Bem-Vindo Errante Viajante

Do Olimpo trago a almejada chama, da qual sugiro dançarmos embriagados a sua volta, e quando assim for, sujiro arriscar tocá-la, pois, felizes os que dela se queimarem.

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

RPG: Aventuras em Yrth - Bodas de Arcádia - Vulpes Luch

São Marianno é uma comunidade legitimamente halfling situada no reino de Mégalos - especificamente localizada entre as cidades de Nova Jerusalém e Craine -, que comporta cerca de duzentos indivíduos aproximadamente (isso oscila conforme o período, sempre para mais em festividades e períodos de colheita). A subsistência do local é mantida pelo cultivo de frutas, legumes e algumas hortaliças, além da criação de frangos, codornas, patos, coelhos, ovelhas e merinos negros, onde o excedente é sempre comercializado nas grandes cidades próximas junto a humanos, gnomos e goblins.

Neste lugar nasceu há pouco mais de vinte primaveras a filha caçula de João Paulo e Maria Lúcia: Vera Lúcia. A única mulher entre quatro irmãos, e que sempre detestou ser chamada pelo primeiro nome, mas que entre os mais íntimos foi apelidada de Luch.


Ilustração 01: Vera Lúcia, A Halfling oriunda de São Marianno.

O fato é que com a juventude Lúcia não queria que a benção do matrimônio fosse algo fruto de interesses pessoais dos outros, principalmente, de sua mãe, que frequentemente sugeria lhe possíveis candidatos em momentos sagrados e inoportunos, tais como quando estavam a cear em família, como forma de provocá-la, e o que conseguia deixa-la irritada, ao ponto de perder o apetite!

O pai, no entanto, ao ver Lúcia formada permitiu a filha caçula decidir com quem, quando e onde, algo que deixou a sua mãe muito desgostosa e perplexa, pois, a mesma nunca teve esse tipo de privilégio, e, teve que assistir de a sua pequena ficar mais velha, solteira e obcecada pelas atividades mais arriscadas praticadas pelos homens – aquelas que envolviam a guarda, e, consequentemente, os confrontos.

Desde cedo Lúcia tomou gosto pelas brincadeiras e as amizades masculinas. Gostava de se juntar aos mais velhos em volta de uma fogueira ou a uma farta mesa para ouvi-los relatar suas histórias, sobretudo, quando envolviam peripécias heroicas. A pequena halfling ficava dias e mais dias a imaginar, e a fantasiar aqueles feitos. Nas rodas de trovas sempre se fazia presente, e a questionar. Muitas das vezes era capaz de deixar o narrador atordoado, ou mesmo constrangido, com a avalanche de perguntas. João Paulo, o pai, algumas vezes ouvia daqueles amigos mais próximos a seguinte brincadeira: “Jão, se algum dia quiser saber se alguém estas de fato e lhe contar uma falsa verdade, tenha próximo a ti, Luch, e deixe que ela inquira o tal, em muito em breve saberás, pois, tudo virá a tona, e sem margem para dúvidas”.

Certa vez, em um solistício de Verão, quando o vilarejo halfling estava a comemorar as festividades da colheita de amoras – A Amoratta -, Lúcia conheceu Digold Benavides, um de seus primos que nascera em um vilarejo distante de sua comunidade, localizado nas proximidades da cidade de Arvey. Ele era mais velho cerca de dez anos, e para ela foi amor às primeiras histórias, pois, foi desta maneira que ele a seduziu, sentando-se a frente do grupo e narrando os feitos que alguns já haviam comentados, porém, sem muitos detalhes e com tamanha paixão de quem de fato os viveu, senão, sobreviveu com bravura impetuosa.


Ilustração 02: Digold Benavides, O herói halfling que seduzira Lúcia por encantaveis prodígios.

Digoldi era conhecido entre as comunidades halflings por algumas façanhas e aventuras vividas junto a um grupo formado de audaciosos aventureiros multirraciais, sendo este composto por um humano guerreiro e selvagem chamado Alkon, uma humana arqueira e mestra na arte da fuga chamada Melindra Telli, um elfo chamado Deccus com fantásticas habilidades mágicas e guerreira, e por fim, um anão chamado Dionísio Poison - por ventura, seu melhor companheiro -, que em combate era um tipo de arma mortífera contra os inimigos, sedento por sangue, contudo, quando faminto, poderia ser tão voraz quanto um halfling.

Pouco tempo passado desde as festividades da Amoratta, quando os pais de Lúcia perceberam que os dois estavam tendo um caso, eles logo se manifestaram contra o envolvimento dos dois, não aprovando aquela relação, mas o que deixava a jovem halfling mais intrigada era o fato deles nunca detalharem o motivo deste desgosto, e sempre que viam Digold a perambular pelo vilarejo, ou nas proximidades, pediam com certa rispidez que se afastasse de sua filha. Contudo, o casal já estava a viver um tórrido romance, repleto de expectativas, sonhos, e proibido pelos pais de Lúcia.

Os encontros de Lúcia e Digold eram às escondidas de seus pais e demais parentes, logo, se davam bem além dos limites da vila em que ela vivia - um lugar a esmo, onde dificilmente pudessem ser perturbados. Às vezes os dois ficavam dias, e até mesmo semanas, sem se verem. Entretanto, ela era compreensiva com ele, a jovem estava perdidamente apaixonada, ludibriada e cega para uma traiçoeira verdade: a de que ela era mais uma de tantos outros relacionamentos, alguns dos quais envolviam filhos; Quando o pai da halfling falou-lhe sobre esta veracidade que a tanto tempo estava a lhe perturbar suas tranquilas noites de sono, a filha desdenhou, e atordoada, compreendeu que tudo que fora dito não passará de uma invejável conspiração contra a felicidade dos dois.

Para desespero de Lúcia, Digold estranhamente desapareceu por cerca de três meses dias depois desta última conversa com o pai. Por muitos e muitos dias ela peregrinou até o local que fizeram dele um refúgio de amor na esperança de encontrar seu adorável amante, porém, a cada vez que fazia isto só aumentavam as suas angustias. E toda essa dor propagada por uma grande saudade com o tempo tornou-se aparente demais, pois, ela inclusive já não se alimentava direito, e sua alegria contagiante tão característica parecia ter sido consumida para aflição dos pais, irmãos e amigos mais próximos.

Certa vez, Jonnas - o irmão mais velho de Lúcia -, a convidou para participar de uma caravana mercante até a cidade de Deerhall no reino de Caithness, desejando que ela ajudasse a sua esposa a cuidar dos filhos. A halfling se mostrou relutante a principio, mas acabou cedendo aos apelos dos sobrinhos.

Quando ainda pela manhã a caravana chegou ao seu destino, em meio a um grupo de halflings, Lúcia foi surpreendida ao ver Digold com uma criança halfling sobre seus ombros, enquanto andava com uma das mãos dada a outra halfling, e pelo jeito que se portavam, transpareciam ser uma feliz família a passear tranquilamente pelas ruas da cidade. Ela imediatamente se escondeu, paralisada e trêmula, por muito pouco não perdeu a razão e partiu para agressão – estava transtornada e com os nervos a flor da pele -, porém, seu irmão também viu o maldito, e antes que sua irmã pudesse agir, ele a deteve. Jonnas a pegou pelo braço e a conduziu até o quarto de uma estalagem na qual estavam hospedados. Lúcia se debatia revoltada e em prantos enquanto seguia forçada. Mas depois, ela preferiu estar entre aquelas quatro paredes a cometer toda a loucura que correu a uma velocidade fulminante em sua mente no momento que viu aquela cena.


Ilustração 03: Jonnas, O irmão de Lúcia, incumbido de lhe revelar uma penosa verdade sobre Digold, seu amante.

No quarto, Jonnas explicou a irmã o que de fato havia acontecido. Como dias atrás o pai e alguns outros parentes ficaram sabendo do paradeiro de Digold nessa cidade por meio de outros viajantes. A vingativa intenção de encontrá-lo e fazê-lo sofrer uma amarga dor da qual ele jamais esqueceria as feridas provocadas em sua amada e estimada filha. Contudo, o pai buscou orientação em Deus e nos mais velhos, e essa foi à única solução apontada por todos: a de que somente a Lúcia caberia julgá-lo. O irmão ainda acrescentou:

“Pai quis Luch! Eu não quis, assim como também, Paulo e Vitório nossos irmãos, e muito menos, Mãe. Sabíamos o quanto você estava a sofrer por este traste, mas ele foi insistente e persuasivo, tal como todos nós o conhecemos tão bem, minha irmã... Outro pedido que ele faz a ti, é que antes que a caravana parta procure por Digold, por mais duro que seja”.

Dito isso, Jonnas deixou sua irmã sozinha no quarto para que refletisse o pedido do pai e chorasse toda a dor encerrada em seu peito.

Para Lúcia o pai deveria estar ainda mais louco se estava crédulo de que ela procuraria por Digold naquela cidade, por mais que ela quisesse desabafar toda aquela amargura por tamanha cobardia, os sentimentos de ultraje e humilhação eram colossais. Lúcia queixava-se ainda de como o tempo transcorria vagarosamente, quando a dor parecia não ter fim, pois, não via a hora de deixar aquele lugar miserável, e esquecer todo aquele sofrimento que parecia sufoca-la por dentro.

