Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: A espera com esperança de uma decisão.


A ESPERA DE UMA PALAVRA FINAL
A mesa de refeição, avaliadores e avaliados, aguardam o retorno do Grão Mestre para o desfecho de uma pendência: o ingresso ou não dos novatos.


A Cena Interea (ou “Enquanto isso”) foi um recurso utilizado ao longo de uma de nossas aventuras para estendermos momentos onde a interpretação foi interrompida (por quaisquer motivos,), tanto no que se refere a dialogo direto entre os personagens como o sentimento deles em relação a algo ou alguém,


Snowfinger, o bárbaro, não se intimidou pela presença da linda senhorita a mesa – Marina -, e, desta forma, comeu como de costume e aos seus grosseiros modos, ou seja, da maneira que mais comida pudesse lhe caber na boca. Bebendo com desgosto o suco de frutos que os servos haviam preparado cujo não continha álcool, dando longas goladas sincronizadas a cada final de mordida, praticamente ainda mastigando, de onde com frequência escorriam parte de sua alimentação da boca em direção a barba. Limpava este mesmo resto de comida fluída que se prendia a sua barba com as costas das mãos e dos braços; e, por fim, dando de tempos em tempos arrotos estrondosos.

- O motivo que me trouxe aqui é aprender algo com vocês! Todos buscam neste lugar a iluminação de seus caminhos, seja pela espada, pela coragem, gloria, força, e, enfim, todos escolhem um meio para trilhar a vida, e o meu é buscar aprender, não há oportunidade melhor em que me vejo! – Marina dispôs de maneira enfática o motivo pelo qual desejava estar entre os membros da Guilda de Mercenários Combatentes de Arvey - Sei que minha experiência em combate não é boa, mas posso contribuir com a guilda, com conhecimento!

Ilustração por Seok Chan Yoo.
Marina Blackheart, a arcana foragida,
tentou ao longo da refeição, na companhia
de seus avaliadores, firmar a sua intenção
de que a escolha por ela e o seu amigo
seriam compensadoras a Guilda, pelas
suas distintas habilidades
A Senhorita Blackheart observou os olhos de cada um dos membros sentados a sua volta, perscrutando detalhes, pois, esperava uma reação de seus avaliadores, Marduk e Worean, cuja aceitação deles seria fundamental para que ela içasse a ponte para continuidade de seu dialogo, de maneira que encontrasse a melhor via para surpreendê-los - o cheque mate daquela angustiante situação, cuja definição era emergencial. Enquanto isso, Marina também degustava um pouco da comida ofertada pela casa, contudo, a principio evitou beber por achar que o tal suco fosse alcoólico, e, assim, preferiu ela se abster da bebida, na tentativa de se manter sóbria neste momento crucial, não arriscando a garantia de sua passagem de adesão àquela afamada organização.

Ela observou Delvin na esperança de uma reação diante de suas palavras, mas ele seguiu concentrado no exercício de se alimentar excessivamente bem.

A arcana sabia que deveria se utilizar de argumentos concretos o suficiente para convencer a todos de sua aceitação na guilda, uma vez que, os testes aos quais ela e o seu amigo foram submetidos eram para provar quem de fato sabia lutar.

- Estou certa de que vocês assim como eu vieram para cá, também para aprender alguma coisa. Na busca de algo, ainda que enterrado no coração de vocês que os fizessem se sentir diferentes, aceitos. – De forma eloquente, Marina tentou faze com que as suas palavras tivessem peso e significância.

- Hurrrrr... Que tipo de conhecimento tu podes ser útil, menina? Ainda que saiba manejar com maestria uma caneta, ainda sim precisará aprender se defender. Os perigos lá fora são bem maiores que estes apresentados nestes desafios, tem certeza que aqui é o lugar certo pra ti e pra teu pobre amigo? – Marduk fitou Marina por de trás de uma suculenta coxa de frango que mordiscava com ferocidade.

- Minhas magias são uteis sim, e se for para lutar, elas poderão fazer mais estragos do que imagina Marduk! – A arcana foi incisiva com o bárbaro em dizer o quão as suas habilidades podem favorecer a todos os companheiros em uma situação de combate.

