Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

RPG: Aventuras em Yrth - Fragmentos: Este destino lhes foi quisto, seja qual for o preço, com honra.

A Arcana e o Ladino ingressaram o corpo da Guilda de Mercenários Combatentes de Arvey com o aval do Grão Mestre, assim como desejaram.


Dia 01: 18/02/2111, sobre a regência de Aquário.

No refeitório, e, em função do horário – tendo transpassado algumas horas do início da tarde -, os servos que ali trabalhavam haviam sessado de servir as refeições, alguns destes inclusive já recolhiam os utensílios utilizados, assim, como iniciavam o trabalho de limpeza das dependências,

Ilustração por Johannes VoB.
Mérciah, a Governanta e secretária dos 
líderes da guilda, surgiu para anunciar aos 
combatentes que o Grão Mestre havia 
retornado a Guilda, e, que já os 
aguardava para a reunião de decisão do 
destino de Marina, a Arcana, e de 
Delvin, o Ladino.

Ainda sentados a mesa, os combatentes estavam a descansar da refeição e a jogar fora uma ou outra conversa quando Mérciah, a governanta e subordinada direta de Moonspell, chegou na entrada do salão e comunicou a eles que o Grão Mestre havia retornado a guilda, e, que os aguardava em uma das salas de reunião. Prontamente, Worean e Marduk consentiram com a cabeça o aviso, levantaram-se da mesa e seguiram em direção ao prédio administrativo seguido pela companhia dos dois avaliados, Marinna e Delvin, cujo trajeto destes últimos foi interrompido ainda no pátio pelos avaliadores pedindo que aguardassem até que conversassem primeiro com Benedino, porém, a governanta os viu e ressaltou que eram para seguirem todos.

Do lado de fora do prédio, Worean e Marduk reconheceram o alazão de Luca Benedino, que estava sendo recolhido por Eives, um jovem servo, magro, albino, dos olhos em tom vermelho claro, cabelos loiros quase bancos, e com algumas sardas no rosto. O garoto os cumprimenta de forma tímida, mas não deixou de passar por eles sem comentar o quão a mulher que seguia junto a eles era bonita (Marina), além de frisar que “o chefe já esperava por eles”.

Marinna e Delvin adentraram a recepção do prédio administrativo da Guilda, e, logo observaram os detalhes do ambiente pelo seu distinto acabamento, o piso em madeira envernizada e ornamentação, e, chamou a atenção da escolástica a inscrição do Lema da Casa, escrito pelo Primeiro Grão Mestre, e disposta em um quadro grande na parede oposta a entrada: “Pelas Graças aferidas por Nosso Senhor Pai, São João e São Martin, Eu não me deixarei ser subjugado pela sombra da morte, pelo veio da iniquidade, ou qualquer artificio do Inimigo. Lutarei o bom combate, da vida pela própria vida, crédulo do triunfo sem o conspurca da arrogância, com a possibilidade da derrota, todavia, a certeza da experiência”,

Mérciah sinalizou para o grupo a sala em que Benedino os aguardava.

Luca Benedino, o Grão Mestre, e Noel Moonspell, o Primeiro Conselheiro, aguardavam sentados em cadeiras dispostas entorno de uma mesa redonda com capacidade para dez, ambos os móveis feitos em madeira maciça e de primoroso acabamento. As costas de Benedino havia um janelão, de onde podia visualizar parte dos portões de entrada da guilda. A sala dispunha de alguns poucos móveis e utensílios, onde vale destacar, um vistoso quadro com a pintura do forte e parte da vizinhança que o circunda, e uma pequena estante com alguns poucos livros, onde também estava posto sobre a mesma, a escultura em pedra do busto de Sir Felippe Bran – O Primeiro Grão Mestre -, com cerca de 40 cm. Os lideres da guilda olhavam com atenção a entrada de Worean, Marinna, Delvin e Maduk na sala, e, o semblante deles trazia um tom de seriedade, embora houvesse algum resquício de satisfação, sobretudo, no olhar do Primeiro Conselheiro para com a bela jovem.

Ilustração por Caio Monteiro.
o Grão Mestre não se isentou da
responsabilidade de uma escolha ruim,
caso a morte de um recruta eventualmente
ocorresse e o sangue deste lhe respingasse
a alma, simplesmente por ter lhe faltado o
discernimento e a sensatez pela moção das
emoções no momento que lhe era cabido
determinar a entrada ou não de alguém
que não estivesse capacitado a compor
a irmandade.
Com cordialidade, o Grão Mestre pediu para que todos se assentassem, enquanto uma serva dispunha sobre a mesa, e a frente de cada um dos participantes da reunião, uma caneca em madeira, somente para logo em seguida, preenche-la com água de um pequeno barril. A serva saiu seguida pela governanta, que fechou a porta logo em seguida.

