Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Em Zarak, um novo resgate de um velho companheiro.

Quando o amparo a um amigo em perigo se torna um motivo válido para deserção do grupo, ainda que custe renome e riquezas aos olhos de outros.

 
Ilustração por Frankatt.
Cidade do Baronato de Arvey em Mégalos,

Dia 02: 19/02/2111, sobre a regência de Aquário.

Como momentos antes nos portões da cidade, os mercenários mencionaram que havia homens tramando em emboscar o anão Brinow Orklan para lhe roubarem as suas mercadorias, a guarda ficou em estado de prontidão para qualquer movimento suspeito, enviando inclusive dois membros da guilda para vigiarem o perímetro. O grupo alugou um quarto da hospedaria para o companheiro Worean – que se encontrava inconsciente por tamanho sono -, um aposento simples que ficasse próximo ao quarto do anão, onde ele pernoitaria, e, logo cedo partiria na companhia de Brinow. Enquanto que, Marduk, Marina e Delvin retornaram para a Guilda, a fim de descansarem um resto de noite.

O restante da noite não foi bom para Marina e Delvin, pois, como a mesma havia sido estendida e dosada com álcool, logo, eles tiveram um tempo curto para se recomporem, e, com uma leve ressaca, ambos foram obrigados a se levantarem da cama ainda muito antes de amanhecer por completo, com mais de um galo cantando, o som agoniante de um sino sendo tocado insistentemente e os gritos desesperados e estridentes de um sujeito invocado que dizia ironicamente aos quatro cantos: “Vamos acordar, seus bandos de mandriolas preguicentos!!! Ou vou ai pessoalmente tira-los de cima da caminha a base de ponta pés e um banho geladinho!!! Bora, Cambada!!!” – O nome desse sujeito, e também membro do irmandade, é Abílis Montanhês, o “Tão Alto Que Não Vejo”, um gnomo. Marduk, acostumado às bebedeiras e o cotidiano da guilda, em nada tinha que reclamar, a não ser o fato de logo cedo ter que pagar com exercícios alguma advertência do dia anterior, porém, ele não fez isso sozinho, sempre tinha mais de um em ação forçosamente solidaria.

Na guilda a primeira refeição servida é sempre uma bebida feita a base de clara de ovos e cereais, seguida de rodelas de pão, leite ou café preto bem concentrado (inclusive com grãos torrados mascaveis). E, foi com essa refeição matinal que Marina e Delvin viveram o seu primeiro dia como membros da irmandade de mercenários combatentes de Arvey.

(...)

Na hospedaria em Arvey, Orklan acordou Worean para tomarem um rápido café da manhã e partirem em direção a uma das fazendas do Barão Lucius Moonspell de Arvey, pois, era de lá que partiria o seu carroção, carregado com muitos produtos produzidos na fazendo do nobre, rumo as Montanhas de Bronze, tendo antes que passar na Guilda para buscar os outros companheiros de viagem. Na saída do estabelecimento, alguns anões e gnomos que moravam na cidade, aproximaram-se dos dois perguntando sobre o rumor de uma emboscada que haviam preparado para Orklan, pois, demonstraram grande solidariedade ao amigo, além de requererem dele gentilezas para levar itens aos seus parentes nas montanhas.

Até os portões da cidade, em uma breve caminhada, um grupo formado por anões e gnomos se constituiu rapidamente predisposto a seguir com Orklan e os demais membros da guilda, somente para lutarem em favor do anão. Eles eram seis ao todo, sendo que pelo menos quatro destes eram anões e sabiam muito bem utilizar uma arma - ainda que fosse somente uma picareta -, pois, também trabalhavam ou já haviam trabalhado como seguranças de caravana na trilha mercantil entre os reinos de Mégalos e Zarak. Assim, com uma comitiva formada em curto espaço de tempo, e da qual, o próprio Brinow não poderia recusar a oferta, eles se viram obrigados a tardarem por algum tempo mais a saída de Arvey, somente até que os novos companheiros de viagem estivessem prontos para seguirem viagem.