Jonnas premeditando que sua irmã não faria aquilo que o pai pedira - ir ao encontro do ex-amante -, por sua conta e risco, juntou um grupo de astutos halflings, que partiram a captura de Digold, e o que conseguiram com razoável dificuldade nas mediações da residência em que vivia com a mulher vista mais cedo na companhia de uma criança. Eles o levaram fortemente amordaçado até a hospedaria onde Lúcia estava, e chegando ao quarto, Jonnas o tomou violentamente pelos braços, abriu a porta, e o lançou abruptamente aos pés de sua ofendida irmã, cuja triste emoção que a consumia, havia a transformada em uma desconhecida.

Quando Lúcia viu Digold jogado a seus pés, e o seu irmão juntamente com os demais halflings a se afastarem permitindo aos dois ficarem a sós. Ela o olhos de cima para baixo com um olhar de desprezo e confusão em meio aquele rosto inchado, uma face que denotava que alguém havia chorado por muitas horas a fio. Ela ficou em silêncio o observando. Digold com dificuldade se colocou de joelhos, e a evitou ao máximo o olhar fulminante dela.

Lúcia não se conteve, seus olhos marejaram por mais uma vez, e a sua boca tremulou involuntariamente, subitamente ela desabou de joelhos ao chão a choramingar. O corpo dela estava ao lado dele e não parecia ter mais forças. Ela sussurrava algo quase inaudível do tipo: “O que eu fiz para merecer isso? Por que a mim? Onde errei? Por que não ouvi aos outros que verdadeiramente me amavam, e que por tantas vezes me advertiram? Por que meu coração se entregou a você?”. Eles ficaram ali por um tempo indeterminado jogados no assoalho frio de madeira que revestia o chão do quarto, mas um período suficiente para que ele se desvencilhasse das mordaças que o prendiam, e o inibiam de falar.

Digold aninhou Lúcia em seus braços, contudo não sabia o que dizer. Tentou por algumas vezes – ensaiando mentalmente alguma coisa -, porém, tinha a certeza de que independente do que viesse a falar só agravaria mais aquela situação, pois, não era a primeira vez que vivera aquele momento, sendo assim, preferiu manter-se calado.

Eles ficaram por muito tempo ali ao chão, próximos um do outro. Lúcia inconsolável, a soluçar, a chorar copiosamente e a murmurar, enquanto que, Digold parecia atordoado com tudo aquilo, sem saber ao certo o que fazer, a não ser tentar reparar em um silêncio reflexivo e repleto de culpa a dor causada em sua amante.

Passado algum tempo Lúcia se recompôs. Colocou-se de joelhos a frente de Digold, e enxugou as lágrimas que ainda rolavam em sua face. Tentou encara-lo por três vezes, entretanto, aquela dor parecia transbordar incontrolavelmente toda vez que os olhos dela encontravam os deles. Todavia, na quarta tentativa, ela conseguiu se conter. Uma vez se sentido segura de si, ela pôs a falar. Falou tudo que estava sentindo, engasgado em sua garganta, uma mescla de venenosa dor suficientemente forte para matá-la, no entanto, também delirante para cometer um assassínio. Ele percebeu nas palavras dela que havia uma verdade carregada de emoções, nas quais por um instante ele sentiu medo.

À medida que Lúcia ponderava, ela parecia se sentir mais leve, livre de um peso que parecia a afunda-la em um poço de lodo de miserável agonia, e aquele disposto a sua frente não lhe transmitia mais nada de bom, a não ser nojo e pesar; Digold já não conseguia mais senti-la como outrora, a Lúcia que conhecerá se perderá para sempre... Ele a ouviu em silêncio, tudo o que ela tinha necessidade de desabafar, além de inúmeras e inomináveis injúrias.

Por fim, Digold se pôs de pé, ajeitou as vestimentas, e caminhou até a porta do quarto, contudo, antes que o maldito halfling ganhasse as ruas, Lúcia interpôs o seu caminho, pousando a mão sobre a tranca da porta e falou em tom firme o encarando bem no fundo dos olhos:

“Experimente você, Digold, aparecer nas proximidades de minha vila... Cruzar novamente o meu caminho... Ou ainda pior, seduzir alguém que seja do meu apreço... Tenha certeza, como a terra a de comer a vida que sobre nela padece, cortarei as tuas genitálias e as enfiarei na sua goela adentro, de forma, que morra engasgado com as mesmas e com o braço que um dia lhe foi emanado tanto calor”.

O halfling engoliu em seco, e fez um gesto mudo de como quem havia compreendido o assombroso recado que lhe foi transmitido por um impiedoso inimigo.

Morrerá naquele momento para Lúcia o Digold herói e amante. Aquele a quem ao longo de meses ela ficou a esperar aflita, dia após dia, para se lançar em seus braços, para amar, e ouvir afoita seus feitos heroicos, assim como também, as suas juras de amor eterno e desmedido. Um monstro que foi morto pelo gume de uma espada chamada verdade, a qual trazia dentro de si, tal como um escorpião a morrer pela sua própria ferroada... As histórias dele perderam todo sentido, soaram como aleivosias e execráveis mentiras.