Marduk tira um pedaço de carne agarrado entre os dentes, para logo em seguida volta-lo a mastigar, e com um ronco rumina a comida que quase o engasgou quando falou com a boca cheia, seguido de mais um gole de seu suco. Em sua mente as palavras da jovem flutuavam ainda sem algo concreto, no entanto, naquele momento nada lhe era mais desgostoso do que tomar algo que não fosse alcoólico acompanhado de sua refeição, fazendo com que ele ponderasse “Que porra de bebida de maricas é essa? Quero tomar meu Rum, quem sabe um doce hidromel, ah sim... Suco é uma injuria aos meus ancestrais! Maldita Regras!”. 

 - Hurrrrr.... Sim, mais elas (as magias) não a impediram de ser humilhada por Hosborn, batendo com sua espada no teu "lindo" traseiro! – O bárbaro retrucou com um sorriso sarcástico a face.

Após o desdenhoso comentário, a arcana com um leve suspiro de desapontamento em relação ao bárbaro sem modos, desviou o olhar, para logo em seguida encara-lo.

- Uma combinação de magia e espadas podem superar as maiores diversidades, se é que esta seja a única solução na sua concepção, lutar. – Assim, Matina colocou uma de suas delicadas mãos em seu queixo, dando prosseguimento a sua argumentação, - Há mistérios neste mundo que somente as espadas não serão as únicas soluções.

Ilustração por Nebezial.
Marduk Snowfinger, o bárbaro
oriundo das hostis Cordilheiras
dos Picos Nevados, em conversa
com a bela jovem, deixou claro
que por Ele, nem ela e nem o amigo,
entrariam no grupo dos Irmãos de
Armas de Arvey, mas que respeitaria
a decisão de Worean.
- Sim, menina! A única solução que me ajudou por toda minha vida (a espada), porém, tenho que confessar que poderes místicos me permitiram sucesso em nossa ultima missão! – O guerreiro reconhecia o diferencial que a magia propiciava a balança de um combate. – Hurrrrr... Digo que ainda, pensar muito e não possuir a habilidade de usar os seus poderes no momento oportuno, que a sujeitou a tal humilhação, no futuro, em um combate derradeiro não seria apenas uma palmada, mas si, a sua linda cabeça a rolar pelo chão!

O desproporcional guerreiro voltou a encher a sua boca com uma suculenta coxa de frango, e outra golada caprichada em sua bebida de “Maricas”, para então, logo dizer a jovem:

- Saiba que por mim, tu não seria aprovada, contudo, aceito a vontade do meu irmão Hosborn, ele acredita que possas suprir parte de nossas deficiências, espero não estar presente no dia que desapegar dessa pobre vida, seria um imenso desperdício, ver tão apetitosa beleza caída em combate!!! – Assim, o bárbaro afirmou o seu posicionamento contrario ao companheiro, mas respeitado, de aceitar que a bela jovem e o pequeno halfling ingressassem a guilda.

Marina inclinou seus ombros tomando uma postura mais imponente, pois, em sua mente ela estava certa aonde queria chegar, e chegou!

- É como eu disse a principio, Marduk, sobre caminhos! Você trilhou o seu nos campos de batalha, e nós trilhamos em outros lugares. Se compartilharmos nossos caminhos e combinarmos os nossos aprendizados, assim como a terra e a água se combinam para formar um rio, teríamos mais chances de sobrepor aos obstáculos! – A Arcana estava certa de aquele era o cerne almejado.

Quando fala o bárbaro aponta sua coxa de frango em direção da senhorita... A fitar com os olhos todo o corpo da moça.

- Hurrrr... Se tu o dizes, o nosso irmão tem razão em tê-los no grupo! = Outro arroto seguido de uma gargalhada com cusparadas involuntárias de resto de comida sobre a mesa.

Olhando diretamente para olhos do gigante, Blackheart o fito de maneira inquisidora. -  Estou certa Marduk que talvez aqui (na guilda), você tenha encontrado o seu lugar.