Na fazenda do Barão, os administradores resmungaram quanto ao atraso de Orklan, porém, sem terem ciência do que havia se sucedido na noite anterior, e, quanto a isso, sem querer entrar no mérito ou se alongar em uma conversa sem sentido, o anão recolheu o carroção conduzido por seis robustos búfalos, adestrados, e de pelagem que oscilava entre um tom negro e azul profundo, e juntamente com a sua comitiva - que se ajeitou dentro do enorme veículo abarrotado de itens -, seguiu viagem para a guilda. A carroça, apesar de grande, estava abastecida com grandes barris de conservas de doces, temperos, cereais, sabão, grãos e com cinco enormes baús repletos com peças de roupas humanas, sendo essas últimas, pertencentes a família do nobre, e, que retornariam posteriormente, estando elas devidamente ornamentadas com linhos de ouro e pedras preciosas, pois, os demais itens eram o pagamento pelas benfeitorias que seriam realizadas nos trajes pelas talentosas anãs costureiras.

(...)

O sol já estava alto quando Brinow chegou ao forte da guilda. E, para surpresa de Sebastian Cellus, que chegou a cogitar a possibilidade de incluir mais um membro da guilda para fazer a escolta do carroção do anão, sobretudo, com a informação da emboscada transmitida pelos membros, logo, percebeu que seria desnecessário com a presença de tantos homens combatentes e de boa vontade para ajuda-lo. O mestre combatente solicitou apenas, que antes de seguirem o caminho das montanhas, os combatentes se munissem de todo o material necessário a viagem que a guilda pudesse lhes conceber, sem excessos e com bastante atenção, e, assim, eles o fizeram na companhia de Mérciah e Gwilldown.

Antes de partir, Luca Benedino solicitou a presença de todos em sua sala de reunião, incluindo o Cellus, e o anão Orklan para saberem o que implica a missão:

Resgate do Caminhante
Nunca abandone um companheiro nas mãos de um inimigo.

O Grão Mestre então diante de todos, posto de pé e próximo a janela, diz em tomo claro e pausadamente como de costume para se fazer compreendido:

Infelizmente, é sabido por todos de nossa honorável casa, e isto, incluem os criados, de que Adrien O Caminhante, desertou no último momento da missão que lhe fora delegada, uma vez que, o meio elfo não teve a preocupação e o respeito de retornar a guilda para informar aos seus líderes de seu anseio em se desassociar de nossa irmandade... Esta mesma casa que não hesitou em acolhê-lo quando assim a buscou... Nem mesmo transmitiu isso diretamente por meio de seus companheiros de jornada, que somente souberam de sua partida por meio de Orklan. Enfim, um membro que carrega um fardo de decepção, do qual deveríamos nós apenas trata-lo como um reles desertor e transgressor de nossos princípios de honra, e, assim, sem quaisquer preocupações, deixarmos lançado a própria sorte na maldição que se atirou, mas, o fato é que, ele ainda esta sobre as montanhas, e trajado com armaduras que dispõe a nossa marca, como se este ainda fosse um irmão desta casa... E isso nos fere diretamente, meus nobres combatentes.

Segundo Brinow, talvez nós tenhamos julgado mal as intenções do meio elfo ao longo deste tempo, e que ele possa estar precisando de ajuda...

Adrien desertou do grupo para se lançar em uma empreitada pessoal, que consistia em amparar um antigo amigo, um anão chamado Tourth Bararum. Este anão reside em uma cidade dentro do reino de Morriel, cujo rei é Morkagast filho de Morthrinn. E, o motivo que levou o meio elfo a ajuda-lo foi para compelir, juntamente com os seus conterrâneos, o ataque de criaturas hostis, denominadas Grimlocks, principalmente, tendo Barabrum descoberto o local onde as bestas famigeradas haviam tomado e feito de refugio. Este covil se formou em um local tido como inóspito, uma conhecida ruina subterrânea de um antigo clã anão que já não tinha mais nenhum descendente vivo, e que fora abandonada há muitas centenas de anos atrás, por haver rumores de que o lugar era amaldiçoado e habitado por outras aberrações tão temidas quanto os que atacaram a cidade do amigo do meio elfo.