Digold saiu do quarto. Do lado de fora uma comitiva de halflings afoitos e amotinados para linchá-lo o aguardava liderados por Jonnas, irmão de Lúcia. Lúcia por de trás da porta pode ouvir o tumultuo e o falatório, contudo, antes que algum deles pudesse tocar no seu ex-amante, ela surgiu a porta e exclamou em tom alto e claro:

“Não há necessidade de pagar o mal com o mal, meus estimados irmãos, amigos e compassivos. Permitam que essa criatura deplorável e nefasta trilhe seu caminho errante, desonroso e se gabe de sua vida medíocre, a qual não cabe a nenhum de nós por fim, a liquidando e nos tornando tão pior quanto este fora outrora! Vá Digold, pois hoje você se atirou em um poço de ostracismo e vergonha sem fim diante dos seus!”.

Dito isso por Lúcia, nenhum halfling atacou Digold, mas todos viraram as costas à medida que ele caminhava por entre o grupo em direção as ruas. Jonnas abraçou a irmã demonstrando solidariedade e força, e, tão logo, assim fizeram pelo menos outros cinquenta que lá estavam.

Meses depois Lúcia viera, a saber, por um tio, que Digold fora encontrado morto na casa de uma de suas mulheres, e ao que tudo indicava, ele havia sido envenenado. Quanto a sua amante, ela havia fugido para outra localidade levando consigo todos os seus pertences, cujos quais negociaram a preço irrisório alguns itens de especial valor por deterem características magicas... A quem diga que a mulher ficará sabendo de suas relações extraconjugais, e devido a sua natureza extremamente possessiva e ciumenta, isso a deixou tremendamente transtornada ao ponto de assassiná-lo.

Transcorrido o tempo necessário para curar a dor desta amarga experiência amorosa, Lúcia, abdicou de vivenciar tão cedo qualquer outra paixão, sobretudo, com heróis. No entanto, ela buscou aprender com os grandes homens de sua vila - aqueles os quais a índole era inquestionável -, e alguns errantes que trilhavam por lá, aquilo que sabiam de melhor. Passado alguns anos, ela havia ganhado a alcunha de Vulpes Luch entre o povo de sua vila, tudo por conta de sua esperteza e habilidade. Ela passou a ser admirada pelas crianças, respeitada entre os homens, e criticada por algumas mulheres, inclusive sua mãe que não aceitava aquele tipo de vida máscula conduzida por sua única filha.

O pai de Lúcia como alcaide da Vila de São Marianno não poderia conceber a Lúcia, enquanto filha um posto de destaque na guarda, e por tal motivo ela teve que se contentar com a responsabilidade de zelar pela fronteira oeste, juntamente com alguns outros halflings. Tratava-se de um lugar pacato, longe de confusões. Para ela era muito ruim, pois, não justificavam seus esforços, ela queria a emoção de aventuras, ansiava por riscos, tais como aqueles que sempre ouvira ao longo de sua infância e juventude, fantasiando-os, em fim, queria ser uma heroína, e não somente uma garota prodígio de uma vila a esmo.


Ilustração 04: João Paulo, líder da Vila halfling de São Marianno, e pai de Vera Lúcia.

Todos que conheciam Lúcia sabiam desta bravura indômita que ela trazia em seu amago, inclusive seus pais, os maiores opositores, e por essa sua natureza, ela algumas vezes fugiu as suas responsabilidades, abandonou o seu posto e se lançou sozinha em arriscadas empreitadas. Quando as fugas dela vinham a tona criava-se um alvoroço infernal, sobretudo, para o seu pai que estava a frente da vila, e tinha a obrigação de zelar pelo bem de todos que ali viviam. O pai a advertiu em sua última estripulia que caso mais uma vez fugisse seria destituída da guarda, e se casaria, com o primeiro que fosse da vontade de sua mãe, e aquilo soou extremamente aterrorizante aos ouvidos dela.

Meses se passaram, e com a passagem destes algumas boas oportunidades de aventurar-se foram desperdiçadas para Lúcia. Uma das últimas e que lhe chamou bastante a atenção, a deixando afoita para se lançar ao mundo, veio por meio da passagem de um ciclope, cuja altura era superior um pouco a de um humano normal, chamado Urs Ulleer “Feller”, e que lhe contou algumas histórias fascinantes de povos, reinos e heróis dos quais nunca ouvira falar, mas que estavam em Ytarria, bem além das fronteiras de sua vila. Apesar deste estranho ser ter seguido seu caminho solitário, ela tomou coragem e se preparou para a maior de suas aventuras: que consistia reencontrar este errante, e com ele viver grandes contos mundo a fora.

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