Moonspell tinha a sua frente um livro, um tinteiro e uma pena, mas, desde que avistou Marinna, ele simplesmente deixou de fazer qualquer outra anotação, embora dissimulasse alguma concentração, pois, o seu olhar com frequência pousava sobre a jovem candidata, independente do que tentasse fazer.

Luca Benedino não tardou em falar, pois, era perceptível um clima de expectativa e certa apreensão naquilo que seria a palavra final do líder sobre o destino dos dois bem avaliados junto ao corpo dos combatentes da organização. Benedino tentou desde o inicio transparecer amistosidade e clareza, principalmente, para com Marina e Delvin, pois, por mais reciproco que fosse em algumas indagações já feitas anteriormente aos dois, ele necessitava expor com minuciosidade o que era a Guilda de Mercenários Combatentes de Arvey, quem eram os homens que a compunham, quais eram as atividades que a mantinham, e, o mais importante, senão o mais delicado dos ponto a serem abordados, o conflito que poderia ser gerado com a aceitação de uma arcana e um ladino com outras duas organizações de especialistas, a Guilda dos Magos e a Guilda dos Ladinos e Assassinos.

Marina e Delvin expuseram novamente o ensejo pelo qual desejavam ingressar aquela organização, contudo, certos de que agora eles falavam diretamente para quem poderia definir com sucesso o desfecho dessa aventura iniciada semanas atrás na cidade de Nova Jerusalém até aqui. A arcana buscou por meio de todas as suas habilidades empáticas e distinta eloquência convencer a Luca Benedino e ao seu conselheiro – que a observava com retraída libidinosa afeição -, de que aos dois companheiros deveria ser lhes concebida pelo menos uma oportunidade, independente das outras organizações as quais eles de alguma forma deveriam estar vinculados, mas, que por opção deles, não estão, uma vez que, o desejo desde o início de sua jornada até Arvey fora de se vincularem a renomada irmandade de combatentes formadora de heróis.

Após ouvir com solicita atenção as palavras da bela jovem e do pequeno astuto, Benedino solicitou que Moonspell lhe fizesse a gentileza de buscar outro livro, de fato, uma forma ao qual ele encontrou para que pudesse levar com eles uma conversa mais direta em relação a sua decisão. E o Grão Mestre foi categórico em dizer aos quatro que existe uma responsabilidade da qual nenhum deles, enquanto liderança e avaliadores da casa, poderá se isentar caso a morte de um dos dois eventualmente ocorra e o sangue lhes respingue a alma, simplesmente por ter lhes faltado o discernimento e a sensatez pela moção das emoções no momento que lhes era cabido, a escolha de quem entra ou quem sai.

Uma chuva havia se iniciado neste momento.

Quando Noah Moonspell retornou ao aposento de posse de um grande livro, uma decisão já havia sido tomada por Benedino, e isso estava claro no olhar dele para com Worean e Marduk, independente de qualquer que fossem as próximas palavras proferias, portanto, ele não mais se aprazou, ainda que a contragosto e sutil protesto, ou diferente da forma que o conselheiro julgasse ser mais conveniente ou coerente obter. Sendo assim, o Grão Mestre disse que os dois ingressariam a partir daquela data ao corpo da guilda, e, que, no entanto, seria disposta uma primeira missão na companhia de seus dois avaliadores até o termino do dia, um exercício que pudesse provar a todos de que aquela havia sido a melhor decisão a ser tomada, além de que, somente parte do ordenado lhes seria entregue.

Já era próximo do fim de tarde, quando Benedino dispensou a todos, dando como encerrada aquela reunião, para tão logo, em seguida receber os demais conselheiros em relação à decisão que havia sido tomado.

Worean e Marduk ficaram incumbidos de apresentar aos novatos as dependências da guilda, e, nesse meio tempo, os quatro cogitaram em se dirigirem a uma taberna em Arvey para celebrarem o resultado do dia.

Antes que os quatro viessem a deixar as dependências da guilda para seguirem em missão de entretenimento na cidade, o anão Gwilldown os chamou a porta do prédio administrativo, e, antes que estes lhes dissessem qualquer coisa, o mesmo informou que a missão que queriam já estava definida, e seria retransmitida agora pelo Mestre Cellus. Com um sorriso no rosto, o anão ferreiro se despediu, e, cobrindo-se com uma grossa capa de couro, saiu correndo na chuva em direção a sua oficina. Mérciah sinalizou aos membros que Sebastian lhes aguardava na sala de reunião, a mesma que até pouco tempo atrás estavam na companhia de Luca e Noah.