Dionísio Thirdway, a quem vocês ajudaram também nas montanhas, seguiu com Adrien até as proximidades da cidade de Barabrum, porém, lá eles constataram que o perigo e o medo haviam assolados as vilas distribuídas sobre a superfície do reino de Morriel, em especial, sobre a cidade do amigo do Caminhante, pois, os Grimlocks são criaturas que sobrevivem a uma dieta alimentar a base de carne humana, abastada, e, fresca. Thirdway descobriu com os anões da cidade subterrânea informações a respeito de como chegar ao covil, entretanto, ele não estava predisposto a adentrar a tal mina abandonada, não sem fazer parte de um grupo maior, portanto, preferiu ele se ater em ajudar nas chamadas Forças Solidarias de Morriel, uma pequena tropa de combatentes vinculada ao reino para auxilio aos cidadãos da superfície formada por anões, gnomos, humanos, centauros, gigantes e outros. Enquanto que, Adrien preferiu seguir sozinho em busca do grupo liderado pelo amigo Barabrum.

Passado cerca de quatro meses, as informações recebidas pelo atravessador mercantil não são boas em relação ao paradeiro do meio elfo, a Barabrum e a tantos outros que seguiram até o covil das famigeradas criaturas, pois, ainda que grande parte destas últimas tenha sido mortas, algo que foi averiguado com a redução de ataques por Grimlocks, nenhum daqueles que caminharam até o tal refugio retornaram.

Portanto, Orklan conduzirá vocês até o encontro de Dionísio Thirdway em Morriel, e este lhes informará como chegar, ou conduzira-los, até a tal mina abandonada, o covil dos Grimlocks. A missão de vocês não consiste em averiguar o local em busca de tesouros ou itens encantados, e, sim, de resgatar um irmão de armas, caso ainda esteja vivo, contudo, caso haja espólios, eles serão bem-vindos a casa, mas, muito cuidado. Essa missão tem um peso muito importante para todos de nossa irmandade, pois, refere-se diretamente ao nosso segundo e primordial item de nosso Código de Honra, ao qual, uma vez atendido, os dignifica a passarem pela nossa cerimonia de Batismo de Fogo. Por fim, tenham essa missão como algo além do que um mero trabalho de resgate de um companheiro em apuros, e reflitam sobre o que ela de fato pode representar para vocês, enquanto grupo, os valores comuns e o que gostariam de construir em conjunto.

No mais, desejo a vocês, meus irmãos de armas, uma boa e segura viagem de ida e vinda a esta casa que lhes consagra, e, o mais importante: hesito na missão.


Após Luca Benedino encerrar as suas palavras, ele saudou a todos pessoalmente, encarando cada um com um olhar firme, um sorriso e um forte aperto de mão.

Sebastian Cellus fez uma breve complementação as palavras do Grão Mestre:

Alguns de vocês estão a subir as Montanhas de Bronze a primeira vez, portanto, cuidado, pois, pior do que bandoleiros prontos a emboscarem comitivas mercantis desatentas, existem criaturas ainda mais temíveis que vivem sobre a superfície, e abaixo dela também, sedentas por sangue, e, ninguém melhor para lhes orientar em relação a cada local e os seus perigos do que o amigo, Brinow Orklan. Portanto, desfrutem da companhia desse solidário anão se munindo de informações que lhes sirvam de alguma ajuda.

Brinow consentiu com a cabeça para com Cellus, e os demais membros da guilda, afirmando que esta ali para ajuda-los até onde lhe for possível fazê-lo. E, acresceu que não somente ele, mas também os demais companheiros de viagem, que, por sua vez, já trabalharam nessa rota e são oriundos de Zarak.

Então, seus projetos de heróis, Voltem com vida para que a história dessa aventura seja semeada entre nós, e de preferência, as voltas de uma mesa digna de um monge, com bastante comida e cerveja.

Desta forma, informal, e, com menos dedos do que Benedino, Cellus saudou os membros da guilda com uma sacudida de ombros, um sorrido largo, um forte abraço seguido de três tapinhas as costas.

Em função a proximidade do horário de almoço, Luca Benedino convidou a todos que antes de partir, almoçassem no refeitório da guilda, e, reforçou as palavras de Cellus ditas anteriormente, que os combatentes que fossem seguir viagem já estivessem com os seus equipamentos, armas, armaduras e provisões devidamente organizados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário