Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

domingo, 8 de janeiro de 2012

RPG: Aventuras em Yrth - Bodas de Arcádia - O Afano do Odre dos Bravos


O grupo liderado por Tammarus Singel – um guerreiro dotado com aptidões psíquicas -, estava a investigar as ruínas de um antigo templo, aparentemente abandonado, e, parcialmente destruído, localizado em meio a Cordilheira dos Picos Nevados. Um local remoto e de difícil (perigoso) acesso, cujo líder havia tido um presságio semanas atrás quando cruzavam as vias que percorriam a região ao norte do reino de Mégalos. Quanto a essas visões do líder, as mesmas eram inquestionáveis pelos seus homens, por isso a necessidade de a seguirem obedientemente.

Ilustração 01: Tammarus Singel, O líder guerreiro com poderes psiônico dos Nascidos Destemidos.

Na ocasião o grupo havia opinado por seguirem esta rota que cruzava pela cidade-forte de Quartedec, ao invés de cortarem caminho por dentro da Floresta Negra, a fim de serem poupados de afoitezas dispensáveis, uma vez que os mesmos regressavam de uma bem sucedida campanha na parte oriental deste reino – com suas bolsas cheias de espólios valiosos -, e, que por sua vez, também estavam exaustos pelos combates, desafios superados, infortúnios e ansiosos para relaxarem nas fontes termais do reino de Cardiel.

Nas ruínas tiveram de enfrentar algumas criaturas naturais do lugar, tais como: estúpidos e zelosos, Yetis; assim como também, alguns trolls. Porém, nada preocupante o suficiente para deter uma equipe destemida, formada por heróis, audazes guerreiros e hábeis combatentes.


Ilustração 02: Qualwinn Luferinng, Elfo das Florestas, Arcano e Combatente Nato.

Ao vasculharem o templo encontraram uma passagem que dava acesso a um belíssimo vale, que em sua profundeza permitia vislumbrar um campo verdejante e florido, tendo alguns córregos a cruzarem suas extremidades com águas provavelmente oriundas da neve que cedia dos altos cumes, correndo montanha abaixo. O clima do lugar era temperado, ao contrário do lugar que os conduziu até ali – marcado por um frio intenso. O mais curioso e admirável sem sombra de dúvidas, foi terem encontrado uma comunidade de pégasos – dezenas deles, adultos e filhotes vivendo ali, aparentemente isolados e tranquilos.

Qualwinn Luferinng chamou a atenção do grupo ao retornar desapercebidamente para as ruínas, na tentativa de localizar por conta própria algo que fosse mais concreto do que o acesso a um santuário de cavalos alados, e, assim o fez, quando surgiu com algo em mãos: um estranho odre de 1,5 (um e meio) litros, feito em aço reforçado, dotado de um aspecto antiquado, ornamentado com signos e desenhos inscritos ao longo de seu corpo que eram desconhecidos por todos.

Qualwinn e Lavonn Pretatis perceberam que o objeto possuía propriedades mágicas, contudo, ele estava vazio.


Ilustração 03: Lavonn Pretatis, o Meio-Elfo, Mago e Guerreiro.

Quase todos do grupo conheciam em partes a Saga dos Bravos de Orion, e lembravam que a mesma mencionava a despeito de um odre mágico capaz de curar feridas, e até mesmo ressuscitar os mortos recentemente em batalhas. Como a história também citava sobre um santuário de pégasos em meio a Cordilheira dos Picos Nevados, logo, eles associaram o item encontrado com aquele lendário artefato citado nas narrativas dos antigos heróis.

Parcialmente crédulos de que haviam encontrado algo valioso, eles decidiram por acampar no lugar enquanto cogitavam por meio de tentativas infindáveis como ativariam o item. Passaram boa parte do tempo verificando o objeto, e pressupondo seus reais poderes.

Dowin Baroni - o anão guerreiro de temperamento nada paciente - se encheu com tantos questionamentos e hipóteses levantadas pelo grupo a tal ponto, que tomou uma medida drástica, abrupta e nada sensata: atacou Tammarus a ponto de incapacita-lo, e sem a menor possibilidade dele se defender. Todos ficaram pasmos com aquela ação impulsiva do companheiro de tantas batalhas. Rapidamente, os demais se juntaram e detiveram o anão em um canto do cômodo.


Ilustração 04: Dowin Baroni, O Anão Guerreiro, sem meias palavras e de temperamento impulsivo.