Ilustração por Grzegorz Rutkowski.
Sebastian Cellus, transmite aos combatentes
a primeira missão de Marina e Delvin, que
farão na companhia de Worean e Marduk,
cuja mesma constituirá em resgatar o
meio elfo desertor, Adrien O Caminhante.
Marduk achou por bem se atrever em tomar um gole de rum antes de participar de mais uma reunião, ainda que estivesse ele de frente para a governanta que prontamente lhe chamou a atenção, e, como se embriagar dentro das dependências da guilda é passível de punição, logo, ele foi punido diretamente por Sebastian com exercícios matinais entes do café a manhã do próximo dia.

Sebastian Cellus aparentava sutil felicidade em seu semblante, porém, também tinha pressa em transmitir o que lhe foi delegado pelo Grão Mestre, portanto, foi objetivo em lhes dizer que amanhã pela manhã, eles seguiriam em viagem na companhia do anão Brinow Orklan, um atravessador de especiarias natural de Zarak e conhecido, pois, o mesmo lhes levariam até o paradeiro do meio elfo e ex-companheiro de guilda, Adrien O Caminhante, que havia seguido em missão solitária em meio as Montanhas de Bronze desde o término da última missão vivida pelo Bárbaro e o espadachim, e, que por fim, tem como objetivo resgatar o membro de qualquer perigo em que possa ter se envolvido. Sem mais, o mestre combatente os dispensou de seus afazeres.

Uma vez dispensados dos trabalhos da guilda, os quatro seguiram para a Taberna Boi Fumegante em Arvey para celebrarem o ingresso dos novatos ao corpo da irmandade. No estabelecimento eles se depararam com um ambiente costumeiramente amistoso, lotado de todos os tipos – com muito mais homens do que mulheres -, com fartura de perfumada comida, bebidas alcoólicas a transbordarem de canecas, danças variadas, jogos de cartas e dados, gargalhadas e música a preencherem todo o espaço. E, embora, parecesse impossível encontrar um lugar que coubessem os companheiros, a taberneira que lhes atendeu, Nancy, e conhecia o local como a palma de sua própria mão, não tardou em achar um espaço onde coubesse uma mesa para comporta-los, e, assim, foi, ainda que embaixo das escadas de acesso para o segundo piso, de onde Kran-Laddius, um vigoroso Ogro e Leão de Chácara, assistia com cautelosa atenção a necessidade de intervir a qualquer momento em alguma situação de perturbação da ordem.

Ilustração por Rusell Platt.
Nancy, a solícita e inquieta, taberneira,
serviu aos companheiros de guilda, uma
mesa que pudesse comportá-los
tranquilamente, além de lhes servir
com atenção bebida e comida para
suprirem seus anseios.
Nancy, a solícita e inquieta, taberneira da Boi Fumegante, serviu aos companheiros de guilda, cerveja e um enorme javali assado, recheado com legumes embebidos em um molho de ervas de tempero instigante ao apetite e a sede.

Desde que Marina pisou os seus pés na taberna, muitos homens voltaram a atenção para a mesa onde ela estava sentada, munidos de uma vã expectativa de que ela lhes concebesse a oportunidade de desfrutar de sua luxuriosa companhia nessa noite. Algo que de certa forma agradava os seus reais companheiros, que de certa forma tinham aquilo como algo a ser ostentado.

Worean bebeu tanto que se sentiu suficientemente capaz (concito) de galantear a novata, uma vez que, a mesma em um surto de confiança lhe sugeriu a abertura necessária para o espadachim tentar a sorte, porém, Marinna se demonstrou uma mulher incapaz de se ganhar em qualquer conversa, principalmente, por alguém embriagado. Entretanto, o que poderia parecer desestimulante, tomou um sentido contrário, o de desafio, e, mediante a isso, Hosborn resolveu se manter firme em sua posição, investindo sem trégua até que ela fosse persuadida.

Delvin, o halfling, ao contrário dos demais, comia e bebia sem perder a atenção para as possibilidades ofertadas pelo salão da taberna, pois, eram muitos os homens que ali se mostravam propensos a serem facilmente roubados... E foi em um dado momento desses, que o pequeno ladino percebeu uma conversa que lhe sugeriu um mau-agouro a missão que cumpririam no dia seguinte, onde os dois sujeitos mau encarados, um homem esguio e um meio orc, mencionaram o assalto de uma carroça conduzida pelo anão Orklan (será o mesmo Brinow Orklan, o atravessador de especiarias que partiria amanhã para Zarak?!). Mallory passou a comer com menos velocidade, e, se esgueirou pelas escadas, atento ao movimento dos dois homens, que não se demoraram em se levantar da mesa, chamarem a atenção de um terceiro, roubarem um dos clientes da taberna, pagar a conta e evadirem-se do local.