O guerreiro do norte sorriu sem esconder parte de sua comida a boca... - Ainda estamos sendo uteis um para com o outro... Eu ajudo no que posso, eles me dão teto, comida, dinheiro, e conforto... A pior parte é essa droga de bebida... - Ele levantou o seu copo, matando o líquido remanescente em uma longa golada, ao final seguido de uma eructação ainda mais estrondosa do que os demais, e, antes que pudesse continuar a falar, a senhorita lhe falou.

- Estou certa que Benedino não fez tudo isso sozinho, como você sabe, ele tem um grupo em quem pode confiar, um grupo formado por companheiros distintos, diferentes entre sim, porém, talentosos, e nos quais ele pode contar! - Marina olhou para Delvin de maneira confiante. - Estou certa que ser útil a alguém também é uma maneira de aprender! Quebra a arrogância do ego interior

Marduk demonstrou não entender o que a jovem escolástica queria dizer com aquilo sobre ego interior. Entretanto, continuou a fitar a linda criatura , ainda que de forma interrogativa.

- Quando estamos sendo útil a alguém, estamos fazendo algo a este alguém, estamos lhe servindo, servir também é compartilhar, e ao compartilhar, nós deixamos de ser egoístas. Você não se sentiria honrado em compartilhar seus conhecimentos de espadas ao filho que possa ter? Compartilhar a seu legado... – Assim, Marina de forma apreensiva e embaraçada tentou explicar de uma maneira mais simples possível que pudesse ser compreensível ao bruto.

Snowfinger acena positivamente com a cabeça.

- Sempre não percebemos que somos refém de nosso ego interior, porém, quando podemos compartilhar algo útil notamos uma agradável sensação de paz de espirito. - Enquanto falava agora mais confortável por ter se feita compreendida, Marina ajeitava os seus longos cabelos para trás.

Ilustração por Izzy Medrano.
Delvin Mallory, o astuto halfling,
ponderava se aquela decisão
tomada por Marina, era também
a melhor escolha para a vida
dele, pois, além da fome que sentia,
maior era a sua vontade de
enriquecer logo.
O halfling, que até então se alimentava calado, ouvindo toda a conversa entre a amiga e o gigante, sobretudo, estando ele a terminar de se servir de um terceiro prato cedido por alguma boa alma no salão do refeitório, pediu a vez da palavra.

- Então... – chomp - A Marina me disse que aqui se pode conseguir trabalhos que são bem remunerados... – nhac – Direta... - glup glup glup - Ou indiretamente... E, em meu "instinto básico de sobrevivência" – Dito em tom levemente irônico pela sagaz e pequena criatura que se alimentava tão bem quanto o bárbaro - Achei que fosse uma - chomp chomp - boa ideia... 

Enquanto comia com apetite impar, o halfling refletia “As guildas e suas perguntas.... Não podemos simplesmente mostrar resultados? Não... tem que perguntar até quantos fios de cabelo tenho na cabeça.... Espero que a Marina tenha razão e que isso tudo valha à pena.... Pelo menos servem boa comida aqui”.

A companheira de viagem de Delvin olhou-o inquisitivamente respondendo-lhe quase que instintivamente o que o seu semblante lhe transmitia: - É claro que é uma boa ideia! –E, dando prosseguimento, Marina afirmou categoricamente - E respondendo a segundo observação, é claro que tenho razão!

Marduk olhou o entusiasmo e o apetite do pequeno Halfling, e pensou consigo “Pelo menos, no que diz respeito a comida, esta criatura se faz um adversário formidável”.

Gargalhando ruidosamente, o gigante diz para Delvin. - Pra onde vai tanta comida, pequeno? ...  -  E o seu gargalhar quanto ainda mastigava um pão disparava no ar migalhas.

Wolrean Hosborn se absteve de participar de qualquer discursão a mesa sobre o ingresso dos dois candidatos que haviam passado nos testes momentos antes, pois, a sua decisão já havia sido tomada com o aval de seu irmão de armas, transmitida aos seus superiores, e, naquele momento, em pausa para refeição, preferiu exercitar somente o maxilar enquanto ouvia o tagarelar dos demais.

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