De um lado Tammarus a murmurar a terrível dor infligida pelo golpe fulminante em seu peito esquerdo, jogado ao chão, e sob os cuidados de Lavonn; do outro, o anão Baroni a bravejar:

- Agora, amigos, temos uma boa oportunidade para testar o verdadeiro poder do odre mágico, contudo, temos que nos abreviar para descobrir o seu funcionamento, antes que seja tarde demais para o nosso líder e amigo, Tammarus.

Torgg – O bárbaro oriundo da tribo do rei Kaffas da Terra dos Nômades -, por pouco não silenciou de uma vez por todas o companheiro de batalhas, mas no último instante hesitou – seu bom senso foi decisivo em favor da vida do anão. Baroni viu a sua morte nos olhos do bárbaro que a pouco havia se juntado ao grupo, e de quem nesse interim nutriu respeitável admiração em função do caráter, força e destemor.


Ilustração 05: Torgg, O guerreiro bárbaro oriundo dos Reinos Nômades ao norte de Ytarria.

Lavvon - o meio-elfo treinado em combate e com aptidões mágicas -, preparava-se para usar seu poder de cura sob o amigo, quando Tammarus o impediu, Dizendo com o rosto contorcido em agonizante dor:

- Parece loucura, mas o anão está certo... argh.

Eles tentaram ver se do item brotava algum liquido, ou algo do tipo, no entanto, nada acontecia. E à medida que o grupo tentava algo, e não surtia efeito, eles ficavam mais aflitos, pois, Tammarus parecia ficar mais fraco e empalidecido devido à perda de sangue.

Por fim, eles experimentaram depositar água no odre, e foi nesse momento que uma fumaça clara, levemente fétida subiu aos céus se desfazendo repentinamente. O primeiro impulso foi derramar o liquido contido no recipiente sobre a ferida, o que foi possível vislumbrar um sutil cicatrizamento. Em uma segunda tentativa, Tammarus tomou o objeto da mão de Lavonn, olhou para todos como quem diz “se não for agora, amigos, então, adeus”, e, logo em seguida levou aos lábios, virando de maneira abrupta, bebendo em grandes goles. Discorrido algum tempo, a laceração da ferida no líder foi se curando por completo ao passo que ele ingeria o liquido transformado no interior do item.

Tammarus completamente curado do ferimento se pôs de pé, com o rosto ruborizado e estampando um sorriso de satisfação, mediatamente partiu em direção ao anão Baroni que estava ao canto preso por firmes amarras e magia, tão logo, se agachou pedindo aos demais que libertassem o anão do feitiço, e que o ajudassem a soltá-lo das cordas que o aprisionavam. Feito isso, o líder o ergueu, lhe deu um forte abraço de reconhecida gratidão, e, antes que o anão pudesse dizer qualquer coisa, subitamente Tammarus o atingiu com um poderoso soco na cabeça que o fez cair desmaiado ao chão. Um golpe tão conciso quanto o desferido contra o seu peito pelo impaciente companheiro de aventuras.

No despontar de um novo dia, o grupo iniciou o caminho de volta a grande cidade de Quartedec. O trajeto do templo até a cidade ocorreu sem muitas dificuldades, com três encontros que renderam inevitáveis confrontos com criaturas locais (Gigantes do Gelo e Ursos Brancos), mas nada relevante.

Ao longo do percurso Tammarus, Lavonn e Qualwinn puderam testar o artefato mágico, depositando líquidos diversos em seu interior, e, assim, tomaram nota de algumas características apresentadas:

- A fumaça exalada ao despejar o liquido ocorria em função do processo de transmutação do conteúdo, que tinha por consequência a purificação do mesmo. Assim sendo, 1 (um) litro de água pura despejada no odre jamais significaria a quantidade de 1 (um) litro de elixir de cura. E quanto a isso, eles cogitaram algo como 1 (um) litro para cada 3 (três) litros de água pura entornados;

- Outros líquidos, além da água pura, somente tinha a capacidade de purificá-los. Para isso, eles testaram vinho, suco de frutas, cerveja, e, até mesmo, urina (quem teve de experimentar foi Baroni, o impaciente!);

- Era impossível usar a magia criar água essencial no interior do odre;

- Quanto a venenos perceberam que o mesmo dissipava em uma fumaça enegrecida e fétida, que eles ponderaram ser suficiente para matar alguém asfixiado, caso esse último tivesse a estúpida ideia de fazê-lo em local fechado e sem ventilação;