Delvin pediu atenção dos companheiros, que nesse momento se esbaldavam de beber - exceto, Marina, que também, preferiu não se exaltar, em função da missão de amanhã e as sofríveis investidas de Worean -, e, lhes comunicou o que havia acabado de ouvir de uma mesa não muito distante das deles. O Bárbaro e o halfling saíram para ver se conseguiam alcançar os dois homens que tramavam contra o anão, porém, os dois larápios ao ganharem as ruas conseguiram sumir sem deixar rastros. Marina e Worean prefiriram ficar na mesa e aguardar o retorno dos dois companheiros.

Marina até tentou seguir com os dois pelas ruas de Arvey no encalço dos suspeitos, mas Worean não havia conseguido ficar de pé – estava demasiadamente bêbado -, optando ela então por fazer companhia ao espadachim. Contudo, ainda que esse não houvesse conseguido se equilibrar sobre as pernas, fôlego não lhe faltou para continuar suas frustradas investidas sobre a maga.

Algum tempo depois, Marina percebeu a aproximação de uma bela jovem de pele bronzeada e cabelos claros, que ao ver Worean se insinuando para a ela, demonstrou decepção e tristeza em seu semblante. E, embora, a tal mulher lhe fosse totalmente alheia – Sara Cepris -, Marina percebeu que deveria haver algo entre os dois, anterior aquele momento, cuja simples visão daquela situação – comportamento inadequado por parte do espadachim -, foi suficiente para fazê-la sumir em meio a multidão e em direção a saída.

Delvin e Marduk retornaram a taberna sem sucesso, e, por conta das avançadas horas, acharam por bem retornarem a guilda ou tentar localizar Orklan, para quem sabe assim, deixa-lo sobreaviso de alguma possível emboscada nas próximas horas. Na saída, a taberneira se aproveitou da falta de lucidez de Hosborn, e conseguiu algumas moedas a mais na hora fechar a conta, e, embora o halfling houvesse percebido a trapaça, tomou aquilo como uma futura troca de favores possíveis entre o companheiro e a serva do lugar, pois, ele havia se insinuada para ela por diversas vezes.

O Bárbaro tentou carregar o companheiro espadachim em seu ombro no percurso de volta para a guilda, tal como fez por Delvin – poupando o pequeno sagaz da fadiga, além de possibilita-lo uma visão bem abrangente -, porém, o Worean conseguiu se recuperar de maneira surpreendente.

Nos portões de entrada e saída da cidade, os combatentes souberam por meio de um irmão de armas da guilda - que aquele dia estava trabalhando -, de que Orklan estava na cidade, hospedado em uma hospedaria não muito longe dali. Portanto, acharam por bem, seguirem até o local onde o anão estava para saberem se o pior já havia lhe acontecido, ou pelo menos avisá-lo do que estava por vir.

Na hospedaria indicada, os combatentes não encontraram nada que levantasse qualquer suspeita em suas mediações, nem mesmo estábulos próximos que pudessem estar sendo utilizados pelo anão para guardarem os animais e a carroça. Logo, tentaram falar diretamente com Orklan. O dono da hospedaria pediu para que entrassem e aguardassem chamar o hospede, e, este meio tempo foi suficiente para que Worean fizesse do chão um confortável leito para um breve descanso.

Ilustração por Autor Desconhecido.
Brinow Orklan, o Anão, e atravessador
mercador entre os reinos de Zarak e
Mégalos, que conduzirá os mercenários
até o paradeiro de Adrien, o Caminhante.
Orklan surgiu pisando firme, estalando o piso de madeira abaixo de seus pés, com os seus cabelos e as sua barba marrons, semi cobre e desgrenhadas, trajando apenas uma bermuda, exibindo o seu corpo viril e robusto, com a face cansada e sonolenta de quem ainda estava com a alma repousada sobre a cama. Porém, a visão de o colossal nórdico, o fez recobrar a gratidão pela ajuda do companheiro meses atrás sobre as montanhas, e também a atenção para o motivo de sua presença e dos demais aquela hora.

Ao ouvir dos combatentes mercenários a trama que lhe aguardava ao longo do percurso, o anão, informou que a carroça estava sendo abastecida em uma fazenda próxima ao forte da guilda, e, que ainda pela manhã a buscaria antes de seguirem viagem rumo às montanhas de Zarak. E, que quanto a isso, é um tipo de infortúnio ao qual todo o viajante mercador esta sujeito, independente da época. Entretanto, Brinow  demonstrou um certo alivio por saber que os homens que seguiriam com ele já estavam devidamente a par de um possível risco nessa viagem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário