinados, e pouco mais de trinta serviçais sem qualquer ou pouquíssimo treinamento marcial, da parte de Argos, contra pelo menos cento e cinquenta inimigos aptos para o combate, munidos de montaria, armas, armaduras e um furor sanguinário.

Como o líder da tropa foi o primeiro a ser surpreendido, rendido e morto. Logo a tropa de Argos ficou desorientada por um tempo mínimo, mas crucial para a investida esmagadora dos inimigos.

Vallon que estava próximo ao carroção camuflado - local onde estavam de fato à rainha e as demais senhoras da corte -, se viu na obrigação iminente de ajuntar quatro companheiros e seguirem em meio aquele rechaço da tropa para próximo dos muros do templo.

Foi nesse instante que o jovem soldado percebeu o quanto Dessanora era uma mulher valorosa, pois, o seu autocontrole, a sua firmeza e a sua presença sobreporão a situação caótica que se instalará, e ela fez com que todos que estavam ali mantivessem a calma e a credulidade nos soldados. E por mais paradoxal que seja o desejo aparentemente impossível da jovem se tornou real, e, também uma façanha contada entre muitos como: O dia em que o sangue dos inimigos de Argos lavou a passagem da majestade ao divino.

Vallon e Dessanora se conheceram melhor a partir desse épico episódio, e ambos perceberam o quanto aquilo foi oportuno e abençoado pelos deuses, ainda que a princípio proibido. E sobre a benção da rainha, e também por intermédio do rei em fazer com que o casamento colasse fim a quaisquer divergências entre as duas famílias, a relação entre os dois foi possível, e também gerou um lindo fruto, Valliant.

Valliant, filha de Vallon e Dessanora.



Vallon conseguiu ascender a patente de sargento junto às tropas de Argos, e recebeu do rei uma embarcação, a qual batizou de Sobremares em homenagem ao patriarca, e a responsabilidade de liderar cinquenta soldados. A tripulação de seu navio era composta por pelo menos setenta homens, pois, em uma ação além de ter seus soldados treinados para qualquer iminência de combate, ele também fazia questão de ter uma tripulação secundária para tratar as questões que não competiam a um combatente, contudo, fazia com que estes homens quando subissem a proa fossem também educados e treinados às leis marciais, pois, compreendia como um velho lobo a dureza do mar e estreita linha que separa os extremos ao qual um guerreiro é submetido, sobretudo, quando na obrigação de sobreviver e lutar por aquilo que lhe é mais valioso, a própria vida.

Uma onda de pirataria infestou os mares vizinhos de Argos, e tão logo, chegaria ao reino. Contudo, isso já estava sendo em demasia prejudicial aos mercadores, e a própria população, uma vez que o comércio estava sendo rechaçada com essa ação. Surgiam inúmeras especulações, uma delas, e talvez a mais preocupante, era a de que nobres locais de Argos estavam patrocinando a ação de corsários para valorizarem o preço de suas mercadorias, ou mesmo ainda, estavam querendo subjugar a liderança do rei perante aos demais.

A embarcação de Vallon, e mais outras sete, foram designados para uma averiguação nas fronteiras marítimas do reino, contudo, não tardou para que os primeiros conflitos com os piratas ocorressem. Eles eram muitos, munidos com gente dos quatro cantos do continente, armados e decididos a lutar até a morte. O sargento teve presságios de mau agouro em noites anteriores, e observando com senso tático e estratégico o desenrolar daqueles sangrentos combates, hesitou ao máximo, mas por fim, deu ordem de retirada. Pouco mais de trinta homens haviam sobrevivido - feridos, mas ainda vivos.

Na tentativa de retorno, eles foram apanhados por uma terrível tempestade que se sucedeu por pelo menos cinco dias, algo de proporções extraordinárias. Durante o caos, ele foi atingido de raspão por um mastro de vela que o deixou desacordado ao chão por tempo desconhecido, preso a algumas cordas, mas os outros não tiveram a mesma sorte. Ao término dela, Vallon recobrou a consciência e pode perceber o quão ele deveria ser abençoado pelos deuses por ainda estava vivo, pois, muitos homens ele viu serem arremessados ao mar em furor pelas fortes rajadas de vento, ondas de mais de trinta metros erguerem e se chocarem poderosamente sobre a sua embarcação a destruindo aos poucos, homens que foram empalados por lascas de madeira e estrangulados por cordas.

Vallon avistou um pedaço de terra e um mar que ele desconhecia, mas não hesitou em abandonar a sua embarcação funesta, que mais se assemelhava a um grande caixão a deriva sobre o mar com tantas vitimas. Antes de nadar até a praia, Ele conseguiu recolher algum álcool, espalhar sobre a proa, sobre os corpos que jaziam em decomposição, e atirar fogo. Saltou da mesma e nadou até o litoral, onde sentou à areia e avistou de longe, o navio que um dia lhe rendeu boas histórias a ser consumido pelas chamas, a se despedaçar e a afundar no mar. Nesse instante verteram lágrimas de seus olhos pela vida de sua tripulação, em uma prece silenciosa aos deuses por cada um deles, e por sua família – Dessanora e Valliant, as quais não via há várias semanas.

O argoziniano havia chegado ao continente de Ytarria, precisamente na parte oriental da grande nação de Mégalos. Por coincidência, tomou conhecimento de que outros oriundos de seu continente, e até mesmo de seu reino, também haviam chegado a esse lugar, e inclusive, estabelecido relações comerciais. Soube ainda que a travessia era algo muito complexo e perigoso de ser feito, pois, as águas que separavam estes dois continentes tinham essa característica por quase todos os períodos do ano, salvo alguns dias, que somente os mais experientes navegadores se arriscariam a predizer. Logo, Vallon percebeu que retornar ao seu continente seria uma aventura que teria um alto preço a pagar, pois, teria de conseguir uma excelente embarcação, uma competente tripulação, e uma boa reserva financeira para manter os ânimos dos homens e as provisões necessárias, mas pela sua família valeria este esforço.

Desta maneira Vallon de Argos se lançou no continente de Ytarria como um combatente aventureiro a dispor seus conhecimentos e habilidades para fins que jamais prejudiquem a sua honra ou que traiam os seus valores, e que possibilitem a ele arrecadar fundos suficientes para alcançar seu sonho: o de retornar para o seio de sua pátria, o conforto de sua família e de seus dois grandes amores – sua esposa e sua filha.

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