- Não era capaz de transmutar sangue; e, por fim,

- O liquido mantido por um intervalo de tempo maior, por sua vez, tinha uma capacidade superior de cura. E foi neste ponto que eles acreditaram sem sombra de dúvidas em trechos da Saga dos Bravos de Orion que relatavam algumas miraculosas ressurreições em confrontos dos heróis;


Em Quartedec procuraram se antecipar ao máximo na compra de provisões e demais itens necessários a continuidade da viagem, pois, Tammarus havia pressentido algum tipo de perigo iminente momentos depois de adentrarem os portões da cidade. Portanto, decidiram por pernoitar somente aquele dia, e, tão logo, partirem antes do amanhecer de um próximo dia, apesar do cansaço promovido pelas montanhas,


Ilustração 06: Ludovivo Aminestro, O prepotente mago, que outrora fora um assíduo contratador dos serviços do grupo Nascidos Destemidos, agora, só mais um desprezível inimigo.

Na hospedaria – ainda no crepúsculo da noite -, os aventureiros foram surpreendidos e rendidos por uma tropa formada por dezenas de ferozes, armados e obedientes gnolls. Estas criaturas estavam sob a liderança de Ludovico Aminestro, um mago que outrora já havia recorrido aos préstimos de Tammarus e seus companheiros, contudo, por exigir muito em suas missões, todavia pagar pouco, ele foi desamparado, tendo muito dos seus serviços negados pelo grupo. O mago ergueu a mão em direção ao líder e disse com sua distinta sutil arrogância:

- Entregue-me o Odre dos Bravos, Tammarus!

Nesse momento, ao fundo – precisamente na retaguarda -, estavam Baroni e Torgg a esquadrinhar o lugar contando quantos poderiam conduzir ao Reino do Além-Vida em uma primeira sequência de um sangrento combate, no entanto, ambos ficaram assombrados com a atitude de Tammarus que retirou da bolsa de couro o item, e entregou em mãos ao mago sem nenhum tipo de oposição.

Aminestro estranhou a facilidade com a qual conseguiu se apossar do item. A princípio, o arcano cogitou a possibilidade de ser falso, ou estar sob algum encanto, mas achou sensato sanar as suas dúvidas inquirindo a Tammarus e seus subordinados.

Tammarus Singel conhecia o poder de seu inimigo - Aminestro da Escola de Magos de Titero -, e não poderia arriscar a vida de seus companheiros, para tanto, resolveu jogar com as armas que dispunha: a sua habilidade psíquica, e, sobretudo, o seu poder de persuasão - cujo último, era indubitavelmente notável. E assim, ele partiu para cima do mago que se sentiu plenamente convencido com a principal alegação para ativação do item mágico: Sangue de Dragão Dourado.
O grupo que ainda estava perplexo com a fácil rendição e a entrega do item sem nenhum tipo de oposição compreendeu a jogada de seu líder, quando ele proferiu essa inverdade quanto à ativação do item, pois, sabiam que o único líquido que o odre não transmutava era sangue. A partir daí todos passaram a integrar aquela rede de mentira, dando fôlego aquela armadilha da melhor maneira possível e que não evidenciasse qualquer sinal que pudesse gerar algum tipo de desconfiança por parte de Aminestro.

O mago tentou por meio de seus poderes mágicos sondar a mente de Tammarus, Qualwinn e Torgg, porém, não percebeu nada de anormal. Por fim, ele se deu por satisfeito, e cheio de si cresceu a seu discurso prepotente de partida:

- Dos dragões e do elixir da vida compete aos mais habilidosos e talentosos, feito Eu; aos amadores, somente me cabe lhes desejar “boa sorte”, aquela que é a mãe dos inábeis, incapazes e miseráveis!

Tendo partido o mago da cidade, eles se dirigiram para um dos quartos da hospedaria, e lá, Tammarus detalhou a nova missão do grupo, que consistia em: recuperar o Odre dos Bravos, e, saquear todos os demais itens do presunçoso, e, agora, ludibriado, mago.

Encontrar Ludovico Aminestro não foi complicado em função de sua reputação, status e influência. Contudo, tramar a invasão a seu palacete na cidade de Nova Jerusalém, evitando ao máximo um confronto direto com ele, ou a sua legião de serviçais, é que foi o mais complicado, pois, precisavam conhecer o dia exato em que o mago estaria longe de sua fortaleza, tendo assim, tempo necessário para o grupo agir na surdina